Aula 02 (07/04) – Games em Educação no SL

Na quarta-feira passada, 07/04, tivemos nosso segundo encontro na ilha Educacao no Second Life para a segunda aula do curso Games em Educação no SL. Há uma categoria especial no blog para o curso, EduGames no SL 1.0, com a qual estou marcando todos os posts relacionados ao curso. Temos também um grupo para o curso no Second Life, Games em Educacao no SL 1.0, se alguém ainda não estiver inscrito me avise (Erectus Amat).

O encontro da semana passada cobriu o capítulo 1 do livro Games em Educação: como os nativos digitais aprendem, cujo título é Estilos de Aprendizagem dos Nativos Digitais. O capítulo trata de 2 temas principais: estilos de aprendizagem e o conceito de nativos digitais. No final da aula, fizemos um passeio pelos objetos de aprendizagem disponíveis na ilha do Portal Educação.

Estilos de Aprendizagem

No início da aula, cada um dos participantes respondeu ao questionário Vark (você pode escolher o idioma português, na janela superior direita). Aí comparamos um pouco os resultados. Eis alguns, que servem para mostrar diferenças marcantes nos estilos de aprendizagem:

Visual: 7 / Aural: 05 / Read/Write: 4 / Kinesthetic: 6
Visual: 2 / Aural: 05 / Read/Write: 6 / Kinesthetic: 3
Visual: 3 / Aural: 04 / Read/Write: 3 / Kinesthetic: 6
Visual: 4 / Aural: 11 / Read/Write: 5 / Kinesthetic: 6
Visual: 7 / Aural: 05 / Read/Write: 8 / Kinesthetic: 6
Visual: 3 / Aural: 05 / Read/Write: 7 / Kinesthetic: 1
Visual: 4 / Aural: 07 / Read/Write: 8 / Kinesthetic: 6
Visual: 5 / Aural: 04 / Read/Write: 2 / Kinesthetic: 6

Não fizemos o questionário Honey-Alonso de Estilos de Aprendizagem porque é muito longo, mas ficou como sugestão para quem quiser fazer depois. Confiram apenas, antes de começar, se o quadro que aparece no final da página está ok, pois ele não funciona bem com todos os browsers – se o quadro não estiver aberto corretamente, nem adianta começar a responder o questionário, porque no final ele não dará a resposta e o tempo de responder as perguntas será perdido.

Ficou como sugestão também o teste Myers-Briggs, que pode ser realizado online no site MBTI.

No site Learning Styles é possível realizar testes segmentados por idade (3-6, 7-9, 10-13, 14-18 e acima de 18), baseados no modelo Learning Styles Inventory do casal Dunn (falo deles daqui a pouco).

Tenho utilizado com minhas turmas um ou mais desses testes, no início dos cursos, para identificar os estilos de aprendizagem dos meus alunos. Isso tem sido interessante tanto para gerar um movimento de auto-reflexão por parte dos alunos, pois eles podem inclusive comparar os resultados com os dos colegas, como para eu preparar melhor minhas aulas e o material que utilizarei durante o curso.

Podemos aplicar estilos de aprendizagem em educação de pelo menos duas maneiras diferentes:

(a) disponibilizar materiais em diversos formatos, para atender os diferentes estilos de aprendizagem dos alunos, ou seja, quem aprende melhor por imagens terá imagens, quem aprende melhor por texto terá o mesmo conteúdo em texto, quem aprende melhor por vídeos terá o mesmo conteúdo por vídeo etc.; em todos os cursos que tenho feito na Boise State University, o material está sempre disponível em diferentes formatos;

(b) podemos tentar personalizar a educação em função dos estilos de cada um, ou seja, desenvolver estratégias específicas para diferentes alunos, em função de seus estilos de aprendizagem.

Os alunos podem também aproveitar melhor seus estudos em função da identificação de seus estilos de aprendizagem preponderantes.

Quem tem o perfil de aprendizado visual prefere absorver imagens, vídeos, pôsteres, slides, livros com diagramas e figuras, fluxogramas, gráficos, destaques para palavras, símbolos e espaços em branco.

Quem prefere aprender lendo e escrevendo absorve informações melhor através de listas, títulos, dicionários, glossários, definições, folhetos, livros, bibliotecas, notas, professores que utilizam bem as palavras e fornecem a informação em sentenças e notas, ensaios e manuais.

Se o seu perfil é o aural, você gosta de ouvir.

O perfil cinestésico, por fim, prefere aprender fazendo.

Na verdade, é importante lembrar que não interessa apenas ensinar e aprender usando nossos estilos de aprendizagem preponderantes, mas também desenvolver aqueles menos presentes.

Lembrei que durante o 7º SENAED – Seminário Nacional ABED de Educação a Distância, tivemos uma movimentada lista de discussão sobre estilos de aprendizagem cujo conteúdo continua disponível online. A discussão durou 1 semana (na verdade 9 dias) e tem muito material interessante. A partir dessa lista, a Daniela Melaré, uma pesquisadora brasileira que agora trabalha em Portugal, montou um grupo no Ning: Estilos de Aprendizagem e Educação a Distância. Como se ensina e se aprende no virtual??? É também uma dica muito interessante para quem se interessa pelo tema.

Outras fontes para pesquisar sobre o tema são a Revista de Estilos de Aprendizage da UNED e o Institute for Learning Styles Research Journal (ILSR-J).

