Minimalismo Tecnológico & Second Life

Não apenas nos debates sobre o uso do Second Life em Educação que venho travando com o professor Wilson Azevedo nas duas principais comunidades de EaD do Orkut, mas também em outras ocasiões, ele utiliza ardentemente na defesa de suas idéias o argumento do ‘minimalismo tecnológico’. O tema sempre me interessou, mas ao mesmo tempo nunca desejei que a obsessão por um mínimo de tecnologia me aprisionasse e impedisse de testar o potencial pedagógico de novas ferramentas, que hoje surgem a todo momento. Além de que, como dizia o McLuhan, “o meio é a mensagem”, então não considero a tecnologia apenas um suporte para a transmissão ou construção de conteúdo – na verdade, nenhum software é pedagogicamente neutro, e aprender tecnologia é também aprendizado. Sinto também há bastante tempo que cada vez mais os alunos que chegam à universidade resistem ao uso mínimo de tecnologia – ou seja, pouca tecnologia gera pouco interesse pelo estudo. Enfim, sempre tive uma impressão de que o minimalismo tecnológico era também um minimalismo conceitual, uma excessiva simplificação da questão, pedagogicamente falando, e a simplicidade podia ter o sentido contrário do desejado, limitando (e não ajudando) o aprendizado.

Comecei recentemente um curso sobre Ensinar e Aprender no Second Life numa universidade norte-americana. Uma das minhas professoras é Mauri Collins, a mesma que cunhou a expressão “minimalismo tecnológico” há bastante tempo, e que inclusive ministrará um interessante curso pela Aquifolium (coordenado pelo Wilson) a partir do final de Fevereiro: Desenvolvimento de Material Didático para Educação Online: uma abordagem minimalista.

Portanto, a confusão está armada: a mãe do argumento utilizado pelo Wilson, na crítica ao uso do Second Life, é a minha professora sobre (e no) Second Life. Mas não é só isso! O pai do argumento, Zane Berge, também tem aparecido nas aulas no Second Life. Nos debates entre mim e o Wilson, eu poderia usar a autoridade dos meus professores no Second Life e o Wilson a autoridade dos defensores do minimalismo tecnológico – mas eles são as mesmas pessoas!!

Durante o tempo que for necessário, portanto, pretendo explorar a minha dúvida que agora virou existencial, e que aliás começamos a discutir no Blackboard do curso na Boise State University: haveria um conflito entre explorar e ensinar no Second Life e manter uma postura tecnológica minimalista?

A própria Mauri propôs 3 textos para esquentar o debate, que vou resenhar e comentar neste post. Na verdade, vou fazer um pouco o papel de advogado do diabo, principalmente porque tenho os autores do outro lado para debater e defender suas posições (então, me ajudem na acusação, vamos testar até onde o argumento deles se sustenta).

*

COLLINS, Mauri P.; BERGE, Zane L. Guiding Design Principles for Interactive Teleconferencing. (faltam as figuras nesta versão do artigo)

Este artigo foi apresentado em 1994 na Pathways to Change: New Directions for Distance Education and Training Conference, na University of Maine at Augusta. Ou seja, se quisermos contextualizá-lo, temos que levar em consideração que estamos ainda antes do boom da web, no final dos anos 90. Por exemplo, numa passagem do texto eles afirmam que “o conteúdo não pode interagir, dialogar ou responder”, o que sabemos que não faz mais sentido hoje, com exercícios nos ambientes de aprendizagem (ou fora deles), RSSs, mashups etc. Discuti isso brevemente em um post recente.

Os autores falam das novas tecnologias (na época) que permitiriam novas formas de ensino e aprendizado. Refletem também sobre o conceito de interação e diferenciam a interação síncrona da assíncrona, relacionando então mídias e tipos de interação.

E então surge a famosa definição de minimalismo tecnológico em EaD:

“We are defining technological minimalism as the unapologetic use of minimum levels of technology, carefully chosen with precise attention to their advantages and limitations, in support of well defined instructional objectives.”

“Definimos minimalismo tecnológico como o uso não-apologéticoo de níveis mínimos de tecnologia, cuidadosamente selecionados com atenção precisa para suas vantagens e limitações, como suporte a objetivos instrucionais bem definidos.”

