Uso de Multimídia em EaD

O relatório Evaluation of Evidence-Based Practices in Online Learning: a Meta-Analysis and Review of Online Learning Studies afirma que:

Elements such as video or online quizzes do not appear to influence the amount that students learn in online classes. The research does not support the use of some frequently recommended online learning practices. Inclusion of more media in an online application does not appear to enhance learning. The practice of providing online quizzes does not seem to be more effective than other tactics such as assigning homework.”

Seven of the eight studies found no significant differences among media combinations. In the study that found a positive effect from enhanced media features, Tantrarungroj (2008) compared two instructional approaches for teaching a neuroscience lesson to undergraduate students enrolled in computer science classes. The author contrasted an experimental condition in which students were exposed to online text with static graphics and embedded video with a control condition in which students did not have access to the streaming video. Tantrarungroj found no significant difference in grades for students in the two conditions on a posttest administered immediately after the course; however, the treatment group scored significantly higher on a knowledge retention test that was administered 4 weeks after the intervention.”

“The other seven studies found no effect on learning from adding additional media to online instruction.”

“In summary, many researchers have hypothesized that the addition of images, graphics, audio, video or some combination would enhance student learning and positively affect achievement. However, the majority of studies to date have found that these media features do not affect learning outcomes significantly.”

Parece então que o relatório conclui que o uso de multimídia não afeta o aprendizado.

O mesmo relatório, entretanto, afirma que poucos estudos fizeram essa comparação, enquanto a maioria dos estudos analisados não procurou avaliar o efeito da “media” sobre os “learning outcomes”. Seria interessante voltar a esses poucos estudos para checar o que eles querem dizer com “media” (e como usaram vídeos, multimídia etc. – o relatório diz que os estudos usaram “one-way video”, ou seja, mídias não-interativas), o que eles querem dizer com “learning outcomes”, e, principalmente, como eles mediram a relação entre o uso de mídias e resultados de aprendizagem.

O estudo que encontrou diferenças, é bom que se diga, não encontrou diferenças numa avaliação feita logo após o curso, mas diferenças a favor dos que utilizaram multimídia surgiram numa avaliação feita 4 semanas após o curso. Afinal, qual é o momento correto para se medir se houve mais ou menos aprendizado? Necessariamente no curto prazo?

É importante definir também como e o que queremos medir do aprendizado: o resultado do aluno em uma prova de múltipla escolha? uma avaliação utlizando texto? uma avaliação utilizando multimídia? a maneira como o aluno aplica seu aprendizado em situações novas e da vida real? a maneira como ele transfere seu aprendizado para a prática? Se avaliarmos o resultado do uso de multimídia com uma prova textual e tradicional, talvez as diferenças não apareçam mesmo. Pelo que é possível observar no relatório, foram utilizadas avaliações de retenção de aprendizado. Métodos de ensino que se afastam do texto, e que tendem p.ex. para o aprendizado pelo fazer, aprendizado situado, aprendizado construído etc., exigem também novas formas de avaliação, caso contrário a avaliação estará prejudicada e viciada “a priori”, porque estará tentando medir aquilo para o que o ensino não foi planejado.

O relatório afirma que estudos realizados até agora (sete, no caso, é bom que se diga, sete), não encontraram diferença significativa entre a combinação de mídias (não-interativas, pelo que parece) e os resultados de aprendizado. A conclusão não bate, por exemplo, com a extensa literatura sobre o uso de games em educação, em que é possível encontrar inúmeros estudos que mostram que ocorre aprendizado mais significativo com o uso de games do que com métodos de ensino tradicional.

De qualquer maneira, independente da guerra das estatísticas, multimídia não me parece mais uma questão que necessite de avaliação de resultados de aprendizado – enquanto nós ficamos pensando nisso, ela já faz parte do universo e do estilo de aprendizagem das novas gerações, da sua linguagem e maneira de se comunicar. A questão mais importante não me parece ser provar que com multimídia se aprende mais do que com texto, caso contrário não devemos utilizar multimídia, mas sim uma questão de sobrevivência e comunicação – se pretendemos nos comunicar com nossos alunos, temos naturalmente que utilizar vídeos, games, mundos virtuais etc., temos que falar pelo menos um pouco na linguagem deles. Se queremos que eles falem apenas a nossa linguagem, então continuamos a utilizar apenas texto e, se eles reclamarem, mostramos para eles esses 7 estudos.

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3 respostas a Uso de Multimídia em EaD

  1. Celso Gomes disse:

    Olá Professor Mattar,

    Realmente os seus questionamentos são muito pertinentes. Vejo também que um aspecto importante para se pensar é em que contexto educacional esse trabalho foi desenvolvido. Em cursos ou disciplinas onde enfoca-se o conteúdo e sua transmissão como viés metodológico, observa-se que um texto, um vídeo ou um quiz, todos tendem a ser transmissores de informação. Entretanto cada mídia tende a enfocar determinado estilo de aprendizagem, como por exemplo o Visual.

    Agora, entendo se os vídeos forem usados de forma contextual e dialógica, como provocadores do movimentar dos aprendentes frente ao conhecimento, isso tende a promover uma aprendizagem mais substancial.

    Tenho um exemplo: para provocar meus alunos a irem na direção da aprendizagem sobre o Racionalismo (inatismo…) que tal antes assistirmos criticamente o vídeo:

    http://www.youtube.com/watch?v=-ciFTP_KRy4

    E logo em seguida trabalharmos uma discussão baseados em um texto?

  2. João Mattar disse:

    Celso, em algum momento eu refleti na mesma direção que você: em que disciplinas esses estudos se basearam? Dependendo da disciplina, é claro que o texto pode ser suficiente. Mas, em outras, sem dúvida o texto não é suficiente.

  3. Celso Gomes disse:

    Pois é João, sua reflexão é que desencadeou a minha. E lembro-me das palavras de Wilson Azevedo ao dizer que o texto é o pretexto para que o processo de aprendizagem aconteça. Isso pode ser aplicado ao vídeo, ao quiz, aos jogos… Tudo pretexto para o provocar, ou seja, o desequilibrar dos sujeitos frente a sua acomodação.

    E aproveitando sua colocação professor, me pergunto: será que entender que apenas o texto, ou o vídeo, ou o jogo, ou o quiz, ou (…) podem ser mesmo suficientes metodologicamente dentro do contexto formal de aprendizagem a que pretendemos na EaD on-line colaborativa?

    Vejo que estou entrando na discussão que envolve conceitos como a auto-aprendizagem, a independência… versus a autonomia, a interdependência…

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