Passei meu Carnaval relendo:
SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e como representação, Tomo I. Tradução, apresentação, notas e índice de Jair Barbosa. São Paulo: Editora Unesp, 2005.
Apenas alguns takes.
Uma descrição da dialética dos desejos humanos:
assim que são alcançados, não mais se parecem os mesmos e, portanto, logo são esquecidos, tornam-se caducos e, propriamente dizendo, embora não se admita, são sempre postos de lado como ilusões desfeitas. Suficientemente feliz é quem ainda tem algo a desejar, pelo qual se empenha, pois assim o jogo da passagem contínua entre o desejo e a satisfação e entre esta e um novo desejo – cujo transcurso, quando é rápido, se chama felicidade, e quando é lento se chama sofrimento – é mantido, evitando-se aquela lassidão que se mostra como tédio terrível, paralisante, apatia cinza sem objeto definido, languor mortífero. (p. 231)
Uma comparação entre o modo racional de consideração das coisas (Aristóteles) e o estético (Platão):
O primeiro é comparável a uma tempestade violenta que desaba sem princípio e fim, a tudo verga, movimenta e arrasta; o segundo, ao calmo rio de sol que corta o caminho da tempestade, totalmente intocado por ela. O primeiro é comparável às gotas inumeráveis de uma cascata que se movimentam violentamente e que, sempre mudando, não se detêm um único momento; o segundo, a um calmo e sereno arco-íris que paira sobre esse tumulto. (p. 254)
Para Schopenhauer, além da razão, pela intuição podemos também apreender as coisas. Na contemplação da natureza, por exemplo, o espectador se funde à natureza, desaparecendo as diferenças entre ele e seu exterior. Quando o pensamento abstrato não ocupa mais a consciência, e sim a intuição, quando a consciência está preenchida pela calma da contemplação do objeto, quando nos sentimos perdidos por completo no objeto, nos esquecemos de nós mesmos e do próprio querer e permanecemos apenas como claro espelho do objeto
Na contemplação estética, o sujeito se funde com o próprio objeto. Não existe mais sujeito (que deixou de ser indivíduo e se elevou agora à condição de puro sujeito do conhecimento) nem mais objeto (que deixou de ser fenômeno e se elevou agora à condição de ideia platônica): existe agora um olho cósmico.
E enquanto o gênio contempla esse espetáculo, o homem comum espiona:
“Para o homem comum, a faculdade de conhecimento é a lanterna com a qual ilumina o seu caminho, para o homem genial é o sol com o qual revela o mundo.” (p. 257).
Prof
Qual a magnitude desta fusão quando o objeto de estudo é o ciberespaço ?
Abraços
Jurandir Rafael
Na época não tinha Internet!
Me refiro a este pensamento aplicado ao que ocorre hoje, hehehe
Rs, Schopenhauer, pessimismo, Carnaval… preciso de um tempo para dar esse pulo!
Tranquilo professor, hehehe
tão lindo! “Para o homem comum, a faculdade de conhecimento é a lanterna com a qual ilumina o seu caminho, para o homem genial é o sol com o qual revela o mundo.” (p. 257).
Voto no Platão!
:)
Penso que não há fusão nenhuma, o processo é todo uma ilusão! Uma fantasia.