Mas a definição não vem assim solta. Antes eles falam do movimento artístico denominado minimalismo, da filosofia pragmatista norte-americana e do lema “menos é mais” em tecnologia educacional. E mais à frente afirmam:

“There is wisdom in technological minimalism–the more bells and whistles a delivery technology has, the more expensive and complex the equipment needed, the greater the limitations on student access, the greater the claims on time and travel (e.g. to live videoconference sites), the more extensive the technical support needed and the greater the chance of inopportune equipment failure.”

Haveria uma sabedoria implícita na idéia do minimalismo tecnológico – custo menor, possibilidade de utilizar equipamentos mais simples, menos limitações para os alunos, menor necessidade de pólos, menor necessidade de suporte técnico e menos chances de falhas nos equipamentos. Além da minimização da possibilidade de a atenção do aluno ser tirada do aprendizado para resolver problemas de tecnologia.

O artigo ainda continua, com interessantes reflexões sobre as maneiras de desenvolver material para educação a distância e inclusive ministrar cursos. Mas sobre o minimalismo tecnológico, é só isso.

*

COLLINS, Mauri P.; BERGE, Zane L. Technological Minimalism in Distance Education. 2000.

Este é um texto mais recente, mais curto e bem mais “panfletário”. Então vou acompanhá-lo parágrafo a parágrafo.

Instituições de ensino têm feito altos investimentos em equipamento e infra-estrutura, sem evidências de que isso resulte em ganhos no aprendizado. Além disso, os alunos parecem preferir cursos com pouca multimídia (é feita uma menção a um artigo para sustentar a posição, mas eu tenho sérias dúvidas sobre esta conclusão).

O minimalismo tecnológico serviria como guia para a escolha entre tecnologias que se provaram robustas, disponíveis e relativamente baratas. Na verdade, as tecnologias se renovam hoje numa velocidade intensa, o que talvez torne essa conclusão questionável. Mas, dessa maneira, tomado ao pé-da-letra, o minimalismo tecnológico não nos permitiria testar o potencial pedagógico de novas tecnologias, que ainda não se mostraram robustas, disponíveis ou baratas. O parágrafo critica ainda o crescimento no uso da tecnologia de streaming de vídeo, que teria acrescentado apenas custo ao aprendizado. Aqui não é citado nenhum artigo para sustentar a posição, sobre a qual também tenho sérias dúvidas. Vídeos e animações bem utilizadas trazem possibilidades pedagógicas que não conseguimos atingir simplesmente com texto ou tecnologias mais simples. A coisa toda muda, não se trata apenas de acrescentar um pouco de tecnologia, de um lado da balança, e então medir o resultado do outro, para ver se vale a pena.

O uso de vídeo, áudio e animações realmente não garante um ganho automático no ensino e no aprendizado. Mas daí, não podemos concluir que essas tecnologias não devam ser utilizadas em educação. É uma questão de lógica básica, uma falácia: se o aumento de A não garante sempre a melhora de B, então não-A. É ainda criticada a dificuldade de acesso e a necessidade de treinamento e suporte no uso de sistemas complexos, que aumentam as chances de erro, mas com a tendência para a convergência de muitos softwares (que a maioria dos nossos alunos universitários já dominam), mesmo isso pode hoje ser questionado.

O parágrafo seguinte critica sistemas de satélite e tv, que exigem sincronicidade, perdendo-se assim uma das vantagens da EaD (mas no artigo anterior os autores tinham discutido bastante a importância das atividades síncronas). Aqui me parece que há uma confusão que quero explorar com mais cuidado logo mais: Educação a Distância não é sinônimo de atividades 100% a distância; atividades a distância não são sinônimo de atividades assíncronas; atividades assíncronas não são sinômino de estudo individual; mas isso tudo não tem relação direta com minimalismo tecnológico!

