Busca no Google para Educação

A busca na Internet é uma habilidade essencial para todos que trabalham com educação. 2 módulos de padrões de competências em TIC para professores, da Unesco, descrevem essas habilidades:

I.D.6. Usar uma ferramenta de busca para fazer uma pesquisa boleana por palavra-chave.
Demonstrar o uso de uma ferramenta de busca; discutir e demonstrar pesquisas boleanas simples por palavras-chave; fazer com que os participantes localizem sítios de assuntos favoritos; e discutir com o grupo as estratégias de busca por palavra-chave.

III.B.2. Ajudar os alunos a usar as TIC para adquirir as habilidades de busca, gestão, análise, integração e avaliação da informação.
Discutir as características da busca por informação efetiva e habilidades de gestão bem como de que maneira as atividades de aprendizagem com base em tecnologia podem apoiar o desenvolvimento e a demonstração dessas habilidades; fazer com que os participantes criem exemplos dessas atividades.

Numa pesquisa desenvolvida pela Oi Futuro em 2010, na rede municipal de educação do Rio de Janeiro, tanto diretores quanto professores e alunos demonstraram interesse em cursos de capacitação em pesquisa na Internet.

Já tinha coberto por aqui a busca na Internet, p.ex. com Para além do Google e Recursos Educacionais Abertos, mas hoje explorei com calma o site Google Search Education Evangelism, que tem muitos recursos interessantes de orientação para buscas focadas em educação:

  1. help com orientações básicas para buscas;
  2. lista com vários recursos de busca;
  3. lista de operadores avançados para busca na web;
  4. Planos de Aulas para pesquisa básica, incluindo apresentações (com versões tb em espanhol);
  5. Master Lessons para usuários, professores e bibliotecários (tb em espanhol) – cf. p.ex. os slides com orientações para avaliação da credibilidade de fontes;
  6. um arquivo de diversos Webinars;

Cf. p.ex. um Webinar sobre como ensinar busca:

e este outro sobre como usar o Google Scholar:

Cf. Google Goes Back to What It Does Well: Finding Things 16/05/2012

Cf. Web Search Strategies in Plain English & Ten Search Tools and Tactics Teachers and Students Need to Know.

Daniel Russell é funcionário do Google e no blog SearchReSearch propõe desafios de busca na Internet, e depois de alguns dias coloca as soluções

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O mundo visto por uma luneta

Caminhando hoje de Piedade até Boa Viagem, fiquei espantado!

Fiz educação infantil, ensino fundamental e médio.

Fiz Letras (3 línguas e diversas literaturas) na USP e Filosofia na PUC-SP.

Fiz extensão na UC Berkeley e na Stanford University.

Fiz pós-graduação em Administração na FGV-SP.

Fiz mestrado em Educational Technology na Boise State University.

Fiz doutorado em Literatura na USP.

E fiz pós-doutorado na Stanford University.

Além de vários outros cursos de extensão e mais curtos.

E pasmem – não me lembro de ter sido avaliado em nenhum deles, presenciais ou a distância, em nenhum momento, por testes de múltipla escolha. Nem uma única vez! Só fiz testes de múltipla escolha no cursinho para o vestibular.

Será que o mundo progrediu tanto que só agora compreendemos que educação significa ensinar nossos alunos a enxergar o mundo por uma luneta com 5 alternativas, 1 delas sempre correta?

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Jovaed 2012

[photopress:logotipo_RGB_para_web.jpg,full,vazio]

Estamos começando a organizar a Jovaed, que ocorrerá em Junho/2012 (adiada para o segundo semestre, talvez novembro, quando estiver confirmado aviso por aqui). Para quem não acompanhou o Senaed – Seminário Nacional ABED de Educação a Distância, realizado totalmente online em 2009, e a Jovaed de 2011, cf. um post de encerramento no ano passado.

Se você e/ou seu grupo gostaria de coordenar alguma atividade, na ferramenta ou plataforma que preferir, por favor me envie um email ( joaomattar@gmail.com ) com o assunto:

Jovaed 2012

Pontapé inicial dado!

João Mattar
Coordenador
JOVAED – Jornada Virtual ABED de Educação a Distância

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Silogismo do Tablet

Desenvolvendo a bricolagem da Adriana no Facebook, com as manchetes dos últimos dias:

Premissa 1

Laptops ficam guardados sem uso em escola por falta de infraestrutura

Premissa 2

MEC quer tablets nas escolas, mas programa anterior que entregou laptops chegou a menos de 2% dos alunos

Conclusão

MEC gasta R$ 110 mi em tablets sem plano pedagógico prévio

Como diz a Adriana, dá até medo!

O que diria Aristóteles?


Tablets are Good, Content is Better, and Teachers are the Best Educational ICT Investment

Heráclito dizia que tudo é um rio, um fluxo.

No dia seguinte mudou tudo:

Agora, Ministério da Educação promete tablets para professores

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Separação

Assisti ontem ao iraniano A Separação (Jodaeiye Nader az Simin), dirigido por Asghar Farhadi, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro (2012) e que já ganhou uma série de outros prêmios, como o Urso de Ouro em Berlim e o Globo de Ouro.

Atenção: escrevo posts para refletir sobre filmes sem me preocupar em esconder o final. Portanto, se você não assistiu a este filme mas pretende assistir, sugiro que pare de ler e só volte aqui depois, senão este post funcionará como um spoiler!

Atores principais:

Peyman Maadi (Nader) e Leila Hatami (Simin)

Ali-Asghar Shahbazi (pai de Nader)

Sarina Farhadi (Termeh, filha de Nader e Simin)

Merila Zare’i (Miss Ghahraii, tutora de Termeh)

Sareh Bayat (Razieh)

Shahab Hosseini (Hodjat, marido de Razieh)

Kimia Hosseini (Somayeh, filha de Razieh)

O filme começa com uma cena em que Simin pede o divórcio de Nader.

A partir daí, Nader tem que contratar uma moça (Razieh) para cuidar de seu pai. Ele não sabe que ela está grávida nem que trabalha sem a permissão do seu marido.

Ao chegar mais cedo em casa um dia, Nader encontra seu pai sozinho, caído e amarrado na cama. Quando Razieh retorna, ele discute com ela, chegando a empurrá-la para fora do apartamento, o que provoca sua queda na escada.

