Teorias e Estratégias Emergentes

Uma série de artigos, links e vídeos sobre teorias de aprendizagem emergentes, relacionadas ao avanço de tecnologias (ainda preciso atualizar/desenvolver alguns e acrescentar outros).

O modelo TPCK (Technological Pedagogical Content Knowledge) propõe a integração entre conteúdo, tecnologia e pedagogia.

Cf. uma lista de referências sobre o modelo, e especialmente:

Mishra, P., & Koehler, M. J. (2006). Technological Pedagogical Content Knowledge: A new framework for teacher knowledge. Teachers College Record, 108(6), 1017-1054.

Angeli, C., & Valanides, N. (2009, January). Epistemological and methodological issues for the conceptualization, development, and assessment of ICT–TPCK: Advances in technological pedagogical content knowledge (TPCK). Computers and Education, 52(1), 154-168.
Denso e muito interessante artigo, para o qual fiz uma resenha separada.

Dede, C. (2008, May/June). A seismic shift in epistemology. EDUCAUSE Review, 43(3), 80–81.
O professor de Tecnologias de Aprendizagem da Faculdade de Educação de Harvard defende que a web 2.0 provoca uma mudança da epistemologia clássica da educação para uma nova epistemologia, baseada em pedagogias de aprendizagem ativa, construtivismo, ensino situado, co-criação de conhecimento, revisão por pares e novas formas de avaliação. Ele ironiza: “os desafios do trabalho, da cidadania e vida diária não se assemelham a itens de múltipla escolha em exames [como Enem, Enade etc.].”

Koetting, J., & Januszewski, A. (1991). Theory building and educational technology: Foundations for reconceptualization. Proceedings of Selected Research Presentations at the Annual Convention of the Association for Educational Communications and Technology.
Alguns conceitos são problemáticos pois não têm significado claramente definido, exigindo diálogo, interpretação e reinterpretação constantes. Eles são comuns no campo da tecnologia educacional, como teoria, instrução, tecnologia, design, ciência, pesquisa etc. Entretanto, falta ao campo da tecnologia educacional um maior debate sobre esses conceitos. O artigo discute a noção de teoria como um exemplo de conceito problemático.

Taylor, E. (2007, March/April). An update of transformative learning theory: A critical review of the empirical research (1999-2005). International Journal of Lifelong Education, 26(2), 173-191.
A teoria do aprendizado transformativo tem sido desenvolvida principalmente por Jack Mezirow (incluindo também p.ex. o Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire), para quem a aprendizagem é concebida como o processo de usar uma interpretação prévia para construir uma interpretação nova ou revisada do significado de nossa experiência para guiar uma ação futura. Ela tem sido utilizada principalmente na educação de adultos. O artigo faz uma revisão crítica da literatura sobre o tema.

Moore, M. G. (2004). Research worth publishing. The American Journal of Distance Education, 18(3), 127-130.
Faz uma reflexão interessante sobre as características do sistema de publicação de artigos em revistas acadêmicas em que ocorre a revisão por pares, ressaltando a importância da conexão entre o que está sendo pesquisado e o que se sabe (revisão teórica). Moore faz também uma crítica dos problemas de buscas na web e da metodologia nos estudos de caso.

Cavanaugh, C., Barbour, M., & Clark, T. (2009). Research and practice in K-12 online learning: A review of open access literature. The International Review of Research in Open and Distance Learning, 10(1).
Faz uma revisão da literatura sobre aprendizagem online na educação básica.

Gokool-Ramdoo, S. (2008, October). Beyond the theoretical impasse: Extending the applications of Transactional Distance Education Theory. The International Review of Research in Open and Distance Learning, 9(3).
Um interessante artigo teórico, que propõe o uso da teoria da distância transacional (Moore), cujas variáveis principais são o diálogo e a estrutura, como uma teoria global da EaD, comparando-a com várias outras teorias, como de Otto Peters, Holmberg, Keegan e Garrison. Segundo o autor, as pesquisas desenvolvidas em EaD teriam uma natureza ateorética. Uma questão interessante que o artigo provoca é: qual é a real necessidade de uma teoria global para a EaD? Ou, até que ponto uma teoria global seria possível em EaD?

Criei um post separado para a teoria do conectivismo.

Kop, R. (2008). Web 2.0 technologies: Disruptive or liberating for adult education? In Gateway to the Future of Learning, Proceedings 49th Adult Education Research Conference, June 15-17. St. Louis, MO.

