Artesanato Educacional

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Lancei ontem um projeto ao qual venho me dedicando há algum tempo: Artesanato Educacional. Inicialmente, ofereceremos de 18/04 a 01/07 alguns cursos online, mas vem muito mais novidade por aí! Cf. os cursos:

Design Instrucional Educacional

Avaliação em EaD

Filosofia e Ética na Administração

Filosofia da Computação e da Informação

Metodologia Científica na Era da Informática

Introdução ao Excel

Tecnologia Educacional

Games em Educação: como os nativos digitais aprendem

Second Life e Web 2.0 na Educação

EaD: o estado e o futuro da arte

Comunicação e Expressão

Introdução à Filosofia

Criação e Administração de Negócios

Será uma honra contar com sua companhia neste início de jornada – e agradeço qualquer tipo de promoção.

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Proposta sobre EaD para a Contee

Estou no Encontro Estadual dos Trabalhadores em Educação do Ensino Superior do Estado de São Paulo.

Ao final da tarde, sugerirei uma alteração na redação da Carta de Campinas, que será encaminhada à Contee – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino, no item que trata especifiamente de EaD (Educação a Distância). Na proposta está assim:

(Propõe que a Contee:) “efetue campanhas para regulamentar o EaD que defenda a valorização dos profissionais, que regulamente a atuação dos tutores com sua incorporação nas CCT no sentido de ressignificar o papel do professor com agente do processo educativo e garantir as condições de trabalho.”

O texto tem alguns problemas, e é ainda tímido e incompleto.

Então, até depois do almoço de hoje (sábado, 02/04), você pode fazer algumas sugestões por aqui (e/ou pelos meus Facebook ou Twitter), que as considerarei para incluir na proposta de redação que farei.

Minha proposta por enquanto:

(Propõe que a Contee:) “efetue campanhas de esclarecimento sobre diferentes modelos de Educação a Distância (EaD), de reconhecimento do tutor como professor (do ponto de vista pedagógico, trabalhista etc., inclusive para que o termo professor seja utilizado) e sua incorporação nas CCTs, de defesa da valorização dos trabalhadores em EaD e garantia das condições de trabalho, de fomentação da vinculação de professores em EaD às associações de professores já existentes, de limitação do número de alunos nas turmas de EaD e de discussão sobre a hora-aula em EaD.”

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Encontro dos Trabalhadores em Educação do Ensino Superior

Cheguei ontem no final de tarde, como delegado do Sinpro-SP, ao Hotel Dan Inn Anhaguera (Campinas) para o Encontro Estadual dos Trabalhadores em Educação do Ensino Superior do Estado de São Paulo. Vou atualizer este post dinamicamente até o final do dia de hj.

O evento, muito bem organizado pelo Fepesp – Federação dos Professores do Estado de São Paulo, é preparatório para o Seminário Nacional de Educação Superior, que ocorrerá em 18 e 19 de junho na cidade de São Paulo, organizado pela Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino).

01/04

No credenciamento, recebemos uma pasta com 2 fichas para preencher, o programa, uma Apostila com vários docs e uma proposta para a Carta de Campinas.

A Apostila tem vários textos:

1. Regimento Interno (do Encontro)

2. Seminário de Educação – Orientações CONTEE

3. Artigo: Escolas são empresas? – Aparecida Tiradentes (Assessoria Educacional da Contee)

4. As 20 metas que compõem o Plano Nacional de Educação 2011-2020

5. Projeto Plano Nacional de Educação

6. Anexo – Metas e Estratégias – Cabe lembrar:

11.3) Fomentar a expansão da oferta de educação profissional técnica de nível médio na modalidade de educação a distância, com a finalidade de ampliar a oferta e democratizar o acesso à educação profissional pública e gratuita.

14.4) Expandir a oferta de cursos de pós-graduação stricto sensu utilizando metodologias, recursos e tecnologias de educação a distância, inclusive por meio do Sistema Universidade Aberta do Brasil – UAB.

