LIU iPad Initiative

BAROUDI, George; MARKSBURY, Nancy. Becoming a mobile institution. In: BERGE, Zane L.; MUILENBURG, Lin (Ed.). Handbook of mobile learning. Routledge, 2013. Kindle version. Chapter 32. Resenha de João Mattar.

A Long Island University, instituição norte-americana de ensino privada, possui 6 campi que atendem a 30 mil alunos. Baroudi e Marksbury (2013) descrevem como a LIU implementou uma iniciativa estratégica envolvendo seus alunos, professores e administradores, com a oferta de 12 mil tablets.

O diagnóstico inicial indicou que a instituição estava sendo negativamente impactada pela crise financeira global de 2008, além de detectar que procedimentos burocráticos frustravam os alunos. Grupos focais com os alunos indicaram que a opção por um dispositivo móvel seria a mais adequada aos seus interesses. Dentre os dispositivos disponíveis, o iPad foi escolhido por se afastar dos modelos de PCs, aos quais os notebooks e laptops ainda pareciam associados. Tablets não seriam ainda substitutos para PCs e laptops, mas funcionam muito bem para os alunos acessarem a Internet e os recursos da instituição. O baixo custo de manutenção foi outra questão levada em consideração na escolha, além do fato de a propriedade sobre a tecnologia ser transferida da instituição para o aluno, principalmente quando se leva em consideração o custo de laboratórios de informática. A associação da marca da universidade com o iPad foi também considerada uma estratégia de marketing para atrair e reter novos alunos, e rapidamente a mídia começou a divulgar a iniciativa da instituição.

A partir de 2010, os alunos ingressantes receberam gratuitamente um iPad, enquanto aqueles que já estavam matriculados e fizeram solicitação, tiveram desconto de 50% na compra. Dessa maneira, no primeiro ano foram distribuídos 6 mil iPads. No ano seguinte, alunos de pós-graduação e os de graduação que não estavam matriculados em tempo integral também passaram a ter direito ao dispositivo, gratuito ou com desconto, dependendo de sua situação.

Um aplicativo foi desenvolvido para facilitar alguns procedimentos dos alunos e evitar paralisação nos canais de atendimento e suporte. Um site permitia que o aluno acompanhasse o progresso de sua solicitação e, quando tivesse terminado, marcasse um dia e horário para retirar seu iPad. Ao receber o iPad, o aplicativo era instalado e o aluno já assinava um termo de compromisso digital.

Os autores descrevem também como a universidade aperfeiçoou a infraestrutura para dar conta do aumento significativo de acesso à rede sem fio. Outra questão crítica foi a manutenção na clareza nos critérios para que os alunos tivessem direito ao iPad. Durante a iniciativa, os funcionários da instituição foram altamente consumidos tanto no atendimento aos alunos, quanto na preparação e entrega dos dispositivos. Houve também a necessidade de um conector para possibilitar a projeção de imagens através dos datashows.

Baroudi e Marksbury discutem também como foi o processo de adoção dos iPads por parte dos professores, desde a escolha dos primeiros participantes e a solicitação de propostas de projetos, até seus usos pedagógicos. Formaram-se grupos de professores e alunos interessados na criação de aplicativos e resolução de problemas. Entretanto, alguns professores proibiram os dispositivos em suas aulas, considerando que eles geravam distração.

O estudo de caso chega a diversas conclusões e faz sugestões interessantes. Os alunos lançaram sua própria iniciativa mobile com acesso ubíquo e dispositivos móveis. A universidade utilizou a computação nas nuvens para se mover para além dos tradicionais laboratórios de informática. A iniciativa da Long Island University foi um movimento para oferecer a conectividade e a mobilidade que os alunos de hoje esperam encontrar na educação superior. Entretanto, filosofias de ensino desconfiadas das mudanças tecnológicas podem atuar como forças contrárias ao sucesso desse tipo de iniciativa. Implementar o mobile learning em uma instituição não deve ser dependente de dispositivo ou orientada a marcas. O impacto de uma iniciativa mobile tende naturalmente a resultar no obscurecimento das fronteiras entre o ambiente acadêmico e o resto do mundo. A Long Island University deve agora aproveitar os ganhos do projeto e direcionar sua estratégia para a formação de professores e o suporte aos alunos.

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19 respostas a LIU iPad Initiative

  1. Cristiane Ometi Lima disse:

    Muito interessante este artigo e uma ideia a ser pensada com cautela.

    • Tiago Pereira Leite de Campos disse:

      Eu apoio todo tipo de métodos didáticos, como a incursão de novos dispositivos tecnológicos. Mas tudo deve ser visto e revisto, a priori, com cuidado. Facilitando, ao discente a portabilidade de dados e informações, que muitos desses aparelhos já possuem “impregnados” em sua memória, limita a capacidade de pesquisa científica que o discente deve realizar para a obtenção de conhecimento a si e propagação da mesma à melhoria intelectual da sociedade. Digo isto porque muitas instituições, no ato da matrícula, já fornecem estes dispositivos preenchidos com o conteúdo que será ministrado ao longo do curso em EaD.

      • Regiane Antônio Ribeiro disse:

        Diversos mecanismos ajudam na melhoria contínua da educação no Brasil. Mas, ainda, não se pode implementar medidas aqui se a situação da qualidade educacional ainda não atingiu patamares superiores como nos países desenvolvidos.

      • Adolorata A Di Stefano disse:

        Oi Tiago concordo com sua opinião, supervisão é uma forma de avaliação dessas estratégias, mas a adoção das novas tecnologias é inevitável. Acredito que o excesso de informação também torna os estudos um pouco confusos e superficiais no caso de alguns alunos com pouca autonomia. Gostaria de saber se voce analisou alguns pontos negativos para que possamos discutir e quem sabe avançar um pouco mais nessa jornada!

