Uma das inúmeras coisas interessantes que tenho notado, nas discussões que giram ao redor das eleições, é um movimento procurando desqualificar a legitimidade do discurso do outro, ou seja, daquele que pensa diferente da gente. Isso acontece algumas vezes em discussões entre pessoas, e eu mesmo posso até ter cometido esse erro em mais de uma vez, mas fica mais preocupante quando se torna uma discussão entre e sobre a imprensa. Não estou nem querendo fazer juízo de valor: a Veja é desqualificada de um lado, a Carta Capital de outro, o movimento vem dos dois lados, em maior ou menor grau.
O perigo me parece justamente querer monopolizar a informação, excluindo todos aqueles que pensem diferente de nós. Questionar a credibilidade das fontes é muito sadio, mas um governo que tenha interesse em controlá-las é um pesadelo.
Numa eleição onde não há propostas e sim tentativas desesperadas de desqualificar o/a adversário/a, qualquer maniqueísmo é mera consequencia.
Do pouco que tenho acompanhado realmente esse tipo de manobra é usado por ambos os lados. Mas me pergunto o que é mais perigoso, o governo falar sobre controle ou a tendência a oligopólio que existe no cenário brasileiro.
No Reino Unido por exemplo há um grande diversidade de jornais que variam de acordo com seu viés. O público que lê um não lê o outro, mas se compararmos o tamanho que Veja ou Época tem frente a uma Carta Capital vê-se que isso não é exatamente assimétrico.
Não concordo com controle governamental sobre a mídia, mas será o controle social tão ruim. Lembrando que na ausência dessa estrutura os órgão de imprensa também ficam nas mãos das cabeças de juiz, que ficam a vontade para legislar e censurar e juízes são agentes de estado, não necessariamente de governo.