7. Educação a Distância – EaD – Sinpro ABC – José Jorge Maggio – alguma passagens:

“Há de se considerar também, que sem uma legislação trabalhista que venha proteger os profissionais dessa modalidade de ensino, não garantirá uma educação de qualidade como vem anunciando os mantenedores e os barões da educação.”

“As instituições de Ensino Superior (IES) disponibilizam as aulas para seus alunos via on-line, que são preparadas e gravadas por professres(as).” – importante notar que este não é o único modelo de EaD possível ou existente.

Professor Tutor a distância: “Orientador acadêmico com formação superior compatível com o conhecimento específico da disciplina, responsável por atender e orientar os estudantes, esclarecendo suas dúvidas quanto aos conteúdos via ambiente de aprendizagem do curso pela Internet e por outros meios tecnológicos de comunicação. Ele também é responsável por estimular, motivar e contribuir para o desenvolvimento da capacidade de organização e realização das atividades acadêmicas e de auto-aprendizagem dos alunos.” – Interessante que o texto tem o objetivo de criticar o que tem sido feito em EaD, mas acaba definindo muitos dos termos e participantes do jeito que a coisa tem sido feita, como que ratificando tudo.

Professor Tutor presencial: “Orientador acadêmico com formação superior adequada para atender aos estudantes em suas dificuldades operacionais durante o desenvolvimenot das atividades nos polos de apoio presencial.” – mesma observação acima.

Interessante proposta do Sinpro-ABC:

“O(a) professor(a) que, na modalidade Educação a Distância, tenha que elaborar textos para produzir e gravar aulas que serão transmitidas via online, receberá 5% (cinco por cento) do valor das mensalidades de cada aluno matriculado no curso, em EaD onde o professor leciona, a título de indenização pelo direito de imagem e pelo direito autoral.”

Outra proposta interessante:

“Professor(a em EaD será contratado em regime de 40 (quarenta) horas semanais de trabalho, sendo que o atendimento via on-line não ultrapasse 20 (vinte) horas semanais, ficando o restante do tempo para preparação de aulas e atendimento presencial.”

Outra proposta essencial:

“Os estabelecimentos de ensino que ofertam cursos/disciplinas na forma de EaD, remuneração os docentes que neles atuarem, como no mínimo, o valor da hora-aula paga aos professores dos cursos regulares presenciais, considerando a elaboração dos materiais, a docência propriamente dita e o atendimento aos alunos.”

8. O ensino superior privado no contexto da mercantilização e da intensificação do trabalho dos docentes e dos técnicos e administrativos – Sinpro São Paulo. Uma passagem complicada:

“Outra proposta da diretoria do SINPRO-SP é a de regulamentar a atuação dos tutores nos cursos de EAD e nos cursos semi-presenciais através de sua incorporação na abrangência das convenções coletivas, desde que definidos como “professores”. Essa não parece ser uma reivindicação que encontre dificuldades para ser aceita entre os que atuam no setor, a julgar pela manifestação de uma recém-criada Associação Nacional de Tutores (revista Ensino Superior, no. 149, fevereiro de 2011), mas também a julgar pelas características híbridas desta atividade, é possível que sua existência não regulamentada (em termos de titulação, pertinência com as áreas de atuação e enquadramento funcional) contribua para que se agrave a perspectiva meramente instrumental da atividade docente com a consequente intensificação do esvaziamento da ação pedagógica do professor.”

Algumas sugestões são interessantes, mas parece faltar aqui o conhecimento sobre o perigo da regulamentação da atuação dos tutores, pois isso pode acabar funcionando ao contrário, como ratificação do que tem ocorrido. A menção à ANATED demonstra isso.

9. Proposta de Plano de Carreira e Salários Docentes – Sinpro ABC

Possível regime de trabalho: “Professor em Ead – Com obrigação de prestar 40 (quarenta) hora semanais de trabalho, sendo que o atendimento via on-line não ultrapasse 20 (vinte) horas semanais, ficando o restante do tempo para preparação de aulas e atendimento presencial.”

