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Esta foto tirei em Julho de 2006 no Pantanal, de uma vaca (boi ou touro, sei lá) atolada no rio Cuiabá.
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Como era de outra fazenda, não podíamos mexer nela. Além disso, precisaria de muita gente para levantá-la, cabo, e ela já parecia conformada com a morte, estava fraca e nem se mexia muito. O olhar dela diz alguma coisa?
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Ela olhava para a gente, no barco, mas praticamente não se mexia.
Eu sentia um olhar de tristeza mas já conformado.
O que vocês sentem?
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O querido professor Adalberto tinha me respondido, em outro lugar:
“Eu sinto abandono, desamparo, solidão, melancolia, falta de qualquer sentido, impermanência inexorável, a volta pra onde eu vim que desconheço, gosto de terra a me sufocar, apego à vida, dor doída, que por mais que viva ante a eternidade será sempre uma equação indefinida, que igual à vaca só me sobrarão ossos, que não deixo lembranças, nem as levo, que eu queria voar como Ícaro, em compensação não haverá nenhum corvo degustando minha chuleta.”
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No romance do José Saramago, “As Intermitências da Morte”, as pessoas passam a ser avisadas pelo correio de que morrerão em uma semana. As reações das pessoas são as mais diferentes possíveis: algumas partem para as orgias, outras tentam o suicídio, outras preparam os testamentos etc., mas parece que uma dificuldade comum é dizer adeus aos queridos.
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Dizer adeus, quando se está perto da morte, é difícil tanto para a pessoa que vai morrer quanto para os familiares. Parece que temos uma tendência de adiar este adeus até os últimos momentos, ou mesmo de evitá-lo. Talvez até porque dizer adeus não deixaria de ser uma aceitação da eutanásia.
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Em nossa sociedade, a morte tornou-se praticamente um tabu: não se deve falar muito sobre ela, os rituais de luto são rápidos, quem fica de luto por muito tempo passa a ser segregado (já está na hora de você superar isso) etc.
Aliás, estou terminando de ler A História da Morte no Ocidente, logo coloco uma resenha por aqui.
Por que a morte é feminino, em diversas línguas?
Por que a filosofia aborda tão pouco o tema?
Existe vide após a morte? Como será?
Muitas vezes a morte é consequencia da omissão. O olhar do animal reflete a descrença e a tristeza de saber ser ignorada sua necessidade de ajuda.
Pobre animal! Pobre ser humano!
Sabe, eu estava no barco como cliente, mas insisti muito para voltarmos com alguns homens e um cabo e salvar o animal. Quando chegamos no hotel, houve um movimento nesse sentido, mas não havia cabo e os donos do hotel insistiram que não se podia tocar nela, pois qualquer coisa que acontecesse eles poderiam ser processados pela fazenda vizinha. Eles disseram que iriam tentar entrar em contato com a fazenda vizinha, para avisá-los para que pudessem tentar salvá-la. Não senti muita firmeza, então realmente não sei o que aconteceu.
NÃO CUSTAVA NADA SE ELES AJUDASSE ESSE ANIMAL, QUE GENTE RUIM SABENDO QUE ESSE ANIMAL ESTAVA MUITO TEMPO ATOLADA E EMAGRESSENDO SEM PODER SE ALIMENTAR :(
QUE TRISTE
Quezia, eu também achei isso, tanto que quando voltamos do passeio de barco me mobilizei para pegarmos um cabo, convocar várias pessoas e voltarmos ao local. Entretanto, a administração do hotel disse que não poderíamos fazer isso, pois qualquer coisa que acontecesse ao animal seria responsabilidade do hotel, que então teria que pagar. O que eles fizeram foi avisar o dono do animal, a fazenda à qual ele pertencia. Talvez eles tenham ido lá ajudá-lo, se é que ainda era possível fazer alguma coisa. Infelizmente, fiquei sem saber o final da história.
Penso, que a morte é uma grande espera. Assim, como a vaga esperava a morte chegar. Sócrates, também o esperava ao bebeu veneno chamado cicuta na época de sua condenação a morte, na tentativa de desafiar a morte ou melhor as autoridades da época e apelar para os deuses superiores como sinal do seu destino final. O olhar da vaga era um olhar de espera e de desafio dizendo a todos, que contra a morte só nos resta esperar se for possível?
Esta cena lembrou-me aquela criança africana com uma abutre a sua espreita esperando a hora da morte. Você me pareceu como ele que acredita que o registro da cena é mais importante que o salvamento de uma vida.
Ana Paula, eu já expliquei acima o que aconteceu, acho que você não leu. Passamos por ela de barquinho e, na volta, apesar de eu ter insistido e de termos iniciado um movimento para salvá-la, veio uma ordem de que não podíamos fazer nada, porque a vaca era de uma fazenda vizinha e seríamos responsabilizados por qualquer coisa que acontecesse com ela. A fazenda foi avisada, então não sei exatamente o que ocorreu com ela. O registro da cena foi uma foto quando passávamos pela vaca atolada, a tentativa de salvamento foi outro movimento.
nossa que horror, mais vocês poderiam ajudarar ela, tadiiinha.
Bom ,pelo menos você tentou fazer alguma coisa , né ?
Sim, como andei registrando aqui nos comentários.
Naõ importa se ela e minha .Temos que ter a Consciência que o nosso dever,e estar sempre pronta a Ajudar seja quem for um animal ou homem.
só Assim poderemos ser mais feliz.
Teresinha.Mattar @Gmail.com