How to Catch Light in a Web
utilizada como ilustração do modelo de MOOC para a prática digital em: McAULEY, Alexander et al. Massive open online courses: digital ways of knowing and learning.
“Os MOOC representam experiências de aprendizagem realmente inovadoras. Vão além das experiências iniciais e limitadas de mudança na educação, como OCW (Open Course Ware), baseadas ainda em objetos de aprendizagem isolados e sem pedagogias concretas associadas, e incluem não apenas mudanças na forma de compreender o conteúdo, mas também propostas metodológicas e novos papéis para os dinamizadores e participantes. Afirma-se, nesse caso, de forma explícita, que nem Stephen Downes nem George Siemens, seus responsáveis, desempenham papéis de instrutores tradicionais, mas que são simplesmente nós em uma rede maior.” (HERNÁNDEZ, Dolors Reig. Un mundo de medios sin fin: cambios en aprendizaje, Facebook y la apoteosis de las aplicaciones expresivas).
Um MOOC (Massive Open Online Course) é, como a própria sigla indica, um curso online (que utiliza diversas plataformas web 2.0 e redes sociais), aberto (gratuito e sem pré-requisitos para participação, mas também sem emissão de certificado de participação) e massivo (oferecido para um grande número de alunos e com grande quantidade de material).
A essência dos MOOCs é o espírito da colaboração: além de utilizar conteúdo já disponível gratuitamente na web, boa parte é produzida, remixada e compartilhada por seus participantes durante o próprio curso, em posts em blogs ou fóruns de discussão, recursos visuais, áudios e vídeos, dentre outros formatos. Assim, como afirmam McAuley, Stewart, Siemens e Cormier, em Massive open online courses: digital ways of knowing and learning, o MOOC se constrói pelo envolvimento ativo dos alunos que auto-organizam sua participação em função de seus objetivos de aprendizagem, conhecimentos prévios e interesses comuns. Nesse sentido, possuem pouquíssima estrutura, quando comparados com cursos online oficiais e formais, que muitas vezes começam com o conteúdo e até as atividades prontos – a ideia é que o próprio programa emirja das interações entre seus participantes.
Por isso, os MOOCs têm contribuído para redefinir a própria noção de curso e a relação entre alunos e professores: a responsabilidade pelo ensino fica distribuída por toda a classe, não apenas nas mãos do professor.
Os MOOCs incentivam ainda a construção de PLEs (Personal Learning Environments), já que o aluno escolhe, de um amplo cardápio, o que e quando quer aprender e de que atividades e ferramentas quer participar, ao contrário da educação tradicional, na qual em geral todos os alunos precisam realizar as mesmas tarefas ao mesmo tempo.
Por tudo isso, um MOOC possibilita uma educação online interativa e colaborativa, com baixo custo e oferecida em larga escala, o que para muitos críticos parecia impossível, justificando os modelos fordistas enlatados de EaD.
Mas há também problemas e desafios a serem superados: a falta de estrutura e objetivos de aprendizagem pode gerar uma sensação de confusão e falta de orientação; a falta de interação constante com o professor pode resultar numa sensação de falta de guia e direção; a falta de domínio básico de informática e mesmo do uso de ferramentas distribuídas em rede podem exigir uma curva de aprendizado inicial; o alto nível de ruído de conversas simultâneas pode gerar uma sobrecarga cognitiva; e o alto nível de autonomia e autorregulação da aprendizagem exigido dos alunos pode impulsionar a evasão (termo que, entretanto, talvez nem faça sentido utilizar, no caso dos MOOCS, já que os alunos podem se interessar apenas por parte do curso). Como afirmam McAuley et al, a participação em um MOOC é emergente, fragmentada, difusa e diversa, e pode ser frustrante – não é diferente da vida!
Diz a lenda que a expressão MOOC foi criada em 2008 por Dave Cormier e Bryan Alexander, apesar de antes já terem sido oferecidos cursos online abertos, como o Educamp, na Colombia, coberto por Diego Leal em Aprendizaje en un mundo conectado: cuando participar (y aprender) es «hacer clic».
