Neste final de semana, caminhando para terminar meu novo livro sobre redes sociais em educação, revisei alguns textos interessantes e recentes, que achei que valia a pena registrar por aqui, como dicas de leitura.
El Proyecto Facebook y la Posuniversidad é um projeto muito interessante, realizado na Argentina, que resultou, dentre outras coisas, em um pdf (2010) que vale a pena baixar e ler.
A pedagogy of abundance (2011) é um artigo de Martin Weller (do CREET da Open University) que procura nos ajudar a tentar responder à questão: como fica a educação com tanto conteúdo disponível online? Gerou uma conversa interessante no Facebook, registrada (no seu início) pelo Paulo Simões:
Ora aqui está “A” pergunta.
Obrigado Joao Mattar por nos ires fazendo refletir.
Web 2.0-Based E-Learning: Applying Social Informatics for Tertiary Teaching (2011) é um livro genial que está disponível online, com capítulos de autores de diversos países, que explora conceitos como web 2.0, pedagogia 2.0, design, PLEs, blogs, wikis, podcasts etc., além de vários cases. Uma leitura e tanto!
Use of E-learning in the Developing of the Key Competences (2011) é um livro (também disponível na íntegra online) que traz uma visão da EaD da Polônica, República Checa, Áustria, Hungria e Cazaquistão, com capítulos muito interessantes.
Por fim, uma visão da EaD vinda do Marrocos: o artigo Impact of Technological Advancement on Pedagogy (2012) está publicado no Turkish Online Journal of Distance Education. Mounia Abik e Rachida Ajhoun apresentam o caminho do d-learning, e-learning, m-learning e p-learning até a pervasive-network, e o papel que o conectivismo desempenha nesse novo cenário. “Precisamos de uma nova abordagem pedagógica p o p-learning?”, perguntam as autoras.
Enfim, dá para se divertir bastante, com tanta diversidade de fontes!
No domingo passado (04/03) assisti à peça O Estrangeiro no Teatro Cacilda Becker, com Guilherme Leme e direção de Vera Holtz, baseada no romance best-seller de Albert Camus (1942).
É possível assistir vídeos com/sobre o Camus aqui.
Meursault recebe a notícia da morte de sua mãe, que morava em um asilo, e vai ao seu enterro. Logo em seguida, conhece uma moça, desenvolve amizade com seu vizinho e acaba assassinando um árabe em um incidente em uma praia, tudo num fluxo com pouco sentido. Ele é preso e julgado, menos pelo assassinato e mais por supostamente não ter demonstrado sentimento no enterro da mãe. No final do romance (o clímax da peça, além do momento do assassinato), Meursault tem uma conversa com um padre e chega a agredi-lo, revoltado com sua insistência para que abandonasse seu ateísmo.
Senti menos absurdo e menos existencialismo do que quando li o romance, ainda jovem. Não sei se é porque o texto não faça hoje para mim mais tanto sentido (ou deixe de fazer), porque a peça não consiga captar a força do texto ou porque o romance realmente tenha perdido sua força, depois de tantos anos. Fique com vontade de reler o texto, para tirar essa cisma.
A interpretação de Guilherme Leme não parece falha e procura transpor o personagem para o palco, em um monólogo. Aqui é possível assisti-lo falando sobre a peça:
O estudo foi realizado em 319 escolas primárias públicas em comunidades rurais pequenas e pobres no Peru, durante os 15 primeiros meses de implementação do programa. As escolas foram divididas em 2 grupos: de tratamento (209 escolas em que o UCA foi implementado) e de controle (110 escolas que não receberam os laptops).
Houve naturalmente um aumento considerável tanto no acesso quanto no uso de computadores pelos alunos do grupo de tratamento, tanto nas escolas quanto em casa.
Entretanto, não foram encontradas evidências de que o programa tenha melhorado a aprendizagem dos alunos nem em matemática, nem em linguagem. Nessa direção, um resultado interessante do estudo foi que, apesar de os laptops virem com 200 livros, enquanto os alunos do grupo de controle possuíam apenas alguns livros em casa, não houve evidências de que o programa tenha influenciado os hábitos de leitura dos alunos.
Além disso, o programa não afetou as matrículas, nem a frequência às aulas, nem a motivação para a aprendizagem, nem o tempo dedicado ao estudo em casa.
O programa tampouco parece ter afetado a qualidade da instrução nas aulas, tendo produzido, no máximo, modestas mudanças nas práticas pedagógicas.
