Learning theory and online technologies (resenha)

Como citar este post de acordo com as normas da ABNT:

MATTAR, João. Learning theory and online technologies (resenha). De Mattar, 17 abr. 2020. Disponível em: http://joaomattar.com/blog/2020/04/17/learning-theory-and-online-technologies-resenha/. Acesso em: 17 abr. 2020 (substituir pela data do seu acesso).

Esta é a resenha do livro:

HARASIM, Linda. Learning theory and online technologies. 2nd ed. New York: Routledge, 2017.

A autora já tem um livro traduzido para o português: Redes de aprendizagem: um guia para ensino e aprendizagem online. Neste livro, Harasim procura relacionar teorias de aprendizagem com tecnologias, apesar de o peso ser muito maior nas teorias.

1. Introduction to Learning Theory and Technology

A Introdução aborda os desafios atuais do ensino e da aprendizagem em um mundo cada vez mais online, em particular a necessidade de teorias da aprendizagem que possam orientar a educação nesse contexto. Explora a definição, a importância e o papel de uma teoria da aprendizagem, e discute como a teoria da aprendizagem é baseada em conceitos essenciais como epistemologia, método científico e comunidades de conhecimento.

Segundo a autora, três grandes teorias de aprendizagem teriam influenciado a educação no século XX: behaviorismo, cognitivismo e construtivismo. Essas teorias de aprendizagem também estariam associadas a pedagogias e tecnologias de aprendizagem específicas. O capítulo ainda introduz duas teorias da aprendizagem que seriam adequadas para o século XXI: a aprendizagem colaborativa online e o conectivismo. Essas cinco teorias de aprendizagem são exploradas nos capítulos seguintes e relacionadas com tecnologias.

2. Historical Overview of Learning and Technology

O capítulo discute as relações entre aprendizagem e tecnologias do ponto de vista histórico, passando pelas fases da fala, escrita, imprensa e Internet. Cabe questionar que sentido um capítulo desses ainda teria em um livro, hoje em dia.

3. Behaviorist Learning Theory

Estuda o behaviorismo, passando por Pavlov, Whatson, Thurndike e Skinner. São exploradas as seguintes abordagens pedagógicas: recompensa e punição, design instrucional behaviorista e taxonomias da aprendizagem. Para a autora, o behaviorismo teria marcado um momento na história americana, em que a eficiência da aprendizagem e da educação em massa estariam sendo enfatizadas. A industrialização teria exigido uma grande força de trabalho qualificada e que fosse capaz de seguir instruções com precisão. As duas guerras mundiais também teriam enfatizado o treinamento militar, que precisa ser conduzido rápida e intensamente, com protocolos rigorosos e comportamento controlado. O design instrucional, por sua vez, enfatizava a eficiência no controle comportamental. O surgimento das tecnologias da educação, para Harasim, teria ocorrido na escola behaviorista de pensamento: máquinas de ensino, instrução programada e aprendizagem assistida por computador (computer-assisted learning — CAI) teriam sido inventadas nesse contexto.

4. Cognitivist Learning Theory

Para a autora, reagindo e procurando superar o beheviorismo, o cognitivismo estaria interessado não na relação simplista estímulo–resposta, mas em teorizar e modelar as estruturas e os processos mentais que poderiam explicar o comportamento humano. A ênfase se dava nos modelos mentais ou cognitivos. O cognitivismo teria rejeitado a metáfora da caixa preta do behaviorismo, procurando entender o que acontece na mente entre o estímulo e a resposta, ou as entradas e saídas. No cognitivismo, a mente seria representada principalmente por metáforas computacionais, como uma unidade de processamento de informações cognitivas, ou a mente como um computador. A lógica era que, se fosse possível criar modelos precisos, seria possível criar e prescrever eventos de aprendizado para abordar comportamentos mais complexos, como resolução de problemas e tomadas de decisão. As pedagogias e tecnologias associadas ao cognitivismo, portanto, enfatizam a natureza da cognição para poder transferir ou transmitir mensagens com precisão. Nesse sentido, o capítulo explora alguns desses modelos mentais ou cognitivos.