Stephen Downes, The Future of Online Learning: Ten Years On

Siemens Educa 2006 – Part I

George Siemens: Education, 2006 Part II

George Siemens: The Changing Nature of Knowledge

Howard Gardner: How Children Learn

The Machine Stops (1909) – versão em áudio

The Gamer Disposition

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Publicado em EaD, Edtech504 | 3 comentários

Conectivismo – Conhecimento Distribuído

Uma seleção de links e artigos sobre a interessante teoria do conectivismo (ou conhecimento distribuído) tem sido desenvolvida por George Siemens e Stephen Donnes, dentre outros autores.

Siemens, G. (2004). Connectivism: A theory for the digital age.
Critica o behaviorismo, o cognitivismo e o construtivismo, que não dariam conta da aprendizagem que ocorre fora das pessoas, como p.ex. a aprendizagem que é armazenada e manipulada pela tecnologia, e dentro das organizações. Siemens propõe que o conectivismo é mais adequado como teoria de aprendizagem para a era digital: “No ambiente de hoje, a ação é em geral necessária sem aprendizagem pessoal – ou seja, precisamos agir extraindo informação de fora de nosso conhecimento primário.” Algumas questões são então propostas, levando em consideração o impacto da tecnologias nas teorias de aprendizagem, quando o conhecimento não é mais adquirido de uma maneira linear, a tecnologia desempenha muitas das operações cognitivas antes desempenhadas por aprendizes (armazenamento e recuperação de informações), o desempenho é necessário na ausência de compreensão completa etc. De acordo com Siements, “incluir a tecnologia e realização de conexões como atividades de aprendizagem começa a mover as teorias da aprendizagem para a era digital. Não conseguimos mais experimentar pessoalmente e adquirir o conhecimento que precisamos para agir. Derivamos nossa competência da formação de conexões.” Há uma citação interessante de Karen Stephenson: “A experiência por muito tempo foi considerada o melhor professor do conhecimento. Como eu não posso mais experimentar tudo, as experiências de outras pessoas, e portanto outras pessoas, tornam-se o substituto do conhecimento. ‘Armazeno meu conhecimento nos meus amigos’ é um axioma para reunir conhecimento reunindo pessoas.” A teoria do caos é também explorada. O aprendizado é um processo que ocorre em ambientes nebulosos de elementos essenciais inconstantes – não inteiramente sob controle do indivíduo. A aprendizagem (definida como conhecimento acionável) pode residir fora de nós (dentro de uma organização ou um banco de dados), e as conexões que nos permitem aprender mais e mais são mais importantes do que nosso estado atual de conhecimento. O aprendizado, para o conectivismo, não é mais uma atividade interna, individualista. A utilização de novas ferramentas altera a maneira como as pessoas trabalham e funciona, mas o campo da educação tem sido lento em reconhecer tanto o impacto de novas ferramentas de aprendizagem quanto as mudanças ambientais no que significa aprender. “Nossa habilidade de aprender o precisamos para amanhã é mais importante do que o que sabemos hoje.”

Kop, R., & Hill, A. (2008). Connectivism: Learning theory of the future or vestige of the past? The International Review of Research in Open and Distance Learning, 9(3).
Artigo muito interessante que analisa a teoria do conectivismo e suas implicações para a educação, comparando-a com teorias de aprendizagem como o construtivismo social de Vygotsky, o construcionismo de Papert e a cognição ativa encorpada de Andy Clark. A conclusão reconhece a importância do conectivismo, apesar de não reconhecê-la como uma teoria de aprendizagem. Vale a pena dar uma olhada na bibliografia.

Cf. tb.:

Siemens, G. (2005, August 10). Connectivism: Learning as network creation.

Donnes, S. (2007). An Introduction to Connective Knowledge.

Downes, S. (2006, October 16). Learning networks and connective knowledge. Instructional Technology Forum: Paper 92.

Kerr, B. (2007). A Challenge to Connectivism. Transcript of Keynote Speech, Online Connectivism Conference. University of Manitboa.

Siemens, G. (2008). Learning and knowing in networks: Changing roles for educators and designers. Paper 105: University of Georgia IT Forum.

What Connectivism Is?

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Depois da Pausa…

Acho que nunca este blog ficou tanto tempo parado, espero não ter perdido os incríveis leitores que ele conquistou nestes anos.

Tirei umas férias (que ainda preciso contar por aqui), inclusive da Internet, mas estou de volta.

O blog continua vivo!

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TPCK

Angeli, C., & Valanides, N. (2009, January). Epistemological and methodological issues for the conceptualization, development, and assessment of ICT–TPCK: Advances in technological pedagogical content knowledge (TPCK). Computers and Education, 52(1), 154-168. Resenha de João Mattar.

