Filosofia da Computação e da Informação

Este é o título do meu livro que já está prontinho, aguardando apenas uma negociação final com a editora. É um esforço de reflexão e leitura intensa de bibliografia nestes últimos anos, tocando em temas que sempre surgem quando discutimos, por exemplo, EaD, mas que nunca temos muito tempo e energia de cavocar.

Enquanto isso, o livro já vai crescendo. Neste post, abordo alguns dos temas que são trabalhados no livro, a partir de diversos artigos recentes, assim vocês já podem sentir um sabor do que vem por aí.

Na sociedade da informação, há um alto custo na substituição de funcionários nas empresas, principalmente líderes e visionários, porque no fundo as empresas se organizam em função da maneira como as informações estão organizadas nas cabeças dessas pessoas. Um dos temas do livro.

Em Digital Diploma Mills: the automation of Higher Eduction, David Noble discute como a tecnologização do aprendizado reduz a autonomia e a liberdade intelectual dos professores, o controle sobre suas vidas profissionais e o produto do seu trabalho, algo que tenho discutido bastante com a dialética impostutor x aututor.

E a compra de um ambiente virtual de aprendizagem de um fabricante significa entregar um pouco do controle do processo educacional para terceiros, já que as instituições de ensino passam a ser obrigadas a atualizar softwares mesmo quando essas atualizações não lhes parecem interessantes, pois os fabricantes não dão mais assistência técnica a produtos desatualizados. Além disso, os fabricantes resistem a customizar os produtos para seus clientes, ou seja, os ambientes são estruturados em função dos interesses do fabricante, não das instituições de ensino e de seus professores e alunos.

Direitos Autorais na Internet é outro tema tratado no livro. Em EaD, os problemas se potencializam. Algumas empresas, como esta, pagam alunos para tomar nota de aulas e então vendem study kits. Um professor da Universidade da Flórida registrou suas notas de aula e agora está processando a empresa. Veja que rolo!

Nosso trabalho que hoje exige multitarefas (multitasking), e a enxurrada de informações a que somos submetidos, é outro tema do livro. Somos constantemente distraídos e vivemos uma era da atenção fraturada, então é possível falar da necessidade de uma renascença da atenção. Parece que com a velocidade intelectual exigida hoje, temos cada vez menos tempo para pensar. Gastamos muito tempo com a desatenção, porque perdemos muito tempo para nos recuperar da desatenção e retomar uma atividade que abandonamos. Interrupções e tempo para recuperação acabam consumindo boa parte de nosso trabalho. Precisamos de foco, consciência e atenção executiva (que nos possibilita planejar e tomar decisões), é o que afirma o artigo Fighting a War Against Distraction.

Nesse sentido, tecnologias que deveriam nos tornar mais produtivos acabam tendo o efeito contrário, tirando nosso foco. Existe inclusive um grupo dedicado apenas ao tema da sobrecarga da informação, IORG – Information Overload Research Group. Em Info Overload: What Can We Do?, Sarah Perez apresenta várias sugestões para lidar com o problema.

É capaz que a atividade de surfar na Internet esteja prejudicando nossa capacidade de concentração, necessária por exemplo para a leitura de um livro. Mas não apenas nossa maneira de ler, mas também nossa maneira de pensar está mudando, por causa da web. Quando lemos online, tendemos a nos tornar meros decodificadores de informação. Nossa habilidade para interpretar textos, para fazer conexões mentais ricas que surgem quando lemos profundamente e sem distração, parecem prejudicadas (WOLF, Maryanne apud CARR, Nicholas. Is Google making us stupid? – um interessante artigo. The Atlantic.com). A Internet está nos reprogramando. E prestar atenção parece ser essencial para a constituição da memória.

A Nottingham Trent University oferece um curso de Mestrado em CyberPsicologia, abordando áreas como vício em jogos, EaD, relações e identidade online, inteligência artificial etc. Em São Paulo, há um grupo que trabalha com dependências tecnológicas, envolvendo vídeogames, internet etc.

Acho que deu para sentir um gostinho. Todos esses temas trato no livro, claro que com mais profundidade. Estes foram apenas alguns artigos que li recentemente, e que tocavam em pontos que trabalhei no texto. Até lá!

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4 respostas a Filosofia da Computação e da Informação

  1. Renato disse:

    Hmm,creio que vou acabar citando seu blog na minha monografia.

  2. Marcos disse:

    Prezado João Mattar, boa tarde

    Estou fazendo um trabalho sobre filosofia da computação, e devo fazer uma biografia de um filosofo, gostaria obter se possível sua biografia.

    Desde de já agradeço a atenção, Obrigado !!!!

    Att:.Marcos Freire

  3. João Mattar disse:

    Marcos, claro, será um prazer. Você não quer me enviar um email para dizer o que exatamente precisa? joaomattar@gmail.com Diga também onde você estuda.

  4. Alan disse:

    Vaum fazer seus trabalhos poha!

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