Simin fica sabendo que Razieh perdeu o bebê, por causa da queda na escada, indo com Nader ao hospital, quando ambos são agredidos por Hodjat, o marido de Razieh. Nader passa então a ser acusado de assassinato e o espectador descobre aos poucos que ele está mentindo (porque sabia que Razieh estava grávida), envolvendo também sua filha na rede de mentiras, que passa então a questionar o pai. Mas, do outro lado, começamos a desconfiar de que Razieh poderia ter perdido o bebê por ter sido agredida por Hodjat, que aliás passa a perseguir e ameaçar a família de Nader. No final, ficamos sabendo que, em um dia em que Razieh deixou a porta aberta e o pai de Nader saiu de casa, ela foi atropelada ao tentar salvá-lo (numa cena tensa que tinha sido cortada lá atrás quando justamente parecia conduzir a um momento em que o pai de Nader seria atropelado), tendo então perdido o bebê antes do empurrão e da queda na escada. Aliás, ela tinha saído e deixado o pai de Nader sozinho em casa justamente para ir ao médico.

Assim, o filme explora questões de responsabilidade (a dedicação de Nader para cuidar de seu pai é impressionante), honestidade e culpa (que acaba sendo extremamente complexificada), num interessante vai-e-vem de desconfianças e descobertas por parte do espectador.

No final, a filha decide se quer morar com o pai ou a mãe, mas o filme terminar sem que saibamos qual foi sua escolha.

Cf. o trailer:

O filme tem uma página no Facebook e na Wikipedia.

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E-Learning and the Science of Instruction


CLARK, Ruth Colvin; MAYER, Richard E. E-Learning and the Science of Instruction: Proven Guidelines for Consumers and Designers of Multimedia Learning. 3rd Edition, Pfeiffer, 2011 (Kindle Edition). Resenha de João Mattar.

Bibliografia básica do curso Multimedia.

Cf. o Sumário detalhado.

About this Book

O livro é sobre o que funciona em e-learning, baseando-se não em opiniões, mas em pesquisas empíricas. Para a 3 ed., todos os capítulos foram atualizados, além da adição de um novo capítulo sobre o básico do treinamento baseado em evidências. Para ilustrar as orientações, foram adicionados novos storyboards sobre um curso síncrono e assíncrono de Excel, além de um curso assíncrono de vendas farmacêutica. Há ainda um guia para o instrutor, disponível online (mas é preciso registrar como professor e esperar retorno).

Introduction

O texto, cujos exemplos são focados na aprendizagem da força de trabalho (apesar de válidos para educação em geral), trabalha uma oposição entre dois modelos de e-learning: autoestudo (assíncrono) e aulas virtuais com professores(síncronas), que me parece inadequada, pois há autoestudo síncrono (mesmo sem professor, que envolve p.ex. a interação com colegas) e principalmente ead assíncrona com professor (com uso p.ex. de fóruns).

Chapter 1. e-Learning Promise and Pitfalls – disponível na íntegra online

O texto trabalha também com uma diferenciação entre e-learning direcionado à aprendizagem individual e objetivos de desempenho organizacionais, assim como entre e-learning voltado a oferecer informação e construir habilidades específicas relacionadas ao trabalho.

Segundo os autores, os métodos mais apropriados de e-learning dependem de: (a) os objetivos do treinamento (p.ex. informativos ou performativos), (b) as habilidades dos aprendizes (p.ex. se eles conhecem mais ou menos as habilidades) e (c) fatores ambientais diversos (como p.ex. limitações tecnológicas, culturais e pragmáticas).

E-learning é definido como instrução oferecida em um dispositivo digital (como um computador ou dispositivo móvel) cujo objetivo é favorecer o aprendizado. Novamente, são diferenciadas as formas de e-learning guiadas por professores (síncronas) daquelas planejadas para autoestudo (assíncronas).

O capítulo discute estudos que apontam que não há diferença nos resultados de aprendizado entre cursos presenciais e a distância, mas que alunos em cursos online bem planejados e implementados aprenderam significativamente mais do que em cursos cujas atividades não foram cuidadosamente planejadas e que foram implementadas com problemas tecnológicos. A conclusão é que não é o meio, mas antes os métodos instrucionais que causam o aprendizado. Os mesmos métodos causam os mesmos resultados, independente do meio. Entretanto, é importante reconhecer a especificidade de cada mídia.

E-learning permite treinamento customizado, envolvimento, uso de multimídia e aceleração da expertise por cenários. Os autores definem envolvimento comportamental como qualquer ação que um aprendiz realiza, como apertar o botão próximo, digitar uma resposta, fazer uma escolha em uma lista etc., enquanto o envolvimento psicológico seria o processamento cognitivo do conteúdo que leve à aquisição de novos conhecimentos e habilidades, como prestar atenção em material relevante, organizar materiais mentalmente em uma representação coerente e integrá-la com conhecimento prévio. Para os autores, a aprendizagem só ocorreria com o envolvimento psicológico. Apertar um botão próximo ou jogar um game podem envolver altos níveis de atividade comportamental, mas pouca atividade psicológica, enquanto assistir a uma animação explicada com narração por áudio envolve pouca (ou nenhuma) atividade comportamental, mas poderá levar à atividade psicológica necessária para o aprendizado. Ou seja: altos níveis de atividade comportamental não se traduzem necessariamente no tipo de processamento psicológico que favorece o aprendizado.

São apontadas também as armadilhas do e-learning: abuso de recursos multimídia (acima da capacidade do sistema cognitivo humano), subutilização desses recursos, falta de foco nos objetivos e abuso da aprendizagem por descoberta.

Os autores diferenciam também o e-learning voltado para informar (transmitir informações) do e-learning voltado para realizar (desenvolver habilidades específicas). Muitos cursos contêm os 2 objetivos. O e-learning performativo (voltado para realizar) pode ainda ser dividido em 2 tipos de objetivos: processuais ou procedimentais (procedural, que promovem a near transfer, em que os passos aprendidos no treinamento são idênticos ou muito similares aos passos requeridos no ambiente de trabalho) e estratégicos (que promovem a far transfer, abordagens gerais para tarefas que não possuem abordagens ou resultados esperados corretos, ou seja, as situações apresentadas no treinamento podem não ser exatamente as mesmas que ocorrem no trabalho).

