EaD Síncrona

O professor e estudioso de EaD Wilson Azevedo defende ardentemente a EaD assíncrona, principalmente porque ninguém precisa estar plugado em um horário específico. Muitos chegam inclusive a aproximar o sentido de EaD com o de EaD assíncrona. Atividades síncronas implicariam a negação da principal vantagem da EaD, a aprendizagem atemporal.

Para mim, há dois problemas nesse pressuposto de que EaD deve incluir apenas atividades à distância assíncronas.

1. Em primeiro lugar (e isso pode parecer uma contradição), EaD não significa apenas educação à distância.

Atividades à distância podem ser combinadas com atividades presenciais, em modelos semipresenciais como os que o professor Moran defende tão ardentemente. Eu sempre alcancei muito sucesso em aulas presenciais para alunos de cursos à distância: há muitas perguntas, várias dúvidas podem ser sanadas, os encontros presenciais servem para finalizar um ciclo de atividades à distância e realimentar com energia o novo ciclo, o nível de envolvimento dos alunos com o curso, os colegas e o professor aumenta significativamente etc.

Portanto, EaD não significa obrigatoriamente excluir atividades presenciais. Sempre que for possível incluí-las no design de um curso, as atividades presenciais trazem grande benefício para a EaD.

2. Em segundo lugar, atividades à distância não significam apenas atividades assíncronas.

Atividades síncronas têm um frescor que é praticamente impossível atingir com as atividades assíncronas. Participar de um simples chat de texto, de uma conferência no Skype ou de uma aula como as da AulaVox (que incluem chat de voz), de uma videoconferência de duas mãos (em que é possível fazer perguntas) ou mesmo de uma atividade presencial em um ambiente 3D como o Second Life, possibilitam um tipo de aprendizado bastante distinto do aprendizado assíncrono. A combinação adequada entre atividades à distância síncronas e assíncronas gera um nível de qualidade praticamente inigualável para o aprendizado.

O artigo de Matt Villano, Taking the ‘A’ out of Asynchronous, publicado no Campus Technology no início de Julho, discute como novas tecnologias possibilitam hoje uma série de atividades síncronas em EaD, comenta várias ferramentas e mostra também como professores, alunos e instituições têm utilizado essas ferramentas. Segundo o artigo, é preciso tirar o A de Asynchronous, pois a tendência é fazer EaD síncrona.

http://download.101com.com/pub/cam/images/0708_ct_feat_taking.gif

Ou seja, nunca aceite automaticamente a equação:

EaD = Educação à Distância Assíncrona

pois ela carrega implícitos dois grandes problemas:

1. EaD não é sinônimo de Educação à Distância

2. Educação à Distância não é sinônimo de Educação Assíncrona

A combinação adequada entre atividades presenciais, atividades à distância síncronas e atividades à distância assíncronas gera um nível de aprendizado que não é possível atingir de nenhuma outra maneira. Incluindo nessa combinação animações, vídeos, games e mundos virtuais online 3D temos, para mim, a EaD do futuro. A EaD disruptiva que vai mudar o cenário da educação, que vai ser buscada ardentemente pelas novas gerações e que vai produzir um aprendizado que até hoje não foi possível alcançar, nem em salas de aula, nem na EaD que fazemos hoje.

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13 respostas a EaD Síncrona

  1. Olá De Mattar!

    Puxa, dizer que EAD não é sinônimo de Ensino a distância é de matar :-)

    Concordo que sempre que possível, combinara atividades presenciais com ativdadesa distância é o desejável, mas nem sempre isto será possível, por isso se desenvolveu o EAD. Eu sou um newbie me EAD, mas isto me parece óbvio…EAD é ensino(educação) a distância…

    O fato de se projetarem curso com atividades presenciais, cria um ensino semi-presencial, mas não um EAD :-)

    Sobre a sincronicidade, acredito que todo mundo sabe da sua importânica e relevânica em situações de aprendizagem. A questão é, será que só situações síncronas são relevantes ou importantes na aprendizagem? Resposta intuitiva: Não. Assim como no enisno presencial, o momento individual de estudo e reflexão complementa as atividades coletivas/colaborativas, na EAD as atividades assíncronas complementam as atividades síncronas. Não se trata de se ptreteri uma em detrimento da outra, mas de usá-las adequadamente.

