Antes pato que gato-sapato!

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Vinha cantando alegremente, quém quém… mas acabou sobrando para o coitado pagar o pato dos males da EaD!

O coitadinho faz de tudo: nada, anda e voa, mas faz tudo mal. Então, foi escolhido como o símbolo da EaD mal feita, sem a divina divisão de trabalho fordista.

Tem até joguinho para caçar o pato!

Mas vamos descriminalizar um pouquinho o pato, como os palmeirenses fizeram com o porco! Aliás, uma das promessas do nosso futebol é o jovem Alexandre Pato. E não podemos esquecer do Pato Donald e do Tio Patinhas!

Antes pato que fazerem de mim gato-sapato! Há pato-do-mato, pato-bravo e pato-real. Perípato era o sistema filosófico de Aristóteles, um dos primeiros e principais filósofos do ocidente.

A pato-logia da EaD caminha para uma alienação dos docentes. Antes pato que patogênico!

Pouco pato e muito carrapato, os males da EaD no Brasil são! Precisamos de um patologista para a paisagem patoral da EaD.

Prefiro ser pato que patoteiro: melhor um curso de um pato que um parlapatório da patotada, que não se comunica para a produção de currículos e conteúdos.

Antes ser um pato que pagar o pato da exploração a que estão sendo submetidos muitos docentes em projetos indecentes de EaD!

Um pato com uma idéia na cabeça e uma câmera na mão: este é o lema da nova EaD! Libertadora! Contra a proletarização do professor! Como resistência à industrialização da educação! Contra os Blockbusters para a produção de conteúdo! Contra o McWorld!

O pato é o símbolo dessa EaD de resistência, com sua poderosa caixa de ferramentas virtuais. E que venham o marreco, o ganso…

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Publicado em Administração, EaD, Educação | 15 comentários

Docência on-line independente

Um bate-papo rápido durante o coffee-break no FUP-RJ serviu para conhecer mais de perto o trabalho dos irmãos Tractenberg e aperfeiçoar ainda mais a teoria do aututor.

Leonel Tractenberg é professor da FGV-RJ e Régis Tractenberg se define um docente online independente. Ambos, junto com a Renata Kurtz (que também conheci no coffee-break), fazem um trabalho muito interessante na Livre Docência Tecnologia Educacional.

Eles já apresentaram e publicaram dois importantes artigos sobre o tema da docência on-line independente: “The advantages of independent online teaching: an experience report”, no ICDE 2006 [daqui por diante referenciado como 1], e “Seis competências essenciais da docência online independente”, na ABED 2007 [daqui por diante referenciado como 2].

Como eles mesmo afirmam [1], é muito estranho que, apesar do fato de a docência independente existir há bastante tempo, e da autonomia e independência do aluno ser um dos temas mais comuns em EaD, exista tão pouca literatura sobre o papel pedagógico do docente independente.

Para eles, o docente online independente é aquele professor que planeja, desenvolve, divulga, implementa e oferece de forma autônoma os seus cursos, utilizando tecnologias da comunicação e da informação, especialmente a Internet. Ou seja, ele não participa apenas da tutoria, mas também dos momentos pré–curso (concepção, desenvolvimento de conteúdo e atividades etc.) e pós-curso (avaliações do curso etc.). Isso, como eles mesmo afirmam, vai de encontro (contra) à “noção vigente de que a EAD requer necessariamente o trabalho de equipes multiprofissionais para ser implementada.” [2]

O docente on-line independente, portanto, torna-se autônomo em relação a rotinas de trabalho, instituições educacionais, currículo etc., seguindo uma tendência de virtualização do trabalho (trabalhadores freelance e autônomos), alternativa que pode ser observada no caso de músicos, jornalistas, escritores etc., que hoje têm realizado seu trabalho com mais independência e autonomia, livrando-se das limitações das instituições e expandindo assim suas possibilidades e seu mercado de trabalho. Isso tem se tornado cada vez mais viável em função dos custos baixos e das ferramentas hoje disponíveis.

O docente on-line independente é, portanto, independente de uma instituição educacional reguladora e intermediadora dos serviços educacionais que ele presta. Ele é um empreendedor, um profissional autônomo que pode viver de seu próprio trabalho e não precisa ser contratado por uma instituição educacional e se submeter a regras, currículos ou procedimentos. Como eles afirmam, há hoje uma “condição cada vez mais comum de precarização do trabalho docente junto às instituições de ensino, que o transformam em mão-de-obra barata, contingenciável e substituível, desprovida de direitos e de possibilidades de participação na concepção e planejamento do seu próprio trabalho.” [2]

Uma condição comum hoje, nos tutores de cursos de EaD, é a baixíssima participação e controle sobre o programa que já foi pré-definido pela instituição, o que temos discutido bastante neste blog. O docente on-line independente, ao contrário, tem “autonomia na autoria do projeto pedagógico e no controle dos meios de desenvolvimento, divulgação, gestão, implementação e avaliação dos seus cursos, bem como a fruição integral dos proventos financeiros gerados”. [1, 2]

Outra passagem que merece ser citada integralmente:

“No limite, a figura do docente independente opõe-se à do professor-horista, ‘proletário’ subordinado à instituição de ensino, que não é chamado a participar da elaboração projeto pedagógico dos cursos, não decide sobre seus conteúdos, materiais didáticos, atividades e formas de avaliação, e cuja função é simplesmente a de executar o que foi determinado no ‘programa” curricular.’” [2]

Para ser um professor on-line independente, entretanto, é necessário desenvolver habilidades distintas da docência presencial e mesmo da tutoria on-line. Os irmãos Tractenberg defendem que existam seis grupos de competências essenciais para o exercício da docência on-line independente:

a) técnicas: conhecimentos e habilidades na área dos cursos oferecidos;

b) empreendedorismo: concepção, divulgação e promoção de cursos;

c) planejamento pedagógico: desenho, desenvolvimento e avaliação dos resultados obtidos com os cursos;

d) mediação pedagógica: mediar, tutorar, facilitar e/ou moderar cursos;

e) tecnológicas: domínio das ferramentas de TI necessárias para planejar, desenhar e implementar o curso, contatar alunos, cadastrar turmas etc.

f) gerenciais: administração de inscrições, pagamentos, cadastramento de turmas, orientação de alunos quanto aos procedimentos burocráticos e técnicos do curso, geração e envio de certificados etc.

Eles apresentam [1] essas competências em maiores detalhes, como resultado de um questionário que aplicaram a alguns docentes on-line independentes.

Vantagens? Claro, tanto para os professores quanto para os próprios alunos: uma crescente mobilidade e flexibilidade em relação ao tempo; propriedade total do curso (conteúdo, métodos pedagógicos, materiais e técnicas de disseminação); retorno mais elevado por seu trabalho; a possibilidade de trabalhar com turmas pequenas; a possibilidade de oferecer a cada estudante, individualmente e de forma personalizada, um nível mais elevado de atenção e feedback; custos menores; etc.

Com a empresa Livre Docência, os irmãos Tractenberg têm colocado em prática esse conceito de docência on-line independente. Dentre as ferramentas que eles destacam em suas experiências, estão o software Fantástico, para a instalação de softwares de código aberto, e a escala COLLES, para avaliar as expectativas e experiências dos participantes dos cursos.

Nas avaliações dos seus alunos, podem ser destacados os seguintes pontos positivos: o nível de suporte oferecido pelo instrutor; a qualidade dos textos; a maneira clara com que o curso é organizado; e a facilidade no uso do Moodle, o LMS que eles têm utilizado.

Com a redução de custos, difusão social e maior facilidade no uso de tecnologias da comunicação e da informação, as barreiras tecnológicas para os docentes on-line independentes tendem a diminuir. Para os irmãos Tractenberg, a docência on-line independente deve representar uma parcela significativa na oferta de EaD no futuro próximo.

Quem tem acompanhado a discussão sobre o aututor (para a qual prometo um post na semana que vem), pode perceber que o conceito desenvolvido (e praticado) pelos irmãos Tractenberg amplia (ou complementa?) o conceito de aututor.

Como um bate-papo em um coffee-break pode ser valioso!!

Publicado em 22 ICDE, Administração, Computação, EaD, Educação, Resenhas | 7 comentários

FUP-SP 2007

Depois do FUP-RJ, participei do V FUP-SP, um evento de gente grande: convidado estrangeiro e tradução simultânea, mais de 200 participantes, coquetel para lançamento de livros… tudo em um dia, o que para muitos é o ideal – as pessoas têm cada vez mais dificuldade de participar de congressos longos.

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Das 09:00 às 10:30 houve a apresentação de Roger Trimer: Soluções de apoio ao ensino: tecnologias e métodos de aprendizagem, e uma mesa-redonda: Gestão de IES – fatores-chave de sucesso, mediada por Geraldo Caravantes e com a participação de Antônio Carbonari.

Mas eu optei pela mesa sobre EaD, com Marcos Formiga, Roberto Palhares e Waldomiro Loyola.

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Marcos Formiga, professor da UNB e vice-presidente da ABED, discutiu inicialmente a situação de exclusão digital no Brasil. Em seguida, apresentou a evolução do conceito de universidade, passando pela Idade Média, a Revolução Francesa e a interação com as empresas. Criticou então o planejamento da educação superior no Brasil (segundo ele, em muitos planos há números apenas nas páginas, o que seria inaceitável, e nosso país seria o que possuiria mais legislações sobre educação no mundo) e a concentração injustificável de cursos nas áreas de Ciências Humanas e Sociais, mas ressaltou pontos positivos, como um sistema de pós-graduação de qualidade, e destacou o potencial para a utilização das TCIs e da EaD. Ele se referiu então ao Relatório Delors – Educação um Tesouro a Descobrir da UNESCO e às Metas do Milênio da ONU. Defendeu também a necessidade de alterações nos currículos, que precisam se tornar mais customizados, e que não há professores suficientes para educar todo mundo que quer estudar. Em certo momento, ele afirmou que em EaD o fundamental é o conteúdo, mas a afirmação ficou um pouco fora de contexto para avaliarmos se ela realmente vai de encontro (contra) ao conceito de aututor. Formiga lembrou da importância de Knowles, que com seus estudos sobre andragogia desinfantilizou a educação superior. Lembrou ainda do Contribuição da Indústria para a Reforma da Educação Superior e do Programa Educação para uma nova indústria, ambos da CNI. Por fim, comentou sobre a baixa porcentagem de conteúdos em português na Internet.