10. A Educação Reencantada – Neizy Cardoso, Sinpro Jundiaí

11. Sempre a Educação – Neizy Cardoso, Sinpro Jundiaí

A Carta de Campinas (cuja proposta foi elaborada por Conceição Fornsarari, diretora de Educação da Fepesp) é um documento que será discutido e elaborado durante o evento, e posteriormente divulgado e encaminhado à Contee. Depois de uma breve Apresentação, ela contém Considerações, Propostas para a Contee e Considerações Finais. Dentre as propostas, lê-se:

(Propõe que a Contee:) “efetue campanhas para regulamentar o EaD que defenda a valorização dos profissionais, que regulamente a atuação dos tutores com sua incorporação nas CCT no sentido de ressignificar o papel do professor com agente do processo educativo e garantir as condições de trabalho.”

O texto tem alguns problemas, é ainda tímido e está incompleto. Durante o dia de hoje, num outro post por aqui e nos meus Twitter e Facebook, aceito propostas para incluir na proposta que farei para melhorar esse parágrafo na Carta de Campinas.

Depois do jantar foi composta rapidamente a mesa pelo prof. Celso Napolitano para a Abertura e feita a leitura do Regimento do Encontro, seguidos de uma palestra:

O ensino superior no contexto do Plano Nacional de Educação – Professora Dra. Nereide Saviani.
Dentre outros pontos, ela discutiu o fluxo de dinheiro público que está indo para as IESs privadas, pelo ProUNI, o que geraria a necessidade de tratá-la como pública, ou seja, exigindo democratização das instituições, fiscalização etc. O professor hoje engole o programa, que vem de cima. Deveria haver autonomia da IES em relação à mantenedora, enquanto as IESs privadas buscam independência em relação ao Estado, ao mesmo tempo em que buscam $ das instituições de fomento. UNI, no caso dos Centros Universitários, deveria ser proibido para evitar a confusão dos alunos, familiares e sociedade para não confundir com universidade.

02/04

Depois do café da manhã, uma sequência de 3 mesas redondas.

Mesa Redonda 1 – O ensino superior privado no contexto da mercantilização e da intensificação do trabalho dos docentes e dos técnicos e administrativos – Profa. Dra. Madalena Guasco Peixoto.

Rapidamente, discutiu a função da universidade e apresentou a história da universidade no Brasil, comparando a situação das instituições públicas e privadas, analisando a evasão etc. O modelo de expansão do ensino superior privado estaria esgotado. Vivemos um novo modelo de mercantilização da educação, e os sindicatos precisam agora se reposicionar para lidar com fundos internacionais. Discutiu também a mudança na base territorial da educação, principalmente com a EaD.

Mesa Redonda 2 – Desregulamentação da atividade docente e Plano de Carreira – Professores José Jorge Mággio, Nelson Valverde e Eduardo Teixeira

Discutiram os problemas que já vêm da educação fundamental e básica, e que a educação superior deve envolver não apenas ensino, mas pesquisa e extensão. Citaram turmas de EaD com milhares de alunos. Comentou a transferência dos serviços de secretaria para os professores.

Mesa Redonda 3 – Mobilização dos trabalhadores em educação do ensino superior – um desafio para além da campanha salarial – Prof. Celso Napolitano e Cláudio Jorge.

As novas gerações de professores, que já chegam dominando as novas TICs, acabam considerando natural utilizá-las em educação, o que acaba impedindo as lutas dos sindicatos de que a incorporação dessas atividades, que não faziam parte das atividades dos professores, sejam remuneradas. Mencionou o interessante artigo que discute como nosso fds agora tem 27 horas. Professores universitários têm vergonha de se identificar como professores – identificam-se por sua área de formação – física etc. Lembraram das atividades do Sinpro-MG. Lembraram também da importância de se trazer jovens para o sindicato.

Depois de um coffee break, perguntas e debates. Sugestões: boletim impresso, desmoralizar o que foi feito com o ensino superior privado. Crítica esperadas à tecnologia e à EaD – e eu aqui, talvez o único com o notebook e conectado à Internet.

