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No dia 16/05/2007 fiz o curso “Marketing Editorial para Livros Profissionais, Técnicos e Universitários” na CBL – Cãmara Brasileira do Livro, ministrado pelo editor Milton Mira de Assumpção Filho, que já tinha sido o editor do meu Filosofia e Administração, publicado pela sua Makron Books no final dos anos 90.
Milton começou contando sua trajetória, de funcionário da McGraw-Hill do Brasil, com passagem por Portugal, à oportunidade de se tornar sócio da empresa no Brasil, quando ela encerrou suas atividades no país, à alteração da razão social para Makron Books, vendida posteriormente para a Pearson, e agora como sócio-fundador da M. Books.
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Ele contou sua experiência mantendo a linha de livros universitários da McGraw-Hill, acrescentando a linha de informática, que decolou com os livros que funcionavam como manuais para computadores e eram vendidos para diversas empresas, que colocavam suas próprias marcas, até a linha de negócios e marketing, e posteriormente qualidade.
Sua história mostra que ele sempre esteve muito antenado nas tendências do mercado de livros. Segundo Milton, as editoras precisam tomar cuidado com a tradução de livros, pois passado o período em que detêm direitos autorais da tradução, a editora principal pode vir para o Brasil ou renegociar os direitos com outra editora, aproveitando-se então de todo o esforço de introdução do produto no país. Nesse sentido, lembrou da Pearson, da Thomson (que comprou a Pioneira), da Elsevier/Campus e da própria McGraw-Hill.
Milton defendeu, em vários momentos do curso, que a empresa editorial deve ter foco em marketing e que, nesse sentido, a capa tem o valor da embalagem de um produto, portanto deve ser bastante trabalhada e valorizada. Ele definiu marketing de livros como: “todo processo que abrange o desenvolvimento ou contratação de um texto, produção, capa (embalagem), promoção e fidelização de consumidor.”
Ressaltou também que a fidelização do leitor por uma editora é um processo bastante difícil, mas que é importante fazer um bom trabalho junto a livrarias, pois essas sim podem ter uma identificação maior com uma editora.
Ele também diferenciou os conceitos de livros profissionais (que servem de informação para a vida profissional, e são lidos), livros técnicos (ferramentas ou manuais que profissionais como médicos, por exemplo, devem ter na mesa, e, portanto, são consultados) e livros universitários (que são adotados em faculdades e universidades).
Lembrou ainda que o currículo do autor de um livro universitário é essencial, e que é importante o público-alvo do livro estar muito bem definido, assim como que esses livros sigam as ementas que são padrões nas suas disciplinas.
Lembrou ainda que é possível editar um livro universitário por diversos caminhos: encomendar um texto, identificar um texto já produzido ou mesmo publicar as apostilas mais vendidas; e também que trabalhos de pós-graduação quase nunca são publicáveis, pois seu público-alvo são professores e catedráticos, então eles precisariam ser reescritos com foco no aluno. Lembrou ainda da importância do editor freqüentar feiras internacioais, estar sempre em sintonia com autores e editoras internacionais, e mesmo percorrer os sites dessas editoras, e que é possível, inclusive, uma editora brasileira receber um livro para avaliação (arquivo pdf) e inclusive fechar a sua tradução no Brasil antes mesmo de ele ser publicado em outro país.
Explicou ainda que, além dos contratos padrões, há também contratos específicos e especiais, como no caso em que um autor se compromete a comprar toda uma tiragem de um livro, e a editora acaba funcionando como distribuidora do próprio livro que produziu, que recebe de volta em consignação.
Falou ainda dos formatos de produção editorial (que em muitos casos otimizam o corte do papel), dos modelos e do design da capa (que tem de estar em sintonia com o marketing da editora), dos tipos de papel, da diagramação, da criação de títulos (que devem ser lidos de longe) e subtítulos, textos de quarta capa e orelhas (que, segundo ele, devem ser textos vendedores).
Milton lembrou ainda do trabalho de release e de mídia, como entrevistas, matérias e noites de autógrafos, e da importância de materiais complementares, como brindes (camisetas e chaveiros, p.ex.), cartazes, folhetos e displays. Para ele, esse material tem que ser mostrado para os livreiros, para que se consiga lugar de destaque para os livros, e a mídia tem que ser trabalhada em função do foco do livro, ou seja, das tribos de leitores.
