Fuga em Outro

qual a face rio do dodecaedro?

desabrocha a flor pânico
a mão raiz destroça a terra
a cauda rio rega incessante
espatifar de grãos miniatura

o silêncio navalha
o corte profundo no tempo
o silêncio
o rio que amassa
o silêncio navalha
o seco rapto dos nossos leões
o silêncio
o espelho e o espeto do tempo

o bosque rio assedia
- não há mãos, meu deus –
o corredor de grãos miniatura

o tesouro é o corredor
fluido
fluido

o bosque talvez uma só das faces.
o rio talvez o todo dos grãos.

desabrocha a flor pânico
a cauda rio incessante
e as garras dos nossos leões?

*

o dodecaedro são minhas duas visões
sem sufoco as taxi-girls voadoras

o tempo esvai-se em círculos serpentes
a cauda rio engole o bosque
(não se podia esperar pelos leões
 habituar a esperar por nossos leões?)

nunca via as outras onze faces
nunca vi a onça, o lince
(o rio pânico tesouro
 fluido
 tem garras mãos)

inofensivo
o rio descarta cristais estalactites em lavas

João Mattar
Raízes, 1996

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Pedagogia da Abundância

Abundance

WELLER, Martin. A pedagogy of abundance. Spanish Journal of Pedagogy, n. 249, p. 223–236, 2011. Resenha de João Mattar.

Weller faz uma reflexão interessante sobre a mudança de uma pedagogia baseada da escassez para uma pedagogia da abundância. Como devemos educar nossos alunos para fazer uso da abundância de recursos disponíveis hoje na Internet? Não é mais o conteúdo que é escasso, mas nosso tempo e atenção que se tornaram recursos escassos. A atenção de uma pessoa não é abundante e é limitada pelo tempo: “A abundância do conteúdo coloca uma pressão crescente sobre esse recurso escasso, e, portanto, encontrar maneiras eficientes de lidar com isso pode ser o elemento-chave em qualquer pedagogia.”

Hoje temos acesso fácil (e em geral gratuito) tanto a conteúdo (em jornais e revistas, periódicos, vídeos, podcasts etc.) quanto a discussões (em fóruns e blogs) e redes de aprendizes e especialistas. Mas teríamos desenvolvido abordagens de ensino e aprendizagem para fazer o uso mais adequado desses recursos? Ou seja, o que caracterizaria uma pedagogia da abundância?
Para Weller, ela deveria estar fundamentada nos seguintes pressupostos:

o conteúdo é gratuito – nem todo conteúdo é gratuito, e ainda não, mas cada vez mais uma versão gratuita pode ser localizada, o que deve tornar esse modelo um padrão
o conteúdo é abundante – a quantidade de conteúdo é agora abundante
o conteúdo é variado – o conteúdo não é mais predominantemente baseado em texto
o compartilhamento é fácil – através do uso de ferramentas como social bookmarking, tags e link, o “custo” do compartilhamento praticamente desapareceu
baseada no social – uma abordagem social para a aprendizagem
as conexões são “leves” – como no caso do compartilhamento, é fácil criar e preservar conexões em uma rede, uma vez que não se exige manutenção uma a uma
a organização é barata – o “custo” de organizar pessoas reduziu-se drasticamente, o que torna mais provável a ocorrência de grupos informais, muitas vezes mais bem-sucedidos
baseada em um sistema generativo - a imprevisibilidade e liberdade são características essenciais da internet e as razões por que gerou tantos desenvolvimentos inovadores. Toda pedagogia deveria procurar aproveitar algum elemento desta capacidade generativa
conteúdo gerado pelo usuário - a facilidade de geração de conteúdo possibilitará não apenas uma variedade maior de formatos de conteúdo, mas cursos sendo atualizado e construídos a partir de conteúdo do próprio aluno

Weller examina então brevemente algumas teorias que lidam com essas questões e podem ajudar a construir uma pedagogia da abundância: Aprendizagem baseada em Recursos (Resource Based Learning), Aprendizagem baseada em Problemas (Problem based learning), Construtivismo, Comunidades de Prática e Conectivismo.