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CFBIO & EaD

A União propôs uma ação civil contra o CFBIO Conselho Federal de Biologia buscando anular a Resolução CFBIO nº 151/2008, que veta o registro, perante os Conselhos Regionais de Biologia, dos egressos dos cursos de educação à distância em Ciências Biológicas e/ou Biologia e do Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes.

Algumas passagens da recente decisão da juíza Maria Cecília de Marco Rocha:

“educação à distância tem lastro em lei e não se restringe ao propósito de formar professores para o ensino fundamental e médio.”

“O que não se admite, malgrado a elogiável intenção, é negar registro a um profissional com diploma válido por meio de ato infralegal, já que a vedação de registro impede o exercício da profissão e a liberdade profissional só pode ser restringida por lei (art. 5º, XIII, da Constituição Federal).”

“O que não pode, repita-se, é usar meio transverso para usurpar a competência da União na autorização e no reconhecimento cursos superiores e findar por cercear o exercício de profissão sem amparo em lei.”

“Por todo o exposto, julgo o pedido procedente para anular a Resolução do Conselho Federal de Biologia – CFBIO nº 151/2008.

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Dados

Uma sequência de 5 posts no excelente edu.blogs.com do Ewan McIntosh aborda a interpretação, manipulação e apresentação de dados com inúmeros links, vale a pena dar uma olhada

Data Reveals Stories: Part One | Why do data differently?

Data Reveals Stories: Part Two | Words

Data Reveals Stories: Part Three | Boxes

Data Reveals Stories: Part Four | Images

Data Reveals Stories: Part Five | Maps

Data Reveals Stories: Part Six | Graphs

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Reflection Week 10

This week I focused on the use of colors in design. I must confess that this was the part I last enjoyed reading about in the excellent Creating Graphics for Learning and Performance. I missed for example more practical indications as kuler and the interactive experience in Color in Motion. As in other elements, color is something we need to experiment a lot, not only read theory.

Anyway, an interesting message of the book is that there is no need to use lots of colors to make a message clear – an example. A slight difference in tones or shades can make a difference – as in this image by Association for Development of Down.

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Bibliotecários na EaD

Slides da apresentação que fiz hoje na Cengage Learning para bibliotecários. Foi uma honra – sempre fui um rato de biblioteca e tenho acompanhado de perto as mudanças pelas quais a profissão vem passando, e admiro demais os bibliotecários. As perguntas foram muito pertinentes e a palestra fluiu num clima muito agradável, com todos muito atentos e participativos. Foi mesmo um prazer!

Faltou, dentre várias outras coisas, abordar a formação do bibliotecário para atuar em EaD.

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Crítica da Razão Tupiniquim

Reli hoje o provocativo:

GOMES, Roberto. Crítica da razão tupiniquim. 11. ed. São Paulo: FTD, 1994. (Coleção prazer em conhecer)

No livro, Gomes faz uma série de provocações à filosofia acadêmica:

o filósofo brasileiro, capaz de vôos tão mirabolantes no tempo e no espaço, capaz de pensar o século XIII ou as cosmo-visões européias, não é capaz, pela armadura na qual se encontra, de enxergar um palmo diante do nariz. Este mesmo “pensador” não é capaz de cobrar um escanteio ou dançar um samba. (p. 15)

Seria um fato constante:

nossa tendência a evitar o choque de idéias e as tomadas de posição. Encontramos sempre um meio-termo entre, digamos, idealismo e realismo, subjetivismo e objetivismo, e houve mesmo quem entre-nós encontrasse um meio-termo entre positivismo e marxismo, disparate que me intriga. Tudo isto poderia consistir em empresa louvável, mas não do modo como a conduzimos: dissolvendo oposições. Cabe, a propósito, alertar que no meio não está a virtude, como muitos pensam. No meio está o medíocre.