Interessam-me particularmente essa transferência distante (se é que essa é uma boa tradução) porque ele questiona a rigidez com que muitas vezes o conceito de objetivos de aprendizagem é aplicado. Essas tarefas requerem que o trabalhador adapte as orientações gerais a diversas situações de trabalho. Tipicamente, algum elemento de resolução de problemas está envolvido. O trabalhador precisa, em geral, usar julgamento ao realizar essas tarefas porque não há uma abordagem correta para todas as situações. Aulas que envolvam transferência distante incluem praticamente todo treinamento de soft-skils, supervisão e cursos de administração, assim como habilidades de vendas.

O capítulo explora ainda o que chama de arquiteturas de e-learning: receptiva (aquisição de informações), diretiva (reforço de resposta, passo a passo) e descoberta guiada (construção do conhecimento, como p.ex. com games e simulações), que caminham da baixa à alta interatividade.

Mas todas essas orientações devem ser adaptadas em função dos objetivos do seu treinamento, no conhecimento prévio dos seus aprendizes e do ambiente em que vocês vai desenvolver e implantar seu treinamento.

Leituras sugeridas:

  • Evidence-Based Training Methods: A Guide for Training Professionals
  • Learning by Viewing versus Learning by Doing: Evidence-Based Guidelines for Principled Learning Environments
  • Media Will Never Influence Learning
  • Should There Be a Three-Strikes Rule Against Pure Discovery Learning?
  • Chapter 2. How Do People Learn from e-Courses

    O capítulo insiste que é essencial combinar teorias de aprendizagem com pesquisas que comprovem resultados de e-learning, defendendo o aprendizado centrado no aprendiz:

    quando você foca muito no papel da tecnologia de ponta, pode ignorar o papel do aprendiz

    O potencial revolucionário de várias tecnologias, como cinema, rádio, televisão e computadores, não teriam sido alcançados:

    A razão para a decepcionante história da tecnologia educacional pode se justificar pelo fato de que os instrutores esperavam que os aprendizes se adaptassem à tecnologia, e portanto não planejaram ambientes de aprendizagem consistentes com a forma pela qual as pessoas aprendem.

    Os autores defendem que as pessoas têm 2 canais para processar materiais – visuais/pictóricos e auditivo/verbal, que cada canal tem uma capacidade limitada de processar informações em cada momento e que o aprendizado ocorre quando nos engajamos em processamento cognitivo ativo adequado. Nesse sentido, ocorrem 3 processos cognitivos importantes no aprendizado: atenção e seleção de palavras e imagens, organização mental dessas palavras e imagens, e integração dessas palavras e imagens com conhecimento prévio.

    Deve-se lembrar da limitação de processamento em cada canal. Há 3 tipos de demandas na capacidade de processamento cognitivo: processamento alheio (extranous, que não suporta os objetivos de aprendizagem), processamento essencial (o foco do material) e processamento generativo (compreensão mais profunda, basicamente organização e integração do material, baseada na motivação do aprendiz em dar sentido a ele – que pode ser estimulada por exercícios práticos e exemplos trabalhados).

    Outro ponto essencial é a capacidade de recuperação do conhecimento, quando necessário:

    Para que a transferência tenha sucesso, cursos online precisam incorporar o contexto do trabalho nos exemplos e exercícios práticos, assim o novo conhecimento armazenado na memória de longo prazo conterá ganchos adequados para recuperação.

    São indicadas várias leituras com o próprio Mayer como autor.

    Chapter 3. Evidence-Based Practice

    Os autores reforçam que as sugestões do livro estão fundamentadas na prática baseada em evidências, defendendo que as técnicas instrucionais devem estar baseadas em resultados de pesquisas e teorias baseadas em pesquisas. Nessa direção, são mencionadas várias referências recentes e propostos 3 tipos de questões de pesquisa: o que funciona? quando funciona? e como funciona? Há uma preferência dos autores por métodos comparativos de análise, com grupos de controle, assim como por medidas quantitativas.

    São propostos 3 critérios para se levar em consideração em comparações experimentais: controle experimental (tendo apenas o tratamento instrucional como diferença), distribuição randômica dos aprendizes e medidas apropriadas (como média, desvio padrão e tamanho da amostra).

    Há uma interessante reflexão sobre por que um experimento pode não mostrar efeito instrucional: o tratamento instrucional pode realmente não ter influenciado a aprendizagem; houve um número insuficiente de aprendizes nos grupos experimentais e de controle; a medida de aprendizagem não foi sensitiva o suficiente para detectar diferenças na aprendizagem; os grupos de tratamento e de controle não eram diferentes o suficiente; os materiais de aprendizagem eram muito simples para todos os aprendizes, assim nenhum tratamento adicional foi útil.

    São enfatizadas 2 medidas estatísticas: os resultados devem ter probabilidade menor do que .05 (p< .05) - ou seja, há menos do que 5% de chances de que a diferença não reflita uma diferença real entre 2 grupos; e mostrar um tamanho do efeito igual ou maior do que .5 (ou seja, mais do que a metade do desvio padrão).

    O capítulo termina com um resumo de 5 questões para considerar ao avaliar pesquisas: a) quão similar são os aprendizes na pesquisa em relação aos seus aprendizes? b) as conclusões são baseadas em um design de pesquisa experimental? c) os resultados experimentais foram replicados? (aqui são citadas várias fontes, como The Review of Educational Research e Educational Psychology Review, além de diversos Hadbooks), d) o aprendizado é mensurado por testes que medem aplicação?, e e) a análise dos dados reflete significância prática assim como estatística?

    Os autores sugerem também a importância de desenvolver mais estudos de meta-análise, comparando a educação presencial e o e-learning.

    Chapter 4. Applying the Multimedia Principle: use words and graphics rather than words alone.

    As pessoas aprendem mais profundamente por palavras e recursos visuais (graphics) do que somente por palavras? Baseando-se em teoria cognitiva e evidências de pesquisas, os autores recomendam que cursos de e-learning incluam palavras e recursos visuais, em vez de apenas palavras, o que ajudaria no processamento ativo da informação. Este seria o princípio multimídia. E os recursos visuais devem ser planejados junto com as palavras, não somente a posteriori.

    Recursos visuais podem ter diversas funções: decorativas, representacionais, relacionais, organizacionais e transformacionais. São então apresentados diferentes usos para cada um desses tipos de recursos visuais.

    O princípio multimídia funcionaria melhor para novatos do que para aprendizes mais experientes em relação ao assunto. Além disso, animações seriam mais adequadas do que imagens estáticas em poucos casos, como aqueles que envolvam procedimentos e habilidades manuais complicadas.

