Grading 2.0: Evaluation in the Digital Age é um post muito interessante sobre avaliação na era digital, que gerou uma boa discussão no final de 2009 no HASTAC, mediada por John Jones, Dixie Ching e Matt Straus.
As mudanças geradas pelas novas tecnologias da informação têm levado os educadores a questionar se nossos modelos de avaliação são compatíveis com a maneira pela qual nossos alunos deveriam estar aprendendo, e as habilidades que eles precisam adquirir para competir na era da informação. Como alinhar adequadamente técnicas para dar notas e avaliar com a maneira como nossos alunos aprendem hoje?
O padrão de ensinar para a prova foca especificamente nos resultados “testáveis”. Esse padrão está desconectado de todas as habilidades de criação, produção, remixagem e rede que os alunos estão desenvolvendo em seu envolvimento diário com novas mídias. Ademais, o sistema de avaliação tradicional tende a medir os alunos individualmente, e através de testes de múltipla escolha e perguntas com resposta escrita. Com o desenvolvimento de práticas de ensino que incluam mais projetos em grupo, que envolvam o uso de ferramentas inteligentes para resolver problemas ou comunicar idéias, tornar-se-á cada vez mais difícil avaliar alunos nos moldes tradicionais. Além disso, os testes atuais, amplamente utilizados, não são projetados para medir quão bem os alunos aplicam seus conhecimentos a novas situações.
Além disso, como as novas mídias digitais podem ser usadas para desenvolver novas estratégias para dar notas e avaliar? Um exemplo mencionado é o post de Cathy Davidson, How to Crowdsource Grading, em que ela expõe o método de avaliação que utilizou em um de seus cursos, com atividades avaliadas pelos pares, notas dadas basicamente em função da realização das atividades e possibilidade de refazer trabalhados não avaliados positivamente pelos colegas. O post original de Davidson gerou também várias reações, dando origem a uma sequência bastante interessante: Crowdsourcing Grading: Follow-Up, em que ela faz uma reflexão sobre a avaliação. Não nos lembramos de nossas melhores experiências de avaliação, apesar de nos lembrarmos de nossas melhores experiências de ensino. É necessário também avaliar a avaliação! Tornamo-nos, culturalmente, obcecados com avaliações. Os métodos de avaliação que usamos hoje nascem com as medições de produtividade dos operários de Taylor e de produtividade cerebral de Francis Galton. Ainda nos baseamos também nos testes de Binet, transformados (contra seus protestos) em testes de QI pelos militares norte-americanos para recrutamento na I Guerra Mundial.
Há inúmeras outras experiências similares em diversas instituições, e inúmeros pesquisado refletindo sobre essas questões.
Como dar notas, avaliar, ensinar, aprender e estruturar a experiência de aprendizagem para alunos na era digital? O post cita então uma série de exemplos: The Learning Record (sistema de avaliação baseado em portfólio, para enfatizar o aprendizado do aluno), Center for Teaching, Learning, & Technology da Washington State University (novas estratégias para avaliação e formas de envolvimento na sala de aula), Challenging the Presentation Paradigm (in 6 minutes, 40 seconds): Pecha Kucha (artigo do Chronicle of Higher Education), Digital Youth Research (projeto de 3 anos para investigar o uso de tecnologia e mídias por crianças, durante a aprendizagem diária),Re-mediating assessment (blog sobre avaliação participativa em educação),The DML Research Hub (Digital Media and Learning: the power of participation) e The Future of Learning Institutions in a Digital Age (relatório).
São então propostas interessantes questões para discussão:
1. Tecnologia e Avaliação
Como os educadores podem aproveitar as propiciações (affordances) da mídia digital para criar modelos de avaliação mais eficientes em tempo, inteligentes e eficazes?
Como podemos usar novas tecnologias e novas compreensões sobre a mente e a cognição para nos ajudar a construir melhores métricas, rubricas etc?
O que as tecnologias emergentes podem nos ensinar sobre métodos de avaliação? Como seria o instrumento de avaliação perfeito para conteúdo produzido pelo usuário?
2. Avaliação e Pedagogia
Como podemos desenvolver lições, projetos, experiências em sala de aula e currículos que reflitam essas mudanças na tecnologia e nas habilidades?
O que significa desenhar um curso que leva a sério a idéia de que o aprendizado pode acontecer através dessas tecnologias digitais, desses novos modelos de dar notas e avaliação, e dessas novas habilidades midiáticas?