Roberto Palhares, presidente do Instituto Monitor, falou sobre o Panorama da EaD no Brasil. Sua fala foi prejudicada pois ele tinha chegado de madrugada a São Paulo, mas sua bagagem havia extraviado, junto com a apresentação. Ele traçou inicialmente o caminho do conceito de ensino a distância até a idéia contemporânea de aprendizagem flexível. Ele lembrou que um curso de graduação a distância recebeu nota 5 recentemente, em avaliação do MEC. Ele também ressaltou as notas superiores obtidas pelos alunos de EaD em relação aos presenciais, no ENADE, o que, como já discutimos por aqui, pode se justificar porque os alunos que fazem cursos a distância já são mais autônomos do que os alunos presenciais, e não como prova de que os cursos a distância são superiores. Para Palhares, a EaD exige maturidade e comprometimento com os estudos, o que o aluno em idade regular não teria. Ele lembrou que a EaD não é o remédio para todos os males da educação no Brasil (o que deve ser louvável, pois muita gente defende que seja), e que a EaD atende um grupo de alunos com mais maturidade e que precisa se manter atualizado. Lembrou que há muita confusão entre as esferas governamentais em relação à EaD, como no caso de São Paulo, em que a Prefeitura não aceita docentes com formação a distância, enquanto o Estado está montando ensino a distância para formar professores! Ele afirmou que 86% da EaD é ainda ministrada por textos impressos (apesar de hoje as pessoas terem mais dificuldade para ler um texto em seu dia-a-dia), mas o que teria melhorado bastante seria a assessoria prestada aos alunos, que antes era oferecida por correspondência. Ele lembrou dos altos custos envolvidos na produção de materiais de EaD de qualidade, entre R$ 20.000,00 e R$ 30.000,00 a hora-aula. Para Palhares, a EaD de qualidade deveria ser feita por meios eletrônicos, e ele não acredita em telepontos, aulas gravadas etc., que ofereceriam apenas um pequeno progresso em relação aos livros. Para ele, não existe uma fórmula pronta para a EaD, que estaria em ajustar o conteúdo do curso ao público-alvo, inclusive com atividades e mídias diferentes dependendo do público, como televisão, rádio, leituras etc. Ou seja, os objetivos de um projeto de EaD teriam que ser pensados em função do público-alvo e das tecnologias disponíveis, tanto para a instituição quanto para esse público. Ele defendeu ainda que a evasão em EaD se explica pelo processo natural de ajustes, pois muitos alunos não estão preparados para fazer um curso a distância. Mas, para ele, um aluno que conclui um curso a distância seria melhor que um aluno que conclui um curso presencial. Ele lembrou ainda que o Instituto Monitor teve alunos ilustres.

Durante a palestra de Palhares, lembrei-me do constante binômio produção/disseminação do conhecimento, que muitos utilizam quando se referem à EaD, defendendo inclusive que essas atividades precisam ser separadas, desenvolvidas por pessoas ou instituições distintas, mas que na verdade a idéia da construção do conhecimento (em colaboração por professores e alunos) supera essa polaridade.

Por fim, o prof. Waldomiro Loyolla, Diretor de EaD da FMU, fez uma apresentação muito rápida por causa do tempo, em que falou sobre a realidade e as perspectivas da educação a distância. Os temas que ele teria abordado seriam, dentre outros: relações entre professores e alunos, direitos autorais, inovação, impactos acadêmicos das novas tecnologias e escola inovadora.

Todos os slides, de qualquer maneira, devem estar disponíveis no site da Pearson daqui a alguns dias.

Aí, pausa para um coffe-break.

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Em seguida, havia a opção da palestra de Christopher Lovelock, que já comentei no post sobre o FUP-RJ, e a mesa-redonda Tecnologias de apoio ao aprendizado, mediada por Fábio Camara, com Greg Ivanoff, Maurício Pimentel e Sérgio Storch.

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Maurício Pimentel, professor universitário e sócio-fundador da Associação “Pesquisadores Sem Fronteira“, voltada à pesquisa, discutiu o uso de tecnologias tanto no apoio ao ensino presencial quanto na EaD. Ele falou sobre a construção coletiva da memória em portais; sobre os ganhos que a tecnologia traz em relação a mobilidade, acesso e participação; e sobre o uso de blogs, wikies e nukes, e indicou dois portais: Pimentel e ILAnet.

O professor Gregório Bittar Ivanoff, moderador do ILAnet, deu uma palestra que já estava disponível no site e já tinha tido 100 acessos, ou seja, o tema já estava sendo discutido antes mesmo da palestra. Ele diferenciou a lógica da capacidade da lógica da guerrilha e da complexidade, baseando-se no artigo Similarities and contradictions in the core logic of three strategy research streams, de Cynthia A. Lengnick-Hall e James A. Wolff. Para ele, vivemos uma situação de mercados de alta velocidade, que exigem conteúdos criados rapidamente para determinadas situações. Ele ainda apresentou temas sugeridos para discussão por André Saito, que deveria ter participado da mesa mas teve que ir para o Japão.

O professor Sérgio Storch, presidente do pólo-SP da SBGC, falou sobre a produtividade em portais educacionais, do ponto de vista dos aspectos sócio-técnicos. No processo tradicional de ensino, teríamos uma seqüência autores-professores-sala-alunos, enquanto nos portais os autores, colegas e professores trabalhariam colaborativamente com os alunos, e mesmo com os biblio(ciber)tecários. A Internet desintermediaria os processos produtivos, inclusive de aprendizagem. Sérgio se interessa por medir a produtividade em portais: acesso a conteúdos, protagonismo dos alunos, protagonismo dos professores, flexibilidade para os processos de avaliação (a mídia eletrônica permite, por exemplo, avaliações instantâneas) etc. Na Internet, o professor tem liberdade para escolher o conteúdo e para oferecer a biblioteca do mundo! Para Sérgio, a competitividade entre as instituições se definirá pela maior ou menor ousadia para oferecer diferentes recursos aos alunos, o que envolveria, é claro, custos de treinamento dos professores. Para Sérgio, os fatores essenciais em um portal seriam: governança, arquitetura, gestão de conteúdos (a cozinha, em geral esquecida na montagem dos portais) e tecnologia, além de termos que levar em consideração o aluno, os processos pedagógicos de pesquisa/produção/avaliação, a organização (papéis, estruturas, processos) e as pessoas (docentes, bibliotecários, coordenadores etc.). Mas, acima de tudo, é essencial uma visão de negócios e estratégica por trás de um portal. Ele defendeu ainda que é necessário desenvolver novos processos pedagógicos para um portal. Para Sérgio, por limitações de tempo a que todos estamos submetidos, o importante seria conseguir o máximo de aprendizagem com uma quantidade limitada de conteúdo. E um desafio seria a governança em rede.

O almoço com o pessoal da Pearson foi no restaurante All Seasons, que fica no próprio hotel do evento. Como era sábado, tinha um buffet simples de feijoada e uma variedade de sobremesas, num ambiente agradável e intimista.

Após o almoço, além da palestra do Roger Trimer (a mesma do período da manhã), e da palestra do professor Fredric Michael Litto, Como e por que estudar o futuro, houve a mesa-redonda: Moodle, opção para criação e gerenciamento de cursos a distância, com Humberto Massareto e José Manuel Moran.

Humberto Massareto, professor e coordenador na FAAP, discutiu o Moodle de uma perspectiva tecnológica.

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Inicilamente, ele lembrou a importância do cuidado com o tamanho das letras em textos na Web (acima de 12, segundo ele), das restrições de banda larga em nosso país, e das funções da tecnologia de multiplicar e compartilhar conhecimento, promovendo o ambiente colaborativo. ADDIE seria a sigla para um processo de EaD: Avaliação (ou análise do público), Design, Desenvolvimento, Implementação e avaliação (Evaluation). Ele lembrou que a restrição para avaliação pela Internet é praticamente universal. Durante a apresentação, usou alguns trocadilhos, como “por increça que parível” e Moodle/Mudou. Segundo ele, existem hoje mais de 200 LMSs no mundo. Ele se referiu a um projeto PATO, nos casos em que uma pessoa decide fazer tudo (decidi trabalhar um pouco esse conceito para adotá-lo como lema da idéia do aututor): o pato é um animal que faz tudo – nada, anda e voa, mas não faz nada bem. Lembrou ainda do software Hot Potatoes para elaboração de exercícios para EaD, que pode ser utilizado no Moodle.

Em seguida, o professor Moran, como sempre, deu uma palestra bastante interessante.

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Ele ligou o predomínio do uso do Moodle ao crescimento de uma comunidade mundial colaborativa que se opõe aos ambientes proprietários, como ocorreu com o Linux. Na comunidade Moodle, as pessoas se ajudam, divulgam e melhoram a compatibilidade com outros ambientes. Ele está utilizando a versão 8.2 do Moodle, que considera bastante madura para a fase atual dos LMSs, mas ainda distante do ideal para a EaD. Ele lembrou que o Moodle é um ambiente pensado para adultos, não sendo, portanto, muito amigável para crianças. Ele lembrou também do SLOODLE, que seria uma combinação do Second Life com o Moodle, ou o Moodle 3D, para ele a próxima etapa. Ele destacou outro sistema livre, o Sakai, que seria mais robusto mas ainda menos testado que o Moodle. Ele explicou que participou de uma banca de mestrado a distância utilizando o Breeze, em que os professores estavam em diferentes cidades (imaginem que economia isso gera, não apenas financeira, mas também de tempo). Ele também trabalha com orientação a distância, muitas vezes sem conhecer seus orientandos pessoalmente por um bom tempo. Ele destacou a importância de se utilizar ferramentas para comunicação em tempo real dentro dos ambientes de aprendizagem, e que é necessário manter o poder da comunicação presencial no mundo virtual, criando afetividade na comunicação a distância. Como sempre, o professor Moran defendeu o ensino semipresencial (com o que concordamos 100%), e a conseqüente necessidade de preparação dos alunos, da equipe de apoio técnico-pedagógica e de capacitação dos professores. Ele contou brevemente a história da implementação do ensino presencial na Faculdade Sumaré, que já cobri em sua palestra no FUP-RJ, e lembrou que os maiores problemas ocorreram ironicamente com os professores de tecnologia. Ele lembrou das recentes notícias sobre algumas instituições que estão fazendo uma EaD de baixa qualidade na utilização dos 20% que o MEC permite de atividades a distância para cursos presenciais, uma enganação para os próprios alunos, e como isso repercutiu mal no MEC (eu fui um dos que me rebelei contra a Enganação a Distância neste blog, e sinto que a falta de mobilização dos professores que se submeteram a projetos vergonhosos tenha prejudicado não só aos seus colegas que foram demitidos e aos seus alunos, mas também à EaD em nosso país como um todo). Moran concluiu dizendo que as mudanças necessárias para a implementação de uma cultura de EaD são de projetos e de criatividade pedagógica, não de ferramentas.