A falta de acesso a tecnologia estaria ampliando o abismo da separação digital, e os minimalistas tecnológicos defendem o uso de tecnologias gratuitas. Mas gratuito não é sinônimo de simplicidade tecnológica. Na verdade, a Web 2.0 oferece inúmeras ferramentas gratuitas, além de inúmeras outras vantagens para a EaD que explorei no Second Life e Web 2.0 na Educação. Mas isso não significa que não é preciso treino e, principalmente, explorar essas ferramentas para determinar o seu uso pedagógico ótimo. Portanto, tamanha preocupação com o uso de tecnologias que não sejam as mínimas possíveis talvez não tenha mais tanto sentido, e o minimalismo tecnológico pode estar sendo utilizado como desculpa para a preguiça de professores que não estão dispostos a aprender (pois por mais simples que seja, uma ferramenta de Web 2.0 precisa de um pouco de treinamento, de reflexão pedagógica etc.). E uma questão essencial é a seguinte: para ser professor dessa nova geração, é preciso se atualizar tecnologicamente, muito além dos níveis supostamente mínimos de tecnologia.

A tecnologia não é a cura para todas as doenças da educação (como, aliás, a EaD também não é), mas isso não quer dizer que temos que fugir das novas tecnologias como se fossem o demo.

A escolha, para o minimalismo tecnológico, deveria ser o nível mínimo de tecnologia necessária para atingir o objetivo. Esse lema é interessante porque ele parece simples mas pressupõe várias coisas: que seja simples comparar níveis de tecnologia, para determinar qual seria o nível mínimo e máximo adequado; que o nível de tecnologia não influi no objetivo (ou seja, que o meio não é a mensagem); e, principalmente, que seja possível determinar com certeza qual é o objetivo. Mas hoje pensamos em currículos que não estejam prontos, em objetivos que não estejam pré-determinados e sejam construídos em conjunto pelos próprios alunos durante o curso etc. (falei disso bastante no ABC da EaD e no Second Life e Web 2.0 na Educação). E aliás, por que não pensar em níveis de tecnologia diferentes, que os alunos possam escolher no curso em função de seus estilos de aprendizagem? Por que obrigatoriamente limitar o nível de tecnologia de um curso ao mínimo, se alguns (ou muitos?) alunos podem preferir mais tecnologia, podem se sentir mais motivados a aprender se houver mais tecnologia em jogo? Por que obrigar um aluno a se submeter a um nível de tecnologia que o instrutor acha o mais correto para o aprendizado (talvez para ele)?

O artigo termina afirmando que, deixando a tecnologia de lado, os professores e os alunos poderiam se concentrar no que mais interessa: ensino e aprendizagem. Isso é uma daquelas frases prontas que muita gente gosta de repetir em congressos, muitas vezes para encerrar com ares de sabedoria uma discussão sobre o assunto. Mas aqui, de novo, parece que é óbvia e natural a separação entre tecnologia (ou forma, de um lado) e educação (ou conteúdo, de outro). Parece-me que há uma exagerada ingenuidade nessa crença: há um conteúdo que queremos transmitir (ou mesmo construir), pré-determinado, e para ele há um nível mínimo de tecnologia a ser utilizado. Se eu utilizar mais tecnologia, estaria apenas gastando e tirando o foco desse conteúdo. Como se a tecnologia não alterasse, radicalmente muitas vezes, esse próprio conteúdo. Como se fosse ainda possível pensar, especialmente em EaD, a educação separada da tecnologia. Como se aprender a utilizar novas ferramentas não fosse, por si só, um aprendizado extremamente importante, inclusive para a vida profissional de qualquer um de nós. Como se ficar do lado da tecnologia mínima signficasse uma grande vitória, ou uma grande escolha. Como se, face ao constante progresso da tecnologia, fosse mais sábio parar no tempo.

Todas essas questões eu discuto com bem mais profundidade no meu Filosofia da Computação e da Informação, que está sendo avaliado por uma editora para publicação. Quero resolver isso o mais rápido possível e publicar o livro nos próximos meses, porque ele cai como uma luva para todas essas discussões.

*

FILIP, Barbara. Technological Minimalism and Sustainability Strategies – Lessons Learned from Teaching Online.

A autora discute a opção pela simplicidade para um curso internacional a distância para países em desenvolvimento. Não surpreende que a simplicidade seja a escolha, face à diversidade do público-alvo. Para Barbara, quanto mais ferramentas não essenciais são adicionadas ao curso, mais provável se torna que mais participantes não sejam capazes de utilizá-las. A questão aqui seria definir o que seriam “ferramentas essenciais”. Mas o artigo vai mais longe, defendendo que o minimalismo tecnológico, nascido nos Estados Unidos, seria ainda mais importante para os países em desenvolvimento. Interessante que isso pode ser lido do ponto de vista do colonizador – já que estamos para trás, que o colonizador continue a nos ajudar a ficar ainda mais para trás!

