Vídeos em EaD

Já venho falando neste blog sobre uso de vídeo em educação, e particularmente em EaD – veja p.ex. o post YouTube na Educação.

O interessante artigo da PCWorld Dicas para quem deseja fazer um vídeo e publicá-lo na internet tem orientações e várias dicas de softwares.

Outro artigo interessante é o Baixe e converta vídeos do YouTube e capture screenshots do conteúdo, também com várias orientações e muitos links para softwares.

Tenho utilizado com meus alunos, inclusive nesta semana, o JayCut para editar vídeos online, mas há também o Jumpcut, os dois em versões Beta.

Alexandra Juhasz, que ministrou a disciplina Learning from YouTube no ano passado, no Pitzer College, faz uma reflexão pessimista sobre a experiência.

Segundo ela, há 6 binários que se desfazem em um curso dado no YouTube:

a) Público/Privado – qualquer um pode agora participar do curso, o que prejudica o espaço privado que caracteriza uma sala de aula;

b) Aural/Visual – há um limite de 500 caracteres para os comentários que, por isso, não conseguem ser profundos, e o material disponível no YouTube reflete na verdade a cultura do consumo, não da criação e renovação;

c) Corpo/Digital – a corporeidade da educação presencial é perdida em uma aula no YouTube;

d) Amador/Expert – o amadorismo dos vídeos no YouTube torna difícil seu aproveitamento acadêmico;

e) Diversão/Educação – o ensino superior está ligado ao complexo, não ao simples prazer e diversão característicos dos vídeos do YouTube;

f) Controle/Caos – o caos de informação e poder que caracterizam o YouTube não combina com o controle e a estrutura necessários para a educação.

Surpreendem-me as conclusões da professora Alexandra. Já tinha lido alguns comentários de que o YouTube tinha sido utilizado de uma maneira inadequada no curso (simplesmente para ler textos ou gravar uma aula, por exemplo), o que talvez explique o pessimismo das conclusões (principalmente a letra b).

Além disso, algumas conclusões de Alexandra se referem às diferenças entre a educação presencial e a EaD (como a letra c), não especificamente ao uso de vídeos em educação.

Eu já venho defendendo faz tempo, e reforcei essa posição nas reflexões sobre o curso ABC da EaD no SL, no semestre passado, de que não vejo mais sentido em cursos fechados – um curso aberto tende a ser muito mais interessante do que um fechado, ao contrário do que conclui Alexandra (letra a).

As reflexões de Alexandra de que a complexidade do universo acadêmico não combinam com o amadorismo (letra d) e a falta de estrutura e controle (letra f) do YouTube (e da Web 2.0 podemos dizer) também me parecem muito questionáveis. Em primeiro lugar, essa suposta complexidade pode ser encarada como um exercício de resistência da academia, de se recusar a mudar. Além disso, parece-me que é possível ser complexo e profundo mesmo sem controle rígido, num ambiente mais caótico e usando ferramentas de uma maneira mais amadora. É isso o que a educação 2.0 defende, e inclusive o recente conceito de edupunk. A resistência não é apenas contra o controle no presencial, mas também nos ambientes virtuais de aprendizagem tradicionais.

Parece faltar à reflexão da professora Alexandra, também, uma maior compreensão do potencial pedagógico de games em educação (o prazer e diversão são encarados, na letra e, como opostos à educação).

Vou ministrar uma disciplina para o curso de Design de Games na Anhembi, no semestre que vem, e me animei agora para realizar uma experiência parecida com a da Alexandra (mas não restrita a vídeos), para tentar extrair dela conclusões diferentes e até mesmo opostas. Que, no fundo, já venho extraindo em outras experiências que venho realizando, e, é claro, não só eu.

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3 respostas a Vídeos em EaD

  1. Eri disse:

    Mattar,

    Perfeito!!!!!!!! Estou totalmente do seu lado nessas suas argumentações. Eu particularmente não vejo muita consistência nas colocações de Alexandra (ele ou ela?). Por não ter sido pensado para EaD, como a maioria das novas tecnológias, falta nele (You Tube) recursos que poderiam ser úteis na estruturação de um curso, porém não chega a ser um problema sem solução. Se alguém conhecer uma ferramenta tecnológica que seja perfeita por favor me avise, pois não conheço nenhuma, sequer as específicas para educação.

    Por outro lado eu não vejo tanta necessidade assim de utilizar um único recurso para se fazer um curso inteiro, como o You Tube por exempo. A pluralidade de mídias é, a meu ver, essencial para tornar a aprendizagem mais eficaz e divertida. Sim, mais divertida, por que a educação precisa ser chata? isso seria de certa forma desconsiderar os aspectos emocionais da aprendizagem. P-e-l-o a-m-o-r d-e D-e-us, quando vão entender que não se pode separar corpo, mente e emoção no processo de ensino-aprendizagem? Talvez seja por isso que depois de mais de 20 anos de estudos niguém consiga dizer os planetas do sistema solar, fazer uma distribuição de eletrons (linus pauling), ou reconhecer a anatomia e a fisiologia básicas do sistema circulatório.

    Eu acho que o Alexandra se esquece que estamos experimentando novas formas de Ensinar e Aprender no ciberespaço, portanto, tentar mimetizar as estruturas formais da educação prensencial pode não ser a estratégia mais adequada.

    Mattar, um coisa que os educadores ainda não perceberam é que a´internet não é uma sala de aula e nem a escola padrão, essa (a internet) oferece muitos mais possibilidade criativas de promover aprendizagem significativa. É preciso “descondicionar o olhar”, ou como se diz no ditado chinês (acho que é isso): “é preciso se livrar do velho para dar espaço para o novo”.

    É preciso também subverter!!!!, subverter não significa porralouquice, para subverter é preciso total domínio da teória e da técnica. De posse desses donínios as tecnologias viram recursos poderosos nas mãos de um professor criativo, pouco importando se vai usar You Tube, Google Docs, Orkut etc, o foco deve ser nos processos cognitivos de aprendizagem, porém sem desconsiderar os aspectos emocionais.

    Abs

  2. RITA AVELLAR disse:

    Olá Professor Mattar
    sou professora de uma escola estadual de ensino médio profissionalizante no RJ. minha escola forma profissionais em tecnologias da comunicação e informação. Devemos ser professores pesquisadores e como tal resolvi pesquisar a utilização do Youtube nas aulas de História (minha disciplina). Buscando subsídios para minha pesquisa cheguei ao seu blog e li as colocações da Prof. Alessandra.
    A escola em que trabalho possui internet na sala de aula, quadro digital, TV, etc. Utilizo muito o YouTube para ilustrar as aulas de história. Não só os vídeos corretos como também muitos feitos por alunos e que apresentam erros, ocasião em que aponto para os meus ou estimulo-os a encontrá-los.
    Desta forma concordo plenamente com o senhor. Temos uma ferramenta maravilhosa nas mãos. O correspondente Eri também fez colocações extremamente pertinentes.
    Fiz um curso à distância – de TICs – era de pós-graduação.
    Foi todo feito através da rede e foi muito proveitoso. Os foruns substituíam as discussões em sala de aula.
    abraços

  3. João Mattar disse:

    Rita, muito bonita a sua experiência, gostaria de conhecê-la mais de perto, há um site ou canal no YouTube onde eu possa dar uma olhada? Aqui no blog, tenho também uma página sobre o assunto: http://blog.joaomattar.com/youtube-na-educacao/
    Abraços

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