Patente do Blackboard

Propriedade Intelectual na Internet, em educação e especificamente em EaD, é um tema fascinante (apesar de bastante complexo), que todos nós temos muita vontade (e necessidade) de conhecer, mas que em geral não é tratado em textos sobre EaD. Por isso mesmo, eu e a Carmem Maia dedicamos um capítulo especial para o tema no nosso ABC da EaD, pelo que inclusive tenho recebido vários emails e mensagens, agradecendo e elogiando nossa iniciativa, e que inclusive foi uma das aulas consideradas mais importantes pelos alunos no curso ABC da EaD no SL, cuja segunda versão começará em 14/04 – logo publico por aqui as informações completas. A palestra de Aline Sueli de Salles Santos e Graziela Tavares de Souza Reis, no Congresso da ABED de 2007, “Por uma Política de Direitos Autorais para a EAD”, foi das que teve mais público em todo o evento.

Eis aqui um caso importantíssimo, ligado a esse tema geral de Propriedade Intelectual em EaD.

Um dos primeiros posts deste blog foi A Patente do Blackboard de Sistema para EaD, ainda em 2006, sobre o processo movido pela empresa americana Blackboard contra a canadense Desire2Lean, logo depois que a empresa americana teve uma patente concedida para seu software. O processo defendia que a Desire2Learng teria infringido diversos pontos da patente 6,988,138.

Em um comentário ao post, eu fiz menção à página Board of Directors Meeting Minutes – October 8, 2006, Dallas, Texas, com informações de uma reunião de Diretoria da Educause (08/10/2006) em que, dentre outros assuntos, foram discutidas a patente do Blackboard e as reações negativas da comunidade acadêmica em relação ao processo movido contra a Desire2Learn.

A Blackboard, por sua vez, comprometeu-se a não usar a patente contra softwares caseiros ou de código aberto, desde que eles não se misturem a softwares proprietários. Leia informações sobre essa posição numa página de FAQs da empresa americana.

Quase 2 anos depois, temos 2 resultados interessantes e contraditórios, quase simultâneos, para aumentar a confusão.

Em primeiro lugar, a Blackboard ganhou há poucas semanas (11/03/2008) o processo contra a Desire2Learn. O tribunal federal de Lufkin (Texas) considerou a patente do Blackboard válida, e determinou que a empresa norte-americana deve receber aproximadamente US$ 3,265,633.00 de prejuízos (isso mesmo, mais de 3 milhões de dólares!). Com esse dinheiro, por aqui, nós montaríamos um sistema campeão! A Desire2Learn também não pode vender seu software nos Estados Unidos, mas a Blackboard promete não perturbar quem já utilizava o software canadense. É muito provável que a Desire2Learn apele da decisão.

Entretanto, algumas semanas depois (na semana passada, 25/03/2008), o departamento de marcas e patentes dos Estados Unidos (USPTO) considerou a patente do Blackboard inválida, depois de a ter reexaminado a pedido da Sakai, Moodle e ATutor. A decisão ainda não é final.

Quem quiser se enfronhar na discussão jurídica, tem bastante coisa para se divertir nos inúmeros links numa página da Desire2Learn. A empresa canadense mantém também um blog dedicado apenas ao tema.

O Campus Technology (que aliás só agora acrescentei nos meus feeds do Netvibes) publicou um longo artigo, Blackboard Vows To Press On, sobre a confusão toda.

Temos a obrigação de acompanhar essa briga, e discuti-la bastante, porque é muito provável que ela se torne referência para decisões sobre o campo tão movediço da Propriedade Intelectual em Educação a Distância nos próximos anos, ou mesmo que se transforme em jurisprudência. O que pode acontecer com as universidades que não usam o software da Blackboard?

