Freud, Além da Alma (John Huston)

Neste final de semana assisti em DVD Freud, Além da Alma, dirigido por John Houston.

Atenção: escrevo posts para refletir sobre filmes sem me preocupar em esconder o final. Portanto, se você não assistiu a este filme mas algum dia pretende assisti-lo, sugiro que pare de ler e só volte aqui depois, senão este post poderá acabar funcionando como um spoiler!

Atores: Montgomery Clift (Freud), Susannah York (Cecily), Larry Parks (Joseph Breuer), Susan Kohner (Martha Freud), Eileen Herlie (Frau Ida Koertner), Fernand Ledoux (Dr. Charcot), David McCallum (Carl von Schlosser), Rosalie Crutchley (Frau Freud), David Kossoff (Jacob Freud)
Direção: John Huston
Idioma: Inglês
Legendas: Português
País de produção: Estados Unidos
Duração: 135 min.
Preto-e-branco

Clássico sobre a vida de Sigmund Freud (1856 – 1939), fundador da psicanálise, lançado em 1962 mas que demorou bastante para ter uma versão em português. Em outras línguas, foi traduzido como Freud, Paixão Secreta.

A caixa tem 2 DVDs, que incluem, dentre outros extras, um depoimento do Prof. Renato Mezan (PUC-SP) sobre a vida e ideias de Freud e a elaboração do filme, e um documentário sobre a história da Universidade de Viena, construído ao redor da figura de um de seus mais ilustres alunos, Freud.

O filme cobre a vida de Freud desde sua graduação em Medicina na Universidade de Viena até o desenvolvimento de suas primeiras teorias psicanalíticas (1885 a 1890), incluindo suas descobertas acerca do funcionamento do inconsciente humano, do complexo de Édipo e da importância da sexualidade, e a resistência que essas teorias encontram na época.

No início do filme, ele aparece utilizando os métodos de hipnose do neurologista francês Jean Martin Charcot (1825 – 1893) para tratar de pacientes histéricos.

Depois, acaba por descobrir, durante o tratamento de uma paciente, um novo método de acesso ao insconsciente, que envolve a conversa no lugar da hipnose.

Durante o tratamento de uma paciente histérica, Freud desenvolve a teoria psicanalítica sobre o conceito do Complexo de Édipo, no que colaboram análises de seus próprios sonhos e comportamento.

O filme aborda também o relacionamento de Freud com sua esposa Martha.

Num dos extras, o psicanalista Renato Mezan lembra que nos anos 1950 havia sido publicado novo material que ajudava a esclarecer a vida e as ideias Freud, incluindo parte da correspondência trocada com Wilhelm Fliess, que podem ser considerada o “making-of” da psicanálise.

O especialista na obra de Freud alerta que o tratamento dos pacientes não é fidedigno no filme. A primeira paciente, Cecily, por exemplo, apresenta alguns traços da famosa Anna O., efetivamente tratada por Breuer, mas inclui também traços de vários outros casos, reais e inclusive inventados. Além disso, a figura do Dr. Breuer reúne na verdade a influência que Freud sofreu de vários contemporâneos

Carl von Schlosser, por exemplo, é um paciente fictício:

Um longo roteiro foi inicialmente elaborado por Jean-Paul Sartre para o filme, que entretanto se desentendeu com Houston e, no final, pediu para que seu nome fosse retirado dos créditos. Esse roteiro de Sartre acabou sendo publicado como livro, com tradução brasileira pela Nova Fronteira: Freud, além da alma – Roteiro para um filme.

É possível assistir ao filme inteiro no YouTube (playlist com 20 vídeos):

Mesmo não sendo fiel aos personagens nem ao timing do desenvolvimento das ideias da psicanálise, o filme serve para ilustrar a vida e as descobertas de um dos pensadores mais influentes até hoje.

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3 respostas a Freud, Além da Alma (John Huston)

  1. vladimir disse:

    Prezado (s),
    Sem dúvida um dos filmes mais instigantes que já ví, extremamente bem feito, com um classicismo (necessário, ao meu ver) a se contrapor ao “radicalismo” do tema… (radical, e incômodo, até hoje). Afinal, achávamos, primeiro que dominávamos a terra, e em seguida se não dominávamos a terra, pelo menos, dominávamos as nossas mentes, mas… (vejam a magistral introdução do filme !). Mais, somente em um outro post, sobre uma discussão sobre psicologia ….

  2. João Mattar disse:

    Verdade, Vladimir, essa sequência do que fomos descobrindo que não sabíamos ou não dominávamos é muito interessante.

  3. Nelson Junior disse:

    A se lamentar é cerca de 5minutos a menos na versão dvd. O filme exibido nas madrugadas da Globo e no Telecine Classic tem quase 2 horas e 20min, o que é a metragem original… Tirou-se a cena do sonho com o pai e outras as quais não identifiquei ainda. O por quê de tal intromissão na obra?

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