O jazz é uma música fascinante: combina a estrutura rígida com a liberdade para improvisar e para criar. Presenciar uma jam session é viver uma experiência que poucos vivem.
O existencialismo defende que nossa liberdade para desbravar novos mundos é nossa essência e nossa natureza, que nos distinguem como seres humanos. Essa liberdade implica que não esteja dada uma opção pré-existente de mundos possíveis. Cada realidade existe apenas quando é desvelada e construída.
O ser humano modifica constantemente a perspectiva pela qual observa seus objetos, cria novos objetos, estabelece fissuras em porções que antes pareciam contínuas e sólidas do real.
Esse é o desafio de uma EaD contemporânea. Não uma EaD que proíbe tudo: em que o tutor não pode tocar no material, porque foi desenvolvido pelo mago conteudista; em que o tutor presencial não pode aparecer nas discussões dos alunos com o tutor a distância, não pode aparecer no ambiente virtual de aprendizagem; em que o professor não tem mais função, foi aposentado.
Podemos estar criando aprendizes incapazes quando oferecemos a eles instrução mastigada, num esforço para atingir resultados homogêneos.
A EaD precisa incorporar o espírito do jazz e do existencialismo.
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Muito interessante essa visão João! Isso me faz lembrar do termo bricolagem oriundo do mundo das artes. Assim lembro-me também da abordagem de design educacional aberto ou design on-the-fly. Já que entendo que essa abordagem, contudo, envolve por um processo de planejamento e implementação mais artesanal e orgânico, onde se privilegia mais o processo de aprendizagem do que os produtos. Onde os objetos e atividades de aprendizagem são eleitos, criados, refinados, modificados ou remixados durante a execução da ação educacional, sem deixar de lado um sólido processo de planejamento (análise, design, desenvolvimento). Isso, porém, não implica na rigidez e aprisionamento das grades curriculares, mas sim na flexibilidade das matrizes de atividades. Assim, entende-se que esse é o modelo que mais se aproxima da natureza mashup, flexível e dinâmica da CIBER-CULTURA-REMIX, tão imbricada em nossa realidade.
Celso, confesso que lembrei de você quando bolava este post, de seus comentários já nessa direção, acho que aqui mesmo no blog. Ontem fui assistir a um show de jazz e isso não me saiu da cabeça!
Bem mereces uma música! :)