Muita gente diz hoje que não há evidência empírica que suporte a teoria, ou mesmo que há estudos que mostram que os alunos não aprendem melhor quando ensinados em função de seus estilos de aprendizagem. Cf. Learning Styles: Concepts and Evidence e o vídeo abaixo:

Um desses estudos que colocam em dúvida o conceito de estilos de aprendizagem (gostaria de conhecer outros) é o capítulo:

DILLON, Connie; GREENE, Barbara. Learner differences in distance learning: finding differences that matter. In: MOORE, Michael Grahame; ANDERSON, William G. (Ed.). Handbook of distance education. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum, 2003. p. 235-244.

Analisando algumas pesquisas, as autoras concluem que não é possível extrair conclusões sobre relações significativas entre estilos de aprendizagem e aprendizagem, ou seja, não faz diferença nenhuma ensinar baseando-se em estilos de aprendizagem ou não. E, além disso, insistem em que o importante não é adequar o ensino às preferências dos alunos, mas provocar mudanças nas maneiras pelas quais os alunos aprendem. Ora, isso já falamos por aqui. Análise de pesquisas e principalmente estatísticas muitas vezes permitem interpretações distintas, e falta de estudos empíricos não significa que uma teoria não funcione, apenas que ela precisa ser testada, como aliás todas, continuamente. E a riqueza e os usos possíveis da teoria dos estilos de aprendizagem parecem automaticamente tão óbvios que se pode inclusive questionar que tipo de estudo empírico é necessário para autorizar alguém a utilizá-la.

Talvez pela data em que foi elaborado, o capítulo de Dillon e Green não faz referências ao trabalho do casal Rita e Kenneth Dunn, que vem realizando diversas experiências com a teoria dos estilos de aprendizagem. O casal Dunn defende que os alunos aprendem melhor quando são utilizadas estratégias de ensino baseadas nos seus estilos de aprendizagem predominantes. As experiências do casal Dunn revelaram que os alunos cujas características são contempladas por intervenções educacionais adequadas a seus estilos de aprendizagem têm rendimento melhor do que aqueles dos quais os estilos de aprendizagem não são respeitados. O lema da Dr. Rita Dunn Education Foundation é: “Se os alunos/indivíduos não aprendem da maneira como ensinamos, então ensine-os da maneira como eles aprendem.” Cf. p.ex. A Conversation with Dr. Rita Dunn.

Nativos Digitais

No segundo momento da aula, discutimos o conceito de nativos digitais. A expressão foi desenvolvida por Marc Presnky em diversos artigos e livros:

Digital game-based learning: practical ideas for the application of digital game-based learning. St. Paul, MN: Paragon House, 2007 (publicado originalmente em 2001)

Digital natives, digital immigrants. On the horizon, Vol. 9, No. 5, October 2001, p. 1-2. MCB University Press.

Do they really think differently? On the horizon, Vol. 9, No. 6, December 2001. MCB University Press.

Don’t bother me, Mom, i´m learning!: how computers and video games are preparing your kids for 21st century success and how you can help! St. Paul, MN: Paragon House Publishers, 2006.

Listen do the natives. Educational leadership, December 2005/January 2006, volume 63, number 4, pages 8-13.

Eu sugeri também a leitura do excelente capítulo:

DEDE, Chris. Planning for Neomillennial Learning Styles: Implications for Investments in Technology and Faculty. In: OBLINGER, Diana G.; OBLINGER, James L. (Editors). Educating the net generation. Educause, 2005.

Como ilustração, o Nando Trallis sugeriu também a entrevista Entenda a geração Y.

Exploramos um pouco as diferenças entre os imigrantes e nativos digitais. Comentei também que há várias críticas à noção de Nativos Digitais, e indiquei inclusive um post recente, The Digital Natives / Digital Immigrants Distinction Is Dead, Or At Least Dying, que compila algumas delas. Há vários links, inclusive do próprio Prensky repensando o conceito em 2009:

Prensky, M. 2009. H. sapiens digital: digital immigrants and digital natives to digital wisdom. Innovate 5 (3).

que ficaram como sugestão para discutirmos.

Objetos de Aprendizagem – ilha Educacao

No final da aula, fomos conhecer o maravilhoso espaço de objetos de aprendizagem da ilha Educacao.

Há uma atividade (acessibilidade) em que você senta numa cadeira de rodas e explora duas casas, uma adaptada a cadeirantes e outra não. Ou seja, sente na pele (do seu avatar) o que significa respeito (ou falta de respeito) a pessoas com necessidades especiais. Um uso de mundos virtuais para educar, talvez de maneira mais efetiva do que um texto ou mesmo um vídeo.

[photopress:Acessibilidade_001.jpg,full,vazio]
[photopress:Acessibilidade_002.jpg,full,vazio]

Há também um objeto de aprendizagem interativo: Boas Práticas de Fabricação: temperatura dos alimentos.

[photopress:Boas_Pr__ticas_de_Fabrica____o_temperatura_dos_alimentos_001_1.jpg,full,vazio]

Você pode também entrar em um núcleo celular e interagir com o nucléolo, a cromatina, o nucleoplasma e o retículo nucleoplasmático.

[photopress:N__cleo_Celular_001.jpg,full,vazio]
[photopress:N__cleo_Celular_002.jpg,full,vazio]

Por fim, outro objeto de aprendizagem interativo, Enfermagem em Neurologia, tem uma representação interativa do cérebro.

[photopress:C__rebro.jpg,full,vazio]

Hoje nos encontramos novamente às 14 horas (horário de Brasília) na ilha Educacao. Apareça por lá!

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4 respostas a Aula 02 (07/04) – Games em Educação no SL

  1. T disse:

    Pois é… a aula de hoje não deu para aparecer! :(

  2. Renato disse:

    Fui no local da aula anterior, mas não vi ninguém, eu estava no local errado?

  3. João Mattar disse:

    Dia 21 não tivemos aula por causa do feriado, nos vemos de novo na ilha do Portal no dia 28.

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