CARTA ABERTA AO SENADO FEDERAL EM REPÚDIO À DECLARAÇÃO PRECONCEITUOSA DO SR. CLAUDIO DE MOURA CASTRO
Brasil, 28 de outubro de 2013.
As entidades e os movimentos da sociedade civil que participam dos debates para a construção do novo Plano Nacional de Educação (PNE), desde a I Conae (Conferência Nacional de Educação, 2010), manifestam seu repúdio e exigem retratação pública à “proposição” desrespeitosa apresentada pelo Sr. Claudio de Moura Castro, em audiência pública realizada no dia 22 de outubro de 2013, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal.
Na ocasião, buscando reforçar seu argumento de que o PNE é inconsistente devido à participação da sociedade civil, o referido expositor sugeriu, em tom de deboche, que sua proposta ao plano seria oferecer “um bônus para as ‘caboclinhas’ de Pernambuco e do Ceará se casarem com os engenheiros estrangeiros, porque aí eles ficam e aumenta o capital humano no Brasil, aumenta a nossa oferta de engenheiros” (sic).
Preconceituosa, a “proposição” é inadmissivelmente machista e discriminatória. Constitui-se em uma ofensa às mulheres e à educação brasileira, inclusive sugerindo a subjugação das mesmas por estrangeiros. Além disso, manifesta um preconceito regional e racial inaceitável, especialmente em uma sociedade democrática. Entendemos que a diversidade de opiniões não pode significar, de forma alguma, o desrespeito a qualquer pessoa ou grupo social.
Compreendemos, ainda, que tal manifestação representa um desrespeito ao próprio Senado Federal, como Casa Legislativa que deve ser dedicada ao profícuo debate democrático, pautado pela ética e pelo compromisso político, orientado pelos princípios da Constituição Federal de 1988 e de convenções internacionais de Direitos Humanos. A elaboração do PNE, demandado pelo Art. 214 da Carta Magna, não deve ceder à galhofa, muito menos quando preconceituosa.
Por esta razão, os signatários desta Carta esperam contar com o compromisso dos parlamentares e das parlamentares em contestar esse tipo de manifestação ofensiva aos brasileiros e às brasileiras. Nesse sentido, esperamos as devidas escusas do Sr. Claudio de Moura Castro, que com seus comentários discriminatórios desrespeitou profundamente nossa democracia e a sociedade.
Movimentos e entidades signatárias (por ordem alfabética):
Abong (Associação Brasileira de ONGs);
ABdC (Associação Brasileira de Currículo);
Ação Educativa – Assessoria, Pesquisa e Informação;
ActionAid Brasil;
Aliança pela Infância;
Anfope (Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação);
Anpae/DF (Associação Nacional de Política e Administração da Educação – Distrito Federal);
Anped (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação);
Assopaes (Associação de Pais de Alunos do Espírito Santo);
Auçuba Comunicação Educação;
Campanha Nacional pelo Direito à Educação;
CCLF-PE (Centro de Cultura Luiz Freire – Pernambuco);
Cedeca-CE (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará);
Cedes (Centro de Estudos Educação e Sociedade);
Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária);
CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação);
Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino);
Escola de Gente – Comunicação e Inclusão;
Fineduca (Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação);
Flacso Brasil (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais);
Fojupe (Fórum das Juventudes de Pernambuco);
FOMEJA (Fórum Mineiro de Educação de Jovens e Adultos);
Fóruns de Educação de Jovens e Adultos do Brasil;
Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente;
Geledés – Instituto da Mulher Negra;
Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos);
IPF (Instituto Paulo Freire);
Mieib (Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil);
Mova Brasil (Movimentos de Alfabetização de Jovens e Adultos do Brasil);
Movimento Mulheres em Luta do Ceará;
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra);
Omep/Brasil/RS – Novo Hamburgo (Organização Mundial Para Educação Pré-Escolar);
RedEstrado (Rede Latino-americana de Estudos Sobre Trabalho Docente);
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos;
UNE (União Nacional dos Estudantes);
Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação);
Unipop (Instituto Universidade Popular)”.
Assino também
João Mattar
Inaceitável e patético! É preciso que, aliás eu diria que é mesmo necessário que, formadores de opiniões, como figuras públicas, políticos, jornalistas,professores(as), dentre outros, tenham mais atenção ao que falam…as consequências são por vezes irreparáveis e aprendi com a vida que, muito do que se diz em tom de brincadeira, já havia sido muito seriamente pensado!!! Que fala mais desnecessária!
Assino,
Deise Choti
Tentei ler as 20 metas do pne, mas acho que vou voltar aos bancos esclares porque parte delas para mim são ininteligíveis e ofensivas ao bom senso tal qual a caboclinha. O prof. Moura e Castro exagerou, mas qlq um que tenha dedicado parte da vida ao oficio de educador e percebe os absurdos q acontecem na camara e no senado quando o assunto é educação tem vontade de falar merd ……….
Nada justifica a fala q soou muito oreconceituosa. De resto, e isso mesmo. Nosso PNE serve de folder pra ser enviado pros lugares q adoram politicas publicas so pra colecao de baboseira.
Tou mesmo um homem público se prestar a comentário idiota como esse, típico da ignorância, quando se propõe a ser educador?!! Educador de m…, isso sim!!
É isso que a sociedade omissa merece, tem entregue as posições estratégicas a pseudo-líderes sem princípios éticos.
Lamentável…
É impressionante o tempo que se gasta com assuntos que não agregam valores a nossa sociedade. Isto sim, podemos dizer, “dinheiro perdido”.
É necessário intensificar as políticas que envolvem a educação, incentivar o campo de pesquisas, valorizar os profissionais envolvidos nesta área, melhorar as estruturas físicas, enfim, oferecer o mínimo necessário para que ensino seja transmitido de forma consistente aos que buscam por acreditar que através dele poderá ter um futuro melhor.
O contrário do que deveria acontecer!!!!
Muito interessante a abordagem, concordo com a Ednalva até mesmo porque incentivo na educação reflete, de certa maneira, em profissionais mais bem preparados (a exemplo da mídia)
Prezado João Mattar,
Comungo com a mesma opinião sua!!!
Também considero um absurdo a declaração do Sr. Cláudio de Moura Castro. Nós professores, comprometidos com a seriedade da Educação no nosso país, não podemos admitir uma declaração desrespeitosa como esta. Além de desrespeitar a mulher brasileira como já comentado por você, denigre a nossa capacidade indiscutível de formar engenheiros competentes para auxiliar na construção da nossa nação.
Venho fazer a defesa da capacidade das nossas instituições de ensino em formar profissionais competentes.
Não estou de forma alguma desvalorizando os estrangeiros, que são bem vindos, como sempre foram em nosso país e ajudam a construir este nosso Brasil.
Mas venho afirmar que temos, e muitos, profissionais bem formados em nossas escolas, não dependendo de mão-de-obra especializada do exterior.
Sandro Ilídio