Modes of interaction in distance education

ANDERSON, Terry. Modes of interaction in distance education: recent developments and research questions. In: MOORE, Michael Grahame; ANDERSON, William G. (Ed.). Handbook of distance education. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum, 2003. p. 129-144.

Resenha por João Mattar.

Um artigo muito interessante, como quase todos os artigos do Handook of Distance Education. Criei uma categoria para o Handbook, pois pretendo resenhar mais alguns artigos por aqui. Já saiu uma nova edição do livro, que segundo o Michael Moore possui novos artigos e revisão dos anteriores, mas ainda não tenho, então vou usando a edição mais antiga.

O artigo é uma ampliação de uma reflexão anterior, proposta por Michael Moore num artigo publicado no importante American Journal of Distance Education em 1989, “Three types of interaction”. Aqui, Anderson inclui mais 3 tipos de interação: professor-professor, professor-conteúdo e conteúdo-conteúdo.

Interação é um conceito complexo em educação. Tradicionalmente, incluía o diálogo entre alunos e professores em sala de aula, mas com a EaD foi expandido para discussões síncronas (áudio e vídeo-conferências) e assíncronas, além das respostas de programas (computador e televisão, por exemplo).

Anderson inicialmente faz uma revisão das definições de interação utilizadas em EaD, que incluem interações entre seres humanos mas também com máquinas. Em seguida, define os três pilares pelos quais abordará a questão: alunos, professores e conteúdo. E explica ainda que não considerará como tipos de interação distintos: (a) a aquisição de habilidades de comunicação e técnicas, apesar de sua importância, nem (b) a interação vicária, em que o aluno processa ativamente os dois lados de uma interação direta entre dois alunos ou entre um aluno e o professor, pois elas seriam apenas variações dos modelos de interação que ele discutirá. Ele ainda destaca que seu modelo é simplificado pois exclui interações com a família, o trabalho e as comunidades, que também influenciam diretamente o aprendizado.

Vejamos então os modelos de interação que Anderson avalia:

1. Aluno-Professor
A interação com o professor fornece motivação e feedback aos alunos. O custo desse tipo de interação cresce proporcionalmente em relação ao número de alunos, então o papel do design instrucional é essencial no planejamento dessas atividades, assim como no treinamento dos professores.

2. Aluno-Aluno
A interação aluno-aluno caracteriza o que se denomina aprendizado colaborativo e cooperativo, que envolve o aspecto social da educação. Ela gera motivação e atenção por parte dos alunos, enquanto aguardam o feedback dos colegas; gera também a criação contínua de novas categorias, abertura a novas informações e uma consciência implícita de múltiplas perspectivas. Desenvolve também a capacidade para trabalhar em equipe.

3. Aluno-Conteúdo
Com as tecnologias modernas e particularmente a Internet, pode-se desenvolver conteúdo em diversas formas: som, texto, imagens, vídeo e realidade virtual. Pode-se também avaliar a interação dos alunos com o conteúdo em função da mídia e da tecnologia utilizadas. Muitos autores acreditam no potencial dos repositórios de objetos de aprendizado para a educação a distância. O aluno pode hoje inclusive customizar o conteúdo com o qual deseja interagir e contribuir para o aperfeiçoamento do material utilizado em cursos.

4. Professor-Conteúdo
O desenvolvimento e a aplicação de conteúdo por parte do professor tem se tornado um elemento essencial em EaD. Objetos de aprendizagem devem ser desenvolvidos por professores, que devem desempenhar um papel primordial no design instrucional dos cursos. Nesse sentido, há uma citação que já adotei para suportar o conceito do aututor:

“O papel da interação professor-conteúdo é focada no processo de design instrucional. Professores e desenvolvedores criam e re-propõem resultados de pesquisas e outras informações relacionadas à disciplina no processo de criação de conteúdo. Ferramentas mais simples para a criação de conteúdo, de simples pacotes para apresentações e ilustrações até ambientes de autoria complexos, permitem que os professores criem mais diretamente conteúdo do que em épocas anteriores, quando os designers gráficos e os programadores desempenhavam boa parte desse trabalho. Embora muitos tenham defendido a superioridade pedagógica e administrativa do conteúdo produzido por equipes de especialistas em oposição aos ‘Lone Rangers’ (‘Soldados Solitários’), a recente explosão de conteúdos basicamente criados por instrutores, produzidos com a ajuda de sistemas de autoria e ensino como WebCT e Blackboard, ilustram que os professores podem (sozinhos ou com um mínimo de apoio) produzir conteúdo eficiente e aceitável. Uma das vantagens geralmente ignoradas em relação a esse conteúdo ‘desenvolvido em casa’ é que ele permite aos instrutores atualizar e comentar continuamente o conteúdo durante o curso. Em outras palavras, o processo de design instrucional pode continuar durante a seqüência da aprendizagem, ao invés de terminar antes que ocorra a interação aluno-conteúdo, como é exigido nas várias formas de instrução ‘enlatada’.” (p. 137-138).

A tendência é que os sistemas para produção de conteúdo tornem-se cada vez mais amigáveis, diminuindo o tempo e o esforço do trabalho dos professores.

5. Professor-Professor
Redes têm possibilitado oportunidades sem precedentes para a interação entre professores, que encontram nos colegas fonte de assistência e insights pedagógicos, constituindo assim comunidades virtuais.

6. Conteúdo-Conteúdo
Alguns programas são hoje semi-autônomos, proativos e adaptativos, utilizando recursos de inteligência artificial. Esses aplicativos podem recuperar informações, operar outros programas, tomar decisões e monitorar recursos na rede. Como exemplo, um programa pode atualizar as referências sobre determinado tema. No futuro, professores criarão e usarão recursos de aprendizagem que se atualizam continuamente através de sua interação com agentes inteligentes.

Esses tipos de interação podem ocorrer síncrona e assincronamente, e através de diversos gêneros de comunicação. A combinação planejada entre essas diferentes formas de interação pode gerar resultados muito ricos para a EaD.

Podemos ainda lembrar da interação com equipes de suporte em EaD, que Anderson não aborda em seu artigo, e principalmente da interação do aluno, professor e conteúdo com o ambiente de aprendizagem utilizado, sobre o que andei conversando nestes dias com o professor Valente. Ou seja, é possível ampliar ainda mais o modelo de interação de Anderson.

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2 respostas a Modes of interaction in distance education

  1. Pingback: De Mattar » Blog Archive » Feliz Aniversário - 2 aninhos!

  2. BENY disse:

    esse site e muito bom e muito educativo…… Recomendo.

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