O mundo visto por uma luneta

Caminhando hoje de Piedade até Boa Viagem, fiquei espantado!

Fiz educação infantil, ensino fundamental e médio.

Fiz Letras (3 línguas e diversas literaturas) na USP e Filosofia na PUC-SP.

Fiz extensão na UC Berkeley e na Stanford University.

Fiz pós-graduação em Administração na FGV-SP.

Fiz mestrado em Educational Technology na Boise State University.

Fiz doutorado em Literatura na USP.

E fiz pós-doutorado na Stanford University.

Além de vários outros cursos de extensão e mais curtos.

E pasmem – não me lembro de ter sido avaliado em nenhum deles, presenciais ou a distância, em nenhum momento, por testes de múltipla escolha. Nem uma única vez! Só fiz testes de múltipla escolha no cursinho para o vestibular.

Será que o mundo progrediu tanto que só agora compreendemos que educação significa ensinar nossos alunos a enxergar o mundo por uma luneta com 5 alternativas, 1 delas sempre correta?

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16 respostas a O mundo visto por uma luneta

  1. Sérgio Lima disse:

    Caro Prof. Mattar

    Avaliações em massa são com 5 (ou 4 ) alternativas por motivos óbvios! Misturar formas de avaliações com sistemas de seleção (enem) e sistemas de certificação (enade) é sofismo de bar…

  2. João Mattar disse:

    Sérgio, confesso que não entendi. Escolas e IES padronizaram testes de múltipla escolha como forma de avaliação, com o objetivo de preparar seus alunos para fazer o Enem e o Enade e então tirarem notas boas (como instituições). Onde está o sofirmo de bar?

    • Sergio Lima disse:

      Caro Prof. Mattar

      “Escolas e IES padronizaram testes de múltipla escolha como forma de avaliação”

      Que escolas são estas? Eu aposto que não ha nenhuma estatística que mostre que a maior parte das avaliaçoes das escolas e instituições seja por múltipla escolha. Provavelmente, nos ultimos periodos, ha treinamento para estes processos de selecao/certificao.

      Ai esta o sofismo de bar!

      PS: falta de acentuacao na conta do teclado desconfigurado :-(

  3. João Mattar disse:

    Sergio, então o sofisma não está na mistura, mas na falta de exemplos no mundo real? Onde eu dou aula, onde meus filhos estudam, a escola em que estuda o filho de um amigo meu, a instituição em que dá aula um amigo meu… poderia fazer uma lista com nomes por aqui. Realmente não tenho como apresentar estatíticas, mas é uma tendência que tenho percebido. Se você conhece escolas e instituições que não estão indo nessa direção, ótimo. Tomara que continuem resistindo. Não é nisso que acredito.

  4. Felipe Vieira Pacheco disse:

    Será progresso ou um modo mais fast food de avaliação, condizente com a velocidade(?) da informação e do conhecimento(?) ? Nas Letras e no Doutorado em Comunicação (a distância!) também não encontrei nada em múltipla escolha. Sequer prova (aquela de sentar, baixar a cabeça e escrever) presencial; tudo era ensaio, artigo, monografia, seminário. Acho que aprendi e cumpri os objetivos dos professores e dos cursos.
    Não se pode negar que é mais fácil aplicar múltipla escolha, mais barato e rápido. Pode estar aí a resposta.

    E sobre as escolas que ainda não se renderam a tal avaliação, há algumas (e, pasmem, o número está aumentando) que trabalham com educomunicação, educação democrática; freirianas, frenetianas etc…

  5. João Mattar disse:

    Gostei da ideia da avaliação fast food, Felipe, muito bom.

  6. João, (pensando alto e compartilhando)
    primeiro, quero só deixar claro que sou adepto das questões discursivas e não de múltipla escolha em minhas avaliações, mas trabalho com Linguística e Letras, me pergunto se fosse de exatas se isso não seria diferente.