Como podemos preparar nossos alunos para o tipo de trabalho social, global e colaborativo em muitos dos ambientes de trabalho profissional de hoje?
Obviamente, o desenvolvimento e a implementação dessas estratégias requer muito tempo e esforço da parte dos professores. Com cada vez mais pressão sobre os professores e os departamentos, como podemos suportar inovadores que já estão despedaçados por questões de tempo e energia?
3. Tudo pode ser avaliado?
Quão importante é a criatividade, e como lidar com conceitos subjetivos de uma maneira objetiva, em avaliação?
4. Avaliando as estratégias de avaliação
Como avaliamos novos modelos de avaliação que criamos?
O que é consistente em relação a todas essas formas de avaliação? Quais são as constantes em avaliação e em atribuir notas?
O grande problema do acesso desigual à tecnologia e à alfabetização digital deve ser levado em consideração – como considerar essas diferenças em nossas classes, escolas e países?
Em Media Literacy: Making Sense Of New Technologies And Media, George Siemens critica a discussão no HASTAC. Segundo ele, dar notas é uma perda de tempo. Só fazemos isso em escolas e universidades. É uma técnica de triagem, não verdadeiramente uma técnica de avaliação. Feedback iterativo e formativo é o que é realmente necessário para o aprendizado. E isso é conseguido através do envolvimento ativo e contribuição para redes de aprendizes.Os autores do post no HASTAC não estão tentando acabar com a atividade de dar notas, como Siemens gostaria de sugerir que deveríamos: estão tentando usar a tecnologia para tornar a atividade mais “moderna” ou “em linha” com as necessidades da sociedade de hoje. Mas Siemens acha que essa é uma abordagem errada: deveríamos questionar o modelo, não modernizá-lo.
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Oi Prof.. tudo bem…
NO twitter você se referiu a um cap.Y , que designou como show de bola… pode escrever sobre ele?
Muitas questões foram levantadas no seu texto. Todas importantes e que nos mobiliza para a pesquisa.
Inicialmente penso que autoavaliação do aluno deve ser uma prática relevante para a Educação a Distância e online. A autoavaliação implica em um processo interno pelo qual o aluno toma consciência dos diferentes aspectos e momentos de sua atividade cognitiva e exprime a possibilidade do desenvolvimento da metacognição, que é sinônimo de atividade de autocontrole refletido das ações e condutas do sujeito que aprende. (HADJI, C. Avaliação desmistificada. Porto Alegre (RS): ArtMed, 2001). Contudo, quando falamos em rede há necessidade de pensar na avaliação do sujeito coletivo e para essa avaliação penso que é preciso estabelecer critérios, de participação, cooperação, apoiando-se nas novas tecnologias. Ainda há muito para ser pesquisado nesse campo.
ora vejamos, 1- deveria ser proibido, ou melhor, interditado cursos de Ciências Humanas sem abordagem de criação de Avaliação (cursos ou alunos em diversas faixas etarias) e direcionados para a area de interesse onde o futuro professor ira praticar.
Quando falo cursos a tendencia é camuflar ou esperar a do MEC. Quando falo de alunos avaliando professores surge a questão da não seriedade dos alunos em responder a esta avaliação recordando maus momentos passiveis de terem sido vivenciados, por imaginação ou sem rever seus erros…
e quando se fala no cotidiano curricular encontramos as mesmices, as repetições de testes , trabalhos e escutamos as mesmas reclamações dos alunos!
Experiencias de avaliações? sim, tenho.
Fui professora de AVALiação como disciplina e como diagnostico questionei aos alunos sobre as avaliações daquela instituição particular! Em síntese eles expressaram o desejo de serem avaliados de uma nova maneira, e uma menor parte de alunos pediu trabalhos em grupo, e outros q as avaliações estavam boas e eram os professores que as corrigiam erroneamente ou eram mal formuladas.
Em outra semana pedi para escreverem formas novas de serem avaliados, e as respostas mostravam as mesmas avaliações que eles sofriam o que me causou espanto.
Enfim a criatividade estava bloqueada e o melhor é falar daquilo que se sofre sem refletir um novo modelo.
e desta forma posicionei a minha ementa para criar avaliações direcionadas a nossa area de interesse pratico e divididos em faixas etarias.. dava-lhes papel ( curso presencial) e dizia criem avaliações para pre-escola, ou ensino fundamental ou adolescencia, ou 2 grau , ou adultos jovens ou idosos, ou …ou.