No final de 2008, George Siemens e Stephen Downes ofereceram o que teria sido o primeiro MOOC: Connectivism and Connective Knowledge, com mais de 2.000 inscritos, que estudava o conectivismo e se repetiu em 2009 e 2011.
Antonio Fini, em The Technological Dimension of a Massive Open Online Course: The Case of the CCK08 Course Tools, analisou a experiência do ponto de vista de alguns alunos. A principal razão indicada para o abandono do curso foi a falta de tempo, associada em menor grau a barreiras de linguagem, fuso horário e falta de habilidades em TICs. Experiências de aprendizagem informal como os MOOCs competem com outras atividades para a alocação de tempo pessoal. Nesse sentido, por mais contraditório que possa parecer, os alunos preferiram utilizar uma ferramanta web 1.0 passiva – Daily, uma newsletter que apresentava um resumo já filtrado pelo professor e distribuído por uma lista de emails (mas que tomava menos tempo) do que discussões interativas em fóruns no Moodle e blogs, redes sociais, Pageflakes e Second Life (que tomariam mais tempo). A maioria das ferramentas web 2.0 e redes sociais foram consideradas pouco úteis, confusas e desorganizadas pelos alunos.
Baseando-se nos resultados dessa análise, Fini recomenda que MOOCs escolham com cuidado as interfaces em função de sua usabilidade, indiquem os objetivos pedagógicos de cada ferramenta oferecida e deixem claro que os alunos podem escolher as ferramentas que preferem utilizar.
Mark Mackness e Roy Williams, em The ideals and reality of participating in a MOOC, encontram contradições similares nos resultados do mesmo MOOC.
Mas várias outras experiências já foram realizadas, depois desta facilitada por Siemens e Downes:
Para saber mais sobre MOOCs, cf. além dos links já apresentados:
2 apresentação do Downes
e alguns vídeos
O que é um MOOC
Como um aluno pode obter sucesso em um MOOC
O conhecimento em um MOOC
Cabe registrar que somos pioneiros no Brasil com os MMMOOC – Massive MultiPlatform MultiUser Open Online Congress com a Jovaed, que logo vem por aí novamente! (adiada para o segundo semestre de 2012, em data a confirmar)
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João, agrada-me muito a ideia de MOOC, porém, como vc destacou, existem barreiras a serem superadas. Vivenciei praticamente todas elas nesse curso do Simens. Acredito que com alguma sistematização apoiada por tecnologias que permitam gerir o fluxo de informação o modelo posso gerar ótimos resultados. Acho a ideia de MOOC muito apropriada para um pedagogia da inteligência coletiva. Embora a inteligência coletiva seja uma emergência, existem mecanismos para orientá-la, nesse caso específico, para fins de aprendizado. Em minha opinião, um dos maiores méritos do Simens e Stephen é sugerir propostas inovadoras e atualizadas com o novo contexto sociotécnico, mesmo que as evidências de ganho sejam ausentes ou incipientes. Apesar das dúvidas, eu aposto muito na ideia.
Estou muito empolgada com os MOOC, há algum tempo já tenho participado de vários cursos em EAD, semipresenciais e sempre na área das TICs; na verdade já conhecia esse tipo de curso, seus métodos e características, apenas não tinha conhecimento da sigla e nem consciência da importância e da responsabilidade que nos cabe no processo de aprendizagem, já que a autonomia nos permite “buscar” o conhecimento. Espero aprender muito mais e me envolver na essência do curso, que é a colaboração e interação.
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Acho que para estes tipos ce cursos serem mais aceitos, é preciso mudar o pensamento. Algumas instituições e professores têm o pé atrás por conta de direito de autorais, ou por acreditar que cursos abertos a comunidade simplesmente é perda de tempo. Participei do Jovaed e achei maravilhoso e bem funcional. Principalmente porque constrói-se uma rede de network maravilhosa.
