É costume pensarmos que a motivação para o estudo deve estar no próprio aluno, e que a retenção do aprendizado tem relação direta com essa motivação intrínseca. Uma perspectiva distinta defende que a retenção do aprendizado não depende apenas da motivação do aluno, mas principalmente da maneira como a informação é codificada no design instrucional.
Cf. p.ex. Motivation Design, de John Keller, que desenvolveu o modelo ARCS (Attention, Relevance, Confidence e Satisfaction) para design motivacional.
Em “The systematic process of motivational design.” Performance & Instruction, 26 (9/10), 1-8, 1987, Keller propõe atividades e questões, divididas em: Definir (análise da motivação da audiência, objetivos motivacionais e critérios para avaliação do cumprimento dos objetivos motivacionais), Design (gerar estratégias potenciais, selecionar e integrar estratégias), Desenvolver (preparar materiais motivacionais, aperfeiçoar materiais instrucionais existentes e testes se as estratégias motivacionais funcionarão) e Piloto (implementar piloto, avaliar efeitos e certificar ou revisar).
No mesmo artigo, Keller apresenta uma tabela de categorias motivacionais: Atenção (como capturar o interesse, como estimular uma atitude de investigação e como manter a atenção), Relevância (orientação por objetivos em função das necessidades dos aprendizes; como fornecer aos aprendizes escolhas, responsabilidades e influências apropriadas; e como ligar a instrução às experiências dos aprendizes), Confiança (como ajudar na construção de uma expectativa positiva para o sucesso, como a experiência de aprendizado suportará ou aperfeiçoará as crenças dos alunos em sua competência, e como os alunos saberão com clareza que seu sucesso está baseado em seus esforços e habilidades) e Satisfação (como posso oferecer oportunidades significativas para os aprendizes usarem seus conhecimentos e habilidades recentemente adquiridas, o que oferecerá reforço para o sucesso dos aprendizes, e como eu posso assistir os estudantes em estabelecer um sentimento positivo sobre suas realizações).
Alguns outros textos:
TURNER, Julianne C.; PATRICK, Helen. How Does Motivation Develop and Why Does It Change? Reframing Motivation Research. Educational Psychologist, Volume 43, Issue 3, July 2008, p. 119-131.
Discute e pesquisa como a motivação se desenvolve e se modifica no contexto do estudo.
MAEHR, M. L.; MEYER, H. A. Understanding motivation and schooling: Where we’ve been, where we are, and where we need to go. Journal Educational Psychology Review, 9, p. 371-409, 1997.
Faz uma ampla revisão da literatura sobre motivação nos estudos, até a época, com indicações de pesquisas futuras.
BONG, Mimi; CLARK, Richar E. Comparisons between self-concept and self-efficacy in academic motivation research. Educational Psychologist, Volume 34, Issue 3, June 1999, p. 139-153.
Explora como as concepções que temos de nós mesmos influenciam nossa motivação nos estudos, através das ideias de self-concept (visões gerais que temos sobre nós mesmos) e self-efficacy (visão que temos de nossas capacidades de ter sucesso em atividades acadêmicas).
ANDERMAN, Eric M.; MAEHR, Martin L. Motivation and schooling in the middle grades. Review of Educational Research, Vol. 64, No. 2 (Summer, 1994), p. 287-309.
Faz uma revisão de pesquisas e teorias sócio-cognitivas da motivação durante a adolescência e como essas pesquisas podem orientar a reforma das escolas de ensino médio.
TURNER, Julianne C. Situated Motivation in Literacy Instruction. Reading Research Quarterly, Vol. 28, No. 4 (Oct. – Nov. – Dec., 1993), p. 288-290. (Summary of the 1993 award-winning dissertation.)
Resumo de uma dissertação sobre a motivação na alfabetização.
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