Durante o debate, Marcos Telles lembrou que a Microsoft gastou bastante dinheiro para integrar seus bancos de dados com o Moodle, assim como a Sun. E lembrou também do MoodleMoot07, que se realizará de 19 a 20 de Outubro no Mackenzie. Humberto lembrou ainda a importância da estratégia e da tutoria em EaD. Um participante afirmou ter considerado a interface do Moodle bem menos intuitiva e amigável que a do Blackboard. Segundo Moran, o Blackboard teria sido desenvolvido mais para a transmissão de conteúdo, ou seja, para dar aulas no sentido tradicional, enquanto o Moodle se prestaria mais à colaboração e à construção do conhecimento.

Após o coffee, foi a vez da nossa palestra, paralelamente à mesa “Como aprender – andragogia e as habilidades de aprendizagem“, mediada por Carlos Tasso (autor do livro de mesmo nome pela Pearson), com Fábio Apolinário e Ilan Avrichir.

A Carmem Maia falou sobre work-based learning. Ela contou inicialmente sua experiência no departamento de EaD na Anhembi Morumbi e posteriormente no MEC, e lembrou que foi considerada pessimista em relação à EaD, em sua defesa de doutorado. No WBL, o trabalho é o currículo. Ela diferenciou o WBL do PBL, que seria apenas uma simulação. Para a filosofia por trás do wbl, não deve existir separação entre trabalhar e estudar. Ela lembrou ainda da importância do contrato de aprendizagem, que é firmado entre a instituição, o aluno e a empresa em que ele trabalha.

Em seguida, dei minha palestra que intitulei: “Do Impostutor ao Aututor: o resgate da função do professor em EaD“. Durante a próxima semana, vou colocar um post neste blog destrinchando esses conceitos.

O Pedro Godoy fez o seguinte comentário por escrito sobre as palestras, dias depois:

“Eu adorei a apresentação de vocês. Carmem Maia contribuiu em muito, para meus futuros estudos, na questão do aproveitamento de estudo, experiência profissional do aluno e, principalmente, o conceito de heutagogia. Você foi impecável em sua apresentação sobre a importância do professor ser o autor, ter a competência para a utilização das tecnologias nesse processo… sua apresentação foi pontual e vem ao encontro do que eu acredito, ou seja, na autonomia do professor e o aluno sendo autor do seu aprendizado. Vc arrasou! Realmente, duas visões complementares, duas pessoas encantadoras.”

Então foi hora do coquetel de lançamento do ABC. Os livros da Pearson estavam sendo vendidos pela Cia. dos Livros.

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Tivemos presenças ilustres, como o reitor da Anhembi, professor Gabriel, Marcos Telles etc., além dos amigos e parentes Christina, Gisele, José Carlos e Alessandra, Vinícius, Beppe e Viviam, Ricardo e Valnir, Regina, Cleide etc. A todos, muito obrigado pela presença.

O Pedro Godoy, meu companheiro virtual há meses no Orkut, aqui no blog, no MSN, por e-mail etc., eu conheci só ontem!

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E o grande Valente, que está organizando o I Congresso sobre Second Life e Educação (ele fica devendo para nós mais informações sobre o Congresso), também marcou presença:

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Consegui também uma dedicatória do Carlos Tasso, com quem inclusive conversei bastante durante o almoço, no seu também lançado Como aprender: andragogia e as habilidades de aprendizagem:

“Ao prezado João Mattar
Que essa pequena obra
possa ser mais uma gota
em seu oceano de competência.
Com admiração
Carlos Tasso
set 07″

A todo o grupo da Pearson, Natália, Taciana (que só conheci ontem), Roger, Guy, Laércio, Vinícius, Eliane etc., muito obrigado e principalmente parabéns pelo excelent evento.

Não deixem de ir no FUP 2008!

Publicado em Administração, Computação, EaD, Educação | 9 comentários

A Educação a Distância: uma visão integrada

MOORE, Michael; KEARSLEY, Greg. A educação a distância: uma visão integrada. Trad. Roberto Galman. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

Resenha por João Mattar.

Este livro foi dado como brinde a todos os participantes do Congresso da ABED em Curitiba (2007), e como eu já tinha utilizado bastante as idéias do Michael Moore em meu ABC da EaD, decidi ler logo e não enrolar! Vou na verdade chamar a atenção para alguns temas que me interessam mais nesta resenha, e em alguns casos inclusive problematizá-los, sem a preocupação de cobrir exaustivamente todos os tópicos da obra.

Capítulo 1: Conceitos básicos.

Obviamente, é um capítulo conceitual, mas uma idéia me interessa de perto:

“Embora existam alguns especialistas em conteúdo que também possuem aptidão para elaboração de instruções e outros que têm conhecimento de tecnologia, muito poucos são igualmente especialistas nessas três áreas. É melhor que essas responsabilidades sejam assumidas por especialistas diferentes.” (p. 15).

“[...] não é possível que os criadores sejam também instrutores. De modo algum, de um ponto de vista pedagógico, isso é desejável, pois a instrução requer um conjunto especial de aptidões, diferentes daquelas dos criadores e dos especialistas na matéria, sendo mais bem realizado quando for o trabalho de pessoas que se dedicam ao estudo, ao desenvolvimento e à prática dessas aptidões.” (p. 17)

Os autores falam ainda de especialistas em avaliação. Esta idéia vai de encontro (contra) o conceito de aututor, que pretendo desenvolver em detalhes em um post nos próximos dias.

Capítulo 2: Contexto histórico.

Ao contrário de Otto Peters, que divide a história da EaD em 3 gerações (ensino por correspondência, novas mídias/universidades abertas, e EaD online), os autores apontam 5 gerações, que estudam em detalhe:

Primeira Geração: Ensino por Correspondência

Segunda Geração: Rádio e Televisão

Terceira Geração: Abordagem Sistêmica (incluindo as Universidades Abertas)

Quarta Geração: Teleconferência

Quinta Geração: Computador e Internet

Capítulo 3: O objetivo da educação a distância.

Este é um exemplo de um livro mal escolhido e/ou mal adaptado ao mercado brasileiro: a partir da página 50 e por várias páginas, inclusive em outros capítulos, são citados apenas exemplos de instituições e programas fora do Brasil, que em muitos casos não têm praticamente interesse nenhum para o leitor brasileiro, como educação militar norte-americana, high schools etc.

De qualquer maneira, o capítulo apresenta uma lista comentada de instituições que oferecem cursos a distância, boa parte das quais aparecem nos links de EaD deste blog.

Capítulo 4: Tecnologias e mídias.

Os autores defendem que as mídias de áudio e vídeo são subutilizadas em EaD, dentre outros motivos pois exigem conhecimento profissional especializado. Ao mesmo tempo, criticam a produção amadora de áudio e vídeo em função dos novos softwares que podem ser utilizados em computadores pessoais, indo novamente de encontro (contra) a idéia do aututor:

“Existem muitos poucos especialistas nas disciplinas que têm o tempo e o conhecimento para também serem excelentes produtores, portanto, em termos gerais, é melhor deixar esses aspectos técnicos de produção de materiais de áudio e vídeo para as pessoas que dedicaram suas carreiras à aquisição e manutenção de conhecimentos profissionais.” (p. 83)

Nas p. 84 e 85 são apresentados critérios para a utilização da tv como mídia.

Como já disse, vou analisar essas idéias nos próximos dias, em um post separado.

As áudioconferências são também negligenciadas em EaD, na opinião dos autores.

Na p. 94 são citados os ambientes Blackboard, WebCT, FirstClass, eClassroom, Web-4M e Groupware, e são também indicados sites onde essas ferramentas são comparadas.

Na p. 98 é apresentada uma tabela com os pontos fracos e fortes de diversas tecnologias, como texto impresso, gravações em áudio, rádio/televisão, teleconferência, e aprendizado por computador e baseado na web.

Capítulo 5: Criação e desenvolvimento de cursos.

Quando discutem os estágios da criação educacional, os autores defendem que é necessário saber o que se pretende transmitir para determinar o que se deve medir. Na p. 113, falam inclusive de “esboços daquilo que deve ser ensinado”. Isso parece óbvio, mas será? No caso da educação bancária, isso funciona bem – o objetivo da educação é simplesmente depositar conhecimentos no estudante, e então bastaria medir se ele os absorveu. Se o objetivo da educação é, ao contrário, ensinar a aprender, a equação não fica tão óbvia. Dependendo do que se quer “transmitir” (informações? aprendizagem? etc.), o conteúdo da EaD será mais ou menos dispensável.

Os autores defendem também que pouco deve ser deixado para uma tomada de decisão específica no estágio de implementação de um curso a distância. Isso também parece óbvio para determinado modelo, que aposta no alto grau de estruturação dos cursos. Para um modelo que preza a interação entre professores e alunos, e a construção de conhecimento daí derivada, é necessário imaginar que o design do curso não termine antes de o aluno ter acesso às aulas, mas que ele também se desenvolva em função do ritmo e dos interesses da turma. Além de que, com conteúdos mais flexíveis, sobre os quais o tutor possa interferir e que possa alterar, torna-se bem mais simples atualizar o conteúdo e as atividades de um curso, de um semestre ou módulo para o outro, e inclusive de testar diferentes materiais com os alunos.

Os autores diferenciam também dois modelos para o desenvolvimento de conteúdo: autor-editor e equipe, que incluiriam produtores da web, editores de texto, designers gráficos, produtores de rádio e televisão, profissionais de elaboração de instrução, bibliotecários e fotobibliotecários. Nesse sentido, não é mais o professor quem ensina, e sim um sistema. Deve-se lembrar que uma equipe como esta exige gastos em mão-de-obra, e, portanto, é bastante onerosa, além de implicar um longo tempo para o desenvolvimento de material, e a única maneira de compensar esse custo é atingindo escala, o que vai na direção da massificação da EaD, do uso e re-uso de materiais que muitas vezes já se tornaram obsoletos etc.

Na p. 116 são apresentadas as diversas partes de um guia de estudos.

É ainda ressaltada a importância de haver espaços em branco nos textos, o que facilita a interação do aluno com o conteúdo.