O capítulo apresenta também algumas tecnologias associadas ao cognitivismo, como Sistemas de Tutoria Inteligente e Inteligência Artificial.

Entretanto, para a autora, a teoria cognitivista da aprendizagem seria ainda também centrada no instrutor e no design instrucional (e o capítulo apresenta, de maneira breve, a teoria do design instrucional desenvolvida por Robert Gagné). O conhecimento deveria ainda ser transmitido ao aluno pelo instrutor ou pelo software instrucional. Para Harasim, o cognitivismo pressupunha que o papel principal do aprendiz é assimilar o que o professor apresenta e, portanto, teria mantido o modelo didático do behaviorismo. Tanto o behaviorismo quanto o cognitivismo compartilhariam, então, uma epistemologia semelhante: o objetivismo, que sustentava que o conhecimento é conhecido pelo instrutor, que irá primeiramente digeri-lo e, então, transmiti-lo ao aluno. Nesse sentido, tanto o cognitivismo quanto o behaviorismo teriam focado em perspectivas e procedimentos de aprendizagem individualizados.

5. Constructivist Learning Theory

Já o construtivismo teria introduzido uma nova perspectiva na teoria da aprendizagem do século XX, tanto em termos de teoria quanto de epistemologia. Ofereceu uma perspectiva que vê o conhecimento construído pelo aprendiz, seja por meio do desenvolvimento físico e da maturação, como postulado por Piaget, ou principalmente influenciado pelo contexto sociocultural, conforme teorizado por Vygotsky, segundo o qual a mente gera pensamento, linguagem e conhecimento. Entretanto, segundo Harasim, nem Piaget nem Vygotsky teriam escrito sobre as implicações de suas teorias para a sala de aula – muito menos, é sempre bom frisar, para a educação online, em tempos de Internet.

A visão construtivista da aprendizagem teria gerado uma série de abordagens de ensino, com base em princípios como: aprendizagem ativa, learning-by-doing (e o capítulo fala do trabalho de Papert), scaffolded learning (e o capítulo explora o conceito de zona de desenvolvimento proximal de Vygostky) e aprendizagem colaborativa.

Outras abordagens pedagógicas construtivistas incluem: aprendizagem baseada em problemas (ABP), aprendizagem baseada em casos, aprendizagem baseada em perguntas, simulação, dramatização e aprendizagem baseada em jogos.

O construtivismo também teria estimulado o desenvolvimento de uma variedade de tecnologias e suas aplicações. Nesse sentido, o capítulo discute a linguagem Logo, bancos de dados, planilhas, e-mails, mapas conceituais e ambientes virtuais de aprendizagem, dentre outras.

6. Connectivism as an Online Learning Theory

Este capítulo foi introduzido na segunda edição do livro. Apresenta as ideias de George Siements e Stephen Downes, discute as diferenças entre conectivismo e conexionismo, diferencia os xMOOCs (mais expositivos) dos cMOOCs (conectivistas), apresenta outras características do conectivismo e críticas à teoria.

7. Collaborativist (aka Online Collaborative Learning) Theory

Este capítulo explora as definições e a história da aprendizagem online, assim como do que a autora chama de aprendizagem colaborativa online (ou colaborativismo), destacando o papel dos discursos, dos professores e dos alunos nesse contexto. Se já temos uma história de teorias sobre a aprendizagem colaborativa na educação presencial, só foi possível começar a pensar em aprendizagem colaborativa online com o desenvolvimento da educação online; portanto, seria necessária também uma teoria específica para dar conta dessas práticas – esse insight, por mais simples que possa parecer, talvez seja a principal contribuição do livro. O modelo proposto tem três fases: geração de ideias, organização de ideias e convergência intelectual.


Medeiros, Francisco. Uma Abordagem Abrangente de Monitoramento das Interações Sociais em Ambientes Colaborativos Virtuais de Aprendizagem como Suporte à Presença Docente.