Mas não se trata apenas de uma briga jurídica que pode definir as relações de Propriedade Intelectual em EaD para os próximos anos: trata-se também de uma interessante discussão filosófica, de um embate entre (a) o direito à liberdade de informação (ainda mais essencial em educação), de um lado, e (b) a proteção à propriedade intelectual (com a qual supostamente toda a sociedade sairia ganhando, já que funcionaria como incentivo para inventores). Embate que encontrou seu palco ideal na Internet. O próprio órgão de patentes norte-americano reconhece que o caso envolve questões novas sobre patentes. Tema que discuto em detalhes no meu Filosofia da Computação e da Informação, que ainda está no forno para ser publicado – estou ainda negociando um acordo interessante para o livro com mais de uma editora, pois é um livro especial.

Vou atualizando os próximos capítulos por aqui, e gostaria também de ouvir as opiniões de vocês sobre o caso.

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UN Data

Uma nova, importante e confiável fonte de informações estatísticas: UN Data.

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Um grande recurso para a educação.

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III Congresso de EaD dos Países de Língua Portuguesa

Vou dar uma palestra no III Congresso de EaD dos Países de Língua Portuguesa, organizado pela AulaVox.

Dêem uma olhada nos Trabalhos já confirmados.

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Comunicação e Expressão – sexta semana de aula

Mais uma semana, depois de um feriado na sexta-feira passada.

Demos uma olhada em algumas turmas ainda na música Samba de uma nota só e revisamos ainda o uso de crases. Em algumas turmas, após a explicação sobre a crase, liberei para os alunos fazerem os exercícios no Blackboard, o que funcionou muito bem, porque já pude tirar as dúvidas enquanto eles realizavam a atividade.

Por que “àquele” tem crase, se “aquele” é masculino? A regra não é que não existe crase antes de palavras masculinas? Sim, mas a questão aqui é que não existe artigo feminimo na fusão: a + aquele. O “a” é preposição, e não há artigo feminino depois – apenas o pronome aquele. Para saber quando usar crase em àquele, àquela, àqueles, àquelas ou àquilo, deve-se tentar substituir por “para aquele”, “para aquela” etc. Se isso for obrigatório, deve-se usar a crase.

“Em relação a” seguida de palavra feminima ou “aquele” etc. também pede a crase.

***

Procuramos analisar a comparaçao do Saussure entre a língua e o jogo de xadrez, da qual falei no post sobre a aula anterior. O texto não é nada simples, e é natural que mesmo com algumas leituras, restem muitas dúvidas. Mas ele deixa rastro da sua estrutura, e é isso o que eu quis que os alunos percebessem.

“Primeiramente,

Em segundo lugar,

Finalmente,

a)

b)

c)

[um parágrafo que podemos ficar em dúvida como classificar - se como continuação do 'c', ou mesmo do 'finalmente', ou como um parágrafo autônomo]

Existe apenas um ponto em que a comparação falha…”

Assim, o leitor mata a estrutura da comparação (3 ou 4 pontos em comum – dependendo de como considerar o parágrafo após o “c”, sendo que o terceiro – ou quarto – está dividido em 3 partes; e uma diferença, no final), e pode fazer as leituras posteriores retornando apenas para aquelas partes que não entendeu. Uma leitura de reconhecimento procura, mais do que interpretar um texto de uma vez, primeiro compreender como ele está estruturado – essa é uma função da análise, antes ainda da preocupação com uma interpretação geral.

Na turma de sexta, eu usei um fórum quase como um chat, para ver se conseguíamos construir rapidamente, por escrito, uma análise e interpretação da comparação. Fiz também uns testes com o fórum do Blackboard, para descobrir o que cada tipo de permissão faz. Em ordem hierárquica, fica assim:

Gerente – pode mudar tudo no fórum (permissões, apagar o fórum, bloquear pessoas etc.)

Moderador – pode bloquear tópicos, apagar mensagens etc.

Avaliador – dá também notas

Participante – participação normal, com leitura e possibilidade de respostas

Leitor – não pode colocar nada, só ler

Bloqueado – o fórum não aparece mais

Nos próximos fóruns, vou brincar um pouco com esses diferentes papéis.

***

Falamos então de verbos, e que coisa! Não há dúvidas de que os verbos são a classe gramatical mais complicada da língua portuguesa. A atividade de pedir para os alunos conjugarem um verbo acaba sendo bastante lúdica, e ninguém resiste à brincadeira. A conjugação de verbos é uma matriz.