Falou ainda da importância de feiras e eventos, merchandising (trabalho no ponto de venda e mesmo compra de espaços para expor livros) e Internet (site da editora, sites específicos frequentados pelo público-alvo daquele livro, sites de terceiros, blogs, orkut, email marketing do Submarino e .coms, como Saraiva e Siciliano).
Lembrou do fenômeno do camaguru, ou seja, que o consumidor muda de hábitos continuamente, mesmo durante o dia, já que assume diferentes personas, e por isso está propenso a receber informações quando (e apenas quando) atua como o potencial consumidor de um produto, e não a todo o momento, então é preciso atingi-lo no momento e no local certos.
No caso de livros universitários, ele lembrou da importância do release diferenciado e específico; do treinamento e do trabalho essencial dos promotores, que devem se reunir periodicamente; da promoção e da divulgação; do contato pessoal com bibliotecas de universidades e com coordenadores de cursos; do contato por email com professores e coordenadores e da promoção em sites.
Em distribuição e vendas, falou da possibilidade de uma editora combinar vendedores próprios com distribuidores regionais; do e-commerce; de feiras e eventos; de vendas diretas; de projetos especiais; da Internet, já que se nota uma queda de vendas de livros universitários em livrarias e aumento nas .coms; das grandes superfícies (como supermercados e grandes lojas) e das pequenas superfícies (como lojas de conveniência, lojas e bancas).
Para Milton, o editor, como um administrador e um homem de marketing, tem que ter visão do todo.
Perguntei para Milton o que ele achava do fato de as editoras de livros universitários, como Pearson e Saraiva, por exemplo, estarem oferecendo seus livros também online em formato pdf para os alunos, que podem inclusive comprar o direito de ler apenas um capítulo, por exemplo, e me surpreendi com a resposta: ele não tem opinião formada. O mercado editorial universitário está, sem dúvida, enfrentando uma situação de mudança de paradigmas, ameaçado agora não apenas pelo xérox, mas principalmente pela Internet, e inclusive pelas editoras que surgiram especificamente para se dedicar aos e-books, então fórmulas de negócios novas podem funcionar como tecnologias disruptivas, chegando rapidamente inclusive a ameaçar as grandes editoras. Há, portanto, espaço para idéias criativas na combinação entre mídia impressa, mídia eletrônica e online, e educação a distância, e é também uma questão de sobrevivência que as editoras se questionem e se repensem continuamente, sob o risco de acordarem um dia e perceberem que seus negócios minguaram de repente.
Muito elucidativo seu texto, João. Quase como se eu estivesse lá assistindo ao curso!
Quer dizer que pouco ou quase nada se falou do futuro do livro?
Falou-se algo sobre queda ou estagnação da venda de livros nos últimos anos?
Na verdade se falou um pouco sobre o futuro do livro e a queda nas vendas. O que não foi muito aprofundado foi a ameaça da Internet, dos e-books e da possibilidade de compra (ou aluguel) de partes ou capítulos dos livros em pdf.
Pingback: De Mattar » Changing Modes of Reading: Comparativism praxis in the Digital Age
Caros parceiros,
Trabalho no mercado editorial a 19 anos e quero receber a programação de cursos nessa área .
Um forte abraço,
Joy Daltro
consultora de divulçgaçlão da editora Dimensão na Bahia.
Oi, Joy. Fiz este curso na CBL:
http://www.cbl.org.br/
Se você se cadastrar pelo site deles, pode ser informado dos próximos eventos programados pela CBL.
Oi João,
Muito bom seu artigo, parabens, esclarecedor. Trabalhei no ramo 14 anos, hoje trabalho com uma revista academica e lendo seu trabalho que é de 2007, o e-bock já está mais avançado, o e-commerce também. Como fonte de informação e visão do mercado editorial hoje, houve avanços, vou consultar tambem o site da CBL.
Abraços,
Edilma
bom dia atodos. sou estudante pelo prouni, e estou cursando marketing. no momento estou desempregado e necessitando de livros de marketing para trabalhos academicos e leitura complementar. obrigado. meu end- rua- ismael pordeus, 1325 cs 55 vicente pinzon- fortaleza-ce 60181710- obrigado por quem me ajudar.
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