  2. Juliana Diniz Silvestre disse:

    Eu acredito que toda forma de aperfeiçoar o aprendizado é válido, desde, que seja estabelecido um limite para o uso de cada método. É ineficaz tentar barras as tecnologias utilizadas hoje em dia na sala de aula, o que deve ser feito é criar a consciência e o senso crítico de como saber usar as ferramentas que hoje nos disponibilizam.

    • Tatiane Riquetto disse:

      Concordo plenamente Juliana

      Acredito que o principal desafio é a conscientização de “como usar”, orientar os alunos a usar sim a tecnologia em sala de aula, mas de forma positiva, para que possa auxiliar na aprendizagem e não prejudicar.

      Sou professora de E.M, e percebo que há uma grande proibição do uso da tecnologia em sala de aula, com o argumento de que os alunos não são maduros o suficiente para utilizar, logo, irá prejudica-los. Esses alunos são da geração da tecnologia, é algo que faz parte da vida deles o tempo todo, no entanto, na hora de aprender eles são privados disso. Acredito que é preciso um trabalho de orientação sobre o lado positivo da boa utilização da tecnologia em sala de aula, para que esses recursos possam auxiliar cada vez mais o acesso ao conhecimento.

      • Cleide Mara disse:

        Oi Juliana, e Tatiana!
        Bem interessante a abordagem quanto a conscientização dos alunos ao utilizarem a tecnologia em sala de aula de forma positiva, e a complementação da Tatiana sobre o assunto.
        A cada dia que passa a população está mais familiarizada com as tecnologias e uso de dispositivos móveis em suas atividades.
        A tendência é ir desaparecendo o uso do ‘caderno’ nas instituições de ensino, e atrelado a esse avanço vai crescendo a adesão a Educação a distância.

        • Tatiane Riquetto disse:

          Olá Claide!

          Concordo! A tecnologia avança a cada dia, e a educação, seja em qualquer modalidade, não pode continuar moldada no tradicional, é preciso rever isso, caso contrário, ficaremos estagnados.

  3. Solange Aparecida Lopes disse:

    Acredito que as ferramentas tecnológicas vieram e estão a disposição de todos e os educadores devem aproveitar para transmitir conhecimentos. “Apesar” das escolas públicas estarem muito distantes, pois o 1º passo é a capacitação dos professores.

    • Adolorata A Di Stefano disse:

      Oi Solange concordo com seu comentário e meu interesse em pesquisar a transformação da educação pública no Brasil no que se refere a utilização das TICs, mas ainda não cheguei no ponto da pesquisa onde gostaria ter chegado, o planejamento. Creio que este planejamento existe, mas estamos ainda atrasados em comparação ao “paises desenvolvidos”.

      • Elisa Maria disse:

        Olá Adolorata..
        Infelizmente a educação no Brasil ainda é uma questão política, enquanto que, em países desenvolvidos, cultural. Tecnologias estão disponíveis em escolas estaduais e municipais de maneira restrita, ou seja, muitos alunos e a maior parte dos professores não tem acesso à ela, e quando têm, não recebem capacitação. Acredito que enquanto este país for regido por interesses neoliberais não teremos a oportunidade de crescimento educacional e tecnológico.

  4. Luana Valéria disse:

    Creio que com o avanço tecnológico as universidades não podem “nada contra a correnteza”. É importante que as novas tecnologias sejam usadas como suporte ao ensino e como uma ferramenta de facilitação tanto de comunicação quanto de agilidade nos processos. Sou totalmente a favor de que as escolas utilizem novos recursos tecnológicos como apoio didático mas claro que isso tem que ser bem planejado e utilizado de forma realmente que atendam às expectativas de alunos e professores.

  5. Rafael Souza Coelho disse:

    Caro Prof. Mattar,

    Fantástico post.
    Creio que não podemos negligenciar nenhum tipo de tecnologia para alcançar o conhecimento. Se hoje muitas escolas e empresas utilizam jogos nos seus ambientes de trabalho, seja para ensinar, treinar ou recrutar, por quê então esquivar-se da realidade?

    É uma tremenda bobagem…

  6. Juliana Diniz Silvestre disse:

    O problema é que existem ainda muitas escolas que se negam a acompanhar essa tecnologia. Sou professora em uma escola de ensino fundamental durante o dia e a noite sou tutora na Faculdade Anhanguera no curso de pedagogia, na escola nem mesmo nós professoras podemos nos utilizar do tablet ou do celular para pesquisar uma dúvida que surgiu em algum momento da aula, já na faculdade as alunas levam seus notebook, seus tablets durante a aula e eu vejo como é proveitos. Não adianta brigarmos contra a tecnologia, já que ela está a nossa disposição temos mesmo que usá-la.

    • Luana Valéria disse:

      Oi Juliana concordo com você. As inovações tecnológicas deveriam ser mais empregadas na modalidade de educação infantil e ensino fundamental pois é uma ferramenta de estudos importante e serve como apoio aos professores que poderiam tornar suas aulas mais dinâmicas e interessantes.

  7. Sou completamente a favor de facilitar o acesso de todos à tecnologia. Acredito que temos que ter a preocupação em orientar e incentivar o uso para o aprendizado. Muitas vezes o aluno sente-se perdido no meio de tantas informações e não desenvolve a capacidade de filtrar os conteúdos e assim usá-los de forma produtiva. O Facebook é um exemplo de ferramenta má utilizada por grande parte dos usuários, pois há grupos e páginas com conteúdos acadêmicos.

  8. Olá Professor!

    Muito bacana a iniciativa e a ideia.
    Mais uma vez nos deparamos que a educação, está em parceria com a tecnologia.
    O futuro que se prepare!!!

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