Como resultado positivo, o programa parece ter gerado alguns benefícios em habilidades cognitivas gerais, além de ter naturalmente desenvolvido habilidades de uso de computador.
O estudo reforça que o foco na tecnologia, associado à falta de formação adequada dos professores para a incorporação dessas tecnologias à educação, com objetivos alinhados ao currículo, não geram automaticamente resultados positivos para a aprendizagem dos alunos.
O relatório traz ainda discussões sobre uma série de outros resultados e apresenta um grande número de tabelas e dados – vale a pena dar uma olhada. Um detalhe importante: em praticamente nenhuma escola havia acesso à Internet.
Aos poucos minha programação de eventos para 2012 vai se delineando.
Em 25 de Maio, participarei do Workshop sobre Educação a Distância (EAD) – Perspectivas para o futuro no Ensino Superior no Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ.
Em 01 de Junho, em casa (no auditório da Universidade Anhembi Morumbi), darei a palestra Web 2.0 e Redes Sociais na Educação no II People.Net in Education, cujo tema geral é “Limites e Potencialidades do Uso das Redes Sociais como Plataformas de Ensino e Aprendizagem”. Participarão como palestrantes também Lúcia Santaella e José Armando Valente, cf. a Programação. A chamada para trabalhos está aberta.
De 11 a 21 de Junho coordenarei novamente a Jovaed – Jornada Virtual ABED de Educação a Distância – logo o programa estará no ar. (adiada para o segundo semestre, data a confirmar)
De 19 a 21 de Agosto gostaria de ir ao IX ESUD – Congresso Brasileiro de Ensino Superior à Distância, em Recife.
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De 23 a 26 de Setembro, estarei em São Luiz no 18 CIAED – Congresso Internacional ABED de Educação a Distância, recepcionando o Paulo Simões e participando de diversas atividades. A chamada para trabalhos também está aberta.
De 21 a 24 de Outubro gostaria de estar 35ª Reunião Anual da ANPEd – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, em Porto de Galinhas.
De 2 a 4 de Novembro estarei em Brasília para o SBGames – Simpósio Brasileiro de Games e Entretenimento Digital, do qual sou membro do Steering Committee.
Lançamentos de livros (novidades!) previstos para esses eventos!
Provavelmente ainda vão aparecer mais algumas coisas. Gostaria muito de participar do SBIE – Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, da EDUCAUSE Annual Conference (6 a 9 de novembro, Denver) e da ISTE’s Annual Conference (24 a 27 de junho, San Diego), mas acho que neste ano não vai dar.
João Mattar é Bacharel em Filosofia (PUC-SP) e Letras – Português, Francês e Inglês (USP), com Especialização em Administração (FGV-SP) e Teaching and Learning in Higher Education (Laureate International Universities), Mestrado em Educational Technology (Boise State University), Doutorado em Letras (USP) e Pós-Doutorado (Stanford University), onde foi visiting scholar (1998-1999).
É autor de diversos livros, dentre os quais: Filosofia e Ética na Administração (Saraiva), Metodologia Científica na Era da Informática (Saraiva), ABC da EaD: a educação a distância hoje (Pearson), Second Life e Web 2.0 na Educação: o potencial revolucionário das novas tecnologias (Novatec), Filosofia da Computação e da Informação (LCTE), Games em Educação: como os nativos digitais aprendem (Pearson), Introdução à Filosofia (Pearson), Guia de Educação a Distância (Cengage Learning), Tutoria e Interação em Educação a Distância (Cengage Learning) e Web 2.0 e Redes Sociais na Educação (Artesanato Educacional).
Foi professor e Coordenador de Pós-Graduação e Pesquisa do Centro Universitário Ibero-Americano (Unibero). Atualmente é professor e Coordenador do curso de pós-graduação online Inovação em Tecnologias Educacionais na Universidade Anhembi Morumbi e pesquisador e orientador de Doutorado no TIDD – Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital (PUC-SP), na linha de pesquisa Aprendizagem e Semiótica Cognitiva.
Presta consultoria, produz material didático e ministra palestras, workshops e cursos em Tecnologia Educacional e Educação a Distância.
Muitos alunos de graduação não têm ideia de como funciona a pós-graduação, como por exemplo a diferença entre lato e stricto sensu, especialização, mestrado e doutorado. Muito menos então do que significa pós-doutorado – quando meus alunos leem que fiz pós-doutorado, muitas vezes me perguntam o que isso significa.
