SocialLearn: Bridging the Gap Between Web 2.0 and Higher Education é um post muito interessante de Martin Weller (professor da Open University) no blog e-literate.
Quanto mais os alunos vão utilizando e se acostumando com ferramentas personalizáveis e adaptáveis, torna-se mais difícil obrigá-los a utilizar ferramentas padronizadas, não intuitivas e desatualizadas em educação. Para o autor, todavia, não assistiremos a uma revolução dramática, mas a uma migração silenciosa. Haverá uma deserção dos LMSs e seus fóruns, que ficarão desertos!
A mudança não é apenas tecnológica, mas social. Nesse sentido, podemos pensar nos sistemas de aprendizado que utilizamos como uma metáfora para a maneira como abordamos a pedagogia, a experiência do aprendiz e o papel do educador.
Em experiências em que o aprendizado está sob o controle do aluno, e não da instituição, o currículo transforma-se em tudo aquilo em que você está interessado. Mas a maioria dos LMSs está baseada na filosofia da centralização, e no momento em que você desagrega a tecnologia, você também descentraliza o controle. E em seguida vêm a desagregação (e posterior re-agregação) de várias partes do sistema da educação, como avaliação, suporte, expertise, ensino etc.
A primeira geração de ferramentas de aprendizagem replicou o modelo centralizador, mas conforme as ferramentas se tornaram mais fáceis de usar, e os métodos para integrá-las mais simples, a abordagem centralizadora parece menos adequada. É mais fácil e barato hoje, também, que grupos se formem e organizem sem a necessidade de uma administração formal. As novas ferramentas alteraram radicalmente os antigos limites de tamanho, sofisticação e abrangência do esforço não supervisionado. Ou seja: é mais fácil agrupar pessoas e ferramentas hoje.
Torna-se, por conseqüência, também menos necessário ir a uma universidade para encontrar um grupo de pessoas interessadas nos mesmos assuntos que você. Então voltamos àquela pergunta disruptiva: qual a função das instituições de ensino, neste novo cenário?
Como afirma o autor, o DNA dos LMSs carrega a metáfora errada, marcada pelos princípios da hierarquia, do controle e da centralização – a sala de aula tradicional transformada em virtual. Essa abordagem não ajudará os educadores a compreender os novos desafios e as novas oportunidades que estão enfrentando hoje.
Há, entretanto, sem dúvida inúmeros desafios no uso dessas ferramentas da web 2.0 em educação. Um deles é a avaliação. Em Learning in the Webiverse: How Do You Grade a Conversation?, Trent Batson (do MIT) discute essa questão. Como avaliar uma conversa contínua num ambiente virtual de aprendizagem?
O artigo cita um exemplo de avaliação no Blackboard. O primeiro impulso dos alunos é escrever ensaios, que no fundo são performances, então eles têm uma avaliação baixa. Entretanto, quando os alunos começam a utilizar, em seus comentários, referências a comentários postados anteriormente, suas notas melhoram. E se eles fazem uma síntese de vários comentários, as notas melhoram ainda mais.
Coerência, coesão e links entre elementos lingüísticos são critérios que podem ser utilizados nesses casos. Consciência da audiência é outro critério. Quando os alunos parecem estar respondendo para o professor, por exemplo, não estão demonstrando consciência da sua audiência.
Mas é importante também manter um nível de conversa acadêmico, sem cair num simples chat informal, como numa conversa social. Como diz o autor: “Uma discussão de uma idéia não é o mesmo que a discussão de uma festa”.
Esta fronteira, entretanto, não é hoje tão simples e óbvia. Não é muito claro que manter uma discussão em um nível “acadêmico” gere mais aprendizado do que mantê-la num nível mais informal. O tom da web 2.0 talvez não seja mais o tom acadêmico, que marca o ensino superior desde o final da Idade Média. Aliás, este ponto parece ficar em aberto no final do artigo de Batson.