    Chapter 5. Applying the Contiguity Principle: align words to corresponding graphics

    Segundo os autores, há evidências empíricas de que ocorrem ganhos de aprendizagem quando texto e imagens (graphics) são apresentados de maneira integrada, ou seja, as palavras impressas são posicionadas próximo da parte da imagem a que se referem, ou palavras são faladas no mesmo momento em que é apresentada a imagem a que correspondem, pois assim o aprendiz não precisaria gastar seus limitados recursos cognitivos para procurar a que imagem as palavras se referem. A separação de palavras (escritas ou narradas) e imagens acrescentaria um peso considerável na memória do estudante, atrapalhando o aprendizado.

    O princípio de contiguidade entre texto impresso e imagens implica, por exemplo, que o feedback apareça na mesma janela que a questão ou teste. O capítulo apresenta outros exemplos de violações comuns do princípio: em janelas de rolagem, imagens e texto estão separados; links abrem janelas que cobrem o texto da janela anterior; orientações para a realização de exercícios estão posicionadas em uma janela separada de onde elas devem ser seguidas; todo o texto está posicionado na parte superior da tela, longe das imagens; uma animação passa na metade da tela, enquanto o texto correspondente passa na outra metade; elementos essenciais na imagem são numerados, com uma legenda na parte inferior da figura.

    Há várias sugestões para evitar a violação do princípio da contiguidade. Quando há a necessidade de muito texto, por exemplo, ele pode aparecer como uma pequena janela de pop-up, próximo da parte da imagem a que se refere, que seria acionada quando o mouse toca nela.

    No caso do princípio que vincula narrações e imagens, os autores sugerem que não se apresente narração em áudio seguida de narração em vídeo sobre o mesmo tema.

    O capítulo apresenta ainda resultados de pesquisas que suportariam suas sugestões.

    Chapter 6. Applying the Modality Principle: present words as audio narration rather than on-screen text

    No caso de palavras que focam em animações, vídeos ou uma sequência de frames estáticas, o princípio da modalidade sugere que as palavras sejam narradas, e não escritas, para evitar uma sobrecarga no canal visual/pictórico.

    É apresentada no texto uma imagem para ilustrar o funcionamento dos canais pictórico e auditivo, similar a esta e baseada no mesmo livro de Mayer:


    fonte: http://dougkueker.wordpress.com/tag/jing/

    O capítulo apresenta resultados de pesquisas como evidências que suportam o princípio.

    Há exceções às quais o princípio não se aplica, como nos casos em que as palavras não são familiares, são técnicas, muito longas, não são da língua nativa do estudante ou podem ser necessárias para consulta posterior, que podem então estar disponíveis também em forma escrita.

    Chapter 7. Applying the Redundancy Principle: explain visuals with audio or text: not both

    Como consequência dos capítulos anteriores, o princípio da redundância defende que não se deve explicar graphics simultaneamente com áudio e texto, mas apenas com áudio. Haveria um processamento cognitivo desperdiçado ao tentar comparar o texto impresso com o narrado (extraneous cognitive processing).

    A teoria cognitiva de aprendizagem multimídia, que fundamenta este e os princípios anteriores, pressupõe que: (a) todas as pessoas possuem canais separados para processar material verbal e pictórico; (b) cada canal é limitado na quantidade de processamento que pode ocorrer a cada momento; (c) os aprendizes procuram ativamente construir modelos pictóricos e verbais do que está sendo aprendido, além de construir conexões entre eles.

    Como nos anteriores, o capítulo apresenta evidências de pesquisas que suportariam o princípio, assim como exceções à sua aplicação: quando não há representação pictórica; o texto e a representação pictórica são apresentados sequencialmente; a apresentação é lenta; o aprendiz tem mais dificuldade para compreender texto falado do que impresso; apenas poucas palavras selecionadas são apresentadas, próximas à representação pictórica.

    Chapter 8. Applying the Coherence Principle: adding material can hurt learning

    O princípio da coerência afirma que não se deve adicionar materiais que não suportem os objetivos de aprendizagem:

    Para enfrentar as altas taxas de evasão no e-learning, alguns designers procuram apimentar seus materiais adicionando elementos de diversão e motivacionais como histórias dramáticas, imagens ou música de fundo. Nosso conselho é: Não faça isso!

    Esses materiais, sem relação direta com os objetivos de aprendizagem, podem causar uma sobrecarga à memória de trabalho, aos recursos cognitivos e aos canais do aprendiz. Além das evidências baseadas em experiências, uma citação de Dewey de 1913 é utilizada como suporte ao princípio, em que o filósofo americano argumenta que adicionar adjuntos interessantes a uma aula antes chata não promoverá aprendizagem profunda:

    Quando as coisas precisam ser tornadas interessantes, é porque o próprio interesse está necessitado. Além disso, a frase é incorreta. A coisa, o objeto, não está mais interessante do que antes.

    A distração e sedução causadas por esses materiais adicionais podem prejudicar a aprendizagem, tirando o foco dos objetivos da aprendizagem. Recursos visuais mais simples em geral resultariam em melhor aprendizagem. O capítulo apresenta uma série de evidências de pesquisas que suportam o princípio da coerência.

    O desafio do designer, portanto, seria introduzir palavras e recursos visuais que suportem os objetivos de aprendizagem ao mesmo tempo em que promovam interesse.

    Mas os autores afirmam que há muito ainda a pesquisar sobre o princípio da coerência. As pesquisas disponíveis focam em pequenas aulas em um ambiente de laboratório controlado – seus resultados valeriam também para a instrução mais longa em um ambiente de aprendizagem autêntico, com em um treinamento? Signaling – destaque para o material mais importante, por exemplo, pode ainda chamar a atenção para os elementos importantes da instrução, compensando de alguma maneira o princípio da coerência.

    Não sabemos tampouco como as características individuais de cada aprendiz se relacionam com o princípio da coerência – a maior parte das pesquisas lida com aprendizer novatos em relação ao conteúdo ensinado. Nesse momento é mencionado “Prior Knowledge Principle in Multimedia Learning”, de Slava Kayuga, cap. 21 do The Cambridge Handbook of Multimedia Learning, coordenado pelo próprio Mayer (um dos autores deste livro). Segundo Kayuga, em muitos casos, princípios de design que ajudam aqueles que têm pouco conhecimento sobre determinado assunto, podem não ajudar, ou até mesmo prejudicar, aqueles que têm maior nível de conhecimento. A integração das informações da memória de curto prazo com as de longo prazo ocorreria de maneira diferente, dependendo do conhecimento do aprendiz. Haveria, portanto, necessidade de se desenhar diferentes formatos e procedimentos instrucionais para diferentes níveis de expertise dos aprendizes.