Simplesmente os alunos ficavam PUTOS da v ida pois ali estavam para aprenderem e nao para criarem, apesar do feedback que eu implantava a cada criação, em pares ou trios.. e no final um seminário.. para complementar a nota e a coletanea de todas as avaliações incluso aí a AUTO AVALIAção..
Deixei criarem multiplas escolhas com gabarito e aplicarem.. e viram os problemas de formulação de questões e correções etc ..
espero que algum dia recordem, pois o trabalho de um professor somente é plantado.. mas raramente observamos a colheita..
como era instituição particular.. mexi muito com o estabelecido e aguentei as consequencias. rs
Como fica a avaliação na era digital é uma questão que deve estar deixando os professores bastante preocupados. Há que se repensar se os antigos modelos podem continuar sendo usados na era da informação. Com o uso de ferramentas para resolver os problemas e comunicar as ideias, os testes utilizados antes já não servem mais para avaliar o conhecimento dos alunos. Agora eles aprendem de forma coletiva e inovadora, pois a aprendizagem não é mais aquisição de conhecimento ou de memorização, mas o desenvolvimento do aluno como um todo. O professor deve considerar os saberes dos alunos, ajudá-los a encontrar soluções, estabelecendo metas. Deve criar um ambiente facilitador para desenvolver a autonomia, para que o aluno aprenda a aprender. Cada aluno tem seu estilo próprio de aprendizagem, cada um traz suas experiências de vida, seus interesses. Acredito que a observação constante de cada um dos alunos seja o melhor instrumento para se fazer uma boa avaliação.
The future of thinking: learning Institutions in a digital age:
http://dmlhub.net/sites/default/files/Future_of_Thinking.pdf
Como avaliamos novos modelos de avaliação que criamos?
Ao se utilizar diferentes mídias, que colaboram para a apropriação de um ambiente de comunicação, o computador e seus inúmeros recursos destacam-se como ferramenta de acesso apoiado por diferentes programas sociais do governo federal.
Diante da aprendizagem virtual costumo dizer que o aprendente se torna autônomo do seu saber, ele busca aprender diante as orientações dos professores e tutores, e sua busca pelo saber é de forma pesquisadora escolhendo seus caminhos para chegar no seu objetivo final. Aprender com mecanismos que o seu tempo lhe apresenta, as tecnologias lhe proposiciona em forma de recursos tecnológicos.
A avaliação sendo uma forma de verificar e diagnosticar a aprendizagem do ser humano, e se o aprendente realizou de forma positiva o saber, se sua aprendizagem aconteceu mediante do que o professor lhe orientou, sendo importante e fundamental para o ensino aprendizagem, pois temos a certeza que o nosso trabalho como professores e mediadores é valido quando acontece o feedback, sendo em forma virtual temos o prazer de desfrutar o mundo virtual onde o espaço é ilimitado o campo de pesquisa é infinito e os recursos nos ajuda a navegar no ciberespaço. O curso avaliação só veio para melhorar nossa forma de avaliar o aprendente com a certeza que estamos no caminho certo e que somo parte colaboradora e multiplicadora do saber.
Olá, Prof. João, o curso sobre avaliação contribuiu para o alargamento do nossa olhar sobre a temática, especialmente na modalidade a distância. O espaço virtual, como foi mostrado durante o curso, é rico de possibilidades de uso para o fim avaliativo e certamente de boa qualidade.
A avaliação é uma via de mão dupla, pois ao mesmo tempo que tecemos um procedimento avaliativo também estamos nos autoavaliando. É importante percebemos nosso papel de mediadores neste processo de aprendizagem.
Creio que não apenas a avaliação digital, mas o desenvolvimento do processo de Educação à Distância ainda deixa todos os participantes (sejam professores, tutores ou alunos) um pouco atordoados. Se as possibilidades de avaliação virtual são amplas e permitem uma via de mão dupla (ao mesmo tempo em que estou avaliando, tenho que rever meus critérios de avaliação a partir de novos modelos de aprendizagem), penso que elas o são devido aos usos feitos das Tecnologias de Informação e Comunicação na educação. Será que o uso desenfreado das novas TICs, mas ainda sem um consenso sobre seus resultados no processo de ensino-aprendizagem virtual contribui para que realmente fiquemos um pouco perdidos acerca da eficiência deste processo? Até que ponto existe de fato uma ambiência colaborativa que contribua para a construção do conhecimento e que nos permita uma avaliação fidedigna dos resultados encontrados? E que critérios poderíamos utilizar para afirmarmos, com propriedade, que a avaliação é fidedigna?