Assisti ontem em DVD ao filme Sócrates (Socrate), dirigido por Roberto Rossellini (responsável também pela edição e pelo roteiro)
Atenção: escrevo posts para refletir sobre filmes sem me preocupar em esconder o final. Portanto, se você não assistiu a este filme mas algum dia pretende assisti-lo, sugiro que pare de ler e só volte aqui depois, senão este post poderá acabar funcionando como um spoiler!
Atores: Jean Sylvère (Sócrates), Anne Caprile (Xantipe), Beppe Mannaiuolo, Ricardo Palacios, Antonio Medina, Julio Morales, Emilio Miguel Hernández, Emilio Hernández Blanco
Roteiro: Roberto Rossellini e Marcello Mariani
Trilha Sonora: Mario Nascimbene
Ano de produção: 1971
Idioma: Italiano
País de produção: Espanha
Duração: 120 min.
Colorido
O filme, originalmente produzido para a televisão, mostra o final da vida do filósofo grego Sócrates (470 – 333 a.C.), incluindo seu julgamento e sua condenação à morte. É composto quase que totalmente por diálogos, baseados em Diálogos de Platão como Eutífron, Hípias, Apologia, Críton e Fédon, além de uma breve encenação da comédia As Nuvens, de Aristófanes, que ridiculariza Sócrates. É sempre bom lembrar que Sócrates nada escreveu, pois acreditava que a filosofia devia ser praticada oralmente.
A interpretação de Jean Sylvère para Sócrates é austera e comovente. É possível assistir Sócrates, acompanhado de seus discípulos, andando por Atenas e empregando seu método, a maiêutica, que levava seus interlocutores a caírem em contradição. Assim, podemos conhecer várias figuras da época.
Aqui Sócrates discute com Hípias sobre a beleza:
Aqui, discute com Eutífron sobre a piedade:
Aqui, conversa com Críton sobre religião e morte:
E aqui, discursa sobre riqueza e poder:
Em determinado momento, Meleto acusa Sócrates de corromper a juventude e pede a pena de morte. O orador Lísias é chamado para defender Sócrates, que acaba decidindo defender-se sozinho, em nome da verdade.
No julgamento, Sócrates é acusado por seus ex-alunos Meleto, Ânito e Lícone de negar os deuses de Atenas, de propor novas divindades e de corromper a juventude. No final, condenado, não aceita o exílio nem outras penas alternativas, preferindo morrer. Críton e seus discípulos ainda planejam uma fuga, quando ele já está preso, que Sócrates também rejeita.
O filme de Rossellini emprega poucas técnicas cinematográficas, privilegiando os diálogos e mostrando Sócrates não como um herói, mas como um homem comum. Isso fica claro, por exemplo, na cena em que Sócrates retorna para casa 2 dias depois de ter saído para comprar pão, levando uma bronca da esposa Xantipe – com atuação sempre dramática no filme:
Numa cena marcante, é possível assistir às últimas reflexões de Sócrates, sua despedida da esposa e dos filhos, a cicuta, seus últimos passos e a morte:
O DVD traz ainda um depoimento do professor de filosofia da USP Roberto Bolzani, em que ele mostra como os Diálogos de Platão e as ideias de Sócrates são apresentados no filme.
Como dicas, os Diálogos platônicos e As Nuvens, de Aristófanes, no Projeto Gutenberg, e também a entrada na Stanford Encyclopedia of Philosophy sobre Socrates.
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Caro De Mattar,
A edição do DVD que assististe tinha um depoimento do filósofo Roberto Bolzani, professor de filosofia da USP?
Excelente a explicação de Bolzani sobre os diálogos de Sócrates, que foram na verdade escritos por Platão, bem como a Apologia de Sócrates, quando se defende durante seu processo.
Achei o filme ótimo.
Abraço,
A ética é mesmo parte do nosso cotidiano. Vemos todos os dias presente nas relaçoes familiares. Bom exemplo deixado por Sócrates.
Muito obrigado pelos conhecimentos.
Estou gostando muito 😊
ESTOU REALIZANDO UM SONHO MUITOIMPORTANTE. ESTOU GOSTANDOMUITO.
Muito relevante!
A história da ética vem ao longo do tempo, entrelaçada com a história da filosofia, buscando fundamentos para regulação do desenvolvimento histórico-cultural da humanidade. Vindo de muito tempo atrás, a partir de textos de Platão e Aristóteles, no Ocidente, a ciência moral ou ética, se inicia com Sócrates, que defendia que o conceito de ética se baseava no corpo que era a prisão da alma, sendo assim imutável e eterna. Isso significava que existia ¿um bom em si¿ próprios da alma, e que poderiam ser lembrado pelo aprendizado, ou seja, uma bondade absoluta do homem que tem uma relação com a ética apriorística, pertencente à alma e que para o corpo ser purificado este tem que a reconhecer. Qual etapa da ética o texto se refere? – ética cristã – ética moderna – ética contemporânea – ética romana – ética grega
Gostei dos vídeos.