    Chapter 9. Applying the Personalization Principle: use conversational style and virtual coaches

    O princípio da personalização defende que um estilo conversacional ou dialógico (em vez de formal), agentes pedagógicos e autores visíveis induzem o aprendiz a se envolver com o computador como um parceiro de conversa.

    O estilo dialógico envolve o aprendiz em uma conversa com o autor, o que o levaria a um processamento cognitivo mais profundo para entender o que seu parceiro de conversa está dizendo, esforço que não ocorreria no caso do uso de uma linguagem mais formal, que não convida ao diálogo. Assim, apesar da atividade comportamental ser baixa (o aprendiz apenas lê o material), a atividade psicológica seria aumentada. O mesmo vale para narrações. O capítulo apresenta evidências de pesquisas que comprovam um aprendizado melhor quando o estilo dialógido é utilizado. O desafio, entretanto, seria evitar o uso abusivo do estilo conversacional, a ponto de gerar distração para o aprendiz.

    Vozes humanas, ao invés de vozes de máquina, geram o mesmo efeito conversacional. Uma interessante linha de pesquisa é estudar os efeitos de vozes masculinas e femininas, dependendo do tema. A educação das vozes dos agentes de tela parece também gerar efeitos positivos sobre a aprendizagem, em comparação com mensagens mais secas e diretas.

    Agentes pedagógicos são personagens de tela que ajudam a guiar o processo de aprendizagem durante um episódio de e-learning. Podem ser representados visualmente como personagens de cartoon, vídeos com cabeças falantes ou avatares de realidade virtual; e podem ser representados verbalmente por voz simulada por máquinas, voz humana gravada ou texto impresso. Podem ser representações de pessoas reais usando vídeo e voz humana ou personagens artificiais usando animação e voz gerada por computador.

    Segundo os autores, apesar de preliminares, as pesquisas na área mostram que o uso de agentes pedagógicos contribui para um aprendizado melhor. Mostram também que eles não precisam parecer humanos (podem ser, p.ex., personagens de cartoon), mas um comportamento humano contribui para o aprendizado. Os agentes, entretanto, devem ser utilizados para instrução, não diversão. Penso que, aqui, as características dos aprendizes são essenciais para determinar os resultados – quanto mais experientes e conhecedores do tema, a tendência é que gostem menos da guia de uma agente pedagógico animado.

    Um autor visível, ou seja, aquele que aparece em uma linguagem dialógica, e não se esconde por trás de uma linguagem formal, também contribuiria para uma aprendizagem melhor, pois geram presença social e motivação para o aprendiz, o que, por sua vez, gera um processamento cognitivo mais profundo. Novamente, o excesso pode gerar distração e funcionar no sentido contrário.

    Chapter 10. Applying the Segmenting and Pretraining Principles: Managing Complexity by Breaking a Lesson into Parts

    A partir deste capítulo, fiz resenhas mais curtas do que as anteriores, então preciso voltar a esses capítulos para atualizá-las.

    Este capítulo explora estratégias para segmentar lições e oferecer pré-treinamentos em conceitos que serão importantes na lição, para diminuir o peso cognitivo sobre o aluno, no caso da aprendizagem de materiais complexos.

    Lições podem ser segmentadas, p.ex., com botões Continue.

    Uma narração de como o sistema digestivo trabalha pode, p.ex., ser precedida por um treinamento sobre os nomes e localização das partes principais do corpo.

    Como nos anteriores, este capítulo apresenta evidências que demonstram as vantagens da segmentação de conteúdo e do pré-treinamento para a aprendizagem.

    Chapter 11. Leveraging Examples in e-Learning

    Um worked example é uma demonstração passo a passo de como realizar uma tarefa ou solucionar um problema. Podem ser utilizados para desenvolver habilidades procedimentais (como usar uma planilha, no Excel) ou estratégicas (como conduzir um negociação).

    Um modeling example é um worked example em que um ser humano faz uma demonstração de como realizar uma tarefa, geralmente acompanhada por um comentário.

    Os autores discutem pesquisas que demonstram que o aprendizado é mais eficiente com a utilização inicial de worked examples do que com a prática direta com exercícios, pois durante o estudo de um exemplo, a memória de trabalho está relativamente livre para captar e reorganizar novos conhecimentos. Assim que as estruturas de conhecimento básicas se formam, a prática ajuda os aprendizes a consolidar e automatizar o novo conhecimento.

    O capítulo apresenta então diversas estratégias interessantes, também baseadas em resultados de pesquisas: passar de exemplos em que os alunos não fazem nada, a exemplos em que eles realizam um passo, mais um passo, e assim por diante, até os exercícios totalmente práticos; inserir questões (p.ex. de múltipla escolha) em cada passo, para testar a compreensão daquele passo do exemplo; observação ativa, em que um grupo de alunos assiste a uma demonstração enquanto, simultaneamente, procura resolver um problema; explicações, como um botão de Ajuda, para os worked examples (principalmente quando se trata de aprendizagem de conceitos, quando não há questões para o aluno responder naquele momento – pois os alunos podem despender menos esforço nas questões, e no ensino de matemática); respeitar os princípios multimídia, apresentados e discutidos no livro, na elaboração de worked examples; diferenciar worked examples para near transfer (situações em que a aplicação do aprendizado se repete) e far transfer (situações em que o aprendiz terá que adaptar o aprendizado a diferentes situações, o que gera a necessidade de ilustrar situações em diferentes contextos para o aprendiz, que deve ser solicitado a processar e ativamente comparar esses diferentes exemplos, ou seja, um aprendizado mais flexível – e aqui o capítulo traz exemplos interessantes).

    Chapter 12. Does Practice Make Perfect?

    O capítulo traz sugestões de prática para o aprendizado. A prática (como responder a questões) é positiva até certo nível de aprendizado, depois se torna desnecessária; ou seja, há um desafio em definir até que ponto é importante o aluno resolver problemas, e quando a resolução de problemas já não é mais benéfica para o aprendizado. E esse nível ideal depende, é claro, do tipo de tarefa a ser aprendida e de quão crítica é a habilidade.