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Seleção de MOOCs

Hoje dei uma boa fuçada em 4 instituições que oferecem MOOCs: Venture Lab, Coursera, Udacity e edX. Não consegui checar o Udemy (tem muita coisa). Aqui vai uma breve seleção de cursos que achei interessantes:

A Brief History of Humankind – Yuval Noah Harari – Coursera

Listening to World Music – Carol Muller – Coursera

Creative Programming for Digital Media & Mobile Apps – Mick Grierson, Matthew Yee-King e Marco Gillies of Goldsmiths – Coursera

Gamification – Kevin Werbach – Coursera

Web Development – Steve Huffman e Anthony Teate – Udacity

6.00x: Introduction to Computer Science and Programming – Eric Grimson, John Guttag, Chris Terman e Larry Rudolph – edX

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MOOC MIOU

Deu rolo em um MOOC do Coursera, Fundamentals of Online Education: Planning and Application, que por incrível que pareça deveria ensinar a planejar e colocar em prática cursos online! E 40.000 alunos ficaram a ver navios, em um curso que, pelo que parece, começou confuso demais.

Debbie Morrison já andava comentando sobre os problemas do curso em How NOT to Design a MOOC: The Disaster at Coursera and How to Fix it.

Em Quality Control in MOOCs o conectivista George Siemens (o pai dos MOOCs, mas em modelos diferentes dos MOOCs do Coursera) teceu suas primeiras impressões sobre o cancelamento do curso, aprofundadas em Negating the learner in the learning process.

E Scott Jaschik publicou hoje no Inside Higher Ed o post MOOC Mess, também refletindo sobre o cancelamento (pelo que parece, apenas temporário) do MOOC.

Continuamos acompanhando e atualizando por aqui, para entender o que saiu errado.

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10 Cidades mais Felizes (Infográfico)

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III Jornada EaD: o futuro da arte

Coordenarei a III Jornada Educação a Distância: o futuro da arte, que será realizada no dia 06 de Abril de 2013, sábado, das 08:00 às 18:00 horas, no auditório da Universidade Anhembi Morumbi em São Paulo.

Onde estamos e para onde caminhamos em Tecnologia Educacional e Educação a Distância? Redes Sociais, MOOCs, Tablets, Mobile Learning, Design Instrucional, Marketing de Busca, SEO, SEM, TDICs, Linguagens Líquidas, Educação Ubíqua, PLEs e Formação de Professores, dentre outros temas, serão debatidos neste ano pelos seguintes convidados: Andrea Filatro, Lúcia Santaella, André Genesini, Maria Elisabeth Bianconcini de Almeida e Martha Gabriel. Cf. a Programação:


08:00 Credenciamento, Welcome Coffee & Sessão de Autógrafos


09:00 Abertura: onde estamos?
João Mattar


10:00 Evolução do Design Instrucional e Desafios Futuros
Andrea Filatro


11:00 Linguagens Líquidas e Educação Ubíqua
Lúcia Santaella


12:00 Brunch, Networking e Sessão de Autógrafos


13:00 Tablets e Smartphones reinventando a Educação
André Genesini


14:00 Pedagogia a Distância e uso das TDICs
Maria Elisabeth Bianconcini de Almeida


15:00 Coffee-Break, Networking & Sessão de Autógrafos


15:30 Redes Sociais, SEM, SEO e Marketing de Busca
Martha Gabriel


16:30 Encerramento: para onde caminhamos?
João Mattar


17:00 Sorteios

Além de palestras, debates, workshop e um cara a cara com Lúcia Santaella, a inscrição inclui welcome coffee, brunch e coffee-break (servidos no local), além de sorteios. Haverá também uma feira de livros de EaD, tecnologia e educação e sessões de autógrafos com autores.

Os participantes receberão um Certificado pela participação no evento.

[photopress:certificado_2.jpg,full,centered]

A Jornada é organizada pela Artesanato Educacional e tem o apoio da Universidade Anhembi Morumbi, da ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância, do TIDD – Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital da PUC-SP e do Portal Educação.

Será um prazer recebê-lo no auditório da Anhembi Morumbi.