Eis por que, não assumindo uma posição nossa, um pensar brasileiro torna-se impossível – impossibilitado de criar por não aceitar destruir o passado que nos impuseram -, recusando assumir sua condição básica: que seja nosso, negador do alheio. (p. 31)

Isso explicaria o ecletismo que marcará o percurso da filosofia no Brasil, que se combina com nossa tendência para a imparcialidade e o jeitinho brasileiro. O Brasil é o país do ecletismo: com o ecletismo, retratamos nossa hesitação em assumir um ponto de vista que nos permitisse uma síntese original:

Não há, em Filosofia, algo que seja uma posição brasileira. Há uma ilusão: a de que possamos, imparcialmente, usufruir benefícios das mais diversas reflexões estrangeiras, delas retirando o ‘melhor’. Desde sempre visamos extrair do pensado por outros aquilo que poderá nos ser útil – e isto constitui o mito da imparcialidade. Entre-nós, é atitude freqüente buscar dissolver oposições, justapondo subjetivismo e objetivismo, materialismo e idealismo, racionalismo e empirismo – como se tal atitude pudesse, impunemente, ser adotada. Sem nos cobrar o preço daquilo que poderíamos ser. Assim, nos falseamos, nada sendo. E nada assimilamos. (p. 37)

Segundo Gomes, “essa indiferenciação intelectual gerou um monstrengo em termos de atitude filosófica: evitar oposições e dissolvê-las, ao invés de enfrentá-las e resolvê-las.” (p. 38)

Daí o ‘mito da imparcialidade’ revelar, por detrás da máscara de isenção e objetividade, uma fraqueza primária: a ausência de risco. A incapacidade de ver no conhecimento um empreendimento a mais, uma invenção a ser levada a termo. A tentativa de dissolver oposições. Dar um jeito. Não radicalizar. (p. 40)

Esse seria o vício conciliador da Razão Eclética: ao invés de gerar um confronto criador, gerou entre-nós o pensar anestésico: “Dissolvendo oposições, antagonismos ou choques. Reconciliando ao nível verbal as mais desencontradas alternativas, gerou o pensamento esterilizado, muito útil porque não contamina ninguém.” (p 84).

Existiria assim uma filosofìa entre-nós, mas não uma filosofia nossa. Temos professores de filosofia, não filósofos. O equívoco primário seria confundir a existência de livros de Filosofia escritos por brasileiros com a existência de uma Filosofia brasileira: “Que existam autores de obras filosóficas entrenós não pode ser objeto de dúvida. Basta consultar alguns catálogos. Que tais autores sejam, em alguns casos, do melhor nível, também não pode ser contestado.” (p. 58)

Essa filosofia, entretanto, é refletora – e não reflexão – do que se passa ao nosso redor. Como então desenvolver uma filosofia brasileira? “Só a partir de uma reflexão crítica a respeito de nosso modo de existir, de nossa linguagem, de nossas falsificações existenciais e históricas é que poderemos chegar aos limites de uma Filosofia nossa.” (p. 61)

O livro termina com uma análise do desenvolvimento do ecletismo e do positivismo em nosso país.

Da indiferenciação do ecletismo ao espírito dogmático do positivismo, a distância era mínima e foi percorrida festivamente pela inteligência nacional. Fascinados por um modelo de pensamento e de ciência atado ao espírito oitocentista, caímos em alguns mitos e novas falsificações. O mito da certeza em geral e da certeza científica em particular. Qualquer positivista elimina a criticida-de da Razão com quatro ou cinco argumentos, onde a fé na afir-matividade é tão presente quanto o fanatismo nos santos guerreiros. Ao invés de favorecer o verdadeiro desenvolvimento do espírito científico, a Razão Afirmativa só fez bloqueá-lo, atado à camisa-de-força sumariada por Comte e seguidores em mui fáceis lições. Apresentando-se como irrefutável, a Razão Afirmativa impediu o aparecimento da única coisa que poderia gerar pensamento: a dúvida. (p. 89)