Novamente, os autores insistem que o potencial das audioconferências é subestimado.

São citadas ainda algumas ferramentas autorais, como Authorware, Toolbook, Director e Flash, e programas de edição na web, como Front Page e Dreamweaver, ou mesmo o Word e o Powerpoint, que em suas últimas versões podem salvar documentos em html. É ainda ressaltado o poder de desenvolvimento de conteúdo dos próprios LMSs.

São ainda citados sites com orientações para o desenvolvimento de materiais para a web e cursos online (criei então uma categoria de links, Design Online, para ampliarmos esses sites e inclusive os avaliarmos logo mais):

Usability.gov
Principles of Online Design
DesignShop
Template Toolkit
Cast

O capítulo ainda menciona o TEACH (The Technology, Education, and Copyright Harmonization Act), lei desde 2002 nos Estados Unidos, que atualiza a lei de direitos autorais em função da EaD. Além disso, na p. 134 são indicados alguns sites que tratam dessas questões.

Capítulo 6: O ensino e os papéis do instrutor.

Neste capítulo, graças a Deus, é destacada a importância do trabalho do instrutor em EaD. Eles seriam os olhos e ouvidos do sistema, no contato constante com os alunos:

“Os administradores que dificultam esse trabalho impondo uma carga muito grande – isto é, um grande número de alunos por instrutor – se arriscam a se responsabilizarem por um sério dano à qualidade de seu programa.” (p. 152).

Infelizmente, temos assistido a isso em muitas instituições que praticam EaD no Brasil, sem poder de reação dos professores e sem qualquer tipo de responsabilização dos administradores pela baixa qualidade desses cursos. Sempre fui a favor do Estado liberal, mas nesse caso já passou da hora de o MEC e/ou a ABED se mobilizarem.

O capítulo apresenta também pesquisas (p. 169-170) que mostram que, invariavelmente, os professores de EaD reclamam da falta de treinamento e de apoio.

O capítulo destaca também a importância do equilíbrio entre a apresentação de conteúdos, a interação dos alunos com o conteúdo, a interação aluno/instrutor e a interação entre os alunos.

A partir da p. 159, são descritas as funções do coordenador de local (ou pólo), que no V FUP-RJ alguém batizou ironicamente de “zelador”.

É também discutido o problema dos plágios em EaD e são mencionados 2 ferramentas para detecção de plágio: Plagiarism.org e Gatt.

Capítulo 7: O aluno de educação a distância.

O capítulo começa fazendo referência a um clássico da andragogia, The Adult Learner, de Malcolm Knowles.

Pesquisas indicariam que pessoas mais introvertidas seriam mais propensas à EaD.

É ressaltada a importância de intervenção e apoio quando o aluno de EaD começa a atrasar a entrega de suas tarefas. Sistemas de apoio, orientação e aconselhamento são, portanto, críticos em EaD. Além disso, é necessário que o contato dos alunos com esses serviços, inclusive os administrativos, seja claro e definitivo, sem perda de tempo e sem que o aluno fique sendo jogado de um para o outro, sem que suas necessidades sejam resolvidas.

Em muitos casos, o aluno de EaD não estuda faz tempo, então seriam necessárias atividades de Retorno ao Aprendizado.

A p. 193 apresenta vários sites de apoio ao aluno a distância. É ainda citado o Guide to Developing Online Student Services, que entretanto não tem sido atualizado (o que, aliás, é um problema do próprio livro, como ainda veremos).

Capítulo 8: Dirigentes, administração e políticas.

Neste capítulo, fala-se da importância dos bibliotecários especializados em EaD e de parcerias que possibilitem a utilização de bibliotecas de organizações presenciais. Na p. 209, são indicados sites de diversas bibliotecas que são utilizadas em EaD, alguns dos quais já fazem parte da categoria Pesquisa, nos links deste blog.

Os autores discutem também o potencial da integração entre a internet e videoconferências por satélite.

E aí voltam novamente a defender idéias opostas à do aututor: os materiais do curso precisam ser preparados antes de sua utilização (p. 213).

São também discutidos em detalhe diversos critérios para avaliar a qualidade de cursos on-line (p. 214-216), o que foge um pouco da miopia de que a qualidade da educação é apenas a empregabilidade: avaliação das atividades administrativas; quantidade e qualidade de consultas e matrículas; sucesso dos alunos; satisfação dos alunos; reputação do programa ou da instituição; e qualidade dos materiais do curso. É inclusive mencionado o importante estudo Quality on the Line: benchmarks for success in internet-based education, produzido em 2000 pelo Institute for Higher Education and Policy, que definiu marcos de referência para o sucesso da EaD baseada na Internet (algo que precisamos discutir por aqui!).

São também mencionados alguns prêmios que incentivam boas práticas na EaD (p. 216).

Além da TEACH é também citado o DMCA – Digital Millennium Copyright Act, de 1998. Novamente, aqui, repara-se que o livro está voltado ao público americano, pois não há menção nenhuma às Leis de Direitos Autorais e de Software nacionais, nem mesmo às européias. Ou seja, é um livro que não faz sentido adotar em um curso no Brasil, apesar de este parecer o seu propósito. É quase inacreditável, e um desrespeito com o leitor nacional, que uma editora, editores, consultores etc. produzam uma tradução desse tipo para o português, sem a mínima preocupação com o público-alvo do livro.

Capítulo 9: Teoria e conhecimendo da educação a distância.

São aqui discutidas as idéias de alguns teóricos da EaD, como Otto Peters, Michael Moore, Desmond Keegan, Randy Garrison etc. e mencionados Centros de Estudo, como o ACSDE – American Center for the Study of Distance Education.

Capítulo 10: Pesquisa e estudos de eficácia.

Neste capítulo são mencionados alguns jornais importantes de educação a distância, que fazem parte dos links na categoria EaD deste blog.

É também discutida a questão dos custos da EaD e indicado um site que faz cálculo de custos para um projeto de educação a distância online: Determining the Cost of Online Courses.

Na p. 269 há uma afirmação bastante interessante:

“Uma suposição básica na educação a distância é que raramente é possível oferecer programas que tenham ao mesmo tempo qualidade elevada e custo compatível, a não ser que sejam realizados em larga escala razoável.”

De um lado, podemos admitir que economia de escala seja importante para qualquer empreendimento, inclusive de educação presencial, então nesse sentido a afirmação não diz muita coisa com relação à EaD. Mas o que ela diz (ou esconde) em relação à EaD é um modelo de educação a distância (não o único), que vai de encontro (contra) o conceito de aututor. Em primeiro lugar, os autores afirmam que a EaD pressupõe um “investimento maciço” na produção de materiais, o que é discutível se pensamos que há material produzido suficiente de sobra para montar qualquer curso, e que o material pode ser produzido durante o próprio curso pelo aututor e inclusive pelos próprios alunos. Aqui, novamente, a EBaD (Educação Bancária a Distância) é o modelo por trás das afirmações – mas este não é o único modelo de EaD que existe, nem comprovadamente o de melhor qualidade ou custo. EBaD com produção intensiva de conteúdo pré-cursos leva realmente a uma equação na qual um número elevado de alunos precisa usar (na verdade, pagar) o material para que, a partir de certo momento, a instituição tenha seu custo fixo inicial coberto, e então possa começar a lucrar. Mas aí, no meio dessa equação, no desespero para torná-la positiva, já se esqueceu da educação – na verdade, antes mesmo do curso já se esqueceu da educação, pois aqui se está pensando apenas em depositar informações nos alunos. Quanto mais alunos, maior o depósito e maior o lucro! Os próprios autores afirmam:

“Em um bom sistema de educação a distância um grande número de alunos pode fazer o curso, e quanto mais alunos o fizerem, menores os custos médios do curso. É isso que significa economias de escala.” (p. 269).

Isso não pode simplesmente ser tomado, pelos profissionais de EaD, como uma lei imutável e indiscutível de mercado. Ela na verdade carrega consigo um modelo para muitos falido, com muitos pressupostos extremamente discutíveis, como, por exemplo: um curso de EaD significa um conteúdo produzido para ser consumido. Tudo isso discutirei em um post sobre o conceito de aututor, nos próximos dias.

Outro problema deste livro é que os comentários de diversos autores, distribuídos em cinza por diversas páginas, muitas vezes não indicam as fontes nem a data em que foram feitos, o que os torna descontextualizados e metodologicamente questionáveis. Um exemplo (como muitos outros) é o “ponto de vista” de Curtis Bons, na p. 274, na verdade uma previsão do futuro. Ao final do comentário, está escrito: “Fonte: Curtis Bonk, professor na Indiana University e presidente da SurveyShare, Inc.”. Ora, mas o professor não é a fonte: a fonte, que deveria estar indicada, pode ser um texto, um site, uma entrevista etc. – mas isso não é quase nunca indicado nesses comentários. Nem a data em que foram feitos (ou escritos?), o que os torna ainda menos aceitáveis e úteis ao leitor. Tudo se passa como se um caleidoscópio atemporal da EaD (para o público norte-americano) servisse para qualquer um, sem indicar em que local e momento as pessoas falam.

Capítulo 11: O alcance global da educação a distância.

Neste capítulo, os autores se propõem a “apresentar uma visão de conjunto do surpreendente campo de ação em escala mundial da educação a distância.” (p. 277). Mas o exemplo do Brasil deixa bem claro que não é apresentada visão de conjunto nenhuma. Sobre o Brasil, a “visão” se resume à apresentação do Programa Proformação, para formação de professores pelo Governo Federal. O Programa é inclusive citado como exemplo da aplicação correta dos pressupostos do livro. Ora, mas falar apenas desse programa (todos o conhecem?) dá uma visão (de conjunto?) do que se faz em EaD no Brasil? O que devemos esperar então da visão de conjunto dos outros países?

Dentre outras instituições, é citada a Anadolu Üniversitesi, considerada pelos autores a maior do mundo em número de alunos (mas os números apresentados são de 2003!!). São também mencionados programas da Unesco e do Banco Mundial, e a African Virtual University, dentre outros.

Capítulo 12: Educação a distância está relacionada à mudança.

Na p. 312, temos mais um exemplo da falta de atenção dos autores, editores e revisores: há uma afirmação de que a previsão para o custo de um gigabyte de armazenamento cairia, em 2005, para 1 dólar (ora, mas o livro foi lançado no Brasil no final de 2007!!!).

Na página 317 há uma tabela com a previsão de alguns avanços tecnológicos, muitos deles “previstos” para 2004, 2005 e 2006.

