Já joguei bastante PlayStation, mas o Wiimote, o sensor de movimentos do Wii, é realmente um passo adiante.
Como já andei dizendo por aqui, estou muitíssimo interessado no uso de games em educação, tanto que na semana que vem estarei em Salvador, para o IV Seminário Jogos Eletrônicos, Educação e Comunicação – que vou cobrir em detalhes por aqui.
Mas voltando ao Wii, o Banner Good Samaritan Hospital, em Phoenix, Arizona (EUA), tem utilizado o jogo para treinar seus residentes. Veja o artigo Why a Wii could be good for your health, de Paul McNamara, publicado no Guardian. A lição de casa dos futuros médicos? Jogar Wii! Segundo as experiências realizadas pelo Simulation Education and Training (SimET) Center do hospital, os médicos que jogam Wii regularmente apresentam melhor destreza nos movimentos do que aqueles que não jogam.
Em todo congresso de educação a que vou, ouço algum palestrante dizendo, como se tivesse descoberto a América: “A educação tem que vir antes da tecnologia”, ou “O que importa é a educação, não a tecnologia”, ou qualquer outra variação.
Em geral, o palestrante toma uma postura mais ereta para pronunciar a frase, faz alguma careta séria, faz alguns segundos de silêncio, preenchidos com alguns movimentos de cabeça da platéia também silenciosa, acenando a concordância com a afirmação.
Eu estou cansado dessa encenação. Hoje, já não é possível separar assim tão claramente a tecnologia da educação, já não é possível pensar as duas coisas desvinculadas. Dependendo da tecnologia que você adota, os learning outcomes (resultados do aprendizado) são diferentes. O meio é a mensagem, já dizia o McLuhan há várias décadas. A tecnologia não é neutra em relação à educação, não é possível pensar na educação, nos objetivos educacionais, e a partir daí simplesmente escolher as ferramentas, ou o mínimo de tecnologia para ministrar aquele conteúdo. A ferramenta altera não apenas o conteúdo, mas também o processo de ensino e aprendizagem. A equação ficou bem mais complicada.
Eu não tenho vergonha nenhuma de dizer: trata-se de tecnologia sim, de pensar os usos da tecnologia em educação, não de pensar a educação disparada na frente, puxando a neutra e subalterna tecnologia.
Segundo Batson, por mais de 20 anos afirmamos que não se trata de tecnologia, mas de educação. Mas essa retórica não tem mais sentido, se alguma vez teve, pois nos prejudica, em vez de ajudar. Temos que dizer agora: “é sobre tecnologia”. Batson não repete o meu raciocínio acima, mas explora mais a revolução cultural que a web 2.0 causa, principalmente na juventude que começa a freqüentar o ensino superior. Questiona também por que concebemos o aprendizado segmentado em parcelas de tempo, 16 semanas, um semestre etc. A tecnologia potencializou a possibilidade de aprendermos de diversas maneiras, informalmente, no trabalho, à distância etc., e hoje temos ainda mais condições de avaliar os resultados do aprendizado – ou seja, o tempo em que o aluno fica sentado em uma cadeira tende a ser cada vez menos importante.
Em continuação à palestra de segunda-feira, sobre Metodologias Ativas, o professor Manuel Canesin deu na quarta-feira uma palestra sobre avaliação. Para ele, o processo de avaliação é mais importante que o próprio processo de ensino.
Ele defendeu que é preciso avaliar separadamente, e com métodos distintos, diversos aspectos como cognitivo, afetivo, psicomotor e sincrético.
Nesse sentido, ele mencionou a taxonomia de Bloom, desenvolvida nos anos 1950 para classificar os objetivos dos processos educacionais. Bloom divide as áreas cognitivas, afetivas e psicomotoras em diversos níveis, e então indica objetivos e capacidades que o aluno deve a adquirir.
Mencionou também o Teste de Progresso, utilizado por Instituições que ensinam Medicina, que mede o aprendizado ao longo de um período de tempo, mas pode também ser utilizado para comparar os resultados de instituições e inclusive por áreas de conhecimento.
Mencionou ainda os testes OSCE e CPE.
Canesin falou bastante sobre estratégias para preparar questões de múltiplas escolhas, que parece a direção para onde a instituição pretende seguir, para supostamente preparar melhorar seus alunos para o ENADE. Nesse sentido, defendeu que não são adequadas questões “assinale a incorreta”, “nenhuma das anteriores”, “justifique a resposta”, “escolha a mais correta” ou “escolhas as corretas”. Além disso, deve ser mantido o mesmo processo de avaliação nas questões, ou seja, não devemos elaborar uma questão verdadeiro/falso e a seguinte “escolha a alternativa correta” – isso acabaria confundindo o aluno e não ajudaria a avaliar especificamente um dos aspectos citados acima.