A autora classifica como minimalismo tecnológico o uso de e-mails (no lugar de ambientes de aprendizagem) e de CD para permitir o acesso rápido ao material do curso. Apesar de o uso de CDs exigir que o material do curso esteja pronto antes do seu início (praticamente impossibilitando assim a construção do design do curso durante seu próprio desenvolvimento), utilizar CDs me parece realmente muito interessante, principalmente pelo custo extremamente baixo da mídia, da gravação do material e do envio pelo correio. Mas não tenho muita certeza do que isso tenha muito que ver com o minimalismo tecnológico (não ter que baixar o material da Net é conveniência e tempo, não exatamente recusa a usar tecnologias mais modernas). Nem no caso de e-mails, e a própria autora comenta a necessidade de habilidades para administrar mensagens com eficácia nas caixas de entrada, enquanto nos ambientes de aprendizagem isso já teria sido supostamente aperfeiçoado e simplificado para o usuário. De qualquer maneira, não apenas e-mails, como também blogs, wikis, google docs, mashups etc. tendem a decretar a morte dos ambientes de aprendizagem fechados – mas isso não significa escolher o nível mais baixo de tecnologia, mas sim as mais adequadas e naturais ao aluno-usuário de hoje, independente do seu nível de sofisticação.

O não uso de recursos visuais e áudio é justificado pela autora tanto pela necessidade de mais pessoas (e conseqüente aumento nos custos – o que perde sentido com a figura do aututor, que tenho tanto defendido) quanto das dificuldades dos próprios alunos, por não terem softwares e habilidades necessárias (o que com a Web 2.0 também tem cada vez menos sentido, já que os softwares são grátis e livres, e os alunos já chegam à universidade dominando muitos deles).

As ferramentas utilizadas no curso avaliado no artigo por Barbar foram eClass e Yahoo groups.

O artigo termina com uma interessante reflexão sobre o que a autora chama de rapid prototyping e reciclagem, a possibilidade de re-organizar o curso em seu andamento e de pensar mais na produção de projetos dos alunos do que na transmissão de conteúdo.

Eu me pergunto: será que um uso adequado das tecnologias da Web 2.0, sem medo de se aventurar em níveis acima do nível mínimo, não poderia nos levar a pensar em um minimalismo do conteúdo? Ou seja, utilizar um nível mínimo de conteúdo pronto para os cursos, e incentivar o aprendizado e uso de novas ferramentas, para a produção de conteúdo durante o curso? Sem tanta preocupação com o conteúdo (há conteúdo de sobre por aí para praticamente qualquer curso que se deseje ministrar) e sem tanto medo da tecnologia?

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18 respostas a Minimalismo Tecnológico & Second Life

  1. Wanderlucy disse:

    Eu que sempre fui adepta da idéia do minimalismo tecnológico, preocupada sobretudo com a questão da exclusão tecnológica, comecei a rever meus conceitos a esse respeito depois de ler Otto Peters (há dois livros de Otto Peters resenhados aqui neste blog) que, como aponta o João, ressalta que associar tecnologia a forma, contrapondo-a a conteúdo torna-se a cada dia mais simplório. Ouvindo o João falar a esse respeito, então, vejo que meus antigos conceitos estão correndo sério risco de ir por água abaixo!
    A tendência é que o uso das tecnologias por meio da internet nos surpreenda muito ainda como caminho para grandes mudanças e grandes soluções dos problemas que a educação vem enfrentando, seja pelo fato da falta de recursos financeiros, pela mediocridade e ganância dos dirigentes (incluo nesse grupo governantes e mantenedores) que trazem como conseqüência o nivelamento do ensino por baixo.

  2. Carlos Alberto Sobrinho disse:

    Caro Mattar.
    Freud dizia que onde não há prótese não há civilização. Aproveitando essa deixa, penso que os defensores do minimalismo tecnológico, imbuídos de uma nobre motivação sócioeducacional, acabam também reforçando o mínimo de civilização para os excluídos digitais. O que sempre constatamos na história é que ferramentas ultrapassadas reforçam o atraso das sociedades que as utilizam. Será que com a educação, com a pesquisa, com as descobertas científicas seria diferente?