    Além disso, é importante que a prática seja o mais próximo possível da realidade em que aquela habilidade será aplicada, ou seja, que a avaliação seja autêntica, para que promova transferência do aprendizado.

    O feedback para a prática deve ser explicativo, ou seja, deve-se evitar o simples “você acertou” ou “você errou” a questão. Além disso, o feedback deve ser oferecido nos vários passos do aprendizado, e não apenas no final (o que pode não valer para procedimentos mais simples ou para habilidades conceituais ou estratégicas).

    Os autores discutem também pesquisas que mostram que as práticas que estão distribuídas pelo ambiente de aprendizagem geram maior retenção do aprendizado do que aquelas que são concentradas em momentos específicos, mesmo que, em avaliações iniciais, essa diferença não seja percebida. Essas pesquisas provavalmente explicam por que o uso de games em educação muitas vezes não gera resultados imediatos na aprendizagem, mas quando são feitas avaliações depois de certo período de tempo, quem aprendeu usando games apresenta resultados melhores do que quem aprendeu sem usar games. Isso porque a avaliação, nos games, está distribuída em várias fases, e não apenas no final do processo, como costumeiramente ocorre em educação. Segundo os autores, o uso de mídias diversas para a prática melhora o aprendizado de longo prazo.

    O capítulo discute também as vantagens e desvantagens em se misturar exercícios de temas diferentes (em geral mais adequada para a retenção do aprendizado), ou realizá-los separadamente, uma sequência de exercícios para cada tema.

    Novamente, os autores reforçam a importância de se utilizar os princípios multimídia na elaboração de exercícios práticos. Para responder uma questão, p.ex., o áudio não é a estratégia mais adequada, já que muitas vezes o aluno precisa voltar para a pergunta. O mesmo vale para as orientações e o feedback. Cores e destaques devem ser utilizados para diferenciar respostas certas de erradas, e o feedback precisa estar visualmente associado à pergunta. Uma pesquisa mostra, p.ex, que o fato de ter que escrever o texto da resposta prejudica o aprendizado, quando comparado com atividades mais simples, como ligar ou arrastar respostas. O capítulo reforça ainda a orientação para caminhar lentamente de apresentação de exemplos para a prática.

    Os autores concluem afirmando que pesquisas demonstram que a prática com feedback é positiva para o aprendizado, mas que temos ainda que compreender melhor que tipos de feedback são mais adequados.

    Chapter 13. Learning Together Virtually

    Este e os seguintes ainda ficaram por resenhar.

    Chapter 14. Who’s in Control? Guidelines for e-Learning Navigation

    Chapter 15. e-Learning to Build Thinking Skills

    Chapter 16. Simulations and Games in e-Learning

    Chapter 17. Applying the Guidelines

    Além de uma breve Conclusão, o livro tem ainda Referências, Glossário, Lista de Tabelas e Figuras, Índices de nomes e assuntos, informações sobre os autores e guia de publicação da Pfeiffer.

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    Aprendizagem Colaborativa em Ambientes Virtuais

    Participei hoje de + 1 oficina na Semana Acadêmica da Universidade Anhembi Morumbi: Aprendizagem Colaborativa em Ambientes Virtuais, conduzida por Nivaldo Tadeu Marcusso.

    Descrição: conhecer como as soluções de mídias sociais, de colaboração e tecnologias para ambientes virtuais podem contribuir na melhoria da experiência da aprendizagem.

    Nivaldo mostrou e falou de bastante coisa (inteligência coletiva, open innovation, crowdsourcing, mídias sociais e crowd school) e deu várias sugestões para consulta e leitura – então este post vai em forma de brainstorm, com alguns comentários também da plateia.

    Importância da comunicação síncrona, que gera uma maior sensação de pertencimento.

    MBA em 60 segundos.

    Pierre Lévy já falava de inteligência coletiva desde a década de 80.

    Estar próximo do nó central.

    Com 3 níveis de conexão chegamos a qq 1.

    Inteligência coletiva p desenvolver e melhorar produtos por usuários e clientes, consumidores, empresas e especialistas.





    Importância dos desafios para a aprendizagem.

    Marvin Minksy – MIT

    Comentários: podemos falar tb de uma desinteligência coletiva!


    Center for Collective Intelligence – MIT.

    Ex. de Inteligência Coletiva: bolsas de previsão.

    Gestão do conhecimento – Nonaka.


    fonte: Launch of the Future of Media Lifecycle framework

    Open Innovation Bibliography

    Gerações: GI, Silent, Baby Boomers, X, Y


    fonte: Learning at Touchstone
    Comentários: mas isso acaba padronizando o aluno (desrespeitando as diferenças em seus estilos cognitivos e de aprendizagem), e muda também cf. o curso

    Comentário: vulgarização pelo excesso de informação.

    crowdsourcing: terceirização para a massa

    Innocentive

    NineSigma

    YourEncore

    DSBTheMovie
    Project description for a crowdsourced movie form The Netherlands

    dsbthemovie351 from Marc de Hond on Vimeo.

    sougenial.com.br

    Lego Club

    Choosa

    Zoopa

    Perception – q já usamos na Anhembi

    WebEx – videoconferência etc., q vamos usar agora na Anhembi

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    Avaliação da Aprendizagem no Ensino Superior

    Participei hoje da oficina Avaliação da Aprendizagem no Ensino Superior com o prof. Carlos Jorge Rocha Oliveira. O que pareceu que seria um monólogo acabou se transformando num rico momento de discussão e reflexão!

    Depois de algumas definições, Carlos começou a explorar diferentes instrumentos de avaliação.

    Questões objetivas, p.ex., fornecem uma ampla amostra do conhecimento (pois é possível utilizar várias questões) e eliminam traços pessoais dos alunos.

    Questões objetivas do tipo verdadeiro/falso seriam mais adequadas para utilização em sala de aula, e menos em provas.

    Há vários tipos de questões objetivas de mútlipla escolha: (a) diretas, (b) com texto de introdução e contextualização, (c) com mais de uma afirmação, e depois opções para o aluno escolher – p.ex. I e II estão corretas etc., (d) figura com texto seguidos de alternativas, (e) A porque B, estabelecendo uma relação causal, e então alternativas para interpretar a relação.

    Outro exemplo bastante utilizado de questões objetivas seriam as de preenchimento de lacunas.