    De qualquer maneira gostaria de explicitar uma possível reflexão sobre o assunto. Será que a coisa é assim categórica, questões de múltipla escolha são ruins, questões discursivas são boas? Já vi muita questão de múltipla escolha bem elaborada e que leva a reflexões interessantes por parte dos alunos, por outro lado já também questões discursivas muito mal elaboradas, inclusive, diferente do que comentaram, para se criar questões de múltipla escolha bem elaboradas acho que o trabalho pode ser maior do que discursivas. Sendo então os dois tipos questões bem elaborados, acho que a possibilidade de usar variadas formas de avaliação me parece interessante e que ambas podem avaliar de certa forma o aprendizado.

    Pra terminar, na minha experiência, vejo que independente de ser com múltipla escolha ou ser discursiva, os bons alunos sempre se saem bem em ambas e os alunos fracos se saem mal em ambas, sendo assim, intuo que como avaliação as duas são capazes de aferir os alunos. Ou estou enganado?

    abraços

  7. João Mattar disse:

    Márcio, penso que questões de múltipla escolha podem ser um instrumento de avaliação escolhido pelo professor, quando condizente com o conteúdo da disciplina, o contexto, os alunos etc. Entretanto, estão se tornando padrão não por uma opção pedagógica, mas visando que as instituições de ensino tirem notas boas no enem e no enade. Na verdade, há tempos tenho abandonado questões (seja de múltipla escolha, seja discursivas) pois poucos alunos trabalharão e viverão sendo avaliados por questões. Os alunos podem se sair bem em qualquer uma, mas a educação não pode se resumir a isso. Para tornar as avaliações mais autênticas, tenho trabalhado com projetos.

    • João,
      entendo seu ponto de vista e concordo que realmente a escolha de uma ou outra avaliação realmente não pode ser por conta do enem e no enade. Não sei outras instituições, mas na UFPB não ocorre isso, as escolhas são realmente baseadas em questões pedagógicas, falo por mim e pelos colegas de departamento.

      Tenho começado a trabalhar com projetos também, confesso ainda experimentalmente, mas estou me apropriando aos poucos desse tipo de avaliação. Concordo com você que os alunos não vão ser avaliados fora da academia SÓ por questões, mas acho que questões fazem parte, pois até mesmo dentro de um projeto temos de responder questões seja direta, ou indiretamente. Por outro lado, também os alunos não serão cobrados e avaliados por projetos fora da academia, por isso ainda acho que a mesclagem para a avaliação, com planejamento e adequação pedagógica é sempre bem vinda.

      E reitero, pelo que vejo, os alunos que se saem bem nos projetos, também se saem bem nas questões, ou seja, em termos de avaliação, acabam ambas as avaliações sendo pertinentes. Eu acho!

      abraços

  8. João Mattar disse:

    Márcio, é sempre bom quando você aparece por aqui, dá um brilho interessante às discussões. Tenho percebido que cada vez mais escolas e IES têm partido para o caminho de questões de múltipla escolha voltadas para o enem e o enade. Confesso que fico apavorado com um cenário em que essa prática domine a educação no Brasil e nós, professores, simplesmente baixemos a cabeça e obedeçamos.
    Tenho cada vez mais aperfeiçoado os detalhes dos projetos que desenvolvo com meus alunos nas minhas disciplinas, e acho que alguns estão tinindo!
    Na vida real, temos que desenvolver vários projetos e produtos, não responder questões. Inclusive, os projetos na vida real lidam com elementos imprevisíveis no começo do processo, subjetivos, que precisamos tentar reproduzir em nossas avaliações, cada vez mais objetivas.
    Agora veja, o fato de um aluno se sair bem em uma ou outra avaliação não as legitima. O que eu estou questionando aqui não é se o resultado da minha avaliação vai representar se o aluno é bom ou ruim, mas se ela é autêntica, no sentido de estar alinhada com as maneiras pelas quais nossos alunos serão avaliados fora da academia. Realmente, tem me incomodado cada vez mais o fato de avaliarmos nossos alunos de uma maneira artificial, numa redoma, muito distante dos desafios que eles encontrarão fora.