A Razão Afirmativa aceita tudo que vem do exterior ou procura negar tudo, afirmando-se. Ou seja: exime-se de negociar intelectualmente. Por isso, não desenvolvemos uma filosofia nacional:

Uma Filosofia brasileira passou a ser impossível a partir do momento em que, como fenômeno geral, se deu entre-nós a opção pela certeza. Se a verdade é patrimônio de um outro, não nos resta senão ser ‘assi-miladores’. O que equivale a morrer para o pensamento. (p. 90)

Já no pensamento eclético encontrávamos a tendência a dissolver oposições e a desconfiança com qualquer posição que contivesse traços de marginalidade: do ponto de vista eclético, aquele que discorda é um criminoso, pois o ecletismo gera o fanatismo da mesmidade. É essencialmente tirânico e antidemocrático, avesso ao livre circuito de posições que se questionem radicalmente. (GOMES, 2004, p. 90)
Não houve salto entre o ecletismo e o positivismo, mas pura continuidade, desdobramento, uma afinidade que explica como o segundo – movimento filosoficamente inconsistente – foi capaz de encontrar entre-nós uma terra de promissão, arada e adubada pelo ecletismo. As duas atitudes prolongam a condição de dependência, ausentes de qualquer posição negadora. (p. 90)

Uma Razão Afirmativa é o mesmo que uma sem-razão. Complemento desesperado do senso impensado da Razão Eclética. Equivale a agarrar-se ao dado na pretensão de perpetuá-lo, quando a função radical do pensamento é destruir a positividade do dado. Se a Razão Eclética perdia-se numa indiferenciação amorfa e despersonalizada, a Razão Afirmativa tende a sacralizar o passado, fonte de todas as certezas – certezas que já não sabemos verdades caducas. E ambas encontram na Razão Ornamental a forma adequada à sua expressão: o pensamento não pensado, alegórico. Que não incomoda nem arrisca. O pensar anestésico e esterilizado. (p. 93)

Gomes faz uma análise de por que a Semana de Arte Moderna não causou reflexos na filosofia, apesar de tê-los causado em várias outras áreas. Optamos pela repetição do dito – jamais dizer: “Esta Filosofia esterilizada, asséptica, refinada, de bom gosto e ornamental é na verdade ‘a voz do dono’. Não se compromete nem suja as mãos. Dedica-se de preferência ao puro jogo formal que a ninguém incomoda ou contamina.” (p. 108)

Como então, por fim, desenvolver uma filosofia brasileira?

As condições de possibilidade de um juízo filosófico brasileiro se encontrariam na missão de demolir as condições subjetivas e objetivas da dependência, a consciência crítica voltada contra a introjeção do papel de ‘assimiladores’ que a condição de colonizados nos reservou. O crivo severo com relação ao passado: reler nossa história. Criar uma nova consciência com relação a nós mesmos e com relação à consciência que se veio gerando no Ocidente e da qual somos uma última expressão desfibrada e mambembe. Saber que somos outra realidade, o que de pronto exige outra consciência, outros fins, interesses, preocupações. (p. 108-109)

Urge ser o que somos – descobrir-se no Brasil, na América Latina. (p. 110)

E a última mensagem de Roberto Gomes é provocadora e irreverente, como quase todo o livro:

Aprendamos duas coisas. Que nesta altura dos acontecimentos um soco na mesa, violento e sonoro, é mais importante do que sabermos da validade dos juízos sintéticos a priori E que, do ponto de vista de um pensar brasileiro, Noel Rosa tem mais a nos ensinar do que o senhor Immanuel Kant, uma vez que a Filosofia, como o samba, não se aprende no colégio. (p. 110)

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Redes Sociais em Educação – resultados

Conforme comentei no post anterior sobre o Congresso PeopleNET in Education, uma questão que surgiu no debate final foi colocada pela Adriana Carvalho, coordenadora da área de Educação e Tecnologia do Instituto Ayrton Senna, tanto no Twitter quanto diretamente para a mesa:

Quais resultados temos com o uso das redes sociais na aprendizagem dos alunos? Quais indicadores para mensurar esses resultados?

