Critical inquiry in a text-based environment (resenha)

Como citar este post de acordo com as normas da ABNT:

MATTAR, João. Critical inquiry in a text-based environment (resenha). De Mattar, 16 abr. 2020. Disponível em: http://joaomattar.com/blog/2020/04/16/critical-inquiry-in-a-text-based-environment-resenha/. Acesso em: 16 abr. 2020 (substituir pela data do seu acesso).

Esta é a resenha do seguinte artigo:

GARRISON, D. Randy; ANDERSON, Terry; ARCHER, Walter. Critical inquiry in a text-based environment: computer conferencing in higher education. The Internet and Higher Education, v. 2, n. 2, p. 87–105, 2000.

Este é um artigo clássico, com quase 6.000 citações no Google Acadêmico quando escrevo esta resenha.

O artigo apresenta um modelo conceitual e uma ferramenta para o uso da comunicação mediada por computador (CMC) e da conferência por computador — termos comuns na época — para apoiar uma experiência educacional. Os autores introduzem um modelo que se tornará referência nos estudos sobre educação a distância: COI — Community of Inquiry (Comunidade de Investigação), que inclui três elementos essenciais para uma transação educacional: presença cognitiva, presença social e presença de ensino. Apesar de o foco do artigo ser o ensino superior, é possível transferir vários elementos do modelo para outros níveis de ensino.

A presença cognitiva representa até que ponto os participantes em uma configuração específica de uma comunidade de investigação são capazes de construir significado por meio de comunicação sustentada. Os autores se baseiam em Dewey para construir um fluxograma da presença cognitiva, composto dos seguintes momentos: evento mobilizador (triggering event): reconhecer o problema, um sentimento de perplexidade; exploração: troca de informações, discussão de ambiguidades; integração: conectar ideias, criar soluções; resolução: aplicar novas ideias, avaliar criticamente soluções.

A presença social representa a capacidade dos participantes de uma comunidade de investigação de projetar suas características pessoais na comunidade, apresentando-se aos outros participantes como “pessoas reais”. As categorias da presença social envolvem: expressão emocional: emoticons, narrativas autobiográficas; comunicação aberta: livre expressão, reconhecimento dos outros, ser encorajado; e coesão do grupo: encorajar colaboração, ajudar e apoiar.

Por fim, a presença de ensino consiste em duas funções gerais: o design da experiência educacional (que inclui a seleção, organização e apresentação principal do conteúdo do curso, bem como o design e o desenvolvimento de atividades de aprendizagem e avaliação) e a facilitação da aprendizagem. O objetivo da presença de ensino é apoiar e aprimorar as presenças social e cognitiva para obter resultados educacionais. As categorias que representam a presença de ensino são: gerenciamento instrucional: estruturação de conteúdo, definição de tópicos de discussão, estabelecimento de grupos de discussão; construir compreensão: compartilhar significado/valores pessoais, expressar concordância, buscar consenso; ensino direto: foco e ritmo da discussão, resposta a perguntas, diagnóstico de conceitos errados, resumo de resultados de aprendizagem ou questões diversas.

Segundo os autores, a presença cognitiva é mais facilmente mantida quando um grau significativo de presença social foi estabelecido, e quando a presença social é combinada com a presença de ensino em um grau apropriado, o resultado pode ser um alto nível de presença cognitiva, levando a resultados ricos de investigação crítica.

O artigo faz ainda a revisão de vários trabalhos que abordam as três presenças do modelo.

Além das três presenças, o artigo menciona outros tópicos de interesse ao modelo: o impacto da mudança da linguagem falada para a escrita como o modo central de comunicação no processo educacional, a metodologia de pesquisa nessa área e o impacto da mudança para a CMC nas instituições de ensino superior.

Enfim, um dos artigos seminais na história da teoria da educação a distância.

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