Segundo o professor Canesin, para toda mudança tem que haver uma crise, então mudanças na pedagogia do ensino superior pressupõem também crises. Eu estou constantemente em crise sobre os processos de avaliação que devemos utilizar para os alunos de ensino superior, então tenho sempre feito tentativas diferentes, a cada semestre. Ainda vou postar sobre isso.
Ele falará sobre o novo cenário da educação, a necessidade de treinamento dos professores para uso adequado da tecnologia, algumas das diversas ferramentas disponíveis e principalmente do Second Life.
O professor Kelton é o coordenador da fabulosa ilha do CHSS – College of Humanities and Social Sciences, na Montclair State University, e gentilmente nos recepcionou nas duas vezes em que visitamos a ilha, como parte das atividades do curso ABC da EaD no SL.
A palestra é aberta a todos, não apenas a alunos e professores da PUC. Então, nos vemos por lá – eu farei a apresentação! E divulguem também!
Local (atenção): Rua Caio Prado 102 – Auditório do 1º andar – Consolação
Online, os livros podem ser lidos de graça, em uma plataforma multimídia, que permite pesquisas no livro, telas de popup etc.:
Para quem não quer ler o livro online, há a opção de comprar o livro impresso (preto e branco ou colorido) e também uma versão em áudio do texto, além de guias de leitura e material de apoio:
Outra novidade interessante é que o professor que decide utilizar o livro pode modificá-lo à vontade, alterar a ordem, acrescentar e deletar material, etc. em uma plataforma online, ou seja, ele se torna o editor do livro – o que resolve um grande problema do ensino, pois todo professor acaba pulando alguns capítulos de um livro, acrescentando outros materiais de leitura etc.:
O modelo utiliza também o conceito de comunidade de leitores dos livros, que podem conversar a qualquer momento, postar suas dúvidas online e inclusive produzir material de estudo, que o próprio aluno precifica para aqueles que desejarem fazer download:
Os autores dos livros recebem 20% de Direitos Autorais, ou seja, mais do que a média do que autores de modelos tradicionais recebem das editoras. De onde vem o dinheiro para manter a operação, então? Das vendas dos livros impressos e em áudio, e da venda de material de apoio (guias de estudo em podcast, exercícios, soluções animadas para problemas complexos, vídeos, flashcards etc.), que podem ser comprados individualmente (US$ 0.99) ou por assinatura semestral – US$ 19.95 (e os autores recebem também 20% sobre esse material comercializado). E o custo da empresa seria muito inferior ao de grandes editoras, já que não seriam necessários tantos representantes de vendas. Além disso, é possível imaginar uma receita na intermediação de recursos humanos, entre os alunos e as empresas interessadas em contratar profissionais.
O modelo está em fase beta de teste, e algumas instituições já aceitarem utilizar o material.
No final da entrevista, Frank afirma que considera sua empresa uma editora, mas que publica em múltiplos formatos: preto e branco, colorido, áudio e digital, que utiliza o conceito de impressão por demanda. Além de que o professor que adotar um livro estará oferecendo a seu aluno a possibilidade de escolher como ele quer consumir os livros, e quanto (e se) quer pagar.
Fazia bastante tempo que eu não falava do Twitter, mas o serviço continua crescendo, a ponto de se poder falar em uma cultura do Twitter e de se enxergar seu potencial para os negócios.
Hoje, como parte da Semana de Planejamento de Atividades Acadêmicas da Universidade Anhembi Morumbi, assisti a uma conferência do Professor Dr. Manuel Canesin: Metodologias Ativas.
O professor Canesin, que é médico, falou do uso da pedagogia das Metodologias Ativas no ensino de Medicina, que poderia ser estendida para outras áreas.
Metodologias Ativas pressupõem a ensinagem (neologismo utilizado por ele – ensino que gera aprendizagem) e o aprendizado a partir da simulação, centrados na realidade dos alunos.
Eu questionei no final: é possível conciliar essa filosofia da educação com Planos de Ensino, da maneira como eles são utilizados na Anhembi – e aliás, em muitas instituições de ensino do país?
Na Anhembi, quando você vai ministrar uma disciplina, recebe e deve seguir um Plano de Ensino pronto, que em geral não foi você quem preparou. Mas não é só você quem o recebe – ele é também depositado no Blackboard dos alunos pela Coordenação Pedagógica da instituição – não por você, professor. A coisa começa preto no branco, com o Plano de Ensino visível para todos, o que supostamente demonstraria planejamento e organização por parte da instituição.
