Substituí alguns professores nesta semana, na aplicação de provas, e refleti um pouco sobre as provas sem consulta.
Um dos problemas que enfrentamos no ensino superior, não apenas no Brasil, é a distância entre a academia e o mundo real.
Quando um profissional fará uma prova sem consulta?
Eu não dou prova sem consulta. Minhas provas (que estou cada vez mais abandonando) são sempre com consulta ao que o aluno quiser (livros, artigos, notebooks, Internet etc.). As respostas, é claro, não estão em nenhum lugar – têm que ser construídas pelos alunos.
Mas cada vez acredito menos em provas. Tenho mais e mais proposto atividades de construção dos alunos, e que fiquem registradas para um público mais amplo que o professor e os envelopes que vão para o arquivo morto da instituição. Neste semestre, por exemplo, propus aos meus alunos o desenvolvimento de vídeos, que logo disponibilizarei por aqui.
um professor que realiza uma BOA PERGUNTA, não corre o risco do seu aluno jogar no google e encontrar a resposta…
além de ensinar os alunos a raciocinarem e a pensarem criticamente, o professor precisa aprender a questionar, provocar.. e PERGUNTAR! caso contrário.. não terá argumentos para dizer que o que o aluno escreveu é cópia.. afinal.. a roda já foi inventada, para que fingir que não está ali?
nao gosto muito de usar o termo “o professor precisa” … li o meu comentário e fiquei pensando… então… precisamos OU é preciso OU seria interessante OU é bom rever a questão da pergunta…
sei lá!
Prof João Mattar
Na minha época de acadêmico, tive um professor que somente aplicava provas com consultas. Inicialmente ficamos todos alegres ( inocência de calouro ), pois achávamos que seria bem fácil, doce ilusão. As provas de consulta exigiam muito mais de nós e realmente somente aqueles que se dedicavam conseguiam boas notas. Tal método elimina o efeito “decoreba”, aquele aluno que apenas decora o assunto da prova e no dia seguinte não lembra de nada mais.
Abraços.
Att,
Jurandir Rafael.
Concordo com você, provas com consulta é difícil sim…
E não desmerece o ensino aplicado ou é rebaixado. Trabalhos acadêmicos quando fazemos, aquilo, aquele conteúdo fixa na mente, ficamos dias lembrando aquilo, depois de meses continuamos a lembrar, defendo que o trabalho proposto é melhor, que prova. Induz o alugo a trabalhar realmente a mente, e não apenas decorar naquele momento…
Leandro
Prof. Mattar!
Engraçado que esta obviedade não toque a Escola. No mundo real, todos mundo consulta! O professor consulta para preparar sua prova (com ou sem consulta), então por que diabos uma prova sem consulta (como nos tempos medievais!).
Eu aplico provas sem consulta por uma exigência do departamento de física… ao qual estou subordinado. Mas acho uma das várias coisas obsoletas na escola atual!
Concordo…
Leandro
Eu não sou a favor de provas om consultas.
Perdi vários colegas na faculdade, pois desistiram do curso pq todos os professores só avaliavam através de provas com consultas…
Também não sou a favor da decoreba…Por isso acho que as preovas não devem ser o meio únio de avaliação e nem ter um alto peso. Na minha opinião, como já foi dito, os professores tem que saber questionar, provocar…Se a aula foi bem dada, o aluno não precisará de consulta para saber expor o que sabe sobre o assunto.
Nyna, não entendi direito, você perdeu colegas na faculdade por causa de provas com consulta? Dá para explicar isso melhor?
Eu concordo.
Como aluna, acredito que as provas sem consulta exigem de nós uma capacidade de “decorar” a matéria. É certo que o método que utilizo para estudar minimiza um pouco deste efeito de decorar, porque me encanto com o que leio e aprendo, então não se torna tão chato e repetitivo, entretanto, acredito que provas com consulta também não são a solução, pois, o aluno que frequenta as aulas regularmente mas não entende direito o conteúdo, poderá consultar seu material e com um pouco de raciocinio saberá fazer a prova, ou as vezes em muitos casos, os professores aproveitam que a prova é com consulta e colocam questões que nunca discutiram em aula na prova para saber se um “milagre” faz com que consigamos fazer a prova. Acho que o melhor meio de avaliar os alunos é dando exercicios todas as aulas, para entregar valendo pontos. Ao final do semestre pode-se aplicar uma prova sim, mas de peso igual a soma de todos os exercicios realizados durante o semestre.
Natalia, o problema é que poucas vezes (ou nunca) você terá que fazer provas sem consulta na sua vida profissional, no fundo nem exercícios. Você terá que criar, resolver situações complicadas, tomar decisões etc. – e é isso que temos que tentar reproduzir nas nossas avaliações, para não continuar a sustentar o abismo entre a academia e o mercado profissional.
Essa semana fui muito criticada pela coordenadora da escola por ter aplicado as provas de História e Geografia com consulta, aos meus alunos do 5º ano do Ensino Fundamental I. Meu objetivo era apenas sair da rotina das provas tradicionais, motivando o aluno a buscar informações e interpretar coerentemente cada questão. Nessa idade eles ainda não tem malícia, encararam a novidade como “facilidade” de encontrar respostas e acertar tudo, o que absolutamente não ocorreu, alguns acharam até mais difícil depender de si próprio e enfrentar esse novo desafio. Achei o resultado positivo, pena que não poderei repetir a dose. Mesmo assim, gostaria de saber a opinião de outros profissionais, por isso registrei o fato nessa página. Aguardo respostas e desde já agradeço a atenção de todos.
Débora, eu não dou prova sem consulta há muitos anos. Para falar a verdade, eu não dou mais provas há muito tempo, mas quando ainda dava, durante um bom tempo foram com consulta. Nossos alunos não terão “provas” no resto das suas vidas, a menos que prestem concurso para fiscal. Terão sim que, com consulta, resolver desafios complexos. Então, acho que você está 100% certa. Mas o sistema, irracionalmente, joga contra.
Leciono Física para cursos de graduação de engenharias e ciências. Antes de lecionar para o curso de Bacharelado em Ciências e Tecnologia (UFRN) avaliei várias turmas com provas com consulta. Os resultados foram excelentes: 1) Alunos mais motivados com a aprendizagem; 2) Maior dedicação dos alunos aos estudos; 3) Menor índice de reprovação. Neste semestre estou me animando para voltar a avaliar desta maneira, apesar da pressão que vários colegas tem exercido contra as minhas experiências de ensino e avaliação. Mas, “antes pato que gato-sapato”.
Sou professor de História e não percebo como construtivo aplicar provas sem consulta e individual, pois, além de reproduzir um comportamento competitivo incentiva o conhecimento descartável(decoreba). Percebo a prova com consulta e em dupla ou trio como mais uma aula, onde os alunos podem debater as questões entre si e ter mais uma vez contato com o assunto abordado pelo professor e como consequência o pavor da “prova” é substituído pela tranquilidade do desenvolvimento cognitivo participativo. O objetivo então, não é mais atormentar o aluno com a falácia repetida nas instituições de ensino; ” estudar para a prova e sim, construir o conhecimento e despertar o interesse do aluno.