SEMLER, Ricardo; DIMENSTEIN, Gilberto; COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Escola sem sala de aula. Campinas, SP: Papirus, 2004.
Resenha por João Mattar.
Li este livrinho, uma conversa entre os 3 autores.
A prática da educação continua a ser a mesma, com escolas orientadas pelo currículo e avaliações tradicionais, apesar do discurso libertador da pedagogia moderna.
O livro todo fala bastante da escola Lumiar, planejada por Semler. Na Lumiar, reina a democracia e a liberdade (há assembléias para definir as regras), não há aulas de 45 minutos (resquício do início do século passado, em que as crianças conseguiam prestar a atenção por 45 minutos nas aulas – hoje o tempo de concentração dos jovens varia entre 5 e 7 minutos – o tempo da TV entre os programas e os anúncios), não há salas de aula tradicionais, crianças de idades e classes sociais diferentes estão misturadas e trabalham colaborativamente, e as próprias crianças têm liberdade para participar das aulas (ou atividades) – ou não: as crianças ficam o tempo que quiserem nas aulas, os pais levam e pegam as crianças quando quiserem na escola. O livro discute também a necessidade de desprogramar os adultos para atuarem em grupo democraticamente.
Outras escolas com projetos inovadores citadas são: Sudbury Valley School e Summerhill School. Variações seriam o bairro-escola, a escola-parque, a comunidade educativa e a Cidade Escola Aprendiz.
O livro cita vários autores (John Dewey, Célestin Freinet, Howard Gardner, Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo etc.), volta à educação na Grécia e faz uma rápida varredura na história da educação (passando pelo ensino industrial desenvolvido pelos alemães), reflete sobre o público dos jornalistas e sobre a relação educação/trabalho, sobre o aprendizado sem direção possibilitado pela Internet e as expressões ‘aprender a aprender’ e ‘aprender a procurar’, sobre a repetência e a progressão continuada, sobre o tempo de retenção do currículo oficial (6,3%, para a criança norte-americana – ou seja, o sistema educacional tradicional é inoperante) e o distúrbio de déficit de atenção, sobre o número tradicional de 40 a 50 alunos em sala (porque assim o professor consegue ficar falando horas sem arrebentar a garganta), as férias de 2 meses das crianças (que vêm da época em que boa parte da população era rural, então as crianças eram utilizadas nas fazendas para as colheitas), a expectativa do professor como um super-homem etc.
“Qual o desafio da escola sem sala de aula? É romper com a turma como escala e romper com a sala de aula como espaço.” (p. 38). A educação plena só ocorre em grupos pequenos.
Em certo momento, é lançada uma interessante pergunta:
“Por que estamos repetindo um processo de educação que todos nós sabemos (pois passamos por ele) que é altamente duvidoso, de pouca retenção e de um resíduo de pouca utilidade para o resto da vida?” (p. 49).
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milena
oi