Dei uma entrevista recente para o Instituto Ayton Senna sobre o uso de redes sociais na educação, no início da qual sou apresentado assim: “Pós-Doutor pela Stanford University (EUA).”
Coloquei ontem o link para a entrevista no meu Facebook e a Tata Brasil Rocha postou hoje o seguinte comentário:
Por favor, vamos parar com essa coisa de escrever como se pos doutorado fosse título. Pos Doutor pela Univerisdade tal… isso não existe, não é titulo. O título é doutor e fim de papo, pos doutorado é um estágio, um compartilhamente de conhecimentos com outras instituições. Ver isso escrito por jornalistas que não conhecem a carreira não tem problema, mas por nós mesmos integrantes da carreira universitária é péssimo.
Conversamos um pouco por lá, mas achei que seria interessante ampliar a conversa por aqui, não só para explicar o que significa pós-doutorado, como também para relembrar um dos momentos mais mágicos da minha vida. Faz muito tempo, aliás, que queria registrar algumas maravilhas de Stanford.
Em primeiro lugar, eu não escrevi a apresentação para a entrevista, mas ela provavelmente foi retirada do que escrevi (ou outra pessoa escreveu) há algum tempo em algum outro lugar. Faltam por lá p.ex. as extensões que fiz na USP, UC Berkeley e Stanford, o meu Mestrado em Educational Technology na Boise State University e a minha pesquisa e orientação de doutorado na PUC-SP, dentre outras coisas que poderiam constar na apresentação, como os livros que escrevi. Mas a entrevista não foi para apresentar nem defender títulos, e sim para discutir o uso de redes sociais em educação.
Fui dar uma fuçada na Internet e vi que é comum utilizar a expressão “pós-doutor”, inclusive em editais e documentos oficiais. Não me parece que haja com isso nenhuma intenção de ninguém em fazer afirmações em relação a títulos, nem é essa obviamente a minha. Mas afinal, o que caracteriza um pós-doutorado?
O pós-doutorado é, como o próprio nome diz, uma etapa posterior ao doutorado e que envolve pesquisas. Não é exatamente um curso e o formato é bastante livre, ou seja, não há normalmente a obrigação de assistir aulas. O pesquisador fica vinculado a um orientador e/ou grupo de pesquisas, compartilhando conhecimentos, como a Tata diz. Não se trata, entretanto, de um “estágio” – isso dá uma caracterização mais de mercado pré trabalho profissional.
O ideal, se depois que você terminar seu doutorado quiser fazer um pós-doutorado, é escolher uma instituição em que sejam desenvolvidas pesquisas em uma área do seu interesse, fazer contato com o grupo de pesquisa e se informar sobre quais são os procedimentos para você ser aceito como pós-doutorando. As exigências variam muito, de instituição para instituição. Há inclusive a possibilidade de conseguir bolsa, geralmente concedidas a recém-doutores.
Variam também muito, de instituição para instituição, o que você fará por lá, com que frequência frequentará a instituição e quanto tempo durará seu pós-doutoramento (em muitos casos, pode durar apenas 1 ou alguns meses).
No meu caso, morei 1 ano e meio em Stanford (1998 a 1999). Para onde você olha e anda, enxerga e tropeça em maravilhas!
Se você sobe uns 40 minutos, chega a San Francisco, e esticando um pouco passa pela UC Berkeley (a grande rival de Stanford na área, principalmente no futebol!) e o Napa Valley, onde você pode fazer um tour tomando vinhos em uma região muito bem preparada para receber turistas.
Se vai para a esquerda, pode fazer uma viagem linda pelo litoral da California, passando por cidades paradisíacas como Carmel-by-the-Sea.
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Se vai para a direita, faz uma viagem inesquecível por National Parks como o Yosemite (cf. um vídeo de 15 minutos muito legal) e o Sequoia (com árvores gigantes e milenares):
Se quiser esticar ainda +, pode passar pelo Death Valley e visitar o Zabriskie Point, para relembrar a cena clássica do filme do Antonioni, com música do Pink Floyd:
jogar em Las Vegas e conhecer o Grand Canyon. Fiz tudo isso!
Mas meu pós-doutorado não foi só turismo! Stanford aparece quase sempre entre as 3 universidades tops do mundo, nas listas das + +. É realmente uma instituição fantástica.