    Por questões, eminentemente práticas, a maior parte das atividades num curso a distância serão assíncronas!

    abraços

  2. João Mattar disse:

    Sérgio, excelentes colocações, me provocaram bastante! rs.
    A literatura e a prática mostram que as fronteiras entre educação presencial e educação a distância tendem a se dissolver. Mas mesmo ignorando esta tendência, repare que boa parte das disciplinas ministradas hoje presencialmente contam com algum apoio de LMSs e/ou atividades a distância. Nem por isso, deixamos de chamá-las de presenciais. Da mesma maneira, um curso a distância pode incluir alguns encontros presenciais, nem por isso ele deixa de ser um curso a distância. Ou seja, os extremos do contínuo (presencial e a distância) não são assim tão rígidos. Poderíamos dizer que no meio estariam os cursos semipresenciais, em que as atividades estariam divididas, mais ou menos na mesma proporção, entre presenciais e a distância. O importante de toda essa reflexão é mostrar que, num curso a distância, incluir algumas atividades presenciais não significa trair a causa, trair a sigla EaD. O curso continua sendo a distância. Ou seja, EaD não significa abolir 100% os encontros presenciais. Quando projetamos um curso a distância, não precisamos partir do princípio que não possam ocorrer encontros presenciais, senão não estamos fazendo EaD. Ao contrário, os encontros presenciais são importantíssimos para apoiar as atividades a distância. E o “sempre que possível” tem se tornado cada vez mais possível, com os inúmeros pólos que têm surgido por todo o Brasil. É possível os alunos se reunirem, professores se reunirem com alunos etc.
    Na Anhembi, por exemplo, existe uma regra agora que nas disciplinas a distância não podem ocorrer encontros presenciais entre os professores e os alunos. Mas por quê? Esses alunos (de graduação) já estão em São Paulo, já freqüentam a universidade presencialmente, e não é por eles estarem fazendo uma disciplina a distância que não podem se encontrar de vez em quando com os seus professores. Os próprios alunos aproveitariam muito esses encontros, seria uma oportunidade de estimular seu estudo a distância, de o professor tirar dúvidas cara a cara etc. Mas por que os professores não podem se encontrar de vez em quando com seus alunos, na universidade que eles já freqüentam? Por que não estaríamos mais fazendo EaD? Parece-me que há aqui um erro de concepção, de conceito, por isso propus essa reflexão. Na UVB, que propunha cursos 100% a distância (com exceção das exigências do MEC), aprendemos que não era possível tocar o curso adequadamente sem encontros presenciais. Tinha gente de todo o Brasil, então parecia impossível, mas os alunos se deslocavam com o maior prazer, uma vez por mês, ou por semestre, para algum centro, para se encontrar com os colegas, com os tutores etc. O curso de mestrado da Nova Southeastern University, por exemplo, inclui no programa alguns encontros presenciais na sua sede.
    Enfim, toda essa discussão para tentar explicar a equação: EaD não significa, obrigatoriamente, apenas atividades a distância. Parece uma contradição mesmo, ou até uma reflexão infantil, mas me parece que ela está na raiz da coisa, dos conceitos que acabam levando as pessoas a bolarem seus programas. Quando alguém estiver construindo um programa de EaD, não precisa necessariamente excluir os encontros presenciais. Ao contrário, na minha opinião, deve procurar de alguma maneira incluir esses encontros no design do curso, porque eles são essenciais, para o bom desenvolvimento da EaD.
    Como a EaD se desenvolveu é uma história muito interessante, começando com os cursos por corresponência (ou para muitos antes), passando pelo rádio, tv, computadores, internet etc. De qualquer forma, a EaD que fazemos hoje é diferente da que fazíamos no começo, e não tenho muita certeza de que a história possa nos ajudar muito nessa discussão.
    Não são apenas as atividades síncronas que são importantes, mas aqui também é importante chamar a atenção para o fato de que EaD não é sinônimo de atividades assíncronas. Como você diz, trata-se de combiná-las adequadamente.
    Agora, veja, o artigo que eu menciono mostra que essas questões práticas, que justificariam mais atividades assíncronas em EaD, estão sendo superadas. E, com novas tecnologias, e a possibilidade de realizarmos mais atividades síncronas, estamos percebendo cada vez mais a sua importância. Então, novamente, a equação é simples: EaD não é sinônimo de atividades assíncronas.
    O ponto então é o seguinte: não deixe ninguém te convencer facilmente que EaD é sinônimo de atividades a distância assíncronas. Esta é uma visão, apenas uma visão, e para muitos ultrapassada. Não empobreça o seu projeto de início, com medo de trair a causa.
    Abração, e obrigado, porque faz muito tempo que eu queria escrever sobre isso, e suas observações me ajudaram a afiar um pouco mais as idéias.

  3. Opa De Mattar!

    Eu fiquei convencido… o argumento de que cursos presenciais não deixam de sê-lo por utilizarmos tecnlogias do EAD foi matador! Logo, o contrário também é verdade… ou como você disse, não existe no mundo real esta separação tão ortodoxa!

    Obrigado por dar um feedback extenso e completo ao meu comentário!

    abraços

  4. Julciane disse:

    Professor, muito boa noite!

    Por indicação de uma colega do curso de DI da Univ. Fed. Juiz de Fora, encontrei seu site e estou adorando. Não consigo sair daqui (rsss).