Na p. 319, novamente uma opinião contrária ao conceito do aututor: com as videocâmeras pessoais, teria deteriorado a qualidade da produção de vídeos em EaD.

Na página seguinte, há uma longa defesa (poderíamos até dizer: um delírio!) da padronização para a EaD, que vai totalmente contra a idéia de Otto Peters da flexibilização necessária para a EaD neo e pós-fordista. A página toda é interessante, pois deixa claros novamente os pressupostos dos autores: objetos de aprendizagem descontextualizados, fragmentados, e economia de escala. A idéia de remixagem, que o Emílio discutiu em sua palestra no Congresso da ABED, é interessante mas não exatamente para sustentar um modelo conteudista de EaD, centrado na diminuição de custos da produção para gerar lucros na economia de escala, e sim para sustentar a co-produção contínua de conhecimento por professores e alunos, durante o próprio curso. Voltarei a isso no meu post dos próximos dias, sobre o aututor. Já fiz uma provocação logo no início deste blog: padronização e criatividade podem caminhar na mesma direção?

Pelo menos, das p. 325 a 327, os autores apresentam uma crítica ao consumismo educacional e a uma visão consumista da EaD, à globalização, à própria padronização etc.

Apêndice: Fontes de informação adicional.

Este Apêndice é genial, pois lista (e comenta em alguns casos): Centros e Organizações (nos Estados Unidos!); Publicações Periódicas, Revistas e Diretórios; Conferências e Oportunidades de Treinamento; Programas de Pós-Graduação; Centros de Pesquisa e Organizações Internacionais; e Referências On-line. Todas já checadas, e as mais interessantes incorporadas aos links deste blog.

Por fim, um Glossário de termos educacionais e técnicos, e uma longa lista de Referências.

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V FUP-RJ

No último fim de semana voltei ao Rio de Janeiro para o 5º FUP – Fórum Universitário Pearson, que tinha o título: A Universidade do Futuro, e os subtítulos: Gestão, Tecnologia, Andragogia e EaD.

Eu nunca tinha participado de nenhum FUP e fiquei realmente impressionado, tanto com a organização quanto com a qualidade das palestras e mesas-redondas. A entrada custa R$ 50,00, mas o participante pode gastar tudo em livros durante o evento, então sem dúvida vale muitíssimo a pena!

O evento foi aberto pelo presidente da Pearson no Brasil, Guy Gerlach.

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Das 09:00 às 10:30 ocorreu uma mesa-redonda: “Tecnologias numa universidade inovadora“, mediada por José Manuel Moran, com Fernando Goldman e Lena Vania Ribeiro Pinheiro.

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A professora Lena, do IBICT, iniciou com o relato de um projeto de pesquisa sobre o uso de tecnologia em pesquisa, destacando a importância da interdisciplinaridade, da plataforma lattes e da RNP. Ela discutiu os periódicos eletrônicos e referiu-se ao Manifesto Brasileiro de apoio ao Acesso Livre à Informação Científica, lançado pelo IBICT em 2005; à cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, realizada em 2 rodadas em 2003 e 2005; e ao Livro Verde.

Fernando Goldman, presidente do Pólo-RJ da SBGC – Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento, defendeu que a organização que deseja sobreviver precisa de gestão do conhecimento, com foco em conhecimento organizacional. E gestão de conhecimento pressupõe gestão da informação, apesar de que o conhecimento não se resume à transmissão de informações. Ele lembrou que, em 1865, Abraham Lincoln foi assassinado nos Estados Unidos, mas levou 12 dias para a informação chegar a Londres, porque era necessário imprimir o jornal e enviá-lo por navio para a Inglaterra. Ele ressaltou então que, hoje, a capacidade de aprender mais rápido (não simplesmente aprender) é a única vantagem competitiva realmente sustentável a longo prazo para as organizações. A noção de inteligência organizacional envolveria gestão de conhecimento, inovação e empreendedorismo. Segundo ele, não são os grandes que vencem, mas os rápidos. As espécies que sobrevivem adaptam-se rapidamente às mudanças. Ele ressaltou ainda que é sempre necessário colocar as pessoas à frente da tecnologia, para gerar inovação: só existe conhecimento onde há gente. Ele ainda propôs uma divisão na história da gestão do conhecimento: (a) Primeira geração, da Inteligência Artificial, com ênfase exagerada na tecnologia (o que teria dado origem aos tecnomíopes); (b) Segunda Geração, a partir de 1995, com a codificação do conhecimento (mas o que valeria, afinal de contas, seria o conhecimento tácito, que está nas pessoas); (c) Terceira Geração, do pensamento complexo, em que se passou a conviver com a incerteza, a multiplicidade e a aleatoriedade.

O professor Moran falou então especificamente sobre EaD, e a palestra foi muito interessante. Os professores estariam perdidos, e na USP ele não teria conseguido nem mesmo implementar programas semipresenciais. Já na Faculdade Sumaré, ele teria recebido carta branca e passou 2 anos preparando alunos e professores. Resultado: apenas metade dos professores aderiram à EaD. Foi possível otimizar o uso do espaço físico e das aulas, aumentando o número de alunos. Moran criticou também a limitação que a lei impõe para a oferta de 20% dos cursos a distância, quando no mundo inteiro estaríamos caminhando para o modelo semipresencial; com 20%, estaríamos simplesmente fazendo remendos e vivendo situações de esquizofrenia, em que de um lado existem cursos e disciplinas totalmente a distância, e de outro lado cursos e disciplinas presenciais nos quais não se mexe nada. Ele ressaltou então a lentidão das mudanças culturais para a integração desses 2 modelos. Moran discutiu ainda a questão dos currículos: um aluno não teria, necessariamente, que ter o mesmo currículo do colega. Nesse sentido, ele sugeriu uma olhadinha nos modelos da USP Zona Leste e Federal do ABC. Ele defendeu então que é necessário unir projetos pedagógicos inovadores com a EaD (eu escrevi um artigo com uma proposta bastante interessante neste sentido, na Revista da Unibero, em 1998, ou seja, quase 10 anos atrás! – vou tentar recuperá-lo). Ele mencionou também o work-based learning e sugeriu outra olhadinha, na Engenheria Química da USP e de Materiais da Federal de Santa Catarina, em que o trabalho na empresa contaria como créditos para os alunos. Entretanto, as universidade corporativas e as tradicionais estariam muito longe de tudo isso. Moran lembrou ainda, com muita propriedade, que dos recentes resultados do ENADE, que apontariam que os alunos de EaD teriam se saído melhor, seria muito prematuro tirar qualquer conclusão, já que, dentre outros problemas estatísticos e diversos, os alunos que fazem cursos a distância em geral são mais velhos, e por isso mesmo já teriam mais independência e autonomia. Ainda é muito cedo para tanta comemoração! Na opinião de Moran, é necessário pensar em modelos que juntem a orientação inovadora da instituição, de cima para baixo, com as pessoas que são criativas, de baixo para cima, para gerar um ambiente menos esquizofrênico. Ele indicou ainda suas páginas: a que mantém na ECA e seu blog. Referiu-se, por fim, à idéia de que as crianças são nativos nas tecnologias digitais, enquanto nós somos migrantes.

O debate após as apresentações foi bastante interessante. Discutiu-se o plágio em periódicos científicos, as universidades de administração que não conseguem realizar uma boa gestão de conhecimento, o desafio de montar times que aprendam e possam gerenciar bem o conhecimento, a valorização da prática do conhecimento etc.

Moran reconheceu ter cometido um erro ao obrigar que todos os professores oferecessem 20% de suas aulas a distância (o que por si só já é um grande avanço em relação às soluções que simplesmente transformam uma disciplina em totalmente a distância, gerando uma sexta-free ou um day-free, e mantêm as outras totalmente presenciais). Com essa exigência, ele teria perdido bons professores, e hoje reconhece que a opção por oferecer ou não 20% de atividades a distância poderia ficar por conta do professor – alguns, por exemplo, poderiam realizar mais de 20% de suas aulas a distância, outros menos, atendendo no final à exigência do MEC. Ele disse ainda que classificaria 30% dos professores como inovadores, 50% como previsíveis (que provavelmente seria assim também no presencial) e 20% como enganadores, nas atividades propostas online. A experiência na Sumaré teria sido de qualquer maneira positiva, com sucesso nas atividades criadas no Moodle e reconhecimento positivo dos alunos. Ele destacou ainda a necessidade de criar condições para que os alunos possam fazer as atividades a distância em casa (e citou os computadores do Positivo), caso contrário os alunos acabam tendo que vir à universidade para realizar atividades a distância! Ele lembrou ainda da distância entre as empresas e a universidade, e citou uma barreira invisível entre a FEA e a Engenharia na USP (quem entrasse na FEA era tido como inimigo!). Ressaltou ainda a falta de comunicação entre departamentos, na mesma instituição, no mesmo prédio, que muitas vezes fazem a mesma coisa. Lembrou ainda que as empresas avançaram muito mais em EaD do que a universidade, pois a universidade tem medo e é muito lenta nas mudanças, e vai se preocupar em mudar apenas quando faltarem clientes. Lembrou que a televisão digital vai contribuir para a EaD, permitindo qualidade de interação: DiGenio tem uma empresa de tv digital pronta; e a TV Cultura vai lançar um canal de tv educacional. Lembrou novamente da idéia da esquizofrenia entre modelos presenciais e a distância, e usou outra expressão: patologia do saber. Mostrou-se preocupado também quando a lucratividade passa a ser mais valiosa do que a pedagogia. Falou dos modelos de tutoria mal-resolvidos, em que o tutor não tem qualificação e tem que dar conta de diferentes matérias que não domina. Além disso, lembrou de um caso em que, pelo MEC, visitou uma instituição em que 3 departamentos diferentes utilizavam plataformas diferentes para EaD, o que ele considerou um absurdo (mas não me parece absurdo nenhum, a menos que defendamos uma centralização excessiva; provavelmente, ele também se arrependeria, como se arrependeu no caso da obrigatoriedade dos 20%, se obrigasse a adoção de apenas um ambiente).

Goldman complementou com uma resistência bastante interessante à EaD, que temos que colocar ao lado das resistências de Dreyfus e Borgmann: a EaD limitaria a narrativa, pois a educação não é apenas transmissão de informações: ouvir uma pessoa falar é um grande aprendizado, contar e ouvir uma narrativa seria parte essencial da educação, pois assim o aluno sai da escola ou da universidade com um conhecimento tácito, que o orienta a como se comportar no mundo real – algo próximo do que defende Dreyfus, em seu genial On the Internet. É claro que Moran terminou defendendo que é possível a narrativa em EaD, mas eu gostaria de trabalhar um pouco melhor a observação do professor Goldman – vou voltar a ela nos meus próximos posts, principalmente sobre o aututor.