Indiquei links para 2 conjugadores de verbos: Priberam (dicionário e conjugador) e Conjugador de Verbos da Língua Portugesa Insite.

Mas um dos problemas desses conjugadores é que, no caso de particípios irregulares, ou verbos que possuem dois particípios (regulares e irregulares), muitas vezes eles não apontam a conjugação correta, mas apenas aplicam a regra para a formação de um particípio regular. Como o caso do verbo “escrever”, cujo particípio regular “escrevido” já caiu em desuso, e hoje é utilizado apenas o irregular, “escrito”. Mas veja o que sai no conjugador:

[photopress:capture009.gif,full,vazio]

Nem nisso dá para confiar! Aí tem que usar um livro, dicionários ou os CDs do Aurélio ou Houaiss.

Um exemplo interessante que o corretor do Word não corrige: encima. Existe o verbo “encimar”, que praticamente não é utilizado, então a palavra “encima” existe no banco de dados do corretor (é a conjugação da terceira pessoa do singular do presente do indicativo), portanto o corretor não indicará o erro. Mas a frase: “O livro está em cima da mesa” pede a expressão separada “em cima”.

***

Na turma de sexta, falei rapidamente sobre o Jaycut (que estou usando para editar online o vídeo do meu passeio de ontem por entre os espermas, no Second Life), e aconteceu aquilo que eu já discuti no post Aplicativo remixado pelo usuário: um aluno já fez um filme rápido da aula com o seu celular, passou pelo celular de outro para enviar o vídeo para o computador, fez o upload do vídeo para o Jaycut (depois é claro de ter criado uma conta na hora), usou alguns efeitos, pegou um som na Internet e acrescentou, e no meio da aula já tínhamos um vídeo de teste editado com a ferramenta. Ele está disponível online, dá para fazer download e também embed em qualquer site:

Da mesma forma que o primeiro blog surgiu em uma turma antes que eu tivesse proposto a atividade, o primeiro vídeo sirgium em outra também sem que a atividade estivesse formalmente planejada. É aquela teoria – solte os aplicativos na mão dos alunos, e deixe que eles produzam alguma coisa. E durante o semestre vamos produzir bastante coisa!

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Publicado em CE1/2008, Computação, Educação, Video | Deixar um comentário

EDTECH 597: Teaching and Learning in Second Life – 10th Class – March 27, 2008

A semana passada foi spring break, e nesta semana nos encontramos na EdTech, mas em lugar diferente.

Visitamos a ICT Library, que oferece várias ferramentas para a educação, muitas de graça.

Conversamos sobre várias ferramentas, das quais falei de passagem no post passado – assim que possível recupero. De qualquer forma, nas leituras da semana (indicadas abaixo) há muita coisa sobre ferramentas.

Visitamos também a University of Plymouth, na ilha Education UK, que tem um projeto de educação sexual.

Aí visitamos um lugar genial, TELRport Island, em que o professor Doug Pennell criou uma viagem (de carrinho) pelo caminho do espermatozóide na fecundação do óvulo. Ele disse que logo vai tirar o experimento de lá e vai avisar sua nova localização – aí atualizo por aqui.

[photopress:1_1_SecondLife_2008_03_27_18_13_26_46.jpg,full,vazio]

Filmei, usando pela primeira vez o Fraps (funcionou perfeito), e estou editando o vídeo online pelo JayCut, assim que terminar coloco por aqui. As fotos a partir de agora estou editando com o Picasa (não tenho me dado muito bem com o Gimp), e logo pretendo testar o Photoshop online.

Depois da aula, fiquei com meu colega preparando nossa apresentação da semana que vem no SL (uma aula de chinês!), e batemos um longo e muito interessante papo (um brasileiro, um canadense, uma australiana e uma americana) sobre educação a distância e o uso do second life em educação.