    Já as questões dissertativas excluem o fator sorte e a adivinhação, que podem levar o aluno a acertar nas objetivas, mas de outro lado há um desafio de como lidar com a subjetividade da correção. Uma das tentativas de diminuir a subjetividade na avaliação de questões dissertativas é o uso de rubricas. Outra opção: “cf. discutido em sala…”

    Podem-se dividir as questões dissertativas em diferentes níveis: (a) questões mais simples (o que, quando, onde, quem), (b) questões um pouco mais complexas (relacione, defina, exemplifique) e (c) questões mais complexas (desenvolva, resuma, analise, critique, organize). Um dos problemas, que discutimos em outra oficina hoje, ocorre quando o aluno já acha que a questão, por ser dissertativa, é automaticamente uma questão do terceiro nível, ou seja, que a questão pede para ele desenvolver, analisar, criticar etc. (c) – quando na verdade é uma pergunta simples (a).

    Deve-se tomar cuidado para não elaborar questões muito abertas, que praticamente não admitam respostas erradas, como: comente, dê sua opiniáo, fale sobre etc. Deve-se portanto utilizar com bastante cuidado palavras de comando (argumente, discorra, justifique, identifique, o q vc sabe sobre etc.), tanto no enunciado quanto na pergunta.

    Uma questão dissertativa pode ainda estar dividida em mais de uma pergunta, com % diferenciado de nota indicado para cada uma delas.

    Outro ponto interessante que discutimos na oficina da manhã: quando uma questão pede p.ex. 1 vantagem e 1 desvantagem, e o aluno responde com mais de 1 vantagem e desvantagem – você tira pontos porque ele não respondeu 1, mas + de 1? E se algumas respostas estiverem corretas e outras erradas – você tira pontos pelas erradas ou soma pontos pelas certas?

    Outro exemplo de avaliação mencionado foi o estudo dirigido (baseado por exemplo em um artigo).

    Por fim, Carlos apresentou a avaliação por portfólio, e foi aí que se estabeleceu um rico debate na sala. O portfólio seria uma maneira de garantir que o mérito do aluno, tanto acadêmico quanto profissional, fosse levado em consideração no processo avaliativo. Bem utilizado, poderia p.ex. elimintar o TCC, que acaba sendo um longo e penoso trabalho defendido em poucos minutos, muitas vezes não feito pelo próprio aluno, que exige orientação e participação de outros professores na banca que precisam, por sua vez, validar a autoria do aluno, afinal de contas seus nomes vão junto!

    Um dos pontos discutidos foi: como aplicar avaliações em turmas grandes? Naturalmente, pela impossibilidade de corrigir e fazer a devolução de questões dissertativas e outros instrumentos de avaliação mais trabalhosos, o professor acaba optando por questões objetivas. Mas é importante notar que a escolha do instrumento de avaliação, aqui, não é guiada por critérios pedagógicos, e sim por variáveis estranhas ao processo de ensino e aprendizagem, como a meta de uma instituição de atingir um número x de alunos ou colocar y alunos em sala de aula. Esta é a minha reflexão a partir do caminho que a discussão tomou, não as palavras do palestrante.

    Outra questão que vem me afligindo há anos: em muitas instituições de ensino, há bastante tempo o processo seletivo deixou de ser seletivo – como se diz, se você passar em frente da instituição e deixar cair seu RG… já está matriculado! Isso acabou criando turmas cada vez mais desniveladas. Ora, mas nós, professores, não estamos sendo preparados para trabalhar com esse tipo de turma – o discurso todo continua como se estivéssemos dando aula para uma turma nivelada, para um aluno ideal, padrão, que entretanto não existe mais, ou nunca existiu. O desvio padrão é que é cada vez maior. E nesses casos, dentre vários outros desafios, a questão da avaliação torna-se crítica: o que queremos avaliar em uma turma tão desnivelada? Queremos que todos alcancem determinado patamar? Devemos nivelar por baixo (desmotivando os alunos mais avançados) ou por cima (impossibilitando que muitos cheguem lá, ou fingindo que chegaram?) Ou queremos medir, p.ex., o progresso de cada aluno no curso, o tamanho do caminho que ele percorreu, não exatamente onde chegou? Penso que os professores, não apenas do ensino superior, deveriam ser preparados para o trabalho com essas turmas desniveladas; isso deveria ser uma obrigação das instituições em que esse desnível é mais acentuado.

    Surgiu então naturalmente a preocupação com o desnível na capacidade de expressão escrita dos alunos. Há um mito de que basta, para o aluno universitário, ler mais para escrever melhor. Isso pode funcionar para alguns, mas não é regra geral (ainda menos para quem tem dificuldades mais básicas), e de qualquer maneira a leitura sozinha não resolve os problemas da escrita. Ao contrário, aprendemos a escrever melhor se escrevemos e recebemos feedback do que produzimos, tanto do ponto de vista gramatical quanto de organização das ideias, estruturação do texto etc. Mas não para aí: a partir do feedback, precisamos mexer de novo no nosso texto, reescrever, e receber então um novo feedback – num ciclo tão mais longo quanto maiores forem as dificuldades dos alunos. O que, em turmas grandes, obviamente é impossível fazer, mesmo porque, se for esse o caso, todo professor se tornará professor de português. Penso que uma disciplina separada de lingua deveria ser oferecida aos alunos com maiores problemas, mas presencial – online com pdfs e testes de múltipla escolha (a pdfquização da EaD) também não ajuda a resolver muita coisa! Caso contrário, chegamos ao ponto de dar um diploma de ensino superior para um aluno que não sabe escrever – mas que tem no seu currículo, por incrível que pareça, a redação de um longo TCC! Para um aluno que teve graves problemas em sua formação no ensino básico, que a universidade se eximiu de reconhecer e procurar enfrentar, porque não considera sua obrigação. Novamente, esst é a minha reflexão a partir do caminho que a discussão tomou, não as palavras do palestrante.

    Carlos chamou também a atenção para registrar sempre para os alunos, em detalhes, os objetivos e os critérios do processo de avaliação. Deixar também bem claro para os alunos que o plano de aula pode sofrer alterações, por diversos motivos, e que então eles devem frequentemente checar o plano de aula atualizado.