  3. João Mattar disse:

    Puxa, Carlos, acho que você avançou mais na reflexão e a enriqueceu bastante. O minimalismo tecnológico, apesar de pregar o contrário, pode na verdade estar reforçando ainda mais a exclusão digital, ao se recusar a utilizar ferramentas mais avançadas com aqueles que justamente não a conhecem. Tem algum artigo ou livro que você indica sobre essa questão, mesmo que não falando diretamente do minimalismo tecnológico em educação?

  4. Prof. VALENTE disse:

    Excelente discussão JOÃO !!
    Interessante pensar o conceito de “minimalismo” … ou até reconceituá-lo !!
    Conforme uma sociedade evolui, acredito que o “mínimo” vai se transformando e para outros povos, em outros tempos, seria o máximo !
    Do ponto de vista educacional defendo que o mínimo seria a Web. Não sei como a grande maioria das instituições ainda não disponibilizam esse recurso em sala de aula.
    Já tive oportunidade em cursos de pós-graduação de utilizar esse fantástico recurso, e a aula se transformar num verdadeiro palco aberto ao mundo …
    Ah! prefiro uma janela aberta ao mundo a um quadro-negro solitário !!!

  5. Pingback: De Mattar » The Horizon Report - 2008

  6. Celso Gomes disse:

    Achei interessante o que o prof. Valente colocou ou dizer que o “…’mínimo’ vai se transformando e para outros povos, em outros tempos, seria o máximo!”

    Acredito muito em uma educação maleável, e na aututoria proposta por vc Mattar. E tenho comigo que isso demanda pelo uso da tecnologia como meio para a mensagem, pois essa equidade só será efetivada se o meio se tornar natural, como a escrita é para nós hoje e aqui.

    E para isso, acho que a saída é sim primar por uma educação aproximadora entre professor e aluno, pois a educação é uma relação entre pessoas antes de tudo.

    Se o aspecto digital contribuí ou não para tal aproximação, esse deve ser constantemente revisto dentro do processo de ensino-aprendizagem. Negar esse e outros aspectos é fechar os olhos para a didática como uma arte, a de ensinar e de fazer aprender.

  7. Breno Trautwein disse:

    Prezados colegas que maximizam este espaço de conhecimento do Mattar.
    A discussão do minimalismo esteve confundindo minha cabeça por um bom tempo, até que em discussões com o prof.Azevedo e leituras desgastantes e cansativas passei a considera-lo não como uma necessidade ou uma questão de cultura ou evolução, exclusão, inclusão, mas sim como uma opção tecnologico/pedagógica.
    Talvez eu esteja simplificando, mas como exemplo pego uma de minhas turmas de administração (onde leciono Sistemas de Informação e Gestão de tecnologia) de 3 ou 4 anos atrás, onde eu usava o mínimo de tecnologias para não dificultar a compreensão dos conteúdos, e a turma do semestre passado onde para facilitar a compreensão dos conteúdos, cheguei a usar, além do AVA (forum, email, conteudo, edital, etc)e de conteúdos pré-definidos, sites de noticias, videos do youtube (e outros conteúdos digitais) inclusive blogs para consulta e para desenvolvimento do trabalho final das dispclinas.
    Não foi uma opção minha, mas uma opção orientada pelo perfil dos alunos e pela “fluência tecnológica” dos mesmos que nos permitiu expandir as opções tecnológicas de acesso e discussão dos conteúdos.
    []s

  8. João Mattar disse:

    Breno, confesso que essa discussão confundiu e ainda confunde a minha cabeça! Mas pela situação em que estou no curso, tendo aula no SL com os país do argumento, virou uma questão existencial explorá-la com bastante atenção.
    Dê umas dicas de algumas leituras para a gente.
    Usar um nível de tecnologia em função do seu público me parece uma decisão muito sábia e natural, mas aí não teríamos que pensar necessariamente no mínimo, e sim na adequadação.
    Nos seus exemplos, eu me arriscaria dizer que 3 ou 4 anos é muito tempo – surgem muitas coisas novas, tem todas essas ferramentas da Web 2.0, o Second Life etc., por isso me parece que não há como fugir de nos confrontarmos com as novas tecnologias, testá-las, experimentar com elas etc.