Este denso artigo discute a formação de professores para o uso de tecnologias em educação, aborda a epistemologia do modelo TPCK e propõe como as tecnologias da informação e da comunicação podem contribuir para o processo, o que caracterizaria o modelo ICT-TPCK.

São inicialmente abordados interessantes desenvolvimentos do modelo PCK de Shulman, como o PCKg (Pedagogical Content Knowing), que substitui a característica estática do conhecimento pela ideia de ‘conhecendo’.

O modelo TPCK é então criticado, inclusive pela avaliação de pesquisas empíricas conduzidas pelos autores, que demonstram que o crescimento isolado de uma das bases de conhecimento do TPCK (conteúdo, pedagogia, aprendizes e tecnologia), sem instrução específica visando exclusivamente o TPCK como um corpo de conhecimento específico, não implica automaticamente no crescimento do TPCK, que deve então ser considerado um corpo de conhecimento distinto, que pode ser desenvolvido e avaliado.

O ICT-TPCK é então proposto, incluindo não apenas conteúdo, pedagogia e tecnologia (no caso específico, TICs), mas também conhecimento dos aprendizes e do contexto em que a aprendizagem ocorre. O ICT-TPCK é definido como as maneiras com que o conhecimento sobre ferramentas e suas potencialidades (affordances) pedagógicas, pedagogia, conteúdo, aprendizes e contexto são sintetizados em uma compreensão de como tópicos particulares, difíceis de ser entendidos por aprendizes, ou difíceis de ser representados por professores, podem ser transformados e ensinados mais eficientemente com TICS, de maneiras que mostrem o valor adicionado da tecnologia. Na base dessa conceitualização está a visão de que a tecnologia não é um veículo de entrega que simplesmente entrega informação, mas um parceiro cognitivo que amplifica ou aumenta o aprendizado do aluno. Todo programa ou modelo de design instrucional que vise o desenvolvimento do ICT-TPCK deve considerar o conhecimento do professor e as experiências em sala, e utilizá-los como ponto de partida para iniciar os esforços visando ao desenvolvimento e/ou crescimento do ICT-TPCK. Pesquisas mostram claramente que o pensamento e as tomadas de decisão instrucionais dos professores são guiados por um corpo de conhecimento que está profundamente situado nas práticas da sala de aula, portanto o ICT-TPCK não pode ser considerado um corpo de conhecimento que existe independentemente das crenças e da experiência prática dos professores.

O desenvolvimento dos alunos não é pensado no modelo apenas de uma perspectiva cognitiva, mas mais holística e ecológica.

TM – Technology Mapping (mapeamento de tecnologia) é então apresentada como uma metodologia para desenvolver o ICT-TPCK, situada na prática docente.

São também feitas sugestões de métodos de avaliação alternativos, baseados no modelo de ICT-TPCK: avaliação por especialista, avaliação por partes e autoavaliação.

Por fim, são apresentados casos em que o modelo foi testado.

A bibliografia é ampla e atualizada.

Publicado em EaD, Edtech504 | 4 comentários

Revistas de EaD

Revistas acadêmicas na área de educação a distância:

American Journal of Distance Education – Taylor & Francis

Distance Education – Open and Distance Learning Association of Australia (ODLAA)

EDaPECI – Educação a Distância e Práticas Educativas Comunicacionais e Interculturais

International Review of Research in Open and Distance Learning – IRROLD – Athabasca University Press

European Journal of Open, Distance and E-Learning – EURODL – EDEN – the European Distance and E-learning Network

Journal of Distance Education – Canadian Association for Distance Education (CADE)

Open Learning: The Journal of Open and Distance Learning – Routledge

RBAAD – Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância

Publicado em EaD, Edtech504 | 1 comentário

Guia de Educação a Distância – Portal Educação

Quem se inscrever em um curso do Portal Educação agora em Julho ganha (antes mesmo de sair no mercado) o meu novo livro, Guia de Educação a Distância, publicado pela Cengage Learning.

Corram porque a promoção pode acabar a qualquer momento!

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Revistas Abertas de Tecnologia Educacional

Uma lista (em desenvolvimento) de revistas acadêmicas de acesso livre, na área de tecnologia educacional.