    A oficina e a discussão ajudaram a enriquecer minha visão da educação como um processo de produção, de elaboração de produtos por parte do aluno, o que, por sua vez, implica um processo de avaliação mais autêntico, mas sintonizado com o que ele terá que fazer fora da academia. Em certo momento foi dito que é importante saber, na avaliação, o que eu quero perguntar para o aluno. Mas quais são as atividades profissionais em que o aluno ficará respondendo perguntas? Na verdade, talvez fosse mais autêntico pensar, por trás da avaliação: o que eu quero que o meu aluno faça? E então propor colaborativamente o que deve ser feito e com quais critérios aquele processo e produto podem ser avaliados. Com o aluno participando da elaboração dos critérios e inclusive autoavaliando seu progresso, processo e produto, em função dos critérios que ele mesmo ajudou a elaborar. E seus colegas também. Hetero, co e auto avaliação.

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    Metodologias Ativas no Processo de Ensino e Aprendizagem

    Ontem, na abertura oficial da Semana Acadêmica da Universidade Anhembi Morumbi, assisti à palestra do professor Álvaro José Magalhães Neves, da Universidade Federal de Viçosa: Metodologias Ativas no Processo de Ensino e Aprendizagem.

    Ele analisou inicialmente uma imagem de uma aula (ou leitura?) na Idade Média (que não encontrei até agora). Os livros estão nas mãos dos professores, 2 alunos estão conversando e o único que parece prestar atenção é um cachorro! Como não havia livros para todos na época, fazia muito sentido uma aula em que o professor lesse e falasse, e os alunos, por sua vez, tivessem que copiar e memorizar. Álvaro lembrou inclusive que a introdução do livro foi considerada, por muitas universidades, cultura barata na época.

    Entretanto, segundo Álvaro, o aluno só registraria alguma coisa na memória de longo prazo quando faz. Nesse sentido, ele apresentou o método de Peer Instruction, desenvolvido pelo professor Mazur, da Universidade de Harvard, onde Álvaro já esteve inclusive como pesquisador visitante.

    Os ingredientes do método são:

    • estudo prévio (ou seja, incentivar o aluno a aprender com fontes primárias)
    • feedback constante aluno-professor
    • interação constante
    • o aluno tem que fazer

    De acordo com o método de Peer Instruction, a aula deve começar com uma exposição de 7 a 10 minutos, seguida de uma ou mais perguntas. Álvaro fez uma demonstração durante a palestra com leitores da Turning Technologies, que permitem colher automaticamente as respostas dos alunos para um PC ou outros dispositivos.

    O prazo de 10 segundos finais para as respostas eram animados com uma musiquinha. É possível saber inclusive quem respondeu o que, o que ajudaria o professor, mesmo depois da aula, a acompanhar o progresso dos alunos. Se você estiver em um laboratório, um formulário do Google Docs, p.ex., permite realizar as mesmas atividades. Segundo uma pesquisa apresentada por Álvaro, a própria expectativa de saber que responderão perguntas já geraria resultados diferentes, mobilizando os alunos, em comparação àqueles que apenas assistem a uma aula passivamente.

    A partir do nível de acertos e erros dos alunos, a aula tomaria então diferentes rumos:

    • abaixo de 30% de acertos: o professor repete a exposição, obviamente com algumas diferenças
    • entre 30% e 70% de acertos: formam-se grupos de alunos que discutem os temas expostos
    • acima de 70% de acertos: o professor dá uma breve explicação sobre o tema e passa para outro

    Álvaro apresentou trabalhos comparando o ganho de Hake em alunos que tiveram aulas pelo método de Peer Instruction e outros que tiveram aulas pelo método tradicional, com resultados muito mais positivos no primeiro grupo. As taxas de abandono seriam também menores, tanto em pesquisas realizadas em Harvard quanto em outra faculdade norte-americana.

    Uma das explicações possíveis para os resultados positivos seria o ambiente colaborativo criado quando os alunos estudam em grupo, discutem diversos temas e assumem inclusive funções de professores. Além disso, depois de responder uma questão (e errar), o aluno estaria mais aberto para ouvir tanto o professor quanto seus colegas.

    O desafio e o propósito do Peer Instruction, portanto, seria mobilizar o aluno a estudar. Álvaro falou por exemplo do que chamou de Just in Time Teaching, em que os alunos estudam e respondem questões na noite anterior à aula, p.ex., e o professor organiza assim a aula em função dos acertos e erros das respostas.

    Apesar de incentivar o estudo em grupo e os próprios alunos assumirem funções de professores, além da utilização das respostas dos alunos para guiar as aulas, pareceu-me que o método propõe menos o learning by doing do que canta: na verdade, a proposta contina sendo de estudo por parte do aluno, não de projetos e elaboração de produtos, em que a aprendizagem está embutida no próprio fazer. As avaliações nas pesquisas apresentadas, pelo que foi possível perceber, pareceram ainda tradicionais. Ou seja, o Peer Instruction pareceu-me ativo, mas nem tanto!

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    Rubricas no Processo de Avaliação

    Ontem participei de mais uma oficina da Semana Acadêmica da Universidade Anhembi Morumbi: Rubricas no Processo de Avaliação, coordenada pela querida professora Luciana Santos:

    Apresentar a rubrica como ferramenta na construção de métricas de avaliação mais transparentes e eficazes.

    Fiz um brainstorm just-in-time no Facebook.

    O uso de rubricas possibilita que o professor desenvolva e sistematize critérios e indicadores de avaliação, buscando assim reduzir a subjetividade do processo. São ferramentas que servem para auxiliar o professor a construir critérios avaliativos mais transparentes e coerentes em relação a objetivos de aprendizagem determinados. Funcionam, portanto, como um instrumento de avaliação formativa, permitindo ainda o envolvimento dos alunos no processo de aprendizagem e avaliação. Uma ideia interessante é convidar os alunos a proporem sugestões para a elaboração das rubricas pelas quais seus trabalhos e projetos serão avaliados.

    A rubrica deve conter: foco na mensuração de objetivo estabelecido (desempenho, comportamento, ou qualidade), desempenho organizado em níveis e uso de uma referência de classificação para situar o desempenho.

    Eu já tinha registrado por aqui alguns posts que falavam de rubricas, como Rubrics: Avaliação em Educação (2009) e Rubricas & Avaliação (2010).

    Confira um interessante guia sobre avaliação e rubricas, com vários links, e 2 ferramentas para auxiliar a elaboraçaõ de rubricas: Rubistar e Rubrix.

    Referências sugeridas na oficina:

    Avaliação Autêntica

    ESTEBAN, Maria Teresa (Org). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

    HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora. Porto Alegre: Mediação, 1993.

    LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 18 ed. São Paulo: 2006.

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