    • João,
      compreendi bem agora o seu ponto de vista, e concordo com ele. O único comentário que reitero é que mesmo quando no mundo real temos que desenvolver projetos ou produtos, temos de lidar com questões que devem ser respondidas, por isso acho qeu trabalhar com questões discursivas quando bem contextualizadas, não necessariamente afasta o aluno do que ele vai lidar no mundo real.

      Queria pedir alguma bibliografia sobre o trabalho de avaliação via projetos, você teria alguma pra me indicar?!

      abraços

  9. João Mattar disse:

    Márcio, mas quando e que tipos de questões temos que responder no trabalho na vida real? Elas são parecidas com as que formulamos para nossos alunos, no ensino superior?
    Se você fizer uma busca por avaliação, vai achar muita coisa aqui no blog – mas tudo misturado. Vou preparar, assim que possível, uma coletânea de avaliação por projetos, é uma boa ideia.

    • João,
      por exemplo, eu que trabalho na coordenação de uma laboratório tenho de responder sempre algumas questões: quais os melhores procedimentos metodológicos para que os objetivos da pesquisa sejam cumpridos? (Eu faço esse tipo de pergunta para os meus alunos também), Qual a consequência em termos de resultado e de análise dos dados se eu usar determinada técnica experimental? (também uso essa pergunta com meus alunos). É claro que em relação aos alunos, essas perguntas têm de estar contextualizadas, por exemplo, na aula de Psicolinguística Experimental, em que se trabalha as questões metodológicas envolvidas, acho que quem trabalha no mundo real com pesquisa, sempre terá que responder coisas desse tipo.

      Uma outra quetão que podemos refletir, é que quando trabalhamos com Ciência de base (Como é o meu caso) e não Ciência Aplicada, temos questões que podem não estabelecer uma relação direta com a vida real, mas que não deixam de ser interessantes. Por exemplo, me parece importante, em uma disciplina de cálculo, que aja questões do tipo, resolva a equação tal, apesar de não se relacionar ao mundo real, pelo menos aparentemente, pode ser um conhecimento crucial para que um físico ou um engenheiro possa trabalhar no mundo real. Então acho que questões podem ser bem vindas sim no processo pedagógico, e é claro que elas podem e devem vir contextualizadas.

      Por outro lado, concordo com você que primeiro, o que vemos no cotidiano são perguntas e questões não contextualizadas e com isso muitas vezes isoladas e não só sem relação com o mundo real, mas às vezes, sem uma relação cabível com próprio conhecimento que está sendo trabalhado.

      É sempre bom dialogar com você João, aprendo sempre!

      Aguardo ansioso essa sua coletânea de avaliação por projetos! Na verdade, gostaria de alguma indicação não só da avaliação por projetos, mas da própria construção pedagógica de algum projeto, gostaria de exemplos!

      abraços

  10. João Mattar disse:

    Pelo que entendi, nenhum é exemplo de múltipla escolha. No primeiro caso, são na verdade procedimentos de pesquisa, que não serão avaliados por uma pessoa como certo e errado, mas os resultados da pesquisa indicarão o quanto estavam mais ou menos adequados. Mas quando as propomos simplesmente como questões para avaliação, destacadas da pesquisa, elas perdem sua autenticidade, e serão avaliadas por um procedimento que não ocorrerá na vida real. Então, melhorando minha colocação – não temos que responder questões na vida real, como fazemos na escola ou nas universidades, muito menos a avaliação de questões que respondemos na escola ou na universidade é feita de maneira autêntica, como ocorreria na vida real. No caso de matemática, são exercícios para o aluno desenvolver, aí há uma forma correta e errada de desenvolver o exercício, uma resposta certa ou errada, e é um procedimento que ele terá que usar, como passo, para realizar diversas tarefas na vida real.

    • João,
      como te falei não uso múltipla escolha, estava respondendo em relação às perguntas discursivas que se bem elaboradas e contextualizadas podem, ao meu ver, se aproximar do que você está chamando de vida real.

      Isso mesmo, no caso da matemática, é imprescindível trabalhar com esses exercícios e com esse tipo de pergunta!

      Bom, espero ter deixado claro o meu ponto de vista e reiterar que estou sempre aprendendo aqui no seu Blog.

      abraços

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