Aprendi que no profile do avatar, há uma opção para você colocar um link para um site. Então, no seu profile, ou no de qualquer avatar, você pode brincar numa página da web (escolhendo links e indo para outras páginas), pode ouvir música e inclusive assistir vídeos. Ferramenta com um incrível potencial pedagógico: cada avatar carrega consigo um browser, e pode mudar os endereços no browser a qualquer momento, sem a necessidade de autorização da land, sem necessidade de projetores para passar o vídeo (ouvir música ou acessar páginas na net) etc. Um professor pode então trocar os links em seu profile constantemente durante a aula, os alunos também, um aluno pode acessar o link do outro etc. São infinitas as possibilidades, tudo sem a necessidade de abrir um browser no seu computador – tudo dentro do Second Life.

Aí fiz uma aula: NCI Class: Building 1 – BASICS, com a Ligeia Westwick.

[photopress:NCI_Basic_Building_27_03_2008_002.jpg,full,vazio]

A aula foi dada com o chat de texto e com o apoio de slides. Problema para a educação: a região foi fechada para manutenção durante a aula (fomos avisados minutos antes), então tivemos que fazer cópia dos objetos com os quais estávamos trabalhando, fomos desconectados do sl, demoramos um pouco para poder voltar etc.

Mesmo tendo passado pela Ivory Tower of Primitives, aprendi bastante na aula. Praticamos as 3 maneiras de fazer cópias de objetos no SL, e refletimos um pouco sobre a necessidade de renomear objetos, quando os gravamos no inventário.

[photopress:NCI_Basic_Building_27_03_2008_003.jpg,full,vazio]

2 notecards foram distribuídos no final da aula, um com as anotações do instrutor sobre a aula, e o outro com informações sobre a NCI – New Citizens Incorporated, o link para as aulas que eles oferecem de graça no SL e inclusive o schedule (vale a pena explorar o site).

***

Leituras da semana:

- Interview of Milosun: How NOT to Teach in Second Life – curta entrevista realizada em 10/2006 por Kevin Suisei com o fundador da ICT Library no Second Life, Milosun Czervik. É uma entrevista que vai e volta na questão do uso de ferramentas para educação no Second Life, e no final parece que não sai muito do lugar;

- Virtual Worlds: What are They and Why Do Educations Need to Pay Attention to Them?, uma página sobre o uso de mundos virtuais em educação, com vários links (principalmente para os mundos virtuais disponíveis), que já estava listada na minha página sobre Second Life e Educação;

- Using Second Life for Immersive Learning, podcast com Cynthia Calongne, professora de Computação na Colorado Technical University, gravado em 08/2007, em que se discute a colaboração e a educação imersiva que ocorre no Second Life; ela marca encontros de orientação com seus alunos embaixo da água no Second Life, um ambiente relaxante; segundo Cynthia, estamos nos movendo para além do texto em educação; Calongne deu uma palestra no Seminars On Academic Computing Conference, com o interessante título: Beyond Course Management Systems: Second Life; estes são os slides:

- Using A Virtual World For Transferable Skills in Gaming Education (M. Hobbs, E. Brown, M. Gordon, 2006) – um pdf que reflete sobre o uso do Second Life em educação; não sei se eu estou meio estranho hoje, mas não consegui achar nada de novo ou interessante no artigo (talvez por se de 2006, e o SL ter mudado tanto desde lá?), apesar de coerente e bem escrito;

- Using Wikipedia to Reenvision the Term Paper – uma apresentação em powerpoint sobre a interessante proposta de uma disciplina em que os alunos tinham de publicar um artigo na wikipedia;

- Essential Second Life Community Building Tools – 01/julho/2007 – um post fraquinho (ou estou muito exigente hoje) com poucas dicas para o uso do SL em educação;

- M3 – MUVEs, Moodle and Microblogging: Communities on the move – informações gerais sobre o M3, projeto que procura comparar o uso do Second Life, Twitter e Moodle por diferentes grupos;

- Social Networking Services For Engaged Library Instruction – uso do Facebook por bibliotecas.