Cf. a Avaliação de quem participou das 2 versões anteriores da Jornada e o que tem sido publicado sobre o evento.

Você pode também participar dos sorteios que vêm ocorrendo antes da Jornada.

[photopress:LOGO_COR_HORIZONTAL480155.jpg,full,vazio]

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Vygotsky Online

Vou registrar aqui algumas coisas interessantes do e sobre Vygotsky que encontrar online.

Pensamento e linguagem. Edição: Ridendo Castigat Mores. Versão para eBook: eBooksBrasil.org. Fonte Digital: www.jahr.org Edição eletrônica: Ed Ridendo Castigat Mores

Thinking and speaking. Fonte: Thought and Language. The M.I.T. Press, 1962. Edited and translated in part by Eugenia Hanfmann and Gertrude Vakar, and in part by Norris Minnick. Transcribed by Andy Blunden.

Veer, R. van der;Valsiner, J. The Vygotsky Reader. Oxford: Blackwell, 1994. 384p.

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Dança da Tecnologia e da Pedagogia

No seguinte paper, Terry Anderson trabalha a metáfora da dança para ilustrar as relações entre tecnologia e pedagogia (que depois ele retomará em outros artigos), aplicando a metáfora à análise das gerações de educação a distância:

Anderson, T. (2009). The dance of technology and pedagogy in self-paced distance education. Paper presented at the 17th ICDE World Congress, Maastricht.

Traduzi algumas passagens em que a metáfora da dança aparece no artigo. Vou aperfeiçoando a tradução e, quem sabe, me animo a fazer a tradução do artigo completo.

A Dança da Tecnologia e da Pedagogia na Educação a Distância de Ritmo Autorregulado
Terry Anderson – Athabasca University, Canadá

Este artigo descreve as relações em estilo de dança entre a pedagogia e as tecnologias que criam programas de educação a distância. Usando uma metáfora da dança, o artigo [...]

[...] é apenas em uma complexa dança entre tecnologias e pedagogias que a educação a distância de qualidade emerge. A tecnologia define o ritmo e o timing; a pedagogia define os movimentos. Tanto a concepção quanto a tecnologia se transformam em reação aos desenvolvimentos ou mudanças nas características da teoria e da tecnologia. Além disso, a energia e o contexto criativos criados pelos participantes também afetam a dança. Quando qualquer mudança ocorre, a dança perde a sincronização e todas as partes ajustam suas atividades e seus planos para retornar ao fluxo criativo da dança. Neste artigo [...] analiso a capacidade de criar uma dança muito enriquecida entre os alunos de estudo a distância em ritmo autorregulado que, até muito recentemente, eram forçados a dançar sozinhos!

Durante o desenvolvimento de 150 anos da educação a distância, a dança entre tecnologia e pedagogia deu muitas voltas, mergulhos e tempos, mas continua a crescer em popularidade e, mais importante, praticidade, como o único meio para atender às necessidades emergentes dos alunos do século 21 em todas regiões do mundo.

A primeira geração de educação a distância foi concebida como uma forma de dança individual. Os alunos estavam livres para interpretar o design e o conteúdo como quisessem, dentro dos limites temporais estabelecidos por eles mesmos, apenas com contato infrequente com os tutores. [...] No entanto, a dança era confinante [...]

A segunda geração da educação a distância pode ser considerada a idade de ouro da grande mídia. A orquestra completa tornou-se disponível para os dançarinos, mas, como para aqueles que assistem aos filmes de dança de Hollywood dos anos 60, a experiência foi vicária, já que os aprendizes consumiam a dança através dos movimentos dos outros.

A terceira geração de educação a distância desafiou as noções de tempo e sociabilidade, introduzindo a batida de tecnologias que apoiaram interações síncronas e assíncronas […]. Coreógrafos de dança eram agora capazes de escolher entre um-para-um, um-para-poucos, um-para-muitos e todas as permutações para criar estruturas complexas de comunicação entre alunos. Na corrida para abraçar as pedagogias da sala de aula, que agora foram oferecidas a distância, muitas das liberdades associadas com a geração inicial da dança da educação a distância foram perdidas. A maioria dos sistemas da terceira geração exige que os indivíduos esperem para o seu estudo até que o salão de dança abra (início do semestre) e que cada série de danças seja espremida ou esticada em um semestre de 13 ou 26 semanas.