Australasian Journal of Educational Technology

Canadian Journal of Learning and Technology

Educational Technology & Society

Informática na educação: teoria & prática

Innovate Journal of Online Education

Journal of Technology Education

Journal of Interactive Media in Education

Interactive Educational Multimedia

Journal of Information Technology Education

Journal of Interactive Online Learning

Journal of Literacy and Technology

Journal of Multimedia

Journal of Online Learning and Teaching

Journal of Technology, Learning, and Assessment

Language Learning and Technology

RENOTE – Revista Novas Tecnologias na Educação

Revista Brasileira de Informática na Educação

Revista Tecnologias na Educação

TOJET – Turkish Online Journal of Educational Technology

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O Tempo

(do livro Raízes, 1996)
João Mattar

o tempo é um mágico de cartola e bengala,
com sorrisos e curvas guardados no bolso,
com pernas tortas, idoso, o bigode escorrendo
até os ombros, a barba branda, que espeta
os rostos em busca de beijos. o tempo
é um porco-espinho sedento de outro, mas que
agride qualquer intimidade com o castigo eterno:
a loucura. o tempo é um sábio que nunca senta,
pois seus pensamentos brotam somente em movimento,
durante as longas caminhadas sem destino pelas cidades,
pelos campos, pelos labirintos.

o único medo do tempo: ficar aprisionado no labirinto.
tornar-se nó.
a arma secreta do tempo: multiplicar-se infecundado,
infiltrar-se nos espaços, cavando-os, e restar sempre
escondido.
a vitória do tempo (mesmo sobre os deuses):
ser generalidade, o conjunto dos caranguejos,
o conjuntos dos cogumelos.
a vitória pelo cansaço: uma derrota não esgota
o tempo.
a exposição do tempo se dá, por exemplo,
na angústia. nos cabelos brancos, na pele enrugada,
no jogo de xadrez.

dos bueiros os ecos insistem nas perguntas:
não há dinheiro que suborne este ancião?
não há mulher, por mais jovem e bela,
que dobre as pernas deste senhor, que
o tire, por um momento que seja, da meditação?

o guia do tempo: a inconsciência de uma criança
brincando com massa. a possibilidade de adquirir
várias formas, vários contornos, de dividir-se,
segregar-se de si mesmo. sem vozes. sem dúvidas.

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1/2 Ano Novo

[photopress:Sesc_Pantanal_057.jpg,full,vazio]

Depois da comemoração de ontem, hoje é o momento de recomeçar – com o pé direito! Dia novo, mês novo, bimestre novo, trimestre novo, semestre novo – início da segunda parte do ano. É o momento para remoçar.

Procure ser mais zen, faça ioga, medite. Tenha um dia tranquilo. Reencontre-se com o seu corpo, ande um pouco descalço. Procure coisas que o relaxem. Ouça mais o seu inconsciente e fique atento aos sinais espirituais, contando com eles para ajudar no excesso de tarefas quando necessário, para mostrar os caminhos, inclusive alternativos, e para ajudar na tomada de decisões. Converse com os seus sonhos. Solte a couraça, dê espaço ao sentimento, deixe também a emoção guiá-lo, e não apenas a razão. Cuide do seu bem-estar emocional: ouça música, reze, divirta-se, banhe-se e principalmente ame muito. Mantenha uma abertura constante para o nível espiritual. Procure algo espiritual. Fique sozinho de vez em quando, escutando a si mesmo. Ouça um pouco de música sozinho.

Procure as pessoas que exalam energia positiva e ofereça a elas também um pouco da sua energia. Troque.

Vá ao teatro. Leia.

Procure construir uma visão clara e bonita do seu futuro e embarque no sonho dessa visão. Reconstrua seu foco.

Evite brigas e discussões.

Programe apenas o que será possível fazer, em função do tempo e da energia disponíveis. Não se proponha a resolver mais problemas do que você tem capacidade e/ou energia.

Organize um pouco aquelas coisas que estão mais bagunçadas – o quarto, o armário, o escritório, uma gaveta. Coloque também os planos em ordem – de prioridade.

Tenha uma alimentação saudável, daquelas que você gostaria de repetir até o final do ano.

Bom segundo semestre!

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30/06 – Dia para Comemorar!

Há alguns anos venho comemorando o dia 30/06 – afinal, chegamos no meio do ano!

Acho 30/06 ainda mais legal do que 31/12 porque, além de comemorar, ainda dá tempo de fazer um brainstorm, rever o que não está indo bem no ano, traçar novos caminhos, mudar as coisas, se re-equilibrar e juntar energia para a segunda parte do ano. Quando chega no 31/12 não dá mais para fazer isso, só olhar o passado e assistir como foi!

Para os mais pessimistas, que acham que até aqui só aconteceram coisas ruins (com eles ou com a realidade que os cerca), ainda dá tempo de mudar de postura e agir, para tentar tornar a vida e o mundo um pouco melhores neste ano.

Então, procure e encontre hoje, corpo a corpo, aquelas pessoas muito queridas, aquelas de quem você está com saudades e as novas, que podem ser grandes companheiras na segunda parte do ano; bata um papo-furado, troque energia, tome uma champanhe e comemore bastante!

Onde você vai?

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