Na sexta passada, tive uma experiência mágica em sala de aula, na Universidade Anhembi Morumbi.
Em várias classes propus uma atividade baseada numa passagem de um artigo do filósofo francês Pierre Livet, uma comparação complexa entre o processo de revisão de nossos hábitos e uma paisagem com montanhas. Como interpretação do texto, os alunos tinham que produzir desenhos.
A proposta funcionou muito bem em todas as turmas, mas particularmente em uma, na sexta-feira de manhã, com a qual tenho uma identificação muito forte.
Tudo saiu perfeito naquele dia – os grupos se envolveram intensamente com a atividade, e um, particularmente, de maneira ainda mais intensa. As alunas me perguntaram onde conseguiam lápis de cor na universidade, mas eu não sabia. Então, elas simplesmente desceram e compraram lápis de cor na livraria, por iniciativa própria! Aí produziram um trabalho que ficou um show, com página 1 e 2, desenhos que demonstravam profunda compreensão do texto, letras especiais para as frases etc. O horário do final da aula chegou, mas elas ficaram mais uns 20 minutos na sala, até terminarem, e ainda fizeram um capa. E não era prova, era uma atividade normal, de sala de aula – uma aula de 1 hora e pouco.
Para completar a magia, por pura coincidência eu tinha uma câmera na sala, e acabei filmando o final da atividade (pena que não tive a idéia de começar antes, pegando todos os grupos). Este é um exemplo muito claro de que os alunos de hoje não são passivos, como nós, professores, gostamos de proclamar por aí.
A magia envolveu diversas variáveis: a identificação entre o professor e a turma; uma classe balanceada e interessada; grupos coesos; um grupo que particularmente se envolveu de uma maneira especial com a atividade; um texto maravilhoso e instigante; uma atividade interessante e bem planejada; e alguns pontos mais espirituais, como o fato de eu ter uma câmera naquele momento, em sala.
Já passei o trabalho escaneado, e o vídeo, para o Pierre Livet comentar, lá de Paris! Ainda espero ter tempo para editá-lo melhor, inclusive com os depoimentos das alunas, meu, de uma professora que passou pela sala e percebeu o clima de envolvimento dos alunos com a atividade, e quem sabe do próprio Livet.
Se vocês notaram, no início as alunas perceberam que estavam sendo filmadas, mas estavam tão envolvidas com a atividade, em um estado de puro fluxo, que continuaram praticamente sem se sentirem muito incomodadas com a filmagem – que não foi programada, ignorando a câmera.
Se gostaram, usem o vídeo como um exemplo de uma constatação simples e direta: não são os alunos que são passivos – nós é que precisamos modificar nossa maneira de ensinar!
Somente professores “MÁGICOS” como você conseguiriam fazer isso JOÃO !! Professores que são verdadeiros MESTRES “camuflados” que somente tentam não mostrar a sua grandeza, para não intimidar os alunos e seus colegas …
Tenho orgulho de ter um colega de magistério “lutando” com todas as técnicas possíveis para não apagar a chama da sabedoria !!
E se você JOÃO achar que estou exagerando, ou não estou sendo sincero, os “fatos” revelam tudo isso …
Que eu tenha oportunidade de ter outros colegas igual a você no meu caminho !! Alivia a minha dor ao tropeçar em algumas pedras nessa trajetória de vida …
Bom dia mestre,
Concordo contigo, a passividade não esta nos alunos, a passividade esta em nós e aos poucos eles vão incorporando-a como resposta (ou seria protesto) pelas condições em que, com que, para que, e sei mais o que, lecionamos.
Congratulations!
que lindo… a percepção é tudo. as vezes falta isso para o professor, na minha opinião, perceber o potencial de momentos mágicos como esse.. e não deixa-los passar em branco. parabéns, e parabéns aos seus alunos, pela ação, ativa, de aprender.
Grande Mestre dos Magos!
Realmente, ler sobre esta sua experiência me fez muito bem, principalmente num momento em que questiono minha atividade como professor. Não tenho conseguido atingir as metas que gostaria, mas acabei de perceber, com a tua experiência, que deixei de usar meus bruxedos em sala de aula para tentar ser mais cartesiano. Pura balela! Tenho mesmo é que ficar brandindo a varinha mágica para que os coelhos pulem das cartolas alheias… eheheheh!
Obrigado pelo exemplo. E espero vê-lo em breve!
Abração do amigo,
Archanjo 0:)
Pois é, Marcos, há realmente um componente espiritual nisso tudo. Apesar de uma relação muito legal com a classe, isso não se repete sempre. Naquele dia, os bruxos estavam mesmo soltos…
Meu caro João,
Quanto tempo, hein? Fico feliz em ver seu envolvimento e dedicação de sempre produzindo o envolvimento dos alunos. Fraterno abraço
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