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William James, Princípios de Psicologia, Cap. IX.
“Pois é óbvio e palpável que nosso estado mental nunca é precisamente o mesmo. Cada pensamento que temos sobre determinado fato é, estritamente falando, único, e possui apenas algum tipo de semelhança com nossos outros pensamentos sobre o mesmo fato. Quando um fato idêntico a um anterior volta a ocorrer, nós devemos pensar sobre ele de uma maneira nova, enxergá-lo de alguma maneira por um ângulo diferente, apreendê-lo em relações diferentes daquelas em que ele apareceu pela última vez. E o pensamento pelo qual nós conhecemos é o pensamento do isso-naquelas-relações (it-in-those-relations), um pensamento imbuído na consciência de todo esse turvo contexto. Freqüentemente nos surpreendemos com as estranhas diferenças entre nossos pontos de vista sucessivos sobre uma mesma coisa. Pensamos como pudemos ter opinado como o fizemos no mês passado sobre determinada matéria. Nós amadurecemos ou superamos a possibilidade daquele estado mental, não sabemos como. De um ano para o outro, vemos as coisas sob novas luzes. O que era irreal tornou-se real, e o que era excitante é insípido. Os amigos cujos mundos nos eram tão queridos estão reduzidos a sombras; as mulheres antes tão divinas, as estrelas, os bosques e as águas, como podem ser tão insípidos e comuns! – as jovens garotas que tinham uma aura de infinitude, no presente existências dificilmente distinguíveis; os quadros tão vazios; e quanto aos livros, o que havia lá para encontrar de tão misteriosamente significativo em Goethe, ou em John Mill tão cheio de peso? No lugar de tudo isso, hoje é mais deleitoso que tudo o trabalho, o trabalho; e mais plena e profunda a importância das obrigações e dos bens comuns.”
Ao olharmos para nosso passado, para nós mesmos em fotos antigas, vemos alguém que não existe mais.
Há quem se sinta deprimido com esta constatação.
No entanto, nosso constante processo de evolução é o que faz de nós seres especiais. Ou não, se considerarmos que o que havia de melhor em nós no passado era nossa ingenuidade, nosso desconhecimento.
Ou ainda: será que sofremos um constante processo de evolução ou de mutação que, neste caso, não seria necessariamente ou processo evolutivo?
É. Acho que é por aí. Não fica nada. Sai tudo pelo ralo. Há quem diga que o ser humano não passa de “um tubo processador de merda”.
Falando nisso, assisti ao “Cheiro do Ralo” semana passada e gostei muito.
Vocês precisam assistir para comentarmos aqui! Este filme tem tudo a ver com seu comentário, Adalberto!
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