Leve um celular para a prova. Quando não souber uma resposta, envie um torpedo para o ChaCha, e em 30 segundos você recebe a resposta! E agora?
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Agora talvez a parcela dos educadores que ainda não atentaram pra revolução digital seja, finalmente, atropelada por ela. E aí, novamente, o provérbio ‘se não pode vencê-los, junte-se a eles’ mostrará sua utilidade prática.
Veja essa reportagem, João:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/cbn/capital_220808.shtml
Comentários:
Concordo em gênero, número e grau com a solução adotada pelos australianos. O fato, João, é que muitos educadores e tecnocratas da educação perderam de vista que seu ofício não é um fim em si mesmo, mas um meio. Desta forma, nós é que devemos nos subordinar às novas possibilidades de se produzir conhecimento, e não o contrário. Se agora é possível colar pelo celular, então também é possível pesquisar, obter conhecimento e respostas a problemas diversos do dia a dia, no trabalho e em casa… pelo celular. Então… que a busca de informação pelo celular passe a integrar o currículo. Trata-se de uma competência que, a partir de agora, deve ser almejada e fomentada em nossos alunos, e não repelida.
Claro que a ‘cola’, definida como ato de subversão ao princípio básico da avaliação ‘fechada’ – individual e sem consulta – é antiética e deve ser reprimida. O que estou defendendo, no entanto, é que as avaliações de grupo, de equipe, abertas inclusive à pesquisa à distância e em tempo real, passem a se constituir numa opção permanente para os alunos. O aluno estará colando, então, apenas quando optar pela avaliação individual e descumprir o ‘contrato’ obtendo clandestinamente informações de outrem.
Talvez tenha chegado a hora de finalmente colocarmos em prática o velho mote pedagógico do ‘aprender a aprender’ e legitimar de uma vez por todas a pesquisa permanente e o trabalho em grupo em sala de aula, inclusive no decorrer das avaliações. Assim a coleta de informações (ou mesmo respostas prontas. Ou o mercado de trabalho, para o qual estamos preparando os alunos, também não almeja sempre encontrar ‘respostas prontas’ para seus problemas?) pelo celular não será mais ‘cola’, mas pesquisa. E se o aluno quiser pagar por isso, então que o faça. Estará ele disposto a pagar por essa ajuda pelo resto da vida? Mesmo quando já estiver no mercado de trabalho? Se não, com certeza enfrentará problemas mais tarde. Talvez, contudo, a escola deva justamente incentivá-lo a isso. O mercado não é organizado justamente dessa forma? As empresas não são ‘equipes’ que fabricam seus produtos coletivamente?
Sei que a adoção de avaliações abertas/coletivas regulares é impraticável no sistema educacional atual. O professor que as adotar em larga escala enfrentará sérios problemas. E seus alunos também. Até porque o sistema está se encaminhando cada vez mais pra se adaptar aos moldes das avaliações externas (Saresp, Enem, Prova Brasil, Ideb, PISA, etc), solução que na atual conjuntura eu também apóio. Uma forma de se viabilizar a mudança de paradigma de que estamos falando porém, a médio prazo, talvez seja desincumbindo a escola da tarefa de conceder diplomas, certificados de competência. Fique o mercado de trabalho com isso. Assim, caberá a escola informar ao aluno a respeito das profissões em que a competência da pesquisa permanente é valorizada, e das profissões em que ele terá que desempenhar sozinho seu papel. Feito isso, a escolha por este ou aquele caminho de aprendizagem passará a ser dele. Nada mais democrático e condizente com o conceito moderno de cidadania, em que o consumidor (aluno) é quem escolhe e avalia o produto (processo ensino/aprendizagem).