Vem sendo utilizada a expressão Next Generation Digital Learning Environment (NGDLE) para se referir a uma visão do Ambiente de Aprendizagem Digital de Nova Geração. Algo está no ar!
Em 2014, a Educause publicou um estudo com perspectivas de professores e alunos sobre Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs). Participaram da pesquisa quase 800 instituições, mais de 17.000 professores e mais de 75.000 alunos. Entre as conclusões: poucos professores e alunos usam os recursos avançados dos AVAS; professores e alunos acreditam que poderiam render mais se fossem mais hábeis no uso dos AVAs; o letramento digital dos alunos não é transferido para tecnologias e aplicações como AVAs; e o acesso por dispositivos móveis tem sido cada vez maior. Os AVAs do futuro deveriam ser mais amigáveis, personalizados, customizáveis, adaptativos, intuitivos, integrados e projetados para contribuir para a aprendizagem dos alunos. Os professores desejam ser mais capacitados a como usar AVAs, e professores e alunos esperam mais recursos de colaboração e envolvimento. Esta é a figura representando a participação de mercado dos LMSs apresentada no estudo.
Em 2015, a Educause publicou um relatório de pesquisa com mais de 70 formadores de opinião que explorou as lacunas entre os AVAs atuais e um ambiente digital de aprendizagem que pudesse responder às crescentes necessidades da educação superior. Suas características principais seriam: interoperabilidade; personalização; analytics, orientação e avaliação de aprendizagem; colaboração; e acessibilidade e design universal. O relatório apresenta vários exemplos de experiências que estariam caminhando nessa direção.
Como, entretanto, provavelmente uma aplicação individual não possa oferecer todas essas características, o relatório recomenda uma abordagem “Lego” para o NGDLE, em que seus componentes sejam combinados para que indivíduos e instituições possam construir ambientes virtuais adequados a suas necessidades e a seus objetivos.
A Educause Review publicou recentemente diversos artigos sobre o tema. The Academic Library and the Promise of NGDLE explora as relações das bibliotecas com LMSs; LearningOS: The Now Generation Digital Learning Environment apresenta o sistema LearningOS http://learningos.org/; Tearing Down Walls to Deliver on the Promise of Edtech explora o campo da tecnologia educacional; International Perspectives on Next Generation Digital Learning Environments discute a necessidade de os NGDLEs serem adequados a novas metodologias e à aprendizagem ao longo da vida, além do progresso da tecnologia; e What Is the Next Generation? procura olhar para o futuro.
E o Horizon Report > 2017 Higher Education Edition aponta os LMSs de nova geração como um dos desenvolvimentos importantes em tecnologia educacional para a educação superior, em um tempo de horizonte de adoção de dois a três anos. Referem-se ao desenvolvimento de espaços mais flexíveis que suportem personalização, atendam a padrões de design universal e desempenhem um papel mais amplo em avaliação de aprendizagem formativa. Tendem também ser uma combinação de sistemas e aplicações. As marcas atuais seriam Canvas, Blackboard, Moodle, Edmodo, Desire2Learn e Sakai, mas o desenvolvimento dos MOOCs, a partir de 2011, deu origem a alternativas, e mais professores e alunos têm utilizado ferramentas como Google Apps, WordPress, Slack e iTunes U. Alguns desenvolvimentos que passam a ser adotados são: gamificação, aprendizagem adaptativa e REAs. A tendência é que os LMSs deixem de ser ferramentas administrativas para se tornarem apoiadores da aprendizagem. Como sempre, o Horizon Report apresenta vários exemplos.
Enfim, essa conversa continua por aqui!
Gostaria de compartilhar minha experiencia.
Faço um curso presencial que contem como apoio a plataforma AVA do moodle, porém a interface utilizada pela instituição da Universidade é contra-intuitiva. Muitos alunos tem aversão a utilização, eu nunca tive problemas.
Acho q falta uma adaptação a ferramenta, um momento real de apresentação e utilização que não é dado, e contas com problemas se arrastam ao longo do curso chegando em períodos avançadas da formação e ainda há turmas com alunos com problemas.
Muitos preferem que as tarefas sejam enviadas por email e isso quebra a interação em fóruns e outras atividades proporcionadas pela plataforma. Como resultado, atualmente as aulas estão paradas e o calendário acadêmico congelado por entre outros problemas a falta de familiarização do ambiente.
O analfabetismo digital tem sido um forte oponente em dias atuais nos mais diversos contextos educacionais dentro da modalidade da EAD como um todo. Mais do que propor um envolvimento com tais tecnologias, penso ser necessário um trabalho de conscientização em meio ao processo de transição para tais tecnologia que se tem enfrentado no mundo contemporâneo. A importância de se propagar a necessidade do envolvimento com questões tecnológicas, a importância de incentivar cada vez mais cedo o envolvimento de crianças neste ambiente, necessidade de se propor formações continuadas para os docentes e discentes inseridos em tal modalidade nas.mais diversas instituições, etc. Muitas pessoas foram pegas de surpresa dentro da conjuntura atual com as medidas de enfrentamento à pandemia do Covid-19, sobretudo com a exigência do isolamento social. Muitas pessoas, sobretudo profissionais educacionais. Geralmente profissionais que resitiam ao máximo o envolvimento com tais adventos tecnológicos. Muitos estão tendo que aprender às duras penas. Talvez se já viessem abrindo espaço para tais questões, a adaptação seria bem mais maleável.
A proposta presente no texto acima, de um AVA mais amigo e compreensível, que atenda às exigências dos dias atuais e que facilite o aprendizado por meio de dispositivos móveis, não pode ser confundida com um convite à zona de conforto de profissionais da educação e estudantes. Mas sim um convite a vencer as barreiras desta zona de conforto rompendo cada vez mais os tentáculos do iletramento digital.