Mais uma semana, depois de um feriado na sexta-feira passada.
Demos uma olhada em algumas turmas ainda na música Samba de uma nota só e revisamos ainda o uso de crases. Em algumas turmas, após a explicação sobre a crase, liberei para os alunos fazerem os exercícios no Blackboard, o que funcionou muito bem, porque já pude tirar as dúvidas enquanto eles realizavam a atividade.
Por que “àquele” tem crase, se “aquele” é masculino? A regra não é que não existe crase antes de palavras masculinas? Sim, mas a questão aqui é que não existe artigo feminimo na fusão: a + aquele. O “a” é preposição, e não há artigo feminino depois – apenas o pronome aquele. Para saber quando usar crase em àquele, àquela, àqueles, àquelas ou àquilo, deve-se tentar substituir por “para aquele”, “para aquela” etc. Se isso for obrigatório, deve-se usar a crase.
“Em relação a” seguida de palavra feminima ou “aquele” etc. também pede a crase.
***
Procuramos analisar a comparaçao do Saussure entre a língua e o jogo de xadrez, da qual falei no post sobre a aula anterior. O texto não é nada simples, e é natural que mesmo com algumas leituras, restem muitas dúvidas. Mas ele deixa rastro da sua estrutura, e é isso o que eu quis que os alunos percebessem.
“Primeiramente,
Em segundo lugar,
Finalmente,
a)
b)
c)
[um parágrafo que podemos ficar em dúvida como classificar - se como continuação do 'c', ou mesmo do 'finalmente', ou como um parágrafo autônomo]
Existe apenas um ponto em que a comparação falha…”
Assim, o leitor mata a estrutura da comparação (3 ou 4 pontos em comum – dependendo de como considerar o parágrafo após o “c”, sendo que o terceiro – ou quarto – está dividido em 3 partes; e uma diferença, no final), e pode fazer as leituras posteriores retornando apenas para aquelas partes que não entendeu. Uma leitura de reconhecimento procura, mais do que interpretar um texto de uma vez, primeiro compreender como ele está estruturado – essa é uma função da análise, antes ainda da preocupação com uma interpretação geral.
Na turma de sexta, eu usei um fórum quase como um chat, para ver se conseguíamos construir rapidamente, por escrito, uma análise e interpretação da comparação. Fiz também uns testes com o fórum do Blackboard, para descobrir o que cada tipo de permissão faz. Em ordem hierárquica, fica assim:
Gerente – pode mudar tudo no fórum (permissões, apagar o fórum, bloquear pessoas etc.)
Moderador – pode bloquear tópicos, apagar mensagens etc.
Avaliador – dá também notas
Participante – participação normal, com leitura e possibilidade de respostas
Leitor – não pode colocar nada, só ler
Bloqueado – o fórum não aparece mais
Nos próximos fóruns, vou brincar um pouco com esses diferentes papéis.
***
Falamos então de verbos, e que coisa! Não há dúvidas de que os verbos são a classe gramatical mais complicada da língua portuguesa. A atividade de pedir para os alunos conjugarem um verbo acaba sendo bastante lúdica, e ninguém resiste à brincadeira. A conjugação de verbos é uma matriz.
Indiquei links para 2 conjugadores de verbos: Priberam (dicionário e conjugador) e Conjugador de Verbos da Língua Portugesa Insite.
Mas um dos problemas desses conjugadores é que, no caso de particípios irregulares, ou verbos que possuem dois particípios (regulares e irregulares), muitas vezes eles não apontam a conjugação correta, mas apenas aplicam a regra para a formação de um particípio regular. Como o caso do verbo “escrever”, cujo particípio regular “escrevido” já caiu em desuso, e hoje é utilizado apenas o irregular, “escrito”. Mas veja o que sai no conjugador:
[photopress:capture009.gif,full,vazio]
Nem nisso dá para confiar! Aí tem que usar um livro, dicionários ou os CDs do Aurélio ou Houaiss.
Um exemplo interessante que o corretor do Word não corrige: encima. Existe o verbo “encimar”, que praticamente não é utilizado, então a palavra “encima” existe no banco de dados do corretor (é a conjugação da terceira pessoa do singular do presente do indicativo), portanto o corretor não indicará o erro. Mas a frase: “O livro está em cima da mesa” pede a expressão separada “em cima”.
***
Na turma de sexta, falei rapidamente sobre o Jaycut (que estou usando para editar online o vídeo do meu passeio de ontem por entre os espermas, no Second Life), e aconteceu aquilo que eu já discuti no post Aplicativo remixado pelo usuário: um aluno já fez um filme rápido da aula com o seu celular, passou pelo celular de outro para enviar o vídeo para o computador, fez o upload do vídeo para o Jaycut (depois é claro de ter criado uma conta na hora), usou alguns efeitos, pegou um som na Internet e acrescentou, e no meio da aula já tínhamos um vídeo de teste editado com a ferramenta. Ele está disponível online, dá para fazer download e também embed em qualquer site:
Da mesma forma que o primeiro blog surgiu em uma turma antes que eu tivesse proposto a atividade, o primeiro vídeo sirgium em outra também sem que a atividade estivesse formalmente planejada. É aquela teoria – solte os aplicativos na mão dos alunos, e deixe que eles produzam alguma coisa. E durante o semestre vamos produzir bastante coisa!