Uma figura (7.6) traça relações entre as teorias de aprendizagem estudadas no livro e as epistemologias, posicionando (sem muita clareza) as teorias da aprendizagem behaviorista, cognitivista e conectivista (??) do lado das epistemologias objetivistas e da inteligência artificial, e o construtivismo e a aprendizagem colaborativa online do lado das teorias construtivistas e da inteligência aumentada (?).

8. Collaborativist (aka Online Collaborative Learning or OCL) Pedagogies in Practice

Apresenta cenários e personagens fictícios para ilustrar a aprendizagem colaborativa online na prática.

9. Collaborativist Scenarios: Online Community of Practice

Explora a aprendizagem informal e as comunidades online de prática, como, por exemplo, a Wikipédia.

10. Conclusions: In Retrospect and In Prospect

Além de resumir o percurso do livro, a conclusão apresenta algumas visões para o futuro: o desenvolvimento de comunidades online de prática e a aprendizagem ao longo da vida, recursos e conhecimento abertos, tecnologias que tendem a impactar a educação (como a web semântica e ferramentas analíticas) e a ampliação do poder da computação.

O livro tem ainda uma lista de referências e um índice.

Se você quiser ler mais duas breves resenhas em inglês (da primeira edição), aqui vão: do Tony Bates e da Diane Carver no IRRODL.

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3 respostas a Learning theory and online technologies (resenha)

  1. Reinaldo Afonso Mayer disse:

    Muito especial conhecer o trabalho da autora. Pelas leituras aqui indicadas, pude concluir, salvo melhor juízo, que desde o primeiro MOOC em 2011, os autores ( Siemens, Downes e Cormier) modelam a abordagem conectivista à aprendizagem. A contribuição de Harasim propõe uma teoria baseada na colaboração on-line para a construção do conhecimento. Para ela, os livros-texto, as leituras e os outros recursos são selecionados para dar suporte à discussão e não o inverso. Assim, toda a colaboração deve servir para gerar e organizar ideias, com objetivo de uma síntese convergente que vai gerar a produção de conhecimento. Entretanto, é possível constatar que este princípio de design fundamental ainda recebe reclamação frequente de professores e tutores, nos cursos online “tradicionais”, que consideram as discussões como secundárias aos momentos didáticos de ensino, fazendo com que os alunos vejam as discussões como atividades opcionais ou extras, sem influência direta em suas notas e avaliações, em resumo, alguns ou muitos preferem pular estas etapas das discussões, tão importantes para o seu crescimento pessoal e profissional.

  2. Lurdes Zanchetta da Rosa disse:

    Lendo as resenhas dos capítulos do livro percebi que as teorias se entrelaçam num emaranhado de explicações e orientações para designar o ensino e a aprendizagem. Nessa evolução da construção do conhecimento de forma lenta e gradual com a utilização dos mais diversos estímulos visuais – hoje com a ferramenta maravilhosa da internet percebe-se ainda uma busca constante do envolvimento social e interpessoal e ainda a necessidade do contato físico entre “professor e aluno”, que ao meu ver muda completamente a forma como o aluno interpreta os conteúdos repassados em EAD. Digo isso por experiência própria. Quando conheço pessoalmente o professor ou o instrutor, que pode ser um único encontro, ao ler os textos e fazer as atividades tenho outra postura( sei com quem estou falando). A aprendizagem ” parece” que se torna mais real. O ser humano independente da idade precisa olhar e conversar com seus pares , mesmo que seja por poucos momentos mas com regularidade, aí sim o processo de educação se completa.

  3. Daniel Ventura disse:

    De fato, compreendo que estamos caminhando para uma grande comunidade online de prática e aprendizagem e percebo o quanto estamos atentos a produzir, colaborar e inserir novas tecnologias para potencializar os ruídos de aprendizagem que surgem nas “distâncias”. Vislumbro também comunidades que superam os diversos discursos e níveis de desenvolvimento.

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