Em 21/09/2006 fiz o curso “Gestão Estratégica de Negócios Editoriais” com o editor J. A. Rosa na CBL – Câmara Brasileira do Livro.
Rosa apresentou inicialmente o panorama da indústria editorial no mundo. Os Estados Unidos se destacam pelo valor total do mercado, enquanto a China se destaca no número de exemplares vendidos.
Dentre as tendências mais significativas da indústria editorial, foram citadas: maturidade, entraves estruturais (como a dificuldade de acesso por causa da renda), concentração e diversidade, globalização, hipercompetição, mudanças na orientação de marketing (como p.ex. os editores cedendo lugar a executivos), aumento no número de títulos e transição digital.
Os sinais de declínio do ciclo de vida do livro seriam: vendas declinantes ou estacionadas, margens declinantes, dificuldade de conquista de novos usuários, necessidade de subsídios, migração de usuários para outras alternativas, custos elevados de produção e perda de função.
Rosa citou ameaças como: a digitalização de livros (ex. Gutenberg Project), a leitura em navegadores e a leitura em dispositivos portáteis. O livro digital, dentre outras vantagens, seria mais ecológico que o livro impresso.
A concorrência perigosa em geral vem de outros ramos, e assim foram também mencionados novos modelos editoriais, como os serviços para o autor publicar e vender diretamente seus textos on-demand, como Lulu e Edições Inteligentes.
Rosa arriscou uma previsão para o futuro do livro em função do desenvolvimento da tecnologia: o livro que dá prazer deve sobreviver, enquanto o livro de estudo deve migrar para a mídia digital.
No mercado brasileiro, percebe-se um boom de produção nos anos de 1997 e 1998, mas em seguida um declínio no número de exemplares vendidos. Percebe-se também que o PIB tem crescido mais que o número de livros produzidos, nos últimos anos.
A situação do Brasil em relação ao ciclo de vida do produto livro é curiosa, pois o livro ainda não é um produto popular, que tenha atingido um público amplo, mas já estamos vivendo a fase da mudança de tecnologia. Rosa, entretanto, prevê crescimento para o mercado de livros universitários no país.
Segundo Rosa, o mercado de livros não teria sido ainda devidamente segmentado.
A análise SWOT do mercado editorial mostra que há editoras de diferentes portes, como: grandes ligadas a grupos de mídia, grandes independentes, subsidiárias de empresas globais, nacionais familiares de porte, universitárias e similares, pequenas especializadas e pequenas generalistas. Devem ser também lembradas as entrantes do segmento de Tecnologia da Informação, as instituições semi-públicas e os autônomos.
Como clientes potenciais do mercado editorial, Rosa traçou o seguinte mapeamento de mercado:
a) Governo (federal, estadual e municipal)
b) Empresas (que podem ser segmentadas por porte, por ramo e por localização)
c) ONGs e instituições
d) Editoras (terceirizadoras e parceiras)
e) Instituições de Ensino (de grande e pequeno porte)
f) Autores
g) Bibliotecas
h) Leitores (que podem ser segmentados demográfica e psicograficamente)
Ele ainda apresentou o resultado de uma pesquisa que fez sobre os títulos best-sellers, que revela que eles em geral podem ser classificados em três áreas: dieta, auto-ajuda e sexo.
Do ponto de vista da distribuição, ele lembrou de formas alternativas de vendas de livros, como bancas, farmácias e supermercados.
Ele defendeu que a comunicação não paga funciona melhor como promoção de livros do que a comunicação paga. Nesse sentido, ele ressaltou a importância da aproximação da imprensa e dos jornalistas, dos press releases e da participação em eventos, destacando a importância da Feira de Frankfurt para o mercado editorial, realizada anualmente em Outubro na Alemanha.
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