Comecei a me interessar em EaD em 1997, quando pesquisava novas formas de ensinar usando a tecnologia, produzi um CD para apoiar o ensino presencial e daí por diante os estudos e práticas evoluíram bastante. Penso que o formato de um curso deve ser estruturado de acordo com o seu público alvo, pois há pessoas que adaptam-se muito bem com um formato “fordista”, recebem a informação que foi programada, e é de seu interesse, digerem e aplicam em suas áreas de conhecimento. Outras pessoas tem dificuldade com esse modelo, precisam de estímulos, interação com outros participantes, precisam sentir que fazem parte de um grupo. Um terceiro grupo de pessoas aprende melhor de forma colaborativa, ensinando e aprendendo. Arriscaria um quarto grupo de pessoas que necessitam exclusivamente de cursos presenciais por vários motivos psico-sociais e, no extremo, por aversão à tecnologia.
Olá Hamilton Moura, boa tarde, sou de Fortaleza-CE, doutoranda em Educação brasileira pela Universidade Federal do Ceará e estou iniciando minha participação nesse MOOC, estava meio perdida, mas agora me achei. Gostei muito dos quatro tipos de pessoas que você contextualizou e que realmente quando realizamos formação de professores verificamos direitinho esse público alvo, que ainda é um desafio conscientizar os nossos professores e alunos graduandos que precisamos nos inserir nesse novo paradigma com o uso das tecnologias em nossa prática docente. Temos um grupo no facebook que está em construção para anunciar eventos, postar material didático e discussões em temas educativos.Dá uma olhada lá. Atualmente faço monitoria no curso de Pedagogia e trabalho essas ferramentas facebook,blog e google docs, com bastante desafios, mas os resultados têm sido muito bons. Abs.Naíola
https://www.facebook.com/groups/599345533428958/
Obrigada Hamilton, por me fazer entender que eu me encaixo no modelo fordista. Passo horas pesquisando para chegar à minha conclusão. Isso é ruim ?
Será que eu me encaixo no perfil de conteudista por ser uma pesquisadora contumaz?
Oi pessoal, tudo bem? eu penso que os cursos no modelo EAD e os MOOCs são possibilidades muito interessantes no nosso tempo, principalmente porque serão cada vez mais utilizados pelos nativos digitais, que não é o meu caso. Por inúmeros motivos as pessoas começam a buscar esses cursos, seja por falta de tempo para cursar presencialmente, seja pelo fato de não ter mensalidade, por necessidade de atualização, por segurança, medo de sair de casa e outros tantos motivos. Mas o que importa mesmo é que temos que vencer o preconceito quanto ao valor dado ao que se aprende nesses modelos, principalmente porque o primeiro valor a superar é um tipo de desenvolvimento pessoal na organização do tempo em relação a tarefas, ou como gerenciar melhor seu tempo. Isso é fantástico! Imagino quanto tempo, dinheiro, energia perdemos na vida tentando concluir cursos presenciais enfrentando transito, violência, altos custos como combustíveis, sei lá se algum dia alguém mensurar tudo isso verá que além da economia em geral ganharemos mais qualidade de vida! Abraços!
Eu vejo o MOCC como uma ferramenta que dentre outras qualidades, auxilia no desenvolvimento do comprometimento e responsabilidade do próprio estudante. É preciso que essas características sejam constantemente trabalhadas, pois EAD exige muito do alunado.
Olá Érica, boa tarde, sou de Fortaleza -Ce e estou iniciando, as discussões no MOOC, que no início fiquei perdida, mas estou me achando, e penso que o MOOC é uma ferramenta que nos instiga a administrar o tempo para acessar, estudo, e também nos dá a oportunidade de aprendizagem colaborativa em larga escala, é riquíssimo. Abs .Naíola
Trabalho com a EAD desde 2005 e confesso que desconhecia o termo MOOC.
O curso oferecido pelo João Mattar veio a calhar e me deu a oportunidade de descobrir que, de uma forma ou outra (organizada ou não) eu já tinha participado e ajudado a construir cursos no modelo.
Eu penso, como foi colocado por alguns colegas, que o MOOC possa interessar a um público específico, que gosta e procura por incentivos e interação num curso em que os participantes se sintam co-construtores do conhecimento, num ambiente de estudo assíncrono e massivo. Este modelo atende muito bem às necessidades de pessoas que buscam conhecimento num ambiente de “corre-corre” em que vivemos.
Professor João, a primeira vez que ouvi o termo Mocc foi no curso do REA ( Recursos Educacionais Abertos) e EA ( Educação Aberta), entendi que o Mocc C é aquele que vem como uma resposta aos incessantes questionamento que fazemos a respeito da educação tradicional que a cada dia vem perdendo terreno e aumentando evasões, visto que é elitista excludente e descontextualizada. O Mooc C pode mudar esse quadro, pois existe dentro de um ambiente prazeroso e conhecido dos jovens ( internet), apresenta-se de forma mais democrática, visto que é gratuito e aberto, garante uma aprendizagem significativa , pois é uma aprendizagem construída e ainda garante a contextualização e a interatividade entre todos. Estou fazendo o curso Mooc Tutoria.
Já fiz um MOOC (Língua Portuguesa) e achei bem mais fácil trabalhar com a plataforma REDU. Até um dia desses eu me senti um navio à deriva até ler o comentário de uma colega do curso que me deu o caminho das pedras. Só agora me sinto à vontade para navegar. Estou recomeçando passo a passo.
Não conhecia o MOOC, simplesmente um universo fantástico,
Como João Matar colocou acredito que uma das barreiras é o próprio comodismo de muitos cursistas, que ao invés de colaborarem com reflexões críticas e construtivas, compartilhando conteúdo preferem algo que ocupe menos tempo e não precisa pensar muito, como resumos já filtrados pelo professor do que discussões interativas em fóruns no Moodle e blogs, redes sociais, que certamente dispendem maior tempo e reflexões. Por isso muito vezes a evasão é grande.
Adorando conhecer mais esse novo conceito de EAD.
Muito esclarecedor.
Parabéns pelo Blog professor. Espaço de grandes oportunidades de leitura para quem tem interesse nessa área tão interessante!
Esse é um excelente material! Bem escrito, bem desenvolvido, com excelentes fontes de pesquisa! Meus parabéns!
Ola,
Sou candidata a um mestrado em administracao e desejo seguir a linha de inovacao. Ja estudo sobre os moocs e gostaria de realizar uma pesquisa sobre os moocs como ferramenta na educacao corporativa. Alguem me sugere como eu poderia realizar a pesquisa empirica?
Cilene, o ideal seria acompanhar um ou mais MOOCs.
Atualmente estou fazendo pós na Universidade Federal Fluminense – Planejamento, Implementação e Gestão da EAD, e o tema dessa semana é sobre o MOOC, como já tive uma experiência no MOOC-LP, posso dizer que esse modelo de curso superou minhas expectativas, a interação entre os participantes foi muito colaborativa, muitos materiais para pesquisas. Sei que é específico para um grupo de alunos que consigam ter autonomia, conhecimento nas novas tecnologias, tenha foco e organização de tempo para os estudos.
Gostaria de saber o que aconteceu com a plataforma REDU, não consigo mais acessar.
Patricia, os criadores do Redu decidiram encerrar as atividades da empresa que tocava a plataforma, mas a previsão era que o código seria aberto. Não acompanhei mais para saber como andou essa questão de abrir o código.
Olá,
Tenho interesse em pesquisar o uso dos MOOCs na educação profissional. É possível? Não vejo muita literatura para esta temática especificamente.
Att,
Bráulio
Braulio, o Coursera por exemplo tem muitos MOOCs que podem ser usados em educação corporativa. Não há nenhum limite para essa aplicação, que inclusive já tem ocorrido. Procure fazer uma busca no Google Acadêmico, mas talvez você tenha que fazer a busca em inglês para encontrar mais resultados.