My Book & Overload Mental

Comprei em Julho um drive externo da Western Digital de 500GB, My Book, pois como eu iria produzir muitos vídeos durante o segundo semestre, com o meu Premiere, meu HD de 232GB provavelmente logo lotaria. Aconteceu isso mesmo, e hoje meu HD tem somente 80GB livres.

Mas eu acabei não instalando o HD externo durante o semestre, enquanto meu HD do computador ia lotando. Eu sempre achava que iria demorar muito, que eu tinha muitas outras prioridades para tocar, que eu teria que mexer em alguma configuração, que poderia perder algum dado, que eu me confundiria com a mudança de “local” dos dados, que não daria para fazer o backup do HD externo para o Mozy dos dados do My Book, e fui deixando para depois…

Agora, de férias, época natalina, slow down para o final do ano, decidi encarar o “desafio”. Acabei de instalar: não gastei 1 minuto, já configurei o Mozy para incluir os dados do HD no backup online e já estou transferindo meus dados para o My Book, para livrar um pouco o HD do computador.

Por que eu demorei tanto? Por que esperei todo o semestre, com tanto medo, e fui mexer nisso apenas agora, enquanto meu HD do computador enchia perigosamente? No fundo eu desconfiava que seria fácil e que não tomaria muito tempo, mas alguma resistência mental me impediu de fazer a instalação. Eu olhava par a caixa verde do My Book, que deixei do lado do meu computador durante todo o semestre, me cobrava que tinha gasto dinheiro à toa, mas não consegui me mover.

Isso é o que eu gostaria de chamar de overload mental, e que provavelmente muita gente já chamou de outra coisa mais interessante por aí: não conseguimos fazer algumas coisas, rápidas de resolver, que não envolveriam muito esforço e que nos ajudariam muito em nosso dia-a-dia, porque ficamos de alguma maneira bloqueados mentalmente. Estamos trabalhando no limite dos nossos links, das reestruturações que podemos fazer em nossa mente, e não há lugar para nenhuma mudança mental, pois sentimos que as coisas vão desmoronar, que não vamos conseguir manter o nível de produtividade. A instalação foi puramente física, mas ela ameaçava alterar a rotina do meu trabalho e parecia obrigar-me a embaralhar a minha estrutura mental, e eu não estava aberto para isso. Não conseguia matematizar a relação custo-benefício do esforço.

Eu tive um semestre extremamente estressante, em que o tempo parecia escapar pelos meus dedos, em que sempre parecia que a minha rotina iria ruir e que eu não conseguiria manter meu pique de produtividade.

Quando olhamos de fora para as pessoas, achamos estranho que elas não façam movimentos simples que seriam muito úteis para elas, e que poderiam resolver alguns de seus problemas principais. Mas, de fora, não sentimos e não vivenciamos seus bloqueios mentais e emocionais, que de alguma maneira as paralisam para esses pequenos movimentos. Não há espaço na sua estrutura mental ou emocional, naquele momento, para qualquer mudança. E achamos estranho quando a pessoa diz: estou sem tempo, ando muito ocupado etc. A própria pessoa, depois que realiza o movimento, não consegue entender por que demorou tanto tempo, não se compreende nem se reconhece no passado. Como vivemos continuamente encobertos por nuvens de overload mental e emocional, em algum nível, nossas escolhas existenciais não são nunca puramente racionais, movidas por uma consciência custo/benefício.

O tempo, aqui, pode ter então pelo menos dois sentidos. O tempo Chronos, o do relógio, que para a instalação do meu HD externo foi rápido, menos de 1 minuto, e é o único tempo que quem está de fora enxerga. E o tempo Kairós, vivencial, que me exigiu praticamente 6 meses para que eu estivesse pronto para gastar 1 minuto para realizar uma tarefa, que daqui por diante vai me economizar muito tempo (cronológico) e simplificar meu trabalho.

Assiti no Congresso da ANPED uma apresentação muito bonita da Lucila Pesce, da PUC-SP, sobre os tempos Chronos e Kairós (não exatamente com essas conotações) em EaD, para a qual estou devendo um resumo na página do evento – que talvez Kairós não tenha me permitido escrever, durante o semestre, mas quem sabe agora esteja quase pronto!

E aí?

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