Estamos agora no limiar de uma nova dança e talvez uma nova geração de educação a distância, que combina as características de produção de grande mídia, interação colaborativa e ritmo individual. [...] Essa geração emergente de dança a distância permite que os alunos criem seus próprios movimentos sociais e individuais que atendam não apenas a suas necessidades educacionais, mas também suas necessidades sociais, emocionais e econômicas, enquanto eles se envolvem na dança de aprendizagem ao longo da vida.

A pedagogia dessas danças (e há muitos movimentos e ritmos) bate em um tambor conectivista.

O potencial quase infinito de dançar com qualquer um, em qualquer lugar, a qualquer hora, combinado com as vastas faixas e shows de luz (recursos educacionais abertos) acessíveis na rede, demandam que a aprendizagem seja uma experiência de conectar e aplicar recursos, em vez de memorizar músicas ou passos particulares. A arte da improvisação, de aprender a dançar, torna-se a habilidade de aprendizado durante a vida – acumular dados estáticos ou memorizar scripts torna-se obsoleto.

Presença. […] Esses dançarinos podem se encontrar de forma síncrona (chat ou conferências por áudio, vídeo ou web) ou assíncrona (mensagens de texto ou de voz, e-mail, blogs e Twitter).

Colaboração. [...] Devem operar em ciclos, de modo que os alunos possam sincronizar suas agendas de aprendizagem para períodos curtos ou longos de tempo, a fim de participar no tipo de dança cooperativa que atenda às suas necessidades individuais e temporais.

Este pequeno artigo definiu as características emergentes de uma antiga dança – a capacidade de abrir educação a distância para alunos que definiram seu próprio ritmo e timing para o envolvimento com a aprendizagem. [...] Apesar de perturbador para estes modelos mais antigos, [novas tecnologias e o conectivismo] prometem um modelo de educação que maximiza as liberdades individuais e de escolha, apoia designs de cursos participativos e, portanto, é uma nova dança, apropriada para a era em rede.

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Bibliografia Dewey Educação

Uma seleção de recursos disponíveis online das principais obras de John Dewey sobre educação (vou atualizando dinamicamente).

My Pedagogic Creed (1897) – Internet Archive

The school and society (1900) – Internet Archive

The child and the curriculum (1902) – Internet Archive

The child and the curriculum – Project Gutenberg

Democracy and Education – Institute for Learning Technologies

Democracy and Education – AS@UVA (American Studies at the University of Virginia)

Experience and education (1938) – Internet Archive

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Blogs em Português

Um post no Facebook desencadeou uma lista de blogs de Tecnologia Educacional e Educação a Distância. Compilei a lista aqui e acrescentei mais algumas coisas, incluindo aqui apenas os blogs que estão ativos e contínuos em suas publicações, ou seja, que publicam posts com regularidade sobre os temas:

Andábata (Leonel Morgado)

De Mattar (João Mattar)

Diário de um Químico (Márcio Martins)

Educação a Distância (Ana Beatriz Gomes)

Educação e E-Learning 2.0 (Jorge Simões)

Educação Humanista Inovadora (José Manuel Moran)

eLearning Club (Francisco Lavrador Pires)

Ensino Atual (Márcio Luiz Villaça)

Ler ebooks (Carlos Pinheiro)

Lousa Digital (Sônia Bertocchi)

mir@gens (Fernando Albuquerque Costa)

Na Rede (Paulo Simões)

Professor TIC (Gonçalo Mendes)

Rafael Parente

Tecnologia Educacional em FOCO (Denise Faria, Fernanda Quaresma, Gilmara Ozório e Ketiuce Silva)

Teia Educacional (Ronaldo Mota)

The Blot Teacher (Filipe Mendes)

TICs na Prática (Instituto Claro)

Virtual Illusion (Nelson Zagalo)

Web para Educadores (José Erigleidson)

Vou atualizando a lista dinamicamente. Sugestões?

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