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Após o coffee-break, houve 3 eventos simultâneos: (a) uma mesa-redonda (Gestão de IES – fatores de sucesso, com Geraldo Caravantes e Alexandre Mathias), (b) uma apresentação da Roger Trimer das soluções de apoio ao ensino da Pearson, e (c) a mesa-redonda comigo e com a Carmem Maia, em que ela falou sobre work-based learning e eu sobre o conceito do aututor.

Durante a discussão, criticaram-se os novos modelos de tele-educação por pólos, e comentou-se que a função do tutor no pólo é principalmente a de um zelador!

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Após o almoço, novamente 3 eventos simultâneos: (a) palestra de João Roberto Moreira Alves, “Estratégias para viabilização econômica das instituições de educação superior“; (b) outra apresentação de Roger Trimer, “Como planejar, desenvolver e publicar seu livro“; e (c) uma mesa-redonda mediada por Carlos Longo, “Desafios do EaD no ensino superior a distância“, com Eleonora Ricardo, Herbert Gomes Martins e Raquel Villardi, que comento a seguir. O Régis e a simpaticíssima Renata participaram também do evento, e se tiverem assistido a alguma outra palestra, vou pedir a gentileza para eles resumirem-nas por aqui ou farei um link para o post deles.

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Eleonora fez uma interessante apresentação, discutindo a noção de autoria em EaD, e lembrou de Foucault, que é autor do maravilhoso texto “O que é um autor?”. Sua pesquisa foca o processo autoral e a construção do próprio discurso pelo aluno. Eu já tinha trabalhado intensamente a noção de autoria, por exemplo em meu: Feliz Páscoa, Pierre Rivière: Os Múltiplos Selves dos Autores-Assassinos, mas realmente não tinha realizado um link tão feliz como o de Eleonora entre esses conceitos e a EaD. Bobeada, principalmente porque tenho desenvolvido cada vez mais o conceito do aututor. Ela lembrou da tragédia do aluno que finge que aprende, do professor que finge que dá aula e da instituição que finge que forma, e então certifica, o que ela chamou de Pedagogia da Omissão. Conversei com ela após a palestra e pretendo manter contato para conhecer mais de perto o seu trabalho.

Herbert Gomes Martins lembrou da abertura de conteúdo de treinamentos pelas corporações, coordenada pelo governo. Lembrou que os sindicatos estão atentos ao que está acontecendo com os professores em EaD, e cometeu um daqueles típicos lapsos freudianos geniais, que passou meio despercebido mas que vou incorporar às minhas palestras e reflexões: novas funções “decentes” (opa, docentes). Na verdade, a coisa está se tornando indecente mesmo! Lembrou também da importância do Grupo Positivo e das Casas Bahia, no financiamento de computadores. Ele ressaltou também a importância dos parâmetros de qualidade do MEC para EaD, e destacou a oposição entre a qualidade da produção acadêmica em EaD versus o processo de massificação dos diplomas de EaD.

Raquel Villardi destacou três desafios: regulamentação, planejamento (que em EaD, para ela, chegaria às raias da loucura) e implementação. A idéia de que a EaD geraria lucros exorbitantes possibilitou um espaço para iniciativas pouco sérias, que não deveriam ser classificadas exatamente como má-fé, mas sim como um saber fazer inadequado. Para ela, hoje a EaD teria o desafio de gerar resultados melhores do que a educação presencial (mas poderíamos perguntar, por quê?), e não adiantaria apenas dizer que um curso é melhor que outro: seria necessário provar – como, por exemplo, os alunos de EaD se saírem melhor no Provão. Ela lembrou também da necessidade de investimento inicial, para garantir recursos a longo prazo, e também para evitar a tendência à simplificação dos processos, quando faltam recursos. Destacou também a necessidade de elaborar propostas específicas para cursos a distância e de financiar propostas de qualidade. Lembrou o desafio de transpor a cultura oral para a escrita, já que professores e alunos têm mais dificuldade para escrever do que para falar. E também da necessidade de se evitar que as ações fiquem restritas a atuações isoladas. Nesse sentido, seria importante sair dos guetos e criar equipes multidisciplinares, inseridas organicamente no projeto da instituição. Por fim, lembrou da importância da pesquisa científica para a EaD.

Carlos Longo destacou o alto percentual de adultos sem graduação e de jovens sem acesso à universidade no Brasil, problemas sociais que a EaD viria ajudar a corrigir. Para ele, a EaD seria mais democrática que a educação presencial, já que o aluno não precisaria estar em um grande centro para ser educado. Traria também facilidades para os alunos adultos que trabalham. Além disso, a EaD possibilitaria reduzir custos, mas no longo prazo, pois seria mais barata do que construir salas de aula etc. Ele destacou a importância da tecnologia nesse processo, incluindo acesso, conectividade e mobilidade. Mas lembrou que alta tecnologia não é sinônimo de qualidade de educação. Para ele, é importante separar o autor (conhecedor de algum assunto) do tutor – esses diferentes papéis deveriam estar claramente definidos. Nesse sentido, para ele, no futuro haverá instituições de excelência que vão desenvolver conhecimento e outras que vão disseminá-lo. Ele defendeu também a importância do trabalho em equipe, envolvendo TI, acadêmicos, projetistas, desenhistas instrucionais etc., num processo de autoria coletiva do conhecimento. Eu não concordo com algumas idéias expostas por Carlos Longo, e por isso pretendo retomá-las em uma síntese que pretendo redigir no final da semana que vem, e nos meus próximos comentários e reflexões.

Durante o debate, foi mencionado o livro Fomos maus Alunos, de Gilberto Dimenstein e Rubem Alves. Alguém refletiu também sobre o que seria a vida se pudéssemos utilizar o recurso do desfazer, que existe por exemplo no Word. Alguém também disse que tem a esperança de que, daqui a 20 anos, a escola como é hoje não existirá mais; e que a distinção entre EaD e ensino presencial tende a se desfazer.

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Após o coffee-break, uma palestra de Christopher Lovelock, “Marketing de Serviços e a instituição de ensino superior“, com tradução e transmissão simultânea para a sala ao lado.

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Lovelock referiu-se a duas instituições: a University of Phoenix, a maior universidade privada nos Estados Unidos, que teria tornado a educação viável para as pessoas que trabalham, e a Open University britânica. Ele respondeu a uma pergunta defendendo que é viável a educação em um shopping, e a outra defendendo a importância de se estabelecerem parcerias com indústrias ou outras instituições de ensino, para ofecer um serviço de qualidade aos clientes.

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No final, um agradável coquetel para o lançamento de 3 livros: o nosso ABC da EaD, Plano de Marketing: um roteiro para a ação, de Vicente Ambrósio - Diretor de Pós-Graduação da ESPM (que gentilmente me autografou um exemplar: Ao João Mattar, Caro colega autor, com um grande abraço, Vicente Ambrósio, e que pretendo resenhar por aqui assim que possível) e o livro de Christopher Lovelock, escrito com Jochen Wirtz, Markerting de Serviços: pessoas, tecnologias e resultados.

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Durante o evento, a Pearson distribuiu seu impressionante Catálogo Universitário 2007/2008, um panfleto com as Soluções Pearson para o Ensino Superior e uma brochura do Edexcel, seu novo parceiro especializado em certificação de competências profissionais, cuja marca BTEC (Business & Technology Education Council) é reconhecida mundialmente. Veio também um CD do Edexcel, que depois de assisitir comentarei por aqui, se achar conveniente.

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Rio de Janeiro II

Depois de ter visitado o Rio de Janeiro no ano passado, para o Congresso do ICDE, e neste ano para o Congresso da AILC (cujas duas viagens descrevi longamente no post Rio de Janeiro), voltei novamente à cidade maravilhosa para o 5 Fórum Universitário Pearson: A Universidade do Futuro.

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Peguei o avião na sexta-feira e é incrível como os passageiros não querem saber de nada: apesar de avisados de que os celulares só devem ser ligados quando chegarem no saguão, muita gente sai do avião falando no celular. Além disso, um passageiro ao meu lado quase se pegou com um funcionário da TAM pois insistia que seu iPod estava desligado (mas não estava).

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Fiquei no hotel Plaza Copacabana e fui muito bem atendido na recepção, tanto no check-in quanto no check-out. Os quartos são confortáveis, mas quando alguém abaixa a descarga no apartamento de cima (e/ou do lado?) parece que alguém lançou uma bomba! O café e almoço simples. O hotel fica a algumas quadras da praia de Copacabana e muito perto do Cervantes (dei uma passadinha lá para comer outro sanduíche de pernil com queijo e abacaxi).

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Almocei no Antiquarius e me decepcionei.

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O serviço foi confuso. Cheguei depois do meio-dia mas o cardápio ainda não estava pronto. Meu couvert foi sendo servido aos poucos e depois descobri que não me serviram pão. Comi alguns itens do couvert que não foram respostos – só levaram os pratos vazios embora. E na mesa ao lado, um garçon quase tropeçou no outro. Mas o pior foi a comida. Experimentei o bacalhau a Antiquarius e estava horrível. Não é só que não valia o preço (apesar de você poder repetir quanto quisesse), estava muito ruim mesmo. O bacalhau vem desfiado, misturado com batata palha e ovo, mas você só sente o gosto da gordura, da batata e do ovo, e não sente gosto nenhum do bacalhau. Aquela comida que fica depois incomodando no estômago durante a tarde toda. De sobremesa, experimentei uma seleção de doces de ovos da casa, gostosos mas mais falados do que valem. Eu tinha conhecido o Antiquarius do Rio há muitos anos e lá não volto tão cedo. O de São Paulo, aliás, é bem melhor em tudo.

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Aí fui até a Bienal do Livro, que eu nunca tinha visitado, no RioCentro (longe, depois da Barra, na altura do que se chama Rio 2).

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O MEC tinha um stand com um bonito painel ao lado sobre o PDE.

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E pelos corredores vários pôsteres e imagens interessantes.

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Era horário da visita das crianças, e deu para perceber claramente que os stands educacionais (como o primeiro abaixo) estavam vazios, enquanto aqueles que vendiam figurinhas, livros etc. de pokemon, naruto, cavaleiros do zodíaco etc. estavam lotados (como os 3 seguintes).

