The revolution will be a bus é um post interessante não pela metáfora do ônibus, mas pelas críticas que faz aos LMSs em comparação com os PLEs (que na verdade não são assim nomeados no texto).
Enquanto os LMSs (Learning Management Systems) são centralizados nas e pelas instituições de ensino, um PLE (Personal Learning Environment) é coordenado pelo próprio aluno. Ou seja, não há mais necessidade de construir enormes repositórios de conteúdo para depositar objetos de aprendizagem. Ambientes Pessoais de Aprendizagem (ou PLEs) são hubs de agregação mais abertos, livres e públicos, que permitem que indivíduos e comunidades acompanhem o fluxo de informação relevante para eles, e ao mesmo tempo filtrem e visualizem o curso de diversas maneiras.
As instituições de EaD devem se mover para além da lógica centralizadora que os LMSs vieram a simbolizar, tanto em seu design quando em seu uso rotinizado. Um LMS é pouco mais do que um sistema administrativo para arquivo de registros e administração básica de arquivos, alimentado em última instância pela eficiência institucional e pela complacência do instrutor, uma relação de cumplicidade entre fornecedores, administração e professores que permitiu uma contínuo mascaramento de marketing que erroneamente nomeia esses sistemas de tecnologias de aprendizagem. A própria lógica do LMS deve ser compreendida como um mausoléu para o internamento de toda e qualquer possibilidade para que um indivíduo controle, administre e compartilhe abertamente seu próprio pensamento com a comunidade mais ampla – é nessas criptas sombriamente seladas que você encontrará os cadáveres mumificados do conhecimento.
Ao contrário, PLEs representam um espaço pelo qual indivíduos em uma comunidade de aprendizagem podem compartilhar seus trabalhos em plataformas de publicação pessoal sobre as quais mantêm propriedade. No lugar de trancar a informação em sistemas centralizados, as instituições deveriam estar desenhando uma estrutura orientada por sindicação que energize seus membros a adicionar suas próprias vozes sindicadas a uma conversação mais ampla e em curso, que possa ser filtrada e visualizada por tags semânticas e categorias. E tudo isso está envolvido pela crença convicta de que a abertura não é mais a exceção, mas a regra para as instituições de ensino. É sua obrigação, sua missão, sua razão de ser, fornecer as condições de possibilidade para o pensamento inspirado, permitindo simultaneamente que essa inspiração seja transmitida para amplamente e para bem longe, numa rede aberta.
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De Mattar, gostei muito desse post. Você não acha que os LMSs têm refletido as próprias instituições na forma como funcionam e se estruturam pedagogicamente? Não seriam esses repositórios de conteúdos as disciplinas ministradas por professores que nada inovam e que não conseguem considerar os estudantes como sujeitos ativos da construção de conhecimentos?
Sem dúvida, Igor. O seu comentário entra perfeitamente no post e o completa muito bem!
Mas você não acha que um LMS como o Moodle pode ser configurado de forma a compor um Design que favoreça essa aprendizagem aberta? Considerando a alta flexibilidade que o Moodle permite, não poderíamos “criar” um PLE dentro desse LMS?
Igor, realmente já vi configurações muito interessantes do Moodle, por exemplo montado pelo Marco Silva para o Senaed no ano passado. Mas a questão é: com tantas ferramentas abertas e livres, é ainda necessário utilizá-lo?