Medeia (Medea) – Pier Paolo Pasolini

Ontem assisti em DVD Medeia (Medea), com roteiro e direção de Pier Paolo Pasolini

Atenção: escrevo posts para refletir sobre filmes sem me preocupar em esconder o final. Portanto, se você não assistiu a este filme mas algum dia pretende assisti-lo, sugiro que pare de ler e só volte aqui depois, senão este post poderá acabar funcionando como um spoiler!

Atores: Maria Callas (Medeia), Guiseppe Gentili (Jasão), Laurent Terzieff (centauro), Margarethe Clementi (Gláucia), Massimo Girotti, Paul Jabor, Vladimir Julukhadze, Udo Kier, Gerard Weiss, Luigi Barbini, Paul Jabara, Anna Maria Chio
Produção: Franco Rossellini
Fotografia (belíssima): Ennio Guarnieri
Edição: Nino Baragli
Desenho de Produção: Dante Ferretti
Direção de Arte: Nicola Tamburro
Figurino: Piero Tosi
Idioma: Italiano
Ano de produção: 1969
Países de produção: Itália, Alemanha, França,
Duração 110 min.
Colorido

Na tragédia de Eurípedes, Medeia mata seu irmão e foge com Jasão, que depois a troca pela filha do rei de Corinto, Gláucia. Traída, Medeia mata seus filhos com Jasão e envia de presente para Gláucia um manto, que pega fogo quando é vestido, matando-a.

Em seu único papel no cinema, a cantora lírica Maria Callas (que não canta no filme) representa Medeia. Sua face impressionante é registrada em vários closes durante o filme.

É possível assistir no YouTube a 2 entrevistas com Callas falando sobre o filme:

O filme de Pasolini é uma releitura da tragédia grega, apresentando o confronto entre o mundo arcaico e racional, entre o inconsciente e o consciente. O ritmo é lento assim como a incômoda trilha sonora, bárbara e tribal.

A primeira parte do filme, praticamente sem diálogos, inicia-se com o discurso do centauro e apresenta eventos anteriores à tragédia de Eurípedes: os rituais e sacrifícios bárbaros em Colchis (terra de Medeia), a educação de Jasão e sua viagem até Colchis, onde, com a ajuda de Medeia e do irmão dela, consegue roubar o velocino de ouro. Perseguidos pelo pai de Jasão, Medeia mata o irmão e foge com Jasão.

A segunda parte do filme, que passa a acompanhar a tragédia de Eurípedes, começa com a reaparição do centauro – na verdade agora 2, um deles representado pela figura de um homem.

Estamos na passagem da barbárie para a civilização. Na terra de Jasão, Medeia deixa de ser primitiva e se transforma numa esposa grega tradicional, governada agora pela ordem.

Jasão, que tem 2 filhos com Medeia, abandona-a para ficar com a princesa de Corinto, Gláucia, filha do rei Creonte. Traída, Medeia planeja então sua vingança, enviando uma veste de presente para Gláucia.

No filme, há 2 versões para a morte de Gláucia e seu pai, tão parecidas no início que me fizeram até conferir se eu não tinha apertado uma tecla por engano no controle! Na primeira versão, quando Gláucia veste o manto, pega fogo e morre com o pai, que tenta ajudá-la. Na segunda versão, os dois se jogam de um penhasco.

As cenas finais, em que Gláucia e o pai se suicidam, Medeia mata os filhos e discute duramente com Jasão, impedindo-o de velar os corpos, são maravilhosas, imperdíveis:

É possível assistir ao filme inteiro no YouTube (playlist com 10 vídeos):

É um daqueles filmes em que o conhecimento da tragédia, na qual ele está baseado, ajudam na compreensão e na fruição. Para quem se interessar, Massimo Canevacci faz uma análise do filme em Antropologia da comunicação visual.

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