Analisando os Aprendizes

BROWN, Abbie; GREEN, Timothy D. The essentials of instructional design: connecting fundamental principles with process and practice. Upper Saddle River, NJ: Pearson Prentice Hall, 2006. Chapter 7. Analyzing the Learners (p. 120-139).

Os autores apontam uma diferença interessante entre audiência encarcerada (captive audience) e voluntários predispostos (willing volunteers). No primeiro caso, temos pessoas obrigadas a fazer o curso (alunos no ensino fundamental e médio, por exemplo); no segundo caso, temos alunos supostamente mais motivados a estudar, já que escolheram fazer o curso. É importante identificar se temos uma audiência encarcerada ou voluntários predispostos como nossos alunos, pois as posturas e motivações de cada grupo tendem a ser totalmente diferentes em relação ao estudo.

Brown e Green fazem então uma revisão de vários métodos de análise dos aprendizes.

Robert F. Mager sugere analisar e articular os seguintes dados sobre a audiência-alvo: idade; sexo; formação educacional; razões para fazer o curso; atitudes em relação a frequência/acompanhamento do curso; inclinações, preconceitos e crenças; hobbies típicos e outras atividades em tempo livre; interesses na vida além dos hobbies; gratificações e recompensas que seriam efetivas; características físicas; habilidades de leitura; terminologia ou tópicos a serem evitados; filiação a organizações; e pré-requisitos e habilidades de entrada específicos já aprendidos.

Heinich, Molenda, Russell e Smaldino sugerem que a análise dos aprendizes seja focada em três aspectos da audiência-alvo: características gerais (demográficas, culturais, valores e experiência prévia com o conteúdo a ser coberto), competências de entrada específicas (necessárias para os aprendizes obterem sucesso com a instrução) e estilos de aprendizagem (num sentido amplo, incluindo inteligências múltiplas do Howard Gardner e estilos da mente do Anthony Gregorc).

Dick, Carey e Carey (The Systematic Design of Instruction) consideram os seguintes fatores informações úteis sobre a população-alvo: comportamentos de entrada (similares às competências de entrada específicas de Heinich et al); conhecimento prévio na área do tema; atitudes em relação ao conteúdo e ao sistema de entrega potencial; motivação acadêmica; níveis de habilidade e educacionais; preferências gerais de aprendizagem; atitudes em relação à organização oferecendo a instrução; e características do grupo.

Smith e Ragan (Instructional Design) sugerem as seguintes categorias para analisar os aprendizes em relação a suas similaridades e diferenças estáveis e em mutação: similaridades estáveis, diferenças estáveis, similaridades em mutação e diferença em mutação.

Finalmente, Morrison, Ross e Kemp propõem abordar a análise dos aprendizes criando uma lista das seguintes características pessoais e sociais: idade e nível de maturidade; motivação e atitude em relação ao tema; expectativas e aspirações vocacionais (quando apropriado); experiência prévia ou atual de emprego e trabalho (se houver alguma); talentos especiais; destreza mecânica; habilidade para trabalhar sob condições ambientais diversas, como barulho, condições de clima rigorosas (para quem trabalha externo) ou altas elevações.

É importante criar um documento de trabalho útil que descreva a audiência-alvo, para o que Brown e Green dão algumas sugestões. Além disso, é também importante comparar os resultados da análise com os alunos que efetivamente participam do curso. Uma questão interessante, que o texto não explora, é como conduzir a análise antes de termos acesso a nosso público? É possível fazer a análise com um público que supostamente tenha características semelhantes ao esperado, mas nesse caso a análise posterior realizada com os alunos reais torna-se ainda mais importante.

Referências

(citadas por Brown e Green sem link)

Mager, R. F. (1997). Making instruction work, or skillbloomers. (2nd ed.). Atlanta, GA: Center for Effective Performance.

Heinich, R., Molenda, M., Russell, J., & Smaldino, S. (2002). Instructional media and technologies for learning (7th ed.). Upper Saddle River, NJ: Merrill/Prentice Hall.

Morrison, G. R., Ross, S. M., & Kemp, J. E. (2004). Designing effective instruction (4th ed.). New York: Wiley.

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5 respostas a Analisando os Aprendizes

  1. T disse:

    acho que vc andou a ler o que ando a escrever!! como pode?!

  2. T disse:

    Prof. por favor, gostei muito destes autores citados, obrigado.

    Mas e o nome do livro deste autor?Robert F. Mager..
    E deste?Heinich, Molenda, Russell e Smaldino
    Também são dedicados ao DI?
    agradeço antecipadamente

  3. João Mattar disse:

    Referências acrescentadas no post, no final ou em hiperlink (quando já fiz comentários ou resenhas por aqui).

  4. T disse:

    ops! desculpe. mas já encontrei, obrigado.

  5. T disse:

    Eis aí um ponto nebuloso, recebemos alunos onde as informações não chegam as nossas mãos… Exemplo: para entender as causas de uma mA digitação em trabalhos, ou formatação de textos, descobri que um dos meus alunos era caolho por acidente….
    Gostei muito do Mager.

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