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Esta é uma realidade sobre a qual nós, educadores, temos que refletir: as crianças, independente da classe social (havia escolas particulares e públicas na Bienal), interessam-se pelos desenhos japoneses, apenas isso. Podemos tentar resistir, mas podemos também tentar aproveitar a onda.

A Saraiva tinha um bonito stand.

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E nas suas prateleiras estavam expostos meus dois livros editados pela Saraiva (na foto, o Filosofia e Ética na Administração).

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O táxi voltou pela linha amarela, para fugir do trânsito da zona sul, e então conheci partes do Rio como o complexo aquático do Pan, o lugar onde estava sendo disputado o campeonato mundial de judô, a Vila Olímpica do Pan, o Complexo do Alemão, o estádio do Vasco, o Cais do Porto etc.

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No sábado, passei o dia no Fórum da Pearson.

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No domingo ainda tive a oportunidade de almoçar no Lamas, na minha caça às comidinhas de boteco.

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É um restaurante/bar bem simples, com aquele serviço mais do que centenário.

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Estava à caça do Filet à Oswaldo Aranha, que vem com o molho de alho misturado com o arroz, mas não é nada de mais.

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Aliás, nem o chopp estava muito bom: vinha com pouco gás e não muito gelado.

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Ainda experimentei a nova sobremesa Delícia do Lamas e foi ainda pior: apesar de bonita, o chantilly estava azedo e passei mal à noite.

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Realmente não dei sorte com a comida desta vez no Rio!

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Para a próxima visita, deixei reservado o Canecão e algum teatro, como o Carlos Gomes ou o João Caetano, além do MAM, que fica ao lado do Santos Dumonts (dá para fazer o check-in duas horas antes do vôo e ir a pé para o museu, que abre a partir do meio-dia).

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Ciências Sociais – Regina Célia Pedroso

PENSAR O MUNDO A PARTIR DA REFLEXÃO CRÍTICA
Profa. Dra. Regina Célia Pedroso

O mundo atual requer, mais do que nunca, um olhar aguçado acerca da realidade que nos cerca. Compreender as dimensões sociais em suas múltiplas facetas pode nos tornar seres humanos mais preparados para enfrentar as dificuldades vindouras. É a partir desta colocação inicial que quero instigá-los a pensar a importância das ciências sociais nos currículos de todos os cursos universitários. Não se trata aqui de querer impor uma matéria como obrigatória ou coisa que o valha; mas sim indagar sua importância para a formação intelectual e prática, já que propomos observar as ciências sociais a partir de fatos concretos, inseridos no cotidiano, e que fazem parte de nossas vidas.

Sociologia, Antropologia, História e Política – ciências afins que compõem uma gama diversa de reflexões. Cada uma comportando métodos e técnicas próprias contribuem de forma diversa para o pensamento crítico e para a reflexão. Mas afinal porque é importante para o ser humano possuir visão crítica? As ciências sociais proporcionam o estudo exaustivo do fato analisado, visando extrair de sua análise a conclusão acertada, com o intuito unicamente de compreender o fato, qualquer que seja ele. Essa análise, passível da utilização de métodos variados, objetiva a aproximação com a verdade, mesmo sabendo que a verdade absoluta não existe. Assim, a interpretação do fato, engendrado em um olhar subjetivo é passível de várias interpretações. Sendo a mais válida, aquela que apresenta o método mais aceito no momento.

A interpretação da realidade assim nos é dada de momento a momento, podendo ser alterada a partir das provas e conclusões apresentadas. As ciências sociais são por excelência subjetivas – cabendo ao analista apresentar suas provas e convencer a todos de que sua interpretação é a mais adequada. Esse ponto nos opõe às ciências exatas, que tem por busca a verdade ou a objetividade.

O pensamento crítico, por sua vez, importante dentro da análise subjetiva, traz o posicionamento do autor frente ao fato analisado, podendo este trazer novas interpretações e questionamentos, permitindo-nos uma melhor compreensão do mundo em que vivemos. A importância da visão crítica está acima da religião, da política ou mesmo dos pré-conceitos que somos portadores. Observar a realidade social a partir do posicionamento isento e científico é importante para que possamos tomar consciência e tomar partido.

No mundo atual somos bombardeados por informações provenientes de todos os meios. A Internet, a televisão, o rádio, os meios impressos, o cinema, enfim; imagens e palavras que cruzam fronteiras terrestres e disseminam o meio em que vivemos. Como saber selecionar o que vemos e o que lemos? Como interpretar essas informações? E, como interagir de forma construtiva ou mesmo tomar posição frente à análise verificada? Essas interrogações são comuns no meio universitário, no qual jovens sedentos de informações e instigados a criarem uma interpretação do mundo buscam desesperadamente respostas para os problemas apresentados.

Primeiramente temos que lançar um problema: o filtro da informação. Saber selecionar o que se quer conhecer. A seleção das informações deve ser criteriosa: fontes confiáveis e assinadas (saber quem é o autor da informação), pode ser um primeiro passo para a coleta da informação. Seguindo-se da análise isenta a aplicação de conceitos ou métodos conhecidos da ciência afim. Talvez nesta parte o que mais cause estranheza ao estudante seja justamente o compartilhamento das etapas até que se chegue à interpretação. Porém, é de suma importância esse trajeto metodológico, pois é este que diverge de análises feitas a priori ou mesmo baseadas no senso comum.

O que diferencia a interpretação sociológica do posicionamento do senso comum é justamente o método aplicado. E, cabe aqui observar a importância da análise científica, pois ela nos leva a quebrar preconceitos ou realizar conclusões apressadas. E, sabemos também que na atualidade a rapidez dos meios midiáticos cria a necessidade do julgamento rápido, o que pode nos conduzir ao erro.

Num segundo plano cabe mencionar o juízo de valor ao analisar qualquer fato social. Somos portadores de posicionamentos os mais variados possíveis, desde nossa formação intelectual, social, educacional, religiosa e política – podendo chegar a interferir no julgamento isento do fato analisado. Esse item é de grande relevância, pois muitos trabalhos analíticos pecaram justamente por conduzir análise a julgamentos preconceituosos. E cabe a autocrítica como forma de exercitar-se intelectualmente, inibindo assim essas influências negativas. A imparcialidade é sem dúvida o ponto alto de qualquer interpretação social, qualquer que seja ela.

E, num terceiro plano para a elaboração de análise científica cabe lembrar a utilização das teorias, métodos e conceitos; importantes em todas as áreas do conhecimento e imprescindíveis em ciências sociais. Varias são as teorias em cada área específica que o cientista pode aplicar, cabendo somente a ele a melhor escolha.

Cada uma das ciências sociais possui contribuições diferentes para a compreensão do mundo. A Sociologia propõe analisar fatos sociais, buscando seu desenvolvimento e influência destes na vida das pessoas; a Antropologia objetiva compreender a cultura humana, em toda sua diversidade, ressaltando o modo de vida, forma de pensamento e comportamentos; a História investiga a gênese dos acontecimentos, possibilitando-nos compreender melhor quem somos hoje em virtude de nossos antecedentes; e a Política, que investiga as manifestações coletivas e as formas de organização do homem visando à administração pública. Todas essas ciências têm por base a reflexão crítica: tomada de consciência.

A consciência crítica é importante frente à complexidade em que vivemos. A escolha, as opções, o comprometimento profissional – tudo que fazemos inter-relaciona com o outro – e afirma que não estamos sozinhos e que a interação é primordial em qualquer ambiente coletivo. Assim, quanto mais “visão crítica”, mais aptidão tem o Homem frente ao mundo que o rodeio, e assim pode facilmente tomar decisões acertadas.

As ciências sociais tornam-se assim primordiais para o estudante universitário, trazendo formas de pensamento que podem ser utilizadas em qualquer área profissional ou mesmo pessoal. O engenheiro ao planejar uma grande obra, o administrador ao analisar as mudanças no mercado de trabalho, o médico ao diagnosticar e tratar um enfermo – todos utilizar-se-ão da reflexão social, queiram ou não, para traçar as estratégias de sua profissão – o primeiro terá que observar o impacto populacional, viário ou mesmo contratar mão-de-obra; o segundo analisar as mudanças sociais e a migração de trabalhadores em área profissionais diversas; e o terceiro terá que ter sensibilidade ao recomendar determinado tratamento. Essa interdisciplinaridade é essencial em qualquer área profissional necessária para a boa formação de cidadão.

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Feliz Aniversário!

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Eu estava viajando e sem acesso contínuo à Internet, então tive que atrasar um pouco a comemoração do primeiro aniversário deste blog!

A idéia de criar um site nasceu de conversas com meus alunos no Tubarão, um sistema que a Universidade Anhembi Morumbi desenvolveu e abandonou. O Mário e o Beatnik, dentre outros, deram sugestões importantes, e o João trabalhava na Locaweb, daí surgiu a idéia para hospedar o site lá. Como complemento para a hospedagem vinha o direito de criar um blog, para o qual eu passei a dedicar toda a energia. Para o site, pretendo ainda voltar este ano, para alterações e atualizações contínuas. Na verdade, ainda preciso definir quais características vão diferenciar o blog do site.

Em 31/08/2006 nascia este blog, com uma singela mensagem:

Bem-vindos!
31 de Agosto de 2006 @ 15:26 – João Mattar
Aqui começa o blog De Mattar!
Apresentem-se e divirtam-se!”

Hoje são mais de 30.000 acessos, tendo chegado a atingir 16 acessos simultâneos!

Olhando para trás, fica claro que eu não tinha muita idéia de para onde o blog poderia caminhar, mas também fica claro, já pelo primeiro comentário com conteúdo – Ead – solução ou ilusão?, do mesmo dia, que inconscientemente o seu destino já estava traçado: transformar-se em um espaço para debates sobre a Educação a Distância. E isso fica ainda mais claro pelas estatísticas.

Foram 158 artigos publicados, dos quais 54 estão classificados na categoria EaD.

O artigo disparadamente mais acessado (789 vezes) e comentado (46 comentários), que inclusive é relativamente recente (03/05/2007), fala diretamente de EaD: Second Life & EaD. O segundo artigo mais acessado (552 acessos) aborda também a EaD: Ford e a EaD.

Além dos artigos e dos comentários (583, até hoje), comecei a enriquecer o blog com vários links (hoje são 197), e a categoria que tem mais links é a também a de EaD (60), seguida de Cursos EaD (31). Os links ficaram muito ricos e já está mais do que na hora de eu dedicar tempo e energia para re-organizar as categorias, o que devo fazer nos próximos dias.