    Bem, vamos a minha pergunta. Entendi toda essa questão complexa que envolve o continuum presencial => distância. Nos cursos que participei a distância (vale o esclarecimento de que não foram muuuuitos), aqueles que tiveram encontros presenciais terminam por ser mais marcantes, certamente pela relação afetiva que estabelecemos com as pessoas, fator esse importante para o ensino-aprendizagem.

    Porém, em alguns casos, o encontro presencial não é possível por questões de distância física (estar em outro país, por exemplo). Assim, como medir a perda no que se refere a aprendizagem dentro desta condição? Da mesma forma, quando os encontros virtuais síncronos não são possíveis, devo entender que o curso “perde” alguma coisa? Isso se reflete na aprendizagem dos alunos?

    Ufa, quanta pergunta :-)

    Ansiosamente esperando.
    Julci

  5. João Mattar disse:

    Julciane, quer dizer que o blog é viciante? rs
    Sem dúvida, em muitos casos não são possíveis os encontros presenciais. Algumas instituições (e às vezes os próprios alunos, por conta própria) organizam encontros presenciais tipo uma vez por mês, ou cada dois meses etc. Como você disse, esses encontros acabam sendo muito produtivos. Os encontros à distância síncronos também.
    Não acho que devamos pensar na idéia de perda de aprendizagem. Quando possível, devemos tentar utilizar os encontros presenciais ou síncronos à distância. Quando não, há ferramentas interessantes que podem gerar essa sensação de proximidade – mundos virtuais, áudio (é possível, por exemplo, usar o Skype para conversar com alguns grupos), vídeos etc. Estou fazendo um curso como aluno, Youtube for Educators, que é totalmente assíncrono, mas só trabalhamos com vídeo. As atividades são produção de vídeo, as avaliações da professora também produção de vídeo etc. Isso gera uma sensação interessante de muita proximidade.

  6. Julciane disse:

    Esse exemplo do curso que você está participando é excelente ! De fato, não são apenas as ferramentas síncronas que podem gerar “proximidade”.
    Outra coisa que me veio a mente: muitas vezes nem os encontros virtuais precisam ser motivados por atividades didáticas programadas. Eles ocorrem por vontade dos próprios alunos, que se organizam e começam a conversar fora dos ambientes.

    Obrigada pela resposta e pela reflexão,

    Julciane

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  8. Nalva Silva disse:

    Professor quando utilizamos as ferramentas assíncronas ou síncronos no ensino a distância, não poderemos utilizar o nome ferramenta e sim atividades ou outras….
    Isto é a palavra ferramenta só é utilizada no ensino à distância ou podemos utilizar por ex. ferramenta sincronos no ensino presencial ou atividades sincronos no ensino presencial.
    Aguardo resposta.
    Nalva Silva

  9. João Mattar disse:

    Nalva, ferramenta pode sim ser utilizada em educação presencial. Tecnologia educacional não se resume a EaD, ao contrário, é essencial pensar no uso de ferramentas e atividades na educação presencial, ou como apoio.

  10. RUTE CLARO disse:

    BOM NA VERDADE É QUE TUDO QUE É BOM DURA POUCO PORQUE NA VERDADE A TECNOLOGIA VEIO PARA FICAR DEPOIS QUE COMEÇA BASTA APENAS ! SEI QUE VAI VALER APENA NOVAS OPORTUNIDADE POR MEIO DA MESMA SER SER VIAVÉL PARA TODOS AQULES QUE ESTÃO ATRÁS DE GRANDES DESAFIOS!!!!!!!!

  11. RUTE CLARO disse:

    SOU ALUNA DO CURSO TECNO EM EVENTOS PARA MIM ESSA NOVA ETAPA EM MINHA VIDA ESTA SENDO PARA MIM MOTIVO DE HONRA E FELICIDADE SEI QUE É DESAFIO!!! DE MAIS MAIS SEI QUE SOU CAPAZ DE CHEGAR LÁ NESTA NOVA ETAPA DA MINHA VIDA.

  12. Dhilma Freitas disse:

    Caro professor Mattar

    Estava lendo o seu artigo sobre EaD Síncrona que achei muito interessante e que me será muito útil, acessei o link indicado pelo senhor (Taking the ‘A’ out of Asynchronous,) entretanto, ele não está mais disponível. Gostaria de saber se o senhor teria algumas indicações sobre esta questão da sincronicidade em EaD pois este é o meu foco de investigação. Agradeço desde já a sua atenção.
    Att
    Dhilma

  13. Inácio Medeiros disse:

    Outro link para o artigo “Taking the ‘A’ out of Asynchronous”:

    http://campustechnology.com/articles/2008/07/taking-the-a-out-of-asynchronous.aspx

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