Outros recursos selecionados: Educators Coop (uma comunidade de educadores no Second Life), SimTeach Wiki (wiki para experiências educacionais em ambientes imersivos) e Teaching English in Second Life (post de Nick Preachey, que deveria ter alguns vídeos tutoriais no SL, mas não consegui abrir nenhum!).

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Publicado em EaD, Edtech597, Educação, Second Life | Deixar um comentário

Mais sobre blogs…

Temos falado de blogs por aqui, como em Serviços Essenciais para um Blog e Blogs na Educação, e andei lendo alguns artigos interessantes sobre o tema que queria deixar registrados.

Andrew G. R. publicou no Blog Herald o artigo 12 reasons why you should start a blog. Dentre os motivos indicados para você começar seu blog, está o fato de você não precisar conhecer html nem design.

Fraser publicou no Adaptive Blue o artigo 10 blogging tips for startup, em que discute o uso de blogs por empresas.

Em 10 Adobe AIR Apps Bloggers Will Love, Sarah Perez discute no ReadWriteWeb ferramentas da Adobe AIR que podem servir para um blog, como a Websnapshot, para tirar fotos de tela.

E você, indica mais algum artigo ou alguma ferramenta sobre/para blogs??

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Mundos Virtuais e Educação


Bastante coisa para vocês se divertirem, em mundos virtuais e particularmente no Second Life!

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AJ Kelton, que menciono na minha página sobre Second Life e Educação, que já nos recepcionou atenciosamente na ilha da CHSS da Montclair University para uma aula do curso ABC da EaD no SL, em Dezembro, e que nos recepcionará para uma nova aula do curso neste semestre, enviou recentemente um email para a SLED (a lista de educadores interessados no Second Life) com o título: Pedagogical Technovangelist. Eu achei tão interessante que comecei a responder, mas só na hora de enviar a resposta vi que era dele. Ele me autorizou a reproduzir o email:

AJ Kelton, email para a SLED

“Do any of you out there have someone at your institution whose job it is to solely work with the faculty on implementing technology into their teaching (and subsequently the learning process). I am not talking about an instructional designer, per se…this would be a more “mangement”-ish position.

Someone who is a pedagogical technovangelist. A person who works with faculty not on what content to put in/on their [insert medium here] but what tool to use to accomplish what it is they really want (as opposed to what they say they want sometimes).

If you have someone like that, what is his/her job description? job title? What do they “do”? Are they any good at it? How would you change what they do if you could?

If you don’t have someone like that, would you like someone? What would you expect his/her job description would be? What job title do you think would make sense so that others would know clearly what this person does? What would be your expectations – both realistically or idealistically?”

Então, o que seria um Tecnovangelista Pedagógico? (o Valente vai adorar a expressão!)

Em primeiro lugar, antes que alguém se arrisque, ele não é um designer instrucional. Seu trabalho é dar apoio aos professores para utilizarem tecnologia na educação. Sua função, portanto, não é treinar os professores a colocarem conteúdo na sua [como diz o Kelton, insira mídia aqui], mas a escolherem e utilizarem adequadamente ferramentas para alcançarem seus objetivos pedagógicos.

Ora, quem tem acompanhado o meu desenvolvimento do conceito do aututor, percebe rapidamente que esse é o profissional que serve para apoiá-lo e energizá-lo. Eu já analisei em outro post um artigo da Mauri Collins, em que ela fala em treinar professores para serem os designer dos seus próprios cursos. O profissional de que fala o Kelton complementa esse treinamento. É a função nobre que restou a uma instituição de ensino adotar em EaD, como tenho defendido aqui no blog, e nos livros ABC da EaD e Second Life e Web 2.0 na educação – e não a função broxante (ou brochante – não há consenso entre o Aurélio e o Houaiss aqui) de controle ou de treinamento em ambientes virtuais de aprendizagem, que muitas instituições têm assumido.

Tecnovangelista pedagógico – a expressão já está incorporada ao meu vocabulário. Valeu, Kelton!

***

Lalia Weir publicou na Edutopia recentemente o artigo Get a Life: Students Collaborate in Simulated Roles, sobre o uso de mundos virtuais na educação de crianças. Há vários exemplos do uso pedagógico dos mundos virtuais, como Whyville e Second Life.