Estou coletando resultados do uso de redes sociais em educação, não apenas no Brasil, para uma futura publicação. Se você participou de algum projeto de uso de redes sociais em educação e mediu algum tipo de resultado, ou mesmo se conhece algum projeto assim, por favor me passe um link ou me envie o material – pode ser por aqui ou mesmo por email joaomattar@gmail.com e ele será incluído na publicação. E se puder repassar a Chamada para Cases, agradeço!

Estou considerando redes sociais aqui num sentido bem amplo, incluindo não apenas Orkut, Facebook e MySpace, mas também Second Life, Twitter, YouTube, Flickr, games etc.

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Congresso PeopleNET in Education

Ontem foi realizado o Congresso PeopleNET in Education – Redes Sociais na Educação, no campus Vila Olímipia da Universidade Anhembi Morumbi.

Infelizmente, perdi as palestras da Martha Gabriel e do Carlos Valente.

Além das demais apresentações – os slides da minha estão aqui:

às 20:07 recebi a seguinte msg:

Redes Sociais em EaD” is being tweeted more than anything else on SlideShare right now. So we’ve put it on the homepage of SlideShare.net (in the “Hot on Twitter” section).

Well done!

- SlideShare Team

acompanhei também as discussões no Twitter e mediei a mesa final, que durou mais de 1 h.

Uma questão colocada no Twitter foi que o evento teria falado mais sobre ferramentas e menos sobre educação, cultura e pessoas. Pelo que assisti, não concordo, mas de qualquer maneira tenho defendido que um discurso mais genérico, sobre redes como conexão de pessoas, apesar de legítimo, não é suficiente para nosso trabalho como educadores. Precisamos de um discurso de tecnologia educacional, sem medo de dizer: trata-se (também) de tecnologia, não apenas de pessoas e educação (sem tecnologia). Trata-se, justamente, de maneiras de aplicar adequadamente a tecnologia à educação. Trabalhei esta questão em detalhes no capítulo “Technological Minimalism versus Second Life: Time for Content Minimalism”, no livro Virtual Worlds and Metaverse Platforms: New Communication and Identity Paradigms.

Uma das questões recorrentes, tanto no Twitter quanto nas enviadas à mesa, foi sobre os resultados de aprendizado que temos com o uso de redes sociais em educação. É sem dúvida também uma questão legítima, mas acho que é possível relativizá-la de pelo menos duas maneiras.

Em primeiro lugar, o que exatamente queremos medir? Na pesquisa para meu livro Games em Educação: como os nativos digitais aprendem, deparei-me com estudos que mostravam que, logo após uma disciplina ou curso, não havia diferenças significativas entre os resultados dos alunos que usaram e não usaram games; mas, quando uma avaliação era repetida algum tempo depois, os alunos que utilizaram games tinham desempenho melhor, o que demonstrava que os games afetam o poder de retenção. Usar mídias sociais e procurar medir os “resultados” com provas tradicionais não parece fazer muito sentido. Teríamos que medir como elas ajudaram a formar um profissional mais criativo, mais antenado com o seu tempo, mais comunicativo, mais preparado para mudar de profissão no futuro, à vontade para utilizar justamente as mídias sociais etc. etc., o que não é muito simples de fazer.

Além disso, não me parece que a integração de redes sociais ao ensino precise necessariamente passar por uma comprovação de que elas afetam positivamente o aprendizado. As redes sociais são o habitat da geração que recebemos nas escolas e nas universidades, então incorporar redes sociais à sua educação parece-me um passo natural para mantermos contato com nossos alunos. Elas são parte de nosso cotidiano, então não faz sentido bani-las da educação. E como estamos no início deste processo, mensurações de resultados podem inclusive ser afetadas por ainda estarmos acertando os ponteiros.

De qualquer maneira, estou trabalhando numa publicação para coletar e avaliar os resultados que já temos com o uso de redes sociais na educação – o post seguinte é sobre isso.

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