Passei também a criar páginas, com objetivos diferentes, e a página que teve a maior quantidade de acessos é a mais recente, a cobertura que fiz do 13º Congresso Internacional da ABED, realizado na semana passada em Curitiba, que por uma coincidência espiritual (não a única!) praticamente coincidiu com o aniversário do blog.

É provável que, por tudo isso, daqui saia um blog focado apenas em EaD (e muito mais, como o projeto para o qual o ABC pode ter sido apenas o pontapé inicial), mas por enquanto vou manter aberto o ecletismo deste espaço, que não acho esteja prejudicando os debates mas, ao contrário, atraindo o interesse e a participação de mais gente.

Alguns momentos merecem destaque:

a) a cobertura do Congresso do ICDE, no Rio de Janeiro, em 2006 (que ganhou uma página e uma categoria – 22 ICDE – para os posts específicos para algumas apresentações);

b) a cobertura do evento da IBC, Tecnologia para IES privadas;

c) a cobertura do Congresso a AILC – Associação Internacional de Literatura Comparada, no Rio de Janeiro (08/2007);

d) o resumo das palestras na CBL, Gestão Estratégica de Négócios Editoriais e
Marketing Editorial para Livros Profissionais, Técnicos e Universitários.

e) as resenhas do Otto Peters, A educação a distância em transição e Didática do Ensino a Distância;

f) a tradução do Prefácio do Princípios de Psicologia do William James;

g) as várias discussões sobre a EaD preocupada mais em ganhar dinheiro do que educar, que começou com Ford e a EaD.

149 diferentes usuários publicaram comentários (em um ou outro caso é o mesmo usuário, mas que se registrou com nomes diferentes em função dos acentos, nome completo ou incompleto etc.). O querido professor e colega Adalberto Tripicchio, que ultimamente anda meio sumido, foi quem mais fez comentários no blog (mais de 100), mas também contribuíram com muitos comentários valiosos a Wanderlucy, a Regina, o Vinícius, a Odele e o Valente, dentre muitos outros que participaram com menos comentários, mas nem por isso com menos brilhantismo. A todos, agradeço muito por terem contribuído para alimentar com tanta riqueza este espaço colaborativo. Sem vocês, o De Mattar não teria sentido!

Alguns usuários inclusive publicaram artigos, como a Regina, o Adalberto (que já tinha publicado uma bela homenagem ao Bento Prado Jr.) e o recente da Wanderlucy, que já tinha publicado outro.

O blog permite também o envio de e-mails dos posts, um recurso pouco utilizado durante este primeiro ano (apenas 22 emails enviados).

É possível ser também assinante (hoje são 8), mas isso não é necessário porque todos podem escrever sem ser assinantes, e serviços de RSS (que o blog exporta) permitem que você leia o blog sem mesmo acessá-lo.

O blog também não poderia ter sobrevivido sem a imprescindível ajuda do anti-spam Akismet, que até hoje capturou 2,836 spam(s) desde que o instalei (muito tempo depois do nascimento do blog). Sem esse serviço, ninguém teria agüentado ler tantos spams!

Se tem alguém a quem merece ser dedicado tudo isso, é o meu querido pai, falecido em 26 Agosto de 2004 e que fazia aniversário em 19 de Setembro. O blog foi criado espiritualmente entre essas duas datas, e eu tenho certeza de que ele está acompanhando tudo isso.

Planos para o futuro? Utilizar mais imagens, como já começou a ocorrer nos posts do Philipe e do Pantanal, e integrar som, animações e vídeos. Ou seja, transformar o De Mattar em um espaço multimídia. E já estamos no segundo ano de vida!!

Deixem também os seus parabéns!

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Formação Continuada do Professor – Wanderlucy Czeszak

Formação Continuada do Professor
Wanderlucy Czeszak

Este projeto de formação continuada do professor é uma proposta passível de ser aplicada a qualquer instituição de ensino, que consiste na criação de um ambiente virtual com o objetivo de promover a interação entre os docentes de maneira a possibilitar a troca de experiências entre os mesmos.

Esta proposta foi inspirada num ambiente on-line chamado Tubarão, existente há algum tempo atrás na Universidade Anhembi Morumbi, criado pelo Prof. Maurício Garcia, na época vice-reitor daquela instituição. A diferença básica entre o Tubarão e esta proposta é que enquanto aquele ambiente permitia o acesso de professores e alunos da instituição, este, como é voltado para a formação continuada de professores, é de acesso exclusivo dos professores. Além dessa diferença básica, temos neste ambiente proposto especificidades didático-pedagógicas que serão apresentadas e discutidas mais adiante.

Esse contato entre os docentes por meio de uma formação continuada tem se tornado fundamental para o aprimoramento desses profissionais e uma conseqüente melhora em seu desempenho profissional frente à tendência do professor de se isolar devido ao perfil solitário de sua atividade, bem como à insegurança provocada pelo aparecimento constante de novos paradigmas educacionais e pela existência de alguns problemas freqüentemente observados, como: pouca interação que resulte em construção de conhecimento, dificuldade de comunicação entre professor e aluno, ausência de objetivos em comum, dificuldade em motivar os alunos, dificuldade em conciliar recursos midiáticos com conteúdo do plano de ensino etc.

Além disso, a ausência de formação didático-pedagógica para professores universitários tem se tornado um obstáculo cada vez mais sério para o bom desempenho do professor. Como seu papel em sala de aula tem mudado consideravelmente, passando de proprietário do saber a uma figura que deve caracterizar-se, sobretudo, pela sua capacidade de atuar como mediador, provocador de discussões, estimulando o aluno a pesquisar, a ir além daquilo que é apresentado em sala, o perfil do professor que reproduz a aula que ele assistia quando era aluno já não condiz com a realidade atual, na qual somos pressionados a mudar nossa performance, por conta das mudanças ocasionadas pelo surgimento de novas formas de apreender o mundo à nossa volta.

A proposta do desenvolvimento da formação do professor de maneira continuada justifica-se pela importância de uma interação entre os professores que possibilite a troca de experiências relacionadas ao seu cotidiano, tanto no que diz respeito às suas funções enquanto educador, como também à sua atualização sobre eventos, livros artigos etc., tanto concernentes ao universo educacional como no âmbito geral.

A vantagem de uma proposta de formação do professor oferecida a distância, em um ambiente on-line, além da comodidade da flexibilidade de tempo e espaço, possibilita uma participação assíncrona, isto é, o professor participa quando melhor lhe convém, lendo o conteúdo disponível no ambiente e intervindo de maneira mais reflexiva, por meio do uso de fóruns de discussão.

O ambiente on-line ora proposto poderá adequar-se a qualquer plataforma on-line, além de adaptar-se às características e necessidades de cada instituição.

Dois personagens atuarão neste ambiente de formação continuada: o mediador e o professor participante. O mediador será um professor voluntário com revezamento periódico, cujas funções serão inserir e disponibilizar textos para substanciar as discussões, estimular a participação e provocar debates. Como a proposta é de um ambiente colaborativo, o professor participante também poderá inserir conteúdos e criar novos fóruns. Tanto o mediador como o professor participante poderá inserir conteúdos no ambiente.

Diversos fóruns de discussão (debates assíncronos, possibilitando discussões mais reflexivas) deverão ser disponibilizados ao mesmo tempo, com temas que atendam aos interesses dos professores participantes. Tais fóruns poderão ser divididos por áreas temáticas, que poderão abordar qualquer tema (profissional, lazer etc.).

Além desses fóruns de discussão, poderá haver lista de eventos acadêmicos (encontros, congressos, colóquios etc.), artigos e textos para leitura e download, dicas de livros, filmes etc., além de divulgação de informações da instituição, com o objetivo de manter o professor sempre atualizado e sentindo-se participante de uma dada comunidade.

A freqüência do professor nos fóruns de discussão não tem, a princípio, necessidade de qualquer tipo de controle, já que o objetivo é fazer com que o professor participe, e dialogue com seus pares. No entanto, caso haja interesse da instituição, poderão ser criados fóruns com temas específicos, nos quais a freqüência poderá ser computada para fins de treinamento, capacitação e avaliação docente.

Esse ambiente on-line de formação continuada do professor, dependendo das necessidades da instituição, poderá, inclusive, desempenhar papel complementar ao trabalho de formação presencial que, por ventura, já estejam sendo desenvolvidos e aplicados.

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Pantanal

Em Julho de 2006, fiz uma inesquecível viagem para o Pantanal, antes deste blog existir. Estou faz tempo devendo um post sobre a viagem, então para dar o pontapé inicial, segue uma breve trilha com as respectivas fotos. Vou atualizar este post dinamicamente, falando sobre as fotos e os lugares. Mas já dá para se divertir com as imagens.

14/07/2006
Caminho para a Fazenda Santa Inês

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14/-15/07/2006
Fazenda Santa Inês

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16/07/2006
Reserva das Figueiras

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16/07/2006
Estrada Bodoquena

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17/07/2006
Gruta do Lago Azul

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18/07/2006
Estrada Bonito – Rio da Prata

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18/07/2006
Entrada Rio da Prata

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18/07/2006
Rio da Prata

Nascente

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18/07/2006
Buraco das Araras

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19/07/2006
Aquário Natural

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20/07/2006
Bonito – Campo Grande

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22/07/2006
Hotel Fazenda Mato Grosso

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22/07/2006
Estrada Chapada dos Guimarães

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22/07/2006
Mirante Penhasco

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22/07/2006
Pousada Penhasco (vista de Cuiabá)

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23/07/2006
Cidade das Pedras

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23/07/2006
Pousada Penhasco

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24/07/2006
Pousada Penhasco

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24/07/2006
Mirante Centro Geodésico

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24/07/2006
Chapada dos Guimarães

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25/07/2006
Transpantaneira – Hotel Pantanal Mato Grosso

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25/07/2006
Hotel Pantanal Mato Grosso

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26/07/2006
Hotel Pantanal Mato Grosso

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26/07/2006
Fazenda Campo Grande Macacos

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26/07/2006
Hotel Fazenda Mato Grosso – Pousada Rio Claro

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26/07/2006
Passeio de Barco – Pousada Rio Claro

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27/07/2006
Pousada Rio Claro – Sesc Pantanal

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28/07/2006
Alvorescer – Rio Cuiabá – Sesc Pantanal

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28/07/2006
Trilha do Tatu – Sesc Pantanal

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29/07/2006
Casa do Dito Pantaneiro – Sesc Pantanal

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