O campus (faça um tour virtual) é uma fazenda que foi doada por um casal:
No período em que fiz pós-doutorado em Stanford, fui também visiting scholar, um status específico. Minhas pesquisas desenvolveram-se inicialmente no Departamento de Comparative Literature, que no fundo é um grande guarda-chuva interdisciplinar, como p.ex. o Departamento de Comunicação e Semiótica na PUC-SP ou o TIDD – Tecnologias da Inteligência e Design Digital, em que oriento hoje doutorado. Tive o prazer de interagir por lá, p.ex., com o falecido e famoso filósofo norte-americano Richard Rorty, que era professor do CompLit, não do Departamento de Filosofia.
Participei p.ex. intensamente do Philosophical Reading Group, que se reunia por 2h30m toda semana para ler e discutir textos clássicos, incluindo professores e alunos de áreas distintas, como filosofia, computação, engenharia, educação, medicina etc., não apenas de Stanford, mas também de fora, como da UC Berkeley. Tivemos o prazer de debater intensamente, p.ex., alguns Diálogos de Platão, o Mal-Estar na Civilização do Freud e o Seminário A Ética da Psicanálise do Lacan. Uma experiência única!
Desenvolvi também pesquisas e atividades interessantes em outros Departamentos, como Computação e Música, que resultaram em trabalhos publicados em Periódicos e apresentados em Congressos Internacionais, e inclusive viraram livros. Esse é (ou pode ser) o clima geral de um pós-doutorado.
O pós-doutorado não implica necessariamente ter aulas, mas eu quis cursar diversas disciplinas, de pós-graduação e inclusive de graduação, para, além é claro de estudar, também conviver com diferentes alunos e conhecer mais por dentro o funcionamento pedagógico dessa incrível instituição. Fui então, durante meu pós-doutorado, também aluno de Stanford. Outra experiência única!
E cheguei também a dar aula em Stanford, substituindo uma professora.
Enfim, foi uma viagem, e até hoje participo da BSA – Brazilian Students Association, convivendo virtualmente com quem já esteve por lá – ou está agora!
Não existe, portanto, um modelo pronto para você fazer um pós-doutorado. Você pode, por exemplo, como afirma a Tata na conversa no Facebook, fazer um acordo com um departamento ou laboratório de uma instituição, ou ficar ligado a um grupo de pesquisas por poucas semanas, sem inclusive morar no local da sede da instituição, ou pode, como no meu caso, morar no campus por um longo período de tempo, depois de ser formalmente aprovado pela instituição, realizando diversos tipos de atividades. Tudo isso é abrangido pela expressão “pós-doutorado”.
O pós-doutorado é, portanto, uma fase da carreira docente posterior ao doutorado, e é inclusive às vezes uma exigência em determinados editais para contratação de professores. Se não é um “título” formal, chancelado pelo MEC, como no caso de um diploma graduação, mestrado ou doutorado, você trará da sua experiência diversas apresentações em congressos, publicações, certificados, cartas e outros documentos que têm valor legal, dependendo é claro da instituição e, principalmente, do que você tiver feito por lá. Nesse sentido, a Tata defende que não se utilize a expressão “pós-doutor”, mas “pós-doutoramento” ou “pós-doutorado” – vou seguir a sugestão dela daqui por diante. De qualquer maneira, independente da expressão utilizada, e em função justamente das características tão distintas dos programas de pós-doutorado, em um olhar mais analítico seria necessário explodir o que cada um fez no seu pós-doc, quanto tempo durou etc., o que não cabe obviamente em uma breve apresentação. Em um edital ou concurso, naturalmente a banca fará essa avaliação, portanto não vejo problema nenhum, para quem está na carreira universitária, que quem fez um pós-doutorado utilize a expressão “pós-doutor”. Não é isso o que pode induzir as pessoas a erros de interpretação. Eu uso a expressão (“pós-doutorado” a partir de agora) com muito orgulho, porque, no meu caso, não foi um simples acordo com um departamento ou laboratório por algumas semanas ou alguns meses, mas um período de 1 ano e meio essencial na minha formação, como professor e como pessoa.
De tudo o que eu trouxe de Stanford, o que guardo com mais carinho é uma carta (p. 1 e 2) que meu orientador, Hans Ulrich Gumbrecht, me enviou depois que retornei ao Brasil. Foi um prazer conviver tão intensamente com o Sepp!
Este site mantido pela Boise State University traz uma série de informações e links interessantes sobre podcasts, inclusive para uso em educação.
O iTunes é uma maravilha para pesquisa de podcasts – o download é gratuito. O tutorial Tips for Podcast Fans da Apple ajuda a localizar e ouvir podcasts na loja do iTunes.
Aqui uma série de podcasts do iTunes relacionados a Filosofia: