EaD Reggio Emília

A pedagogia Reggio Emilia, que teve início com os pais nas ruínas da região italiana, após a II Guerra, está voltada para o ensino fundamental, mas é incrível como podemos aproveitar sua filosofia para o ensino superior e para a EaD.

Eis alguns de seus princípios:

a) a criança é o elemento central da educação;

b) a criança deve ter algum nível de controle sobre a direção do seu aprendizado, que precisa ter sentido para ela;

c) as crianças devem aprender através de experiências que envolvam movimentação, tato, audição e visão;

d) as crianças devem ter infinitas maneiras e oportunidades de se expressar, incluindo desenho, escultura, teatro, escrita etc.

e) o aprendizado deve ser construído cooperativamente e criativamente, por projetos, exploração e resolução de problemas;

f) deve ser garantido um espaço de liberdade para a ocorrência de erros;

g) o currículo é aberto e indeterminado, montado a partir do mundo das crianças;

h) os professores devem ter autonomia e liberdade para a improvisação, sem a imposição de programas, atividades etc.;

i) os pais devem participar ativamente da educação dos filhos, incluindo a formulação das políticas nas escolas e a elaboração dos currículos;

j) a educação deve continuar fora da escola, ou seja, deve ser comunitária.

Maravilhoso, pois é praticamente tudo o que tenho discutido em relação à EaD, neste blog, nas minhas palestras e nas minhas publicações. Os programas de ensino superior e EaD estão muitas vezes décadas atrasados, do ponto de vista da filosofia da educação, em relação a programas de educação infantil. Começamos errado em EaD, ignorando até essas experiências com crianças – ou seja, tratando os adultos como nem mesmo tratamos mais as crianças. Já andei comentando por aqui alguns livros que tratam de educação infantil, em Fomos maus alunos, Escola sem sala de aula e A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir.

Vale a pena conferir a NAREA – North American Reggio Emilia Alliance e a Reggio Emilia approach to pre-school education.

Mas o que mais quero destacar aqui é a importância dada ao “ambiente”, considerado o “terceiro professor”. A sala de aula é continuamente remodelada e integrada ao resto da escola e à comunidade, devendo conter espaços para atividades em grupos grandes e pequenos. Plantas, luz natural e espelhos são elementos comuns nas escolas. O ambiente tem a função de informar e envolver o aluno, e é planejado para gerar interação entre a comunidade.

No Second Life e Web 2.0 na Educação, eu e o Valente defendemos que o ambiente foi ignorado pelos teóricos da EaD, que sistemas como Blackboard e Moodle não têm nada de “ambientes”, e que os mundos virtuais 3D recuperam parcialmente para a educação esse espaço que foi deletado pelos ambientes virtuais de aprendizagem.

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3 respostas a EaD Reggio Emília

  1. Daiana Trein disse:

    Olá Prof. Mattar!

    Gostei muito dos princípios da pedagogia Reggio Emilia… realmente tem muito a ver com os questionamentos do livro e também com o que nós discutimos no grupo de pesquisa da UNISINOS. A autonomia, a participação do sujeito no seu processo de aprendizagem e a liberdade de ação para o professor, ao meu ver, são fundamentais para um processo significativo de aprendizagem!

    abração

    Dai

  2. João Mattar disse:

    Oi, Daiana, é realmente incrível como uma pedagogia infantil já antiga pode nos ensinar tanto sobre EaD. É um prazer tê-la por aqui!

  3. Pingback: EaD Reggio Emília - princípios de pedagogia (por Mattar) « 21mm

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