  9. Eri disse:

    Olá gente
    Acho que andam confudindo minimalismo com voto de pobreza no que diz respeito aos recursos tecnológicos aplicados à educaçao.
    Ser minimalista para mim significa utilizar a apenas o necessário, e o que pode ser mínimo para um contexto para outro pode ser um exagero, e vice-versa. Recentemente fiz um comentário no grupo EAD BR sobre esse assunto:

    Aposto muito nas novas possibilidades de ensino e aprendizagem mediada por novas tecnologias, principalmente tec. web, simplesmente pq nao podemos comparar o potencial das tecnologias utilizadas pela ead de 1ª,2ª,3ª e 4ª geração com o que temos a partir do advento da internet.

    Não podemos assumir a postura do deus Theuth em o Julgamento de Thamus, em Fedro de Platão, citado e comentado por Neil Postman em Tecnopólio, que
    somente enxergava os beneficios das novas invenções, muito menos podemos ser o oposto como o rei Thamus ou como os Luddites do seculo XIX, até mesmo pq mais do que uma questão de tecnologia trata-se de uma mudança de postura, de
    modelo mental, um descondicionamento do olhar sobre a educação. Ate quando vamos levar para dentro do ciberespaco os velhos modelos educacionais do passado? Apropiando-se das palavras do poeta cazuza “eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades (..)” , assim eu ainda vejo a ead on-line:apostilas, salas de aulas virtuais, controle, lineariedade entre tantas outras semelhanças com a “velha educação”, embora seja muito otimista com o devir.

    Em nome do famoso minimalismos tecnológico não podemos abortar a criatividade e a ousadia. Mais do que criar aulas é preciso criar “experiências
    educacionais” inovadoras, principalmente para os alunos do futuro, que aproveitem ao maximo o potencial educacional das novas tecnologias e mídias que se encontram a nossa disposicão, ou seja, quando cabível, sejamos menos bauhaunianos e mais rococó.

    Abraços

  10. João Mattar disse:

    Caramba, Eri, tava inspirado hein! Deixo meus comentários para logo mais!

  11. João Mattar disse:

    Eri, na minha reflexão uma das coisas que eu questiono é a suposta faciidade para identificar e utilizar o “mínimo”. Mesmo independente do contexto, não acho que o raciocínio do “mínimo” funcione tão facilmente, que seja fácil definir o que é o mínimo, imaginar o que aconteceria se não usássemos o mínimo etc. Talvez desse até para dizer que o mínimo é uma utopia.
    Para enxergar os benefícios das novas invenções, é preciso testá-las, só assim poderemos ter uma idéia dos seus benefícios. Mas se ficarmos com medo no mínimo, nunca vamos testar mais nada.
    A outra questão que você levanta é interessante, o uso de modelos velhos e presenciais na EaD, mas eu te confesso que não vejo tantos problemas em modelos presenciais que funcionem também em EaD. Acho que não precisamos ter medo do que era antigo ou funcionava no presencial, e negar sua entrada na EaD. O que funcionar na EaD funcionou, independente de onde veio.

  12. João Mattar disse:

    Temos discutido esta questão no curso que estou fazendo com a Mauri Collins, a mãe do argumento do “minimalistmo tecnológico”, e já recebi um email do Zane Berge (o pai), comentando as minhas reflexões (ainda não li mas vou ver com ele se posso publicar por aqui). Mas tenho começado a achar o seguinte: o argumento é bem antigo, muito antigo para o ritmo do progresso das tecnologias hoje em dia (é de 1994), então ele precisa ser contextualizado. Estamos ainda antes da Internet, algumas opções tecnológicas começam a surgir, é possível ainda (talvez) ignorar as tecnologias, procurar e praticar o mínimo, como se o conteúdo e a tecnologia fossem coisas separadas. Talvez nesse momento o argumento tenha tido validade. Hoje, me parece que perdeu a validade. A opção pelo “mínimo” de tecnologia nos dias de hoje é utópica, e mesmo que fosse possível colocá-la em prática, tem um furo conceitual, porque mudar a tecnologia influencia diretamente no “conteúdo” do curso, ou seja, não tem um resultado que é fixo, e uma entrada que pode variar (sem mexer com o resultado). As suas escolhas tecnológicas (que existem sempre, mesmo que seja pelo mínimo) influenciam o resultado da educação. Talvez quem defenda o minimalismo tecnológico acredite que, por estar escolhendo o “mínimo” de tecnologia, estaria escolhendo também uma pedagogia mais pura ou uma posição mais neutra – mas não, há uma escolha pedagógica no nível de tecnologia de um curso, tenha ele mais ou menos tecnologia. Nem mesmo o mínimo de tecnologia é pedagogicamente neutro, nem é mais neutro do que outras escolhas.

