O Twitter cria um 6 Sentido Social

Passei alguns dias revisando intensamente diversas fontes (posts, artigos, dissertações, livros, guias, slides, vídeos etc.) sobre o uso do Twitter, especialmente em educação (logo em seguida sai um post completo sobre o assunto), e por incrível que pareça onde eu encontro mais sabedoria é em um pequeno artigo do Clive Thompson na Wired de 26/06/2007: Clive Thompson on How Twitter Creates a Social Sixth Sense. Detalhe: o Twitter foi criado em 03/2006, ou seja, o texto foi escrito bem lá no comecinho! Eu já tinha feito uma breve menção ao post em Twitter na Educação (31/01/2008), mas acho que de lá para cá, na preparação de publicações como Tutoria e Interação em Educação a Distância, em que abordo o uso do Twitter em educação, não cheguei a relê-lo com a merecida atenção.

Falei agora pouco com o Clive (pelo Twitter: @pomeranian99) e me animei a seguir um pouco o fluxo do post por aqui, porque há muitas passagens, metáforas e ideias interessantes. Ainda hoje, temos muito o que aprender com suas reflexões, que podem ser estendidas a outras ferramentas e plataformas da web 2.0 e redes sociais.

O título já dá uma prévia da conversa: o Twitter cria um sexto sentido social. Mas o que isso quer dizer?

Naquele momento, muita gente odiava o Twitter, que poderia parecer o blog levado ao extremo supremamente banal. Mas como Clive afirma:

Individualmente, a maioria das mensagens do Twitter são estupidificadamente triviais. Mas o verdadeiro valor do Twitter [...] é cumulativo. O poder está nos efeitos surpreendentes que vêm de recebermos milhares de pings de nosso pelotão. E isto, por sua vez, sugere para onde a Web está caminhando.

Quando eu leio que um amigo está fazendo isso ou aquilo, não é muita informação. Mas quando recebo atualizações granulares diárias por um período de tempo, sei muito mais sobre ele. E quando meus melhores amigos me enviam dezenas de atualizações por semana, durante meses, “começo a desenvolver uma consciência quase telepática das pessoas mais importantes para mim.”

Aí vem uma passagem genial do texto:

É como propriocepção, a habilidade do nosso corpo para saber onde nossos membros estão. Esse sentido subliminar de orientação é crucial para a coordenação: evita que você esbarre acidentalmente em objetos e possibilita façanhas incríveis de equilíbrio e destreza.

Para Clive, o Twitter e outras mídias que permitem contato constante criam propriocepção social. Elas fornecem a um grupo de pessoas um senso de si mesmas (e dos próprios grupos), possibilitando misteriosas e fascinantes proezas de coordenação.

Quando eu me encontro com um amigo depois de não tê-lo visto por um mês, por exemplo, mas o sigo no Twitter, já sei em linhas gerais o que ocorreu na sua vida: como ele estava se sentindo há algumas semanas, o que aconteceu há alguns dias, onde ele esteve, o que comeu etc. Assim, o Twitter acaba funcionando não apenas como um espaço para conversar com amigos, mas também para sentir sua presença, consciência que é crucial quando estamos distantes uns dos outros.

Ora, mas levando tudo isso em consideração, por que o Twitter teria sido tão mal compreendido? E poderíamos estender a pergunta para mundos virtuais como o Second Life. A resposta: porque ambos são experienciais. Ler aleatoriamente mensagens no Twitter, assim como entrar uma ou outra vez no Second Life por alguns minutos, em uma ou outra ilha, não podem explicar o apelo. Você tem que fazer, e com amigos. Os críticos zombam do Twitter como se fosse narcisismo hipster, mas para Clive o verdadeiro apelo do Twitter seria quase o inverso do narcisismo: é praticamente colectivista – você está criando um entendimento compartilhado mais amplo do que si mesmo.

E a aposta de Clive é que, descolado da ferramenta, o gênio animado por trás do Twitter sobreviverá em futuras aplicações. Esse senso tátil da sua comunidade é muito divertido e muito útil, tornando o grupo mais do que a soma de suas partes.

Que leitura no meio de 2007! Mesmo hoje, depois de termos usado por anos o Twitter, há muitas sacadas interessantes. Quem usa hoje intensamente o Facebook, por exemplo, pode tranquilamente transpor a reflexão. E você pode também fazer uma linda ponte com a educação, uma classe, uma turma de EaD…

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