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Jeremy Kemp montou uma seqüência de slides muito legal sobre com produzir Machinimas, Making Machinima in seven simple steps:

Alguns dos vídeos que ele sugere assistir no YouTube são:

What is Machinima?

Inside the Machinima

Second Health

Seguindo a sugestão dos slides, fui até o Alt Zoom Theater, na Lukanida, e peguei um Free Machinima Starter Kit, que vem com bastante coisa – vou testar nos próximos dias.

[photopress:Free_Machinima_Starter_Kit_001.jpg,full,vazio]

Para filmar, ele sugere snapzprox ou Fraps – aqui um post sobre como filmar no SL usando o Fraps. Vou testar também essas ferramentas nos próximos dias. Testei o Fraps hoje, 27/03, e funcionou perfeito, incrível. Logo vou postar por aqui um vídeo feito com a ferramenta. Eu já tinha feito vídeo com o Snagit (que no fundo é mais para fotos de tela) e com a ferramenta que vem dentro do Lectora, mas na hora de editar no Première, a gravação do Snagit não funcionou. Quero testar a opção de vídeo da TechSmith, o mesmo fabricante do Snagit: Camtasia, e também o Captivate da Adobe (mas que parece não funciona bem se você quer gravar o som do Second Life). E tem ainda a opção de gravar direto para uma camcorder. Na aula de hoje na EdTech falamos também do QuestionMark, bliptv, Project Wonderland e Alice, coisas de que vou falar no próximo post sobre o curso.

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Comunicação e Expressão – quinta semana de aula

Mais uma semana de aula, já foi praticamente 1/3 do percurso!

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Escolhi dois comentários (postados aqui no blog) que mostram que o meu objetivo com a disciplina está sendo atingido:

“Gostaria de comentar que está muito bacana a disciplina, deixando o aluno à vontade com muitas opções de atividades e facilitando no nosso aprendizado.”

“Achei muito interessante trabalhar sua materia na web, a informação está entrando a todo momento (vários inputs [...]

Estou gostando muito da matéria e da forma de lecionar (via laboratório) confesso que não havia tido aulas assim, nem no colegial e nem no ensino tecnico.”

Vamos lá, vamos fazer a diferença!!!!!”

Facilitar o aprendizado é o novo papel do professor – moderador e orientador, não mais o falador que detém o conhecimento, diz tudo e faz depósitos na cabeça do aluno.

Várias atividades disponíveis” é o que se chama de aprendizado distribuído – o aluno tem que se acostumar a aprender em diversos lugares, em qualquer lugar. E “deixar o aluno à vontade” significa respeitar também a idéia de estilos de aprendizagem distintos – alguns gostam mais de ler, outros mais de fazer exercícios, outros mais de escrever, outros mais de música, outros são mais visuais etc. Em função desses diferentes estilos de aprendizagem, cada um acaba percorrendo um caminho próprio no seu aprendizado – na Web e no mundo contemporâneo, não tem mais sentido tentarmos controlar o percurso do aprendizado, padronizá-lo e commoditizá-lo.

Vários inputs” completa as idéias de aprendizado distribuído e estilos de aprendizagem: como há várias atividades, em lugares diferentes, os alunos acabam recebendo e acessando informações em locais distintos, além da sala de aula (emails, avisos, textos, fóruns no Blackboard, blogs, exercícios, materiais multimídia, links etc.). Há sem dúvida um risco de haver uma sobrecarga de informações – mas o professor deve funcionar como um mediador para evitar isso, além de que temos de nos acostumar a lidar com essa sobrecarga de informações, comum para todos hoje, e principalmente com a idéia de que aprendemos hoje de diversas fontes, que brotam incessante e simultaneamente.

***

De língua, estudamos preposições e crases.