Esse Plano de Ensino lista por tópicos tudo o que você deve ensinar no semestre. Indica também uma Bibliografia Básica e outra Complementar. E também lista, semana a semana, o que deve ser ensinado em cada aula, como cada tópico deve ser ensinado em cada semana, as atividades que devem ser propostas e até mesmo quando devem ser ministradas provas. E para ratificar o planejamento pedagógico, no final do semestre os diários dos professores são conferidos com os Planos de Ensino, para se certificar de que o professor cumpriu à risca o programa. Um ciclo pedagógico perfeito.
O professor Canesin usou, durante a palestra, a expressão “currículo engessado”. Nada mais engessado do que esse conceito de Plano de Ensino. Eu não entendo há muito tempo qual é a função desses Planos de Ensino. Que haja exigências do MEC, e inclusive uma necessidade de padronização e de centralização por parte da instituição, é compreensível. Mas não neste nível, principalmente para uma instituição que se proclama a mais criativa e inovadora do país. O conceito de Plano de Ensino, como praticado na Anhembi, é anacrônico, não é flexível e não está voltado para o aprendizado do aluno, mas sim para a padronização e o controle por parte da instituição. Precisa ser substituído por alguma outra coisa, alguma outra idéia.
O professor Canesin respondeu que, nas suas experiências com Metodologias Ativas, a idéia de Plano de Ensino vai por água abaixo (apesar de não ter utilizado esta expressão): é preciso pensar em módulos, temas, problemas etc., que são então compartilhados pelas diversas disciplinas durante um semestre. Aliás, nesse modelo a própria noção de disciplina perde o sentido. E então se instala uma crise na instituição.
A verdadeira resistência para o estabelecimento de Metodologias Ativas, ou qualquer outra expressão que se queira utilizar para uma pedagogia atualizada em relação ao que de mais avançado se tem praticado em educação no ensino superior, não são os alunos, muito menos os professores – mas as regras e os procedimentos pedagógicos que são enfiados goela abaixo de professores e alunos por setores pedagógicos, sem discussão com a comunidade. Planos de Ensino, como praticados na Anhembi, têm exatamente essa função – engessar o aprendizado, garantindo, em contrapartida, o controle obsessivo por parte da instituição.
A palestra foi boa, mas é também sintomático que um médico ministre uma palestra de pedagogia do ensino para professores de tantas áreas, no início do semestre, com tanta gente especializada em pedagogia e ensino na própria instituição, e com tanta coisa para nos ensinar. Medicina é sem dúvida um curso muito abrangente, o palestrante é obviamente uma pessoa muito inteligente e experiente, e nada contra o contato entre as áreas, mas não me parece haver muito de novidade na idéia de Metodologias Ativas e Simulação no ensino de Medicina, que não tenha já circulado por outras áreas, e que não tenha inclusive sido discutido com mais profundidade.
Tanto que, no final da palestra, foi apresentado como triunfal ilustração dos conceitos discutidos o seguinte vídeo:
e depois um outro, bem curto, que mostra como esses cavalos são treinados, primeiro por homens manejando objetos, depois por touros que praticamente não se mexem – ou seja, por simulação.
Eleger touradas como metáfora para o ensino superior já é, por si só, muitíssimo questionável. Touradas, para muitos, não devem ser consideradas nem mesmo esporte e, inclusive, deveriam ser banidas pelo sofrimento abominável que causam aos animais.
Eleger o treinamento dos cavalos que participam dessas touradas como metáfora para o aprendizado de alunos no ensino superior chega a ser ainda mais questionável. Afinal, nosso objetivo no ensino superior seria formar cavalos para touradas? Ou touros? Ou toureiros, educados para matar cruelmente touros? Ou cornos?
Nas palestras para professores na Anhembi, nos últimos anos, já foram mostrados uma cena de Russel Crowe em Gladiator e um filme de ensino fundamental ou médio no interior da China. Nas metáforas globalizadas que deveriam ilustrar o ensino superior, ou estamos na época dos gladiadores, ou com crianças no interior da China, ou em touradas. Talvez o melhor a fazer seja abandonar o território das metáforas e explorar um pouco o cenário dos nossos alunos, brasileiros adultos do século XXI.
Aqui vai a nova leva pop/jazz (falta um que não estou achando, assim que achar completo), daquelas que sempre escolho no escuro em horas ouvindo centenas de CDs na Virgin Megastore:
We Sing, We Dance, We Steal Things – Jason Mraz
Um CD muito muito legal, com baladas, reggaes etc.
Dá para ver um vídeo dele cantando I’m yours:
Details in the fabric, com James Morrison, é linda. Achei uns vídeos com gravações ao vivo no YouTube, mas não estão tão bons. A letra combina incrivelmente com a música (bem simples) e te embala, acalma. Uma música que adultos e crianças saem cantando juntos, de primeira: