Constructivism and computer‐mediated communication in distance education (resenha)

Como citar este post de acordo com as normas da ABNT:
MATTAR, João. Constructivism and computer‐mediated communication in distance education (resenha). De Mattar, 12 abr. 2020. Disponível em: http://joaomattar.com/blog/2020/04/09/evaluation-of-evidence-based-practices-in-online-learning-resenha/. Acesso em: 12 abr. 2020 (substituir pela data do seu acesso).

JONASSEN, David; DAVIDSON, Mark; COLLINS, Mauri; CAMPBELL, John; HAAG, Brenda Bannan. Constructivism and computer‐mediated communication in distance education. American Journal of Distance Education, v. 9, n. 2, p. 7–26, 1995.

Este é mais um daqueles artigos clássicos na história da educação a distância, com quase 2.000 citaçoes no Google Acadêmico. É um privilégio podermos ler um artigo escrito há 25 anos refletindo sobre as potencialidades da incorporação do construtivismo à educação a distância.

Segundo os autores, na época, os campos das teorias da aprendizagem e do design instrucional estariam passando por uma revolução em que seus fundamentos filosóficos objetivistas estariam sendo substituídos por uma epistemologia construtivista.

Naquele momento (meio da década de 1990 — e repare como isso ainda nos serve hoje), os autores criticam a mera transposição do presencial para a educação a distância, privilegiando “aulas”.

Estaríamos vivenciando uma mudança do paradigma do design instrucional do behaviorismo/cognitivismo para o construtivismo.

O paradigma do raciocínio simbólico estaria sendo desafiado pela teoria da aprendizagem situada — a aprendizagem não é abstrata, mas dependente do contexto — e pelo construtivismo — a aprendizagem é um processo social e dialógico.

Eles mencionam o método de ensino da esponja: o professor esborrifa o conhecimento para os alunos, que o absorvem; no momento da avaliação, o conhecimento que os alunos deveriam ter adquirido é torcido deles.

O construtivismo ofereceria os fundamentos psicológicos e filosóficos para a aprendizagem situada. O papel do designer mudaria, então, da criação de situações de aprendizagem prescritivas para o desenvolvimento de ambientes que engajem os alunos e requeiram que eles construam o conhecimento que seja mais significativo para eles. Os ambientes construtivistas devem envolver os alunos na construção do conhecimento por meio de atividades colaborativas que incorporem a aprendizagem em um contexto significativo e incluam a reflexão sobre o que foi aprendido por meio da conversa com outros alunos. Nesse sentido, quatro elementos são apontados pelos autores como essenciais: contexto, construção do conhecimento, colaboração e conversação.

É maravilhoso ler isso há 25 anos e constatar que ainda vivemos essa transição:
“Novas tecnologias contribuíram para afastar a replicação dos métodos de ensino tradicionais, tanto na sala de aula quanto a distância, em direção a uma abordagem mais baseada em recursos para o ensino, que não enfatiza mais o professor como a principal fonte de conhecimento.” (p. 13). Em comparação com uma sala de aula tradicional, na qual o professor contribuiria com até 80% do intercâmbio verbal, nas conferências online por computador as contribuições dos professores estariam entre 10 a 15% do volume de mensagens.

Os autores então oferecem recomendações para o emprego de tecnologias de educação a distância para apoiar a aprendizagem no espírito do construtivismo, e aí, obviamente, já observamos desenvolvimentos, mas mais em termos de tecnologias do que de metodologias: CD-ROMs, planilhas eletrônicas, ferramentas para mapas mentais, multimídia/hipermídia, e-mail, news groups, conferências por computador, acesso remoto a bancos de dados, ambientes de hipertexto, trabalho colaborativo apoiado por computadores, ambientes de aprendizagem situados e baseados em casos, ambientes de aprendizagem ancorada para a resolução de problemas, ferramentas cognitivas para a representação e construção de conhecimento, redes semânticas, sistemas especialistas, programação de computadores e mundos virtuais.

Os autores encerram o artigo ressaltando que a aprendizagem construtivista só será implementada adequadamente se os alunos forem ensinados mas, também, avaliados pelos mesmos princípios. Isso exigirá métodos de avaliação que reflitam os métodos construtivistas incorporados aos ambientes de aprendizagem. Ou seja, não adianta utilizar metodologias construtivistas para o ensino se a avaliação é feita, por exemplo, por decoreba e testes de múltipla escolha.

E então, dá para aproveitar essa discussão datada de 25 anos para o que vivemos hoje na educação a distância?

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5 respostas a Constructivism and computer‐mediated communication in distance education (resenha)

  1. Fabiano Sarges disse:

    Caríssimos,

    Acredito que essa discussão é fundamental para a estruturação de metodologias que se adeque a realidade social dos alunos. Entretanto verificamos que o acesso as Tecnologia da Informação e Comunicação ainda é um obstáculo nos dias atuais para a maioria dos alunos de determinadas classes sociais e regiões do Brasil, infelizmente.

  2. EDINALDO LUZ DAS NEVES disse:

    O tema abordado no artigo trás muitos ensinamentos para o que vivemos hoje na educação a distância. Vinte e cinco anos depois da publicação do artigo, ainda constatamos cursos inteiros realizados sem proporcionar a interação direta entre os alunos e entre alunos e docentes (p.ex. fóruns de discussão, atividades em grupo). Além disso, ou talvez por isso mesmo, as avaliações presenciais obrigatórias são construídas apenas com atividades de múltipla escolha e sem uma abordagem problematizadora. Ao meu ver, questões discursivas e problematizadoras nas avaliações presenciais são de extrema importância para a valiar a aprendizagem dos estudantes ao longo do curso.

  3. Jefferson Siade disse:

    A contribuição do Construtivismo para educação em geral e EaD é valiosíssima. Ao apresentar, analiticamente, contexto, construção do conhecimento, colaboração e conversação como elementos basilares para o processos ensino-aprendizagem, o Construtivismo colocou em um novo paradigma os Design Instrucionais atuais. Ademais, também contribuiu com o reforço sobre a necessidade de adequar a avaliação ao respectivo modelo de ensino-aprendizagem. Esse reforço que consolida a absoluta necessidade de tratar a avaliação como um elemento crucial no processo ensino-aprendizagem uma vez que sem esse cuidado todo o trabalho com as demais variáveis pode ir pelo ralo.

  4. Maria de Fátima Pereira da Silva Lima disse:

    Penso que essa discussão seja fundamental para que possamos construir e promover mudanças na maneira com que, muitos cursos EAD, vêm o ensino. Trabalho a algum tempo com educação a distância e percebo que o ensino esponja, mencionado pelos pesquisadores, está presente também nesta modalidade de ensino. O ensino colaborativo é de suma importância, mas infelizmente o que temos, na maioria dos cursos, é questionários prontos, materiais estáticos que os alunos não colaboram em nada na construção de conteúdo, pouca interação e alunos extremamente insatisfeitos. Penso que a EAD é um ganho, mas precisa ser repensada para ter sucesso.

  5. Moisés Nepomuceno Carvalho disse:

    Olá a tod@s!
    Chama-me a atenção a atualidade do texto, bastante proveitoso, mesmo tendo sido escrito há 25 anos!
    Outro ponto forte é a questão do processo de avaliação de aprendizagem do aluno no Ambiente Virtual, cuja absorção do conhecimento não se dá não só de forma quantitativa, mas, sobretudo, qualitativa, a partir das interações e participações por meio de um mix de ferramentas que propiciem o debate, a formulação do pensamento e a construção do conhecimento colaborativo, tendo por base as experiências de vida de cada aluno, tanto pessoais quanto profissionais, que lhes dão a compreensão de mundo.
    A utilização de recursos avaliativos que maximizem essa percepção é medida que se impõe, até como forma de colocar o aluno como sujeito ativo na construção de seu saber.

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