À é a combinação da preposição “a” com o artigo feminino “a”, e portanto só pode exisitir antes de palavras femininas. Há alguns erros comuns no uso de crases, que podem ser facilmente corrigidos simplesmente lembrando dessa questão do feminino, como uso de crase antes de verbos (à fazer, à contar… – verbo não tem gênero!) e antes de palavras masculinas (à pé, à cavalo etc.). Além disso, a substituição do “a” por “para a”, ou pelo masculino (“ao”, trocando a palavra seguinte por masculina), resolve praticamente todas as dúvidas. Crase é um daqueles pseudo-problemas da língua, com o qual nos confundimos mais pelo medo do que pela seu grau efetivo de dificuldade.

***

Fizemos a interpretação do Samba de uma nota só, que tínhamos ouvido pela primeira vez na aula passada. Vou fazer algumas gravações da música (só da melodia, só da harmonia, de tudo, com improvisação etc.) e colocar por aqui. É uma música interessante para estudar não só em jazz ou bossa nova, mas também em Comunicação, pois ela fala de amor, fala de pessoas que falam falam e não dizem nada, passa uma mensagem de simplicidade (não é preciso de muito para ser feliz, para passar uma mensagem etc.) e, ao mesmo tempo, fala também da melodia, de como a música está organizada (e, portanto, é altamente metalingüística).

***

Como atividade para a semana, propus a análise da famosa comparação do Saussure, entre a língua e o jogo de xadrez, no seu genial Curso de Lingüística Geral. Como vários alunos ainda estão trabalhando na leitura e interpretação do texto, já que nesta semana propus a primeira atividade à distância para algumas turmas, falo da comparação por aqui na próxima aula. Mas de qualquer forma aqui vai o texto (ele está discutindo os conceitos de sincronia e diacronia, neste momento do livro):

Ferdinand de Saussure, Curso de lingüística geral, p. 104-105 (fico devendo a edição e os dados completos da referência, logo atualizo)

” … de todas as comparações que se poderiam imaginar, a mais demonstrativa é a que se estabeleceria entre o jogo da língua e uma partida de xadrez. De um lado e de outro, estamos em presença de um sistema de valores e assistimos às suas modificações. Uma partida de xadrez é como a realização artificial daquilo que a língua nos apresenta sob forma natural.
Vejamo-la de mais perto.
Primeiramente, uma posição de jogo corresponde de perto a um estado da língua. O valor respectivo das peças depende da sua posição no tabuleiro, do mesmo modo que na língua cada termo tem seu valor pela oposição aos outros termos.
Em segundo lugar, o sistema nunca é mais que momentâneo; varia de uma posição a outra. É bem verdade que os valores dependem também, e sobretudo, de uma convenção imutável: a regra do jogo, que existe antes do início da partida e persiste após cada lance. Essa regra, admitida de uma vez por todas, existe também em matéria de língua; são os princípios constantes da Semiologia.
Finalmente, para passar de um equilíbrio a outro, ou – segundo nossa terminologia – de uma sincronia a outra, o deslocamento de uma peça é suficiente; não ocorre mudança geral. Temos aí o paralelo do fato diacrônico, com todas as suas particularidades. Com efeito:
a) Cada lance do jogo de xadrez movimenta apenas uma peça; do mesmo modo, na língua, as mudanças não se aplicam senão a elementos isolados.
b) Apesar disso, o lance repercute sobre todo o sistema; é impossível ao jogador prever com exatidão os limites desse efeito. As mudanças de valores que disso resultem serão, conforme a ocorrência, ou nulas ou muito graves ou de importância média. Tal lance pode transtornar a partida em seu conjunto e ter conseqüências mesmo para as peças fora de cogitação no momento. Acabamos de ver que ocorre o mesmo com a língua.
c) O deslocamento de uma peça é um fato absolutamente distinto do equilíbrio precedente e do equilíbrio subseqüente. A troca realizada não pertence a nenhum dos dois estados: ora, os estados são a única coisa importante.
Numa partida de xadrez, qualquer posição dada tem como característica singular estar libertada de seus antecedentes; é totalmente indiferente que se tenha chegado a ela por um caminho ou outro; o que acompanhou toda a partida não tem a menor vantagem sobre o curioso que vem espiar o estado do jogo no momento crítico; para descrever a posição, é perfeitamente inútil recordar o que ocorreu dez segundos antes. Tudo isso se aplica igualmente à língua e consagra a distinção radical do diacrônico e do sincrônico. A fala só opera sobre um estado de língua, e as mudanças que ocorrem entre os estados não têm nestes nenhum lugar.
Existe apenas um ponto em que a comparação falha: o jogador de xadrez tem a intenção de executar o deslocamento e de exercer uma ação sobre o sistema, enquanto a língua não premedita nada; é espontânea e fortuitamente que suas peças se deslocam – ou melhor, se modificam; (…) Para que a partida de xadrez se parecesse em tudo com a língua, seria mister imaginar um jogador inconsciente ou falto de inteligência. Além disso, esta única diferença torna a comparação ainda mais instrutiva, ao mostrar a absoluta necessidade de distinguir em Lingüística as duas ordens do fenômeno. Pois se os fatos diacrônicos são irredutíveis ao sistema sincrônico que condicionam, quando a vontade preside a uma mudança dessa espécie, com maior razão sê-lo-ão quando põem uma força cega em luta com a organização de um sistema de signos.”

