Eu gosto do Pierre Lévy, e posso até dizer que meu interesse pela EaD foi despertado, pelo menos em parte, pelas leituras de seus instigantes livros. Os meus livros Metodologia Científica na Era da Informática e Filosofia e Ética na Administração têm citações dele. Mas confesso que hoje não tenho lido muito o Lévy, não conseguia extrair muito mais das leituras.
Aproveitando que acabamos um curso no Second Life, lembrei de uma entrevista dele, em que ele diz:
“Não sei por que todos estão interessados no Second Life. Do ponto de vista conceitual, não traz absolutamente nada de novo. A única vantagem é permitir a um maior número de pessoas interagirem, então passa a ser um fenômeno social. Talvez [o sucesso] ocorra porque ele reproduz a vida real.”
Bom, apesar de ele em seguida defender a importância dos jogos online (para ele, mais significativos do que o SL), eu obviamente discordo bastante, com todo o respeito, e acho que já disse o suficiente a respeito (do ponto de vista teórico) no Second Life e Web 2.0 na Educação: o potencial revolucionário das novas tecnologias, e já disse também o suficiente a respeito, do ponto de vista prático, com o curso ABC da EaD no SL.
Mas deixo aberto para as reflexões de vocês.
Também gosto muito do Lévy e considero que em certo momento ele apontou possibildades além das tecnologias. Admiro-o. Mas quanto a dizer que o SL não traz nada de novo, fica difícil… Mas há muitas pessoas que pensam igual a ele. Normal. O tempo nos dará a resposta, a meu ver um tempo acelerado.
Marcia, no fundo a questão não é o que o Second Life traz de novidades para a educação, e particularmente para a EaD, mas o que os mundos virtuais 3D trazem de inovação. Mas, além disso, particularmente o Second Life tem inúmeros recursos muito interessantes. Sei que muitas outras pessoas pensam como ele, mas pelo que tenho observado, todas as pessoas que dizem isso nem sequer passaram alguma horas explorando o ambiente – aí não vale. Não acho que precisamos esperar o tempo nos dizer alguma coisa para tirarmos alguma conclusão – basta entrarmos no ambiente e explorá-lo pedagogicamente.
De certa forma concordo com o Pierre Levy… não houve mudanças tecnológica significativa na Web2.0 e no Second Life. O que está havendo é uma mudança cultural e comportamental de utilização da internet. O que o usuário desconhecia ser possível, simplesmente não era utilizado. As pessoas estão descobrindo essas novas possibilidades numa estrutura que já existe. São as possibilidades de um universo desconhecido, a internet, que estão sendo reveladas pelos usuários.
Dilson, no fundo eu não acho que a gente discorda, mas no livro “Second Life e Web 2.0 na Educação: o potencial revolucionário das novas tecnologias” eu e o Valente defendemos que há sim uma revolução, uma ruptura causada pelo uso das ferramentas da Web 2.0 e especialmente dos mundos virtuais 3D na educação. A questão não nos parece ser apenas de mudança tecnológica, mas mudança no uso das ferramentas, mudança nos tipos de ferramentas etc. Todas essas ferramentas desafiam um modelo de EaD centrado nos ambientes de aprendizagem fechados, dentre outras coisas. Enfim, fazemos no livro uma longa reflexão sobre isso. Abração