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  14. Ezequiel disse:

    Você só está vendo os extremos! Second Life é um jogo, sobretudo um meio de publicidade. O mesmo é bonito na teoria, mas na pratica não chega nem perto dos resultados do minimalismo tecnológico ou construtivismo. As plataformas de EAD atuais como Moodle, são o que podemos chamar de minimalismo tecnológico, porém cabe lembrar que estas ferramentas ainda estão em conceitos de web 1.0, sendo que hoje estamos a falar de web 3.0.

    Sinto também há bastante tempo que cada vez mais os alunos que chegam à universidade resistem ao uso mínimo de tecnologia – ou seja, pouca tecnologia gera pouco interesse pelo estudo.

    A falta de interesse se remete a falta de sociabilidade nessas plataformas da web 1.0, faça uma comparação de sites como Orkut, Twitter, Facebook, Youtube e outras tendências sócias na internet, todas estas partem do principio da sociabilidade para gerar mais material, mais motivação, mais interação, etc. Uma plataforma de EAD deve partir desse principio. Felizmente este erro é o nosso lucro!

  15. João Mattar disse:

    Ezequiel, se o Second Life é um jogo ou não dá uma longa discussão, que acho não é o ponto aqui. Seria uma boa ideia comparar os resultados do ensino no Second Life, ou outros mundos virtuais, com os do minimalismo tecnológico, o que faço de leve em alguns momentos do texto, que é mais um texto teórico. Não contrapus o Second Life ao construtitivismo, ao contrário, mundos virtuais são ambientes ideais para a pedagogia construtivista. Quanto à discussão sobre o Moodle, minimalismo tecnológico, web 1.0, 2.0, 3.0 etc., poderia ser bem interessante, mas não entendi muito bem como entraria no debate. Seu comentário sobre a falta de sociabilidade nas plataformas da web 1.0 (e eu ampliaria: na pedagogia utilizada nas escolas e nas universidades) é bastante interessante, mas não é disso apenas que eu percebo que os alunos sentem falta: eles precisam da tecnologia para trabalhar, em qualquer área, não só de saber usar email, Orkut, Twitter, Facebook, YouTube etc. Em praticamente qualquer área, eles precisam saber usar bem as ferramentas do Office, eles precisam saber usar Flash, precisam saber usar Photoshop, mexer com imagens e vídeos, games e mundos virtuais, e assim por diante. Essas tecnologias (que cada vez mais deixam de ser “mínimas”) fazem parte da vida pessoal e profissional das novas gerações, e portanto precisam ser integradas na educação, junto (como você diz) com as ferramentas mais sociais. Mas o meu argumento é justamente este: o critério para decisão não pode ser o “mínimo” de tecnologia, esse não é o elemento mais relevante, ele pode nos aprisionar, nos tirar da realidade e das necessidades dos nossos alunos.

  16. João Mattar disse:

    Legal, Ezequiel. Estou hoje justamente terminando um texto sobre o tema, então acho que não conseguirei comentar o seu texto, mas assim qeu der faço um comentário, ok?

  17. Ezequiel disse:

    Oi, peço desculpas por deixar isto em comentários, mas não achei outra forma de passar esse link para você. Assim como você, faço parte da comunidade “Educação a Distância – EAD”. Sou membro de um projeto voltado a melhorias para a educação a distância, nossa equipe desenvolveu uma pesquisa com o objetivo de saber a atual reputação da EAD, carências dos alunos e professores. Gostaria que você desse sua opinião, acesse http://www.ponderar.org/research/ e responda a pesquisa, não é demorado. Então, desde já agradeço. Abraço.

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