***

As turmas já criaram seus blogs, e vamos continuar discutindo quais são as funções de um blog, como ele pode ser útil em educação etc. Mas vamos começar a falar também de outra ferramenta, o Twitter, micro-blog, um misto de chat, MSN, blog e redes sociais (como o Orkut). Quero testá-lo como ferramenta educacional durante o semestre. Coloquei um post sobre o Twitter nesta semana, Easter Twitter.


E vamos também partir para os vídeos. Coloquei nesta semana dois posts sobre o YouTube, ferramenta sobre a qual falamos em sala também nesta semana: YouTube na Educação e Aulas no (e sobre) YouTube. Gostaria que produzíssemos em conjunto alguns vídeos durante o semestre, para postar no YouTube. Idéias? Já temos algumas fotos de erros de ortografia tiradas pelos alunos, que podemos usar.

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Publicado em CE1/2008, Educação | 8 comentários

Aula no (e sobre) YouTube

Acabei de colocar YouTube na Educação e lá vem outro post sobre o YouTube – é que quero usar a ferramenta com meus alunos na minha disciplina de Comunicação na Anhembi, neste semestre.

Alexandra Juhasz, professorsa no Pitzer College, deu um curso no e sobre o YouTube no semestre passado. Esta é a apresentação do programa (na verdade uma simples leitura de uma página que não dá para enxergar muito):

E esta a primeira aula:

Você pode também acessar a página do curso no YouTube.

Um curso interessante: o meio e a mensagem são a mesma coisa. Além de que as aulas tornam-se abertas, públicas.

Houve muitas críticas ao experimento, mas alguns artigos também apontaram pontos positivos, como YouTube Studies e Missing the Point, que inclusive analisa as críticas negativas à experiência e conclui que qualquer curso que se proponha a estudar mídias precisa, no mínimo, considerar o YouTube.

Você pode também assistir às várias outras aulas no YouTube.


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Publicado em Computação, EaD, Educação, Video | 1 comentário

Jogos do Poder


Ontem assisti a Jogo do Poder (Charlie Wilsons War).

[photopress:jogosdopoder.jpg,full,vazio]

O filme, baseado no livro do jornalista George Crile, e mostra como os Estados Unidos se une ao Paquistão, Egito, Israel e Arábia Saudita para combater secretamente os russos no Afeganistão nos anos 80. Só que depois de vencer a batalha, os americanos deixam o país sem se preocupar com a educação da população dizimada, o que, como sabemos, foi fatal.

Dirigido por Mike Nichols, o filme tem Tom Hanks, o congressista Charlie Wilson (sempre cercado de lindas mulheres, inclusive suas assistentes), Julia Roberts, a milionária anticomunista Joanne Herring, e Philip Seymour Hoffman, o agente secreto